Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe (Pieter Coecke van Aelst)

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Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe
Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe (Pieter Coecke van Aelst)
Autor Pieter Coecke van Aelst
Data c. 1527-1531
Técnica pintura a óleo sobre madeira
Localização Museu de Arte Sacra do Funchal, Funchal

O Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe é um tríptico de pinturas a óleo sobre madeira de carvalho atribuído ao artista flamengo Pieter Coecke van Aelst e seguidores, pintado presumivelmente no período entre 1527 e 1531 para a Igreja de São Tiago Menor, hoje conhecida por Igreja do Socorro, no Funchal, e que se encontra presentemente no Museu de Arte Sacra do Funchal.[1]

O Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe representa no painel central os dois apóstolos mártires Santiago Menor e São Filipe e nos painéis laterais estão representados os Doadores. Nos reversos dos painéis laterais está representado o episódio bíblico da Anunciação.[1][2]

A autoria do Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe foi atribuída a Pieter Coecke van Aelst por Georges Marlier, em 1966, tendo sido confirmada por Pedro Dias, em 1992, para o catálogo da exposição Feitorias, no Museu Nacional do Museu de Arte Antiga.[1]

O Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe deverá ser considerado como uma obra do primeiro período de Pieter Coeck van Aelst,[3] um dos mais importantes pintores de Antuérpia daquele tempo.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe apresenta, quando aberto, a mesma paisagem de fundo nos três painéis o que lhe confere unidade de composição.

O Anjo da Anunciação, reverso do painel direito

Quando fechado, o Tríptico representa o episódio bíblico da Anunciação em grisalha, mas com as carnações e cabelos em cor natural. De forma invulgar neste tipo reverso, entre as figuras da Virgem Maria e do arcanjo anunciador abre-se, no alto, um óculo repartido entre os dois painéis através do qual se vê uma paisagem de suaves montanhas também em cores naturais.[1]

Virgem Maria, reverso do painel esquerdo

Painel central[editar | editar código-fonte]

No painel central, que tem de altura 164 cm e de largura 122 cm, estão destacadas as figuras dos apóstolos e mártires São Filipe e Santiago Menor, tendo este sido escolhido em 1521 para padroeiro da cidade do Funchal. Em segundo plano estão pintadas as cenas representativas dos respectivos martírios: a crucificação no caso de Filipe e a morte à bastonada no caso de Santiago Menor.[1]

Painel esquerdo[editar | editar código-fonte]

No painel do lado esquerdo, que tem de altura 164 cm e de largura 55 cm, encontra-se o retrato dos presumíveis doadores, Simão Gonçalves da Câmara, e seu filho João, terceiro e quarto donatários do Funchal, que estão ajoelhados como era usual tendo a acompanhá-los outros membros da família e os principais criados.[1]

No reverso do painel encontra-se a imagem da Virgem Maria da Anunciação.[1]

Painel direito[editar | editar código-fonte]

No painel do lado direito, que tem as mesmas dimensões do da esquerda, encontram-se o retrato das esposas dos doadores, também ajoelhada, Joana Castelo Branco, primeira mulher de Simão, ou Isabel Silva, sua segunda mulher, e Leonor de Vilhena, esposa de João Gonçalves da Câmara.[1]

No reverso está representado o anjo que quando o Tríptico estava fechado representava em conjunto com o reverso do outro painel o episódio bíblico da Anunciação.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe foi colocado inicialmente na Igreja de Santiago Menor, hoje designada por Igreja do Socorro, no Funchal,[4] tendo sido redescoberta pelo investigador Cayola Zagallo na sacristia da igreja, onde ainda permanece a predela do conjunto.

Segundo Cayola Zagallo, o Tríptico de Santiago Menor e S. Filipe deve deve ter sido pintado no período entre 1527-1531. A construção da Igreja de São Tiago Menor foi iniciada em 1521, sendo de admitir que, nos anos posteriores, Simão Gonçalves da Câmara o terceiro capitão do donatário da Capitania do Funchal, ou o seu filho e sucessor, João Gonçalves da Câmara, tivessem encomendado o magnífico retábulo.[1]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j Informação sobre a obra na página web do MASF
  2. a b Nota de apresentação da obra na exposição "As ilhas do Ouro Branco Encomenda Artística na Madeira séculos XV-XVI" do Museu Nacional de Arte Antiga, de 16-11-2017 a 18-03-2018.
  3. Luiza Clode e Fernando António Baptista Pereira, Arte Flamenga, Museu de Arte Sacra do Funchal, Edicarte, 1997, p. 104., citados pelo MASF
  4. Imagem e posição no GoogleMaps