Tratado anglo-egípcio de 1936

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Selo egípcio de 1951 mostrando Farouk I, rei do Egito e do Sudão

O Tratado anglo-egípcio de 1936 foi um tratado assinado entre o Reino Unido e o Reino do Egito. Sob os termos do tratado, o Reino Unido foi obrigado a retirar todas as suas tropas do Egito, exceto as necessárias para proteger o Canal de Suez e seus arredores: 10 mil tropas, além do pessoal auxiliar. Além disso, o Reino Unido deveria equipar e treinar o exército do Egito e ajudar na sua defesa em caso de guerra. O tratado teria a duração de 20 anos, foi assinado em 26 de agosto no Palácio Zaafarana, e ratificado em 22 de dezembro.[1] Foi registrado na Liga das Nações em 6 de janeiro de 1937.[2]

Entre os pretextos para o tratado estava a Segunda Guerra Ítalo-Etíope, que tinha começado em 1935. O Rei Farouk temia que os italianos poderiam invadir o Egito ou arrastá-lo para a guerra. O tratado de 1936 não resolveu a questão do Sudão, que, nos termos da existente Convenção de Condomínio Anglo-Egípcio de 1899, declarava que o Sudão deveria ser governado conjuntamente pelo Egito e pela Grã-Bretanha, mas com poder real permanecendo em mãos britânicas.[3] Com a tensão aumentando na Europa, o tratado favoreceu de forma expressiva a manutenção do status quo. O tratado no entanto, não foi bem recebido pelos nacionalistas egípcios como o Partido Socialista Árabe, que queria a independência total da Grã-Bretanha. Ele inflamou uma onda de manifestações contra os britânicos e o Partido Wafd, que tinha apoiado o tratado.[4]

Após a Segunda Guerra Mundial e a vitória do Partido Wafd na boicotada eleição de 1950, o novo governo Wafd revogou unilateralmente o tratado em outubro de 1951. Três anos mais tarde, e com a liderança de um novo governo sob o popular Gamal Abdel Nasser, o Reino Unido concordou em retirar suas tropas; a retirada britânica foi concluída em julho de 1956. Esta data é vista como quando o Egito ganhou a independência total, mas Nasser já havia estabelecido uma política independente que causou tensão com várias potências ocidentais.

Após a retirada abrupta de uma oferta pela Grã-Bretanha e dos Estados Unidos para financiar a construção da Represa de Assuã, o Egito nacionalizou o Canal de Suez em 26 de julho de 1956,[5] aparentemente para pagar a represa e para estabelecer uma compensação aos antigos proprietários. No entanto, alguns meses depois, França, Israel e Grã-Bretanha conspiraram para derrubar Nasser,[6] e a Crise de Suez se seguiu.

A Crise de Suez levou a aliança ocidental a um momento desastroso, onde os Estados Unidos tornou-se desconfiado da Grã-Bretanha e França. A União Soviética ameaçou a Grã-Bretanha e a França, com bombardeamento nuclear caso não se retirassem de Suez. Os Estados Unidos não ficou do lado de seus aliados anglo-franceses e, em vez disso, apoiou o pedido da União Soviética para a retirada anglo-francesa.

Referências

  1. «Anglo-Egyptian Treaty of 1936». Lookalex. Consultado em 3 de junho de 2010 
  2. League of Nations Treaty Series, vol. 173, pp. 402-431.
  3. Robert O. Collins, A History of Modern Sudan
  4. «The Anglo – Egyptian Alliance Treaty 1936». Britains Smallwars. Consultado em 3 de junho de 2010. Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2004 
  5. "Suez crisis" The Concise Oxford Dictionary of Politics. Ed. Iain McLean and Alistair McMillan. Oxford University Press, 2003.
  6. Avi Shlaim, The Protocol of Sèvres,1956: Anatomy of a War Plot Published in International Affairs, 73:3 (1997), 509-530

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