Tishá BeAv
| Tishá BeAv | |
|---|---|
Destruição do Templo de Jerusalém, por Francesco Hayez | |
| Nome oficial | Hebraico: תשעה באב Português: Nove de Av |
| Tipo | Judaico |
| Significado | Lamentação pela destruição dos antigos Templos e de Jerusalém, além de outras grandes calamidades que se abateram sobre o povo judeu |
| Data | 9 de Av (se Shabat, então 10 de Av) |
| Data de 2024 | Pôr do sol, 12 de agosto – anoitecer, 13 de agosto[1] |
| Data de 2025 | Pôr do sol, 2 de agosto – anoitecer, 3 de agosto[2] |
| Data de 2026 | Pôr do sol, 22 de julho – anoitecer, 23 de julho[3] |
| Frequência | Anual |
Tishá BeAv (em hebraico: תשעה באב; romaniz.: Tīšʿā Bəʾāv; ⓘ) é um dia de jejum anual judaico que relembra uma série de desastres na história judaica, principalmente a destruição do Templo de Salomão pelo Império Neobabilônico e a destruição do Segundo Templo pelo Império Romano em Jerusalém.[4]
A destruição do Primeiro Templo
[editar | editar código]O Primeiro Templo foi construído em Jerusalém no Monte Moriá, pelo Rei Salomão.[5] No ano de 586 antes da era comum o Reino de Judá foi conquistado, e a cidade de Jerusalém sitiada e destruída juntamente com o Primeiro Templo - pelo exército do Império Babilônico no 19.º ano de reinado de Nabucodonosor II.[6] [1]
De acordo com o Livro dos Reis II (25:8), o Templo teria sido ocupado no dia 7 de Av, e segundo o Livro de Jeremias (52:12) o Templo teria sido consumido pelo fogo no dia 10 de Av. O Talmude reforça a tradição judaica de que o Primeiro Templo foi destruído no dia 9 de Av, explicando que os Babilônios ocuparam o Templo, sem destruí-lo, durante os dias 7 e 8 de Av, começaram a destruição do Templo no dia 9 de Av ao entardecer, e a destruição completa se deu no décimo dia do mês de Av. Baseado nisso o sábio talmúdico Rabi Yochanan argumenta que o jejum deveria ser feito no dia 10 de Av, mas os demais sábios discordaram e fixaram o dia 9.[7]
De acordo com o Talmude, o motivo espiritual pelo qual a destruição ocorreu foram os três pecados mais graves de acordo com o judaísmo: idolatria, derramamento de sangue e relações proibidas.
A destruição do Segundo Templo
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O Segundo Templo teve sua construção iniciada em 535 a.C, e terminada após uma pausa em 516 a.C, [2] pelos judeus que retornaram do exílio babilônico, com o fim do Império Babilônico e começo do Império Persa.
O Rei Ciro deu aos judeus permissão de retornar a Jerusalém e reconstruir do Templo, por meio do Decreto de Ciro, que alguns estudiosos afirmam ter sido refletido no documento arqueológico conhecido como a Declaração de Ciro ou Cilindro de Ciro.[8]
Sua destruição se deu na época da Grande Revolta Judaica contra o Império Romano no ano de 70 da Era cristã, sob o comando do general romano Tito - que manteve um cerco militar na cidade e sitiando-a por quase três anos.[9] Ele conseguiu penetrar na cidade no dia 17 de Tamuz e três semanas depois, no dia 9 de Av, seu exército conseguiu penetrar no Templo, saqueá-lo e destruí-lo. De acordo com o Talmude o motivo espiritual pela destruição foi o ódio gratuito entre os judeus desta época.
Costumes judaicos deste dia
[editar | editar código]O jejum começa no por do Sol do dia 8 de Av, e segue até o anoitecer do dia 9 de Av (por volta de 24 hora e meia)
Existem 5 proibições rabínicas (não estão escritas na Torá) relevantes a este dia:
- comer e beber
- banhar-se
- passar cremes
- calçar sapatos de couro
- manter contato físico entre marido e mulher
Além destas proibições os judeus costumam não estudar Torá neste dia, não cumprimentar conhecidos e evitar trabalhos que possam desviar a atenção do luto pela destruição.
Costuma-se também sentar-se no chão como enlutados, ler o Livro das Lamentações e poesias de lamentações compostas em várias épocas de desgraças durante o exílio judaico.
Outras calamidades acontecidas em 9 de Av
[editar | editar código]De acordo com a Mishná[10], 5 fatos históricos calamitosos ocorreram neste dia:
- o decreto divino ao povo hebreu pelo qual permaneceu no deserto por 40 anos após a saída do Egito, antes de entrar na Terra de Canaã - devido ao pecado dos espiões.
- a destruição do Primeiro Templo
- a destruição do Segundo Templo
- a destruição da cidade de Beitar durante a revolta de Bar Kochvá
- o império romano arou todo o Monte do Templo destruindo todo vestígio que poderia ser identificado do Templo
Outras calamidades na História Judaica também tiveram lugar em Tisha BeAv, incluindo o édito do rei Eduardo I, que forçava os judeus a deixar a Inglaterra em 1290, e o Decreto de Alhambra, ou Édito de Expulsão dos Judeus de Espanha, pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492.
Referências
- ↑ «Dates of Tisha B'Av». Hebcal (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025
- ↑ «Dates of Tisha B'Av». Hebcal (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025
- ↑ «Dates of Tisha B'Av». Hebcal (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025
- ↑ «Tisha Be-Av - Jewish Tradition». Yahadut.org (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025
- ↑ Livro dos Reis I - capítulos 6,7,8
- ↑ Livro dos Reis II - capítulo 25
- ↑ Talmude Babilônico - Tratado de Taanit, folha 29a.
- ↑ Becking, Bob (2006). ""We All Returned as One!": Critical Notes on the Myth of the Mass Return". Judah and the Judeans in the Persian period. Winona Lake, IN: Eisenbrauns.
- ↑ Flávio Josefo - A Guerra dos Judeus livro IV, capítulos 1 a 4
- ↑ Tratado de Taanit - capítulo 4