Trifosfato de desoxiadenosina

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Trifosfato de desoxiadenosina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC [[(2R,3S,5R)-5-(6-aminopurin-9-yl)-3-hydroxyoxolan-2-yl]methoxy-hydroxyphosphoryl] phosphono hydrogen phosphate
Outros nomes dATP, 2'-desoxiadenosina trifosfato
Identificadores
Número CAS 1927-31-7
PubChem 15993
ChemSpider 15194
ChEBI 16284
SMILES
InChI
1/C10H16N5O12P3/c11-9-8-10(13-3-12-9)15(4-14-8)7-1-5(16)6(25-7)2-24-29(20,21)27-30(22,23)26-28(17,18)19/h3-7,16H,1-2H2,(H,20,21)(H,22,23)(H2,11,12,13)(H2,17,18,19)/t5-,6+,7+/m0/s1
Propriedades
Fórmula molecular C10H16N5O12P3
Massa molar 491.181623
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

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Alerta sobre risco à saúde.

Trifosfato de desoxiadenosina (abreviado na literatura em inglês como dATP, de deoxyadenosine triphosphate) é um nucleotídeo usado em células para síntese de ADN (ou replicação), como um substrato de ADN polimerase.[1] É classificado como um trifosfato de nucleosídeo purínico, com sua estrutura química constituída por uma molécula de açúcar desoxirribose ligada a uma adenina e a três grupos fosfato. Difere da molécula de transferência de energia trifosfato de adenosina (ATP) por um único grupo hidroxila (o grupo -OH no carbono 2' do açúcar pentose é substituído por -H no dATP), resultando em uma desoxirribose em vez de uma ribose. Dois grupos fosfato podem ser hidrolisados para produzir monofosfato de desoxiadenosina, que pode então ser usado para sintetizar ADN.[2]

Os resultados também sugeriram que o dATP pode atuar como uma molécula de transferência de energia para manter a viabilidade celular.[3]

Síntese[editar | editar código-fonte]

Síntese enzimática de trifosfato de desoxiadenosina[editar | editar código-fonte]

O trifosfato de desoxiadenosina pode ser sintetizado enzimaticamente com ADN como material de partida usando desoxirribonuclease (DNase), nuclease P1, adenilato cinase e piruvato quinase.[4] A síntese começa com a desnaturação térmica do DNA seguida de tratamento com DNase I para produzir oligômeros. Em seguida, a solução é tratada com nuclease P1 para formar monofosfatos de desoxinucleotídeo. Usando uma mistura de adenilato quinase e piruvato quinase, a desoxiadenosina monofosfato foi seletivamente convertida em dATP. Após a purificação, uma pureza de 90%-95% pode ser alcançada usando este método de síntese com um rendimento total de 40%.[4]

Efeitos na saúde[editar | editar código-fonte]

Níveis elevados de dATP podem ser tóxicos e resultar em comprometimento da função imunológica, uma vez que o dATP atua como um inibidor não competitivo da enzima de síntese de DNA ribonucleotídeo redutase. Pacientes com deficiência de adenosina desaminase (ADA) tendem a ter concentrações intracelulares elevadas de dATP porque a adenosina desaminase normalmente reduz os níveis de adenosina, convertendo-a em inosina. A deficiência dessa desaminase também causa imunodeficiência.[5][6] Deficiência desta desaminase também causa imunodeficiência.[7]

Na miosina cardíaca, o dATP é uma alternativa ao ATP como substrato energético para facilitar a formação de pontes cruzadas.[8][9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Romaniuk, PJ; Eckstein, F (julho 1982). «A study of the mechanism of T4 DNA polymerase with diastereomeric phosphorothioate analogues of deoxyadenosine triphosphate». The Journal of Biological Chemistry. 257 (13): 7684–8. PMID 7045112. doi:10.1016/S0021-9258(18)34435-1Acessível livremente 
  2. PubChem. «2'-Deoxyadenosine 5'-triphosphate» (em inglês). pubchem.ncbi.nlm.nih.gov. Consultado em 30 de abril de 2020 
  3. Nakashima, K; Nakashima, H; Shimoyama, M (setembro 1991). «Deoxyadenosine triphosphate acting as an energy-transferring molecule in adenosine deaminase inhibited human erythrocytes». Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Molecular Cell Research. 1094 (3): 257–62. PMID 1911876. doi:10.1016/0167-4889(91)90084-b 
  4. a b Ladner, WE; Whitesides, GM (1 de abril de 1985). «Enzymic synthesis of deoxyATP using DNA as starting material». The Journal of Organic Chemistry. 50 (7): 1076–1079. doi:10.1021/jo00207a032 
  5. Chang, CH; Cheng, YC (outubro 1980). «Effects of deoxyadenosine triphosphate and 9-beta-D-arabinofuranosyl-adenine 5'-triphosphate on human ribonucleotide reductase from Molt-4F cells and the concept of "self-potentiation"». Cancer Research. 40 (10): 3555–3558. PMID 6159965 
  6. Cohen, A; Hirschhorn, R; Horowitz, SD; Rubinstein, A; Polmar, SH; Hong, R; Martin, DW (janeiro 1978). «Deoxyadenosine triphosphate as a potentially toxic metabolite in adenosine deaminase deficiency». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 75 (1): 472–476. Bibcode:1978PNAS...75..472C. PMC 411272Acessível livremente. PMID 272665. doi:10.1073/pnas.75.1.472Acessível livremente 
  7. Sanchez, JJ; Monaghan, G; Børsting, C; Norbury, G; Morling, N; Gaspar, HB (maio 2007). «Carrier frequency of a nonsense mutation in the adenosine deaminase (ADA) gene implies a high incidence of ADA-deficient severe combined immunodeficiency (SCID) in Somalia and a single, common haplotype indicates common ancestry». Annals of Human Genetics. 71 (Pt 3): 336–347. PMID 17181544. doi:10.1111/j.1469-1809.2006.00338.x 
  8. Cheng, Y; Hogarth, KA; O'Sullivan, ML; Regnier, M; Pyle, WG (janeiro 2016). «2-Deoxyadenosine triphosphate restores the contractile function of cardiac myofibril from adult dogs with naturally occurring dilated cardiomyopathy». American Journal of Physiology. Heart and Circulatory Physiology. 310 (1): H80–H91. PMC 4796460Acessível livremente. PMID 26497964. doi:10.1152/ajpheart.00530.2015 
  9. Powers, JD; Yuan, CC; McCabe, KJ; Murray, JD; Childers, MC; Flint, GV; Moussavi-Harami, F; Mohran, S; Castillo, R; Zuzek, C; Ma, W; Daggett, V; McCulloch, AD; Irving, TC; Regnier, M (junho 2019). «Cardiac myosin activation with 2-deoxy-ATP via increased electrostatic interactions with actin». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 116 (23): 11502–11507. Bibcode:2019PNAS..11611502P. PMC 6561254Acessível livremente. PMID 31110001. doi:10.1073/pnas.1905028116Acessível livremente