Topologia fraca

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Em análise funcional, a topologia fraca em espaços vetoriais topológicos (como espaços de Banach) é a menor topologia que faz com que os funcionais lineares contínuos na topologia original permaneçam contínuos nessa nova topologia. Tendo menos abertos, terá mais compactos, o que pode simplificar algumas operações (como aquelas que envolvam maximizações de funções).[1][2]

Definição[editar | editar código-fonte]

Seja X um espaço vetorial topológico (sobre corpo K dos reais ou dos complexos); denote por τ sua topologia. Denote por X* o seu espaço dual, consistindo dos funcionais lineares XK contínuos em relação a τ no domínio. A topologia fraca no conjunto X é a interseção de todas as topologias σ tais que todo fX* é também contínuo XK em relação a σ no domínio.

Explicitamente, um subconjunto UX é aberto na topologia fraca se e só se, para cada xU, existem ε > 0 e f1, …, fnX* tais que:

se yX é com |fi(xy)| < ε para cada 1 ≤ in, então yU.[1][2]

Propriedades[editar | editar código-fonte]

Supõe-se que X é espaço de Banach. (Há versões de alguns dos resultados para quando X é espaço localmente convexo ou F-espaço.)

  • A topologia fraca de X torna X um espaço vetorial topológico Hausdorff (consequência do teorema de Hahn−Banach, em sua forma geométrica).
  • Convergência de sequências na topologia fraca é o mesmo que convergência fraca: vale que xnx fracamente se e só se, para cada fX*, vale f(xn) → f(x) ∈ K.
  • Em particular, se uma sequência qualquer (ou até uma rede) converge na topologia original, então também converge na topologia fraca.
  • Se X tem dimensão finita, a topologia fraca é igual à topologia original.
  • Todo subconjunto fechado (na topologia original) convexo de X é também fechado na fraca (consequência do teorema de Hahn–Banach). Assim, a bola fechada { xX | ‖x‖ ≤ 1 } é também fechada na fraca.
  • Porém, se X é espaço de Banach de dimensão infinita, a esfera { xX | ‖x‖ = 1 } não é fechada na fraca, e a bola aberta { xX | ‖x‖ < 1 } não é aberta na fraca. Isto porque, sendo de dimensão infinita, nenhuma interseção finita de hiperplanos fechados "caberá" na bola aberta.
  • Se BX é subconjunto limitado na fraca (isto é, para cada fX* a imagem f(B) ⊆ K é limitada), então B é subconjunto limitado na original (isto é, limitado em norma).
  • Se T : EF é linear entre espaços de Banach, é contínuo relativo às topologias originais se e só se é contínuo relativo às topologias fracas. Isto é consequência do teorema do gráfico fechado.[1][2]

Topologia fraca estrela[editar | editar código-fonte]

Há a topologia fraca no dual X*, e há outra menor ainda, a topologia fraca estrela, que é obtida considerando a preservação da continuidade de só os funcionais lineares X*K dados por avaliação em pontos de X.

Mais precisamente, VX* é aberto na topologia fraca estrela se e só se, para cada fV, existem ε > 0 e x1, …, xnX tais que:

se gX* é com |g(xi) − f(xi)| < ε para cada 1 ≤ in, então gV.

Assim, a topologia fraca estrela é a mesma que a topologia pontual.

Teoremas[editar | editar código-fonte]

Para simplificar, seja X um espaço de Banach.

  • O teorema de Banach–Alaoglu diz que a bola fechada de X* (o dual) é fracamente estrela compacta. Isto é consequência do teorema de Tychonoff.
  • Se X é separável (isto é, admite subconjunto denso enumerável), então a bola fechada de X*, na topologia fraca estrela, é metrizável.
  • O teorema de Kakutani diz que X é espaço reflexivo se e só se a bola fechada de X é fracamente compacta.
  • O teorema de Eberlein–Shmulyan diz que X é reflexivo se e só se toda sequência limitada em X admite subsequência fracamente convergente.[1][2]
  • O teorema de Schur diz que toda sequência fracamente convergente em l1(ℕ) converge na topologia original. (Mesmo assim, a topologia fraca é diferente da original, não sendo caracterizada por sequências.)[3]

Topologias de operadores[editar | editar código-fonte]

Em espaços de operadores lineares contínuos, é possível considerar várias topologias, dependendo das topologias do contradomínio. Uma delas é a topologia de operador fraca.

Referências

  1. a b c d (Rudin 1991, §3)
  2. a b c d (Brezis 2010, §3)
  3. (Brezis 2010, Problema 8)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Rudin, Walter (1991), Functional Analysis, ISBN 0-07-054236-8 2 ed. , McGraw–Hill 
  • Brezis, Haim (2010), Functional Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations, ISBN 978-0-387-70913-0, Universitext