Thalma de Oliveira

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Thalma de Oliveira
Thalma de Oliveira
Thalma de Oliveira
Nascimento 1 de fevereiro de 1917
São Paulo,  São Paulo
Morte 7 de junho de 1976 (59 anos)
São Paulo,  São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Hermínia Galiano de Oliveira
Pai: Ricardo de Oliveira
Cônjuge Marcelina Fazio de Oliveira
Filho(a)(s) Marília de Oliveira e Ricardo Thalma de Oliveira
Ocupação Advogado
Jornalista
Radialista
Dramaturgo
Poeta
Roteirista
Principais trabalhos Teatro do Outro Mundo
O crime não compensa
O direito de nascer

Thalma de Oliveira (São Paulo, 1 de fevereiro de 1917 — São Paulo, 7 de junho de 1976) foi um jornalista, radialista, dramaturgo, autor de telenovelas, poeta e roteirista brasileiro.

Biografias, poeta[editar | editar código-fonte]

Thalma de Oliveira era filho de Ricardo de Oliveira (poeta, teatrólogo, fundador e terceiro presidente do Sport Club Corinthians Paulista), natural de Campinas e Hermínia Galiano de Oliveira, ela paulistana como o filho. Ambos falecidos muito cedo deixaram 4 filhos antes de Thalma completar 15 anos de idade. Iniciou os estudos ginasiais no Liceu Pan-Americano na rua Visconde de Ouro Preto como aluno interno, até a crise financeira de 1929/1930, quando cursava o terceiro ano. Em consequência dessa crise começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo em 1931 aos quatorze anos de idade, na Tipografia Irmãos Ferraz nos baixos do viaduto Santa Ifigênia e aos dezesseis anos entrava para a Repartição de Águas e Esgotos como Servente, dali saindo como Escriturário cinco anos mais tarde para o Departamento Nacional do Café, admitido por concurso.

Em 1944 demitira-se do Departamento Nacional do Café para dedicar-se exclusivamente à profissão de escritor e produtor de programas de rádio. Começou contratado pela Rádio São Paulo, onde escreveu e produziu centenas de programas de todos os gêneros e ainda perto de cem novelas originais de rádio na época do apogeu desse gênero de programa radiofônico. Em 1948 passou para a Rádio Record (da mesma organização das Emissoras Unidas) e ali teve a oportunidade de escrever durante quinze anos seguidos, os mais variados tipos de programas de rádio, destacando-se a série “O Crime não Compensa” iniciada por Oswaldo Moles e por ele continuada durante perto de dez anos, e o “Teatro do Outro Mundo”, sua criação, sustentada durante perto de três anos como um programa diário à meia noite, contando casos e versando assuntos sobrenaturais e de terror.

Dentro de “O Crime não Compensa” escreveu uma série biográfica sobre Virgulino Ferreira – O Lampião – tendo realizado na época, viagem especial de pesquisa ao nordeste brasileiro para a coleta de elementos e contato com a maneira de ser e de se expressar do povo a fim de transmitir autenticidade e cor local aos seus “scripts”.

Durante sua carreira na Rádio São Paulo e Rádio Record aprofundou-se no conhecimento da profissão, nos seus mínimos detalhes e mais recônditos meandros. Assim, quando Diretor Artístico da Rádio Record durante mais de dois anos, logrou reconduzir a emissora à posição de prestígio e preferência que havia desfrutado junto ao público, elevando-a do 8º para o 3º lugar na classificação de órgão especializado em pesquisas de opinião pública (IBOPE). Deixando a organização das Emissoras Unidas depois de mais de vinte anos de atividades ininterruptas no rádio e na televisão daquela casa, ingressou na Rádio Bandeirantes onde trabalhou por muitos anos. Colaborou intensamente com emissoras de rádio de outros estados do Brasil com inúmeras novelas transmitidas em Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, além de outras capitais e cidades do interior do estado de São Paulo e de outros estados.

Organizou e dirigiu o Departamento de Rádio, Cinema e Televisão da empresa “Santos e Santos Publicidade” onde teve oportunidade de produzir inúmeros programas de rádio e de televisão. Fundou e dirigiu um estúdio de gravações de programas de rádio em fitas magnéticas para venda em todo o território nacional, a (P.R.G.L – Produções Radiofônicas Gravadas Limitada), deixando mais de trezentos programas de todos os gêneros produzidos e gravados quando se retirou da empresa. Comemorou mais de 30 anos de atividades ininterruptas como redator e produtor de rádio e televisão.

Após seu falecimento, a pedido de seu amigo e também radialista Vicente Leporace, seu nome foi atribuído a uma rua na zona leste de São Paulo, hoje Avenida Thalma de Oliveira

A obra[editar | editar código-fonte]

Dos milhares de programas que escreveu e produziu, destacava como mais expressivos:

Em rádio[editar | editar código-fonte]

  • A série “O Crime não Compensa” pela dificuldade e importância de seu “script”, (cada programa era fruto de estudo aprofundado de um inquérito policial e processo judicial), e também pela construtiva mensagem social que continha.
  • Dentro da série acima, os 21 programas sobre Lampião pela análise que teve a oportunidade de fazer do problema social do cangaço no Brasil.
  • A série “Teatro do Outro Mundo” pela linguagem especial que exigia, e a aplicação de todos os recursos sonoros e sonoplásticos para a formação de um clima sobrenatural e de terror que convencesse o ouvinte.
  • Uma novela especial que escreveu por imposição do anunciante (Os Maias, de Eça de Queiroz), onde a ambientação, e principalmente os diálogos que não podiam fugir à maneira de dizer de Eça, foram verdadeiros desafios à técnica de “script” do escritor.
  • Uma série escrita e produzida durante o Quarto Centenário da cidade de São Paulo em colaboração com Agostinho Aguiar Leitão intitulada: “Nóbrega, o Fundador de São Paulo”, reconstituição histórica da descoberta do Brasil, da fundação da cidade e de seu desenvolvimento.
  • Uma série iniciada depois de muito trabalho de pesquisa, gravação de depoimentos pessoais, etc..., e que infelizmente durou muito pouco, biografando Monteiro Lobato.
  • A biografia de Tenório Cavalcanti, com elementos colhidos ao vivo na sua residência em Duque de Caxias - RJ, entrevistas gravadas e depois preparadas para inserção nos “scripts” autenticando-os assim como depoimento pessoal do biografado.
  • Um programa de alfabetização pelo rádio, chamado “ABC para Você”, que estruturou, redigiu e produziu com a professora Dulce Salles Cunha Braga na rádio Record, através do qual foram distribuídas dezenas de milhares de cartilhas de alfabetização pelo Brasil todo, alcançando resultados expressivos ao obter a alfabetização de ouvintes em diversos pontos do pais, tanto pelas aulas ministradas pelo rádio, quanto pelo acompanhamento de um monitor que, com a cartilha, acompanhava os alfabetizandos em casa.
  • Um programa de psicanálise com a colaboração de Vicente Augustus Carnicelli intitulado “O Estranho Mundo dos Sonhos”, onde a interpretação psicanalítica de sonhos para ser transportada para a linguagem radiofônica, exigia enorme conhecimento da técnica do “script” do escritor no que se refere aos diálogos, à própria montagem do programa e também aos recursos sonoros e à sonoplastia que criassem o imprescindível ambiente de sonho e irrealidade.
  • Patrulha Bandeirantes, programa jornalístico policial que inaugurou no rádio brasileiro o estilo de apresentar a notícia de forma teatral, como se estivesse acontecendo no momento. O excepcional sucesso desse programa contribuiu junto com o famoso Trabuco (do excepcional jornalista e amigo Vicente Leporace), para que a Rádio Bandeirantes se transformasse em uma emissora especializada em notícias lançando para o mundo do rádio locutores como Gil Gomes.
  • Outros programas de aspecto cultural e educacional que teve a oportunidade de escrever e produzir, bem como algumas novelas originais suas, em que debateu problemas sociais como, por exemplo uma intitulada “Perdão Professor...”.

Em televisão[editar | editar código-fonte]

• A “Academia Mullard-Pirani” na Tv Record canal 7, em que competiam alunos de vários colégios de São Paulo e que ofereceu, na época, um milhão de cruzeiros em bolsas de estudos aos participantes. • Com sua orientação e promoção, iniciou em São Paulo a exibição de programas educacionais, audiovisuais, da Fundação João Baptista do Amaral, gravados em vídeo tape no Rio de Janeiro e retransmitidos em são Paulo pelo canal 7. • Alguns programas de menor importância, sendo que um deles entretanto, exigiu a aplicação de muitos recursos de televisão na época parcos, intitulado “Mandrake”.

Telenovelas[editar | editar código-fonte]

Em cinema[editar | editar código-fonte]

  • Vários argumentos e diálogos. Colaborou no argumento e escreveu os diálogos do filme Absolutamente Certo,[6] produzido por Anselmo Duarte.[7]
  • Escreveu o argumento e os diálogos de O Circo Chegou à Cidade (1954).[8]
  • Escreveu o argumento e os diálogos de Uma Certa Lucrécia (1957),[9] produzido por Fernando de Barros.
  • Escreveu, em conjunto com outros autores Copacabana Palace (1962),[10]
  • Escreveu o argumento e os diálogos do filme Lampião, o Rei do Cangaço(1964),[11] produzido por Oswaldo Massaini, o que exigiu nova viagem de pesquisa nos nordeste do pais onde permaneceu várias semanas no sertão da Bahia, na região do Raso da Catarina, para coleta de elementos, expressões típicas, entrevistas e ambientação necessárias à produção do “Script” do filme.

Em teatro[editar | editar código-fonte]

  • As primeiras obras que escreveu foram para teatro (seguindo as pegadas do pai que era poeta e teatrólogo), mas não considerou nenhuma como definitiva.
  • Interpretou teatro desde muito novo, mas não se dedicou a ele profissionalmente. Suas últimas atuações foram no T.B.C., no principal papel masculino de “Brief Encounter”, de Coward, ao lado de Madalena Nicols, e num papel de menor expressão em “Good Bye, little Sheeba”, ao lado de Olga Navarro e Graça Melo.

Em jornal[editar | editar código-fonte]

  • Foi redator dos extintos vespertinos “Tablóide” e “A Platéia”, trabalhando principalmente como cronista.

Em literatura[editar | editar código-fonte]

  • Concorreu ao prêmio do Governo do Estado de São Paulo com seu livro de poesias inédito Eu e o Outro.

Em música[editar | editar código-fonte]

Autor de diversas letras e músicas,

  • Torrinha e Canhotinho gravaram pela RCA Victor em 1957 o primeiro disco 78 RPM, com a dança típica "Jornada de São Gonçalo" (Torrinha - Thalma de Oliveira)[12]
  • Querida (Hervé Cordovil e Thalma de Oliveira)
  • Sorte da Maria (Hervé Cordovil e Thalma de Oliveira) Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira[13]
  • Carro de Bigode (Thalma de Oliveira / Filhinho)[14]
  • Negócio de Família (Filhinho – Thalma de Oliveira – Caco Velho) Intérpretes: Isaura Garcia e Ivon Curi[15]
  • Depois (Capiba e Thalma de Oliveira)[16] <

Títulos e troféus[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio Governador do Estado em 1965, como o melhor autor do Rádio Paulista.
  • Hors concours do Troféu Roquette Pinto, com oito troféus:
    • 1951 – Produtor Radiatral
    • 1953 – Programador Geral
    • 1954 – Programador Geral
    • 1956 – Programador Musical
    • 1957 – Programador Musical
    • 1958 – Programador Musical
    • 1959 – Produtor Musical[17]
    • 1960 – Roquette Pinto especial.
  • Dois prêmios “Tupiniquim” como o Melhor Escritor de sua especialidade no rádio paulista.
  • Medalha e placa de prata por ter sido o redator da novela de maior sucesso na TV brasileira, O Direito de Nascer.
  • Pertenceu à Academia de Letras da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, como poeta, e é comendador da Honorífica Ordem Acadêmica de São Francisco.
  • Medalha comemorativa do Centenário de Rui Barbosa, como conferencista.
  • Diploma de Honra do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, a que pertencia desde 1952.
  • Conselheiro do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo no governo Laudo Natel.

Outras atividades[editar | editar código-fonte]

Foi Procurador Chefe da Procuradoria Judicial do Instituto de Providência do Estado de São Paulo e Presidente da Comissão de Reestruturação daquele órgão.

Foi professor e fundador da cadeira de Rádio Teatro na ECA - Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo.

Referências

  1. «O Preço de uma Vida (TV Series 1965– )». IMDb. Consultado em 24 de março de 2016 
  2. «Calúnia (TV Series 1966– )». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  3. «Ciúmes (TV Series 1966– )». IMDb. Consultado em 24 de março de 2016 
  4. «Cópia arquivada». Consultado em 2 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 10 de janeiro de 2008 
  5. «Biografia de SILVIO DE ABREU». Netsaber.com.br. Consultado em 24 de março de 2016 
  6. «Absolutamente Certo (1957) - Full Cast & Crew». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  7. «Filmes, trailers, horários e salas de cinema, Notícias, criticas - AdoroCinema». Adorocinemabrasileiro.com.br. Consultado em 24 de março de 2016 
  8. «O Circo Chegou à Cidade (1954)». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  9. «Uma Certa Lucrécia (1957) - Full Cast & Crew». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  10. «Copacabana Palace (1962) - Full Cast & Crew». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  11. «Lampiao, King of the Badlands (1964) - Full Cast & Crew». IMDb. 1 de maio de 2009. Consultado em 24 de março de 2016 
  12. «Cópia arquivada». Consultado em 2 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 2 de janeiro de 2008 
  13. [1][ligação inativa]
  14. «Cópia arquivada». Consultado em 2 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2008 
  15. «Collector's - Intжrpretes - Caco Velho - Discografia de 78 rpm». Collectors.com.br. Consultado em 24 de março de 2016. Arquivado do original em 30 de outubro de 2007 
  16. http://www.brasilemvinil.com/faixa.asp?id=16927[ligação inativa]
  17. «Discos do Brasil». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 24 de março de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]