Tártaro (mitologia)

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 Nota: Para o personagem da mitologia basca, veja Tartalo. Para outros significados, veja Tártaro.


Tártaro

Perséfone supervisionando Sísifo no submundo grego
Figura preta ática em ânfora, c. 530 a.C.
Cônjuge(s) Ninguém
Pais Caos
Filho(s) Tifão

O Tártaro (em grego: Τάρταρος, transl.: Tártaros), na mitologia grega, é personificado por um dos deuses primordiais, nascidos a partir do Caos (apesar de alguns autores o considerarem irmão de Caos). Suas relações com Gaia geraram as mais terríveis bestas da mitologia grega, entre elas o poderoso Tifão.

Assim como Gaia é a personificação da Terra e Urano a personificação do Céu, Tártaro é a personificação do Mundo Inferior. Nele estão as cavernas e grutas mais profundas e os cantos mais terríveis do reino de Hades, o mundo dos mortos, para onde todos os inimigos do Olimpo são enviados e onde são castigados por seus crimes. Lá os titãs são aprisionados por Zeus (Júpiter), Hades (Plutão) e Poseidon (Netuno) após a Titanomaquia.

Na Ilíada, de Homero, representa-se este mitológico Tártaro como prisão subterrânea 'tão abaixo do Hades quanto a terra é do céu'. Segundo a mitologia, nele são aprisionados somente os deuses inferiores, Cronos e outros titãs, enquanto que os seres humanos, são lançados no submundo, governado por Hades.

Mito[editar | editar código-fonte]

O mundo primordial, segundo a mitologia grega.

O poeta grego Hesíodo garantiu que uma bigorna de bronze cairia do céu durante nove dias até alcançar a terra, e que cairia outros nove dias até atingir o Tártaro.[1] Sendo um lugar tão profundo no chão, estava coberto por três camadas de noites, que se seguiam a um muro feito de bronze a cercar este distante subterrâneo.

É um poço úmido, frio e desgraçadamente imerso na mais tenebrosa escuridão.

Enquanto, segundo a mitologia grega, o Submundo (Érebo, reino de Hades) é o lugar para onde iam os mortos, o Tártaro tinha vários moradores. Quando Cronos era o titã que governava o mundo, prendeu os ciclopes no Tártaro. Zeus os libertou, para que o ajudassem na sua luta contra os titãs - que acabaram sendo derrotados pelos deuses do Olimpo, e aprisionados neste desolador tugúrio. Ficaram vigiados por enormes gigantes, cada um com 50 grandes cabeças e 100 fortes braços, chamados hecatônquiros. Mais tarde, quando Zeus derrotou o monstro Tifão, filho de Tártaro com Gaia, também o lançou neste mesmo poço de água.

O Tártaro também é o local onde o crime encontra seu castigo. Um bom exemplo é o de Sísifo, ladrão e assassino, condenado a eternamente empurrar uma rocha ladeira acima - apenas para vê-la novamente descer com o próprio peso. Também ali se encontrava Íxion, o primeiro homem a derramar o sangue de um parente. Fez com que o seu sogro caísse num fosso cheio de carvões em brasa para assim evitar o pagamento do dote pela esposa. Seu justo castigo foi o de passar toda a eternidade girando uma roda em chamas. Tântalo, que desfrutava da confiança dos deuses, conversando e ceando com eles, dividiu a comida e os segredos divinos aos seus amigos. Sua punição pela perfídia consistia em ser mergulhado até o pescoço em água fria, que desaparecia sempre que tentava bebê-la para aplacar a enorme sede, além de ver frutificando logo acima de sua cabeça deliciosas uvas que, quando tentava colhê-las, subiam para fora de seu alcance.

Mitologia romana[editar | editar código-fonte]

Para os romanos, o Tártaro é o lugar para onde são enviados os pecadores. Virgílio o descreve na Eneida (livro VI). como um lugar gigantesco, rodeado pelo rio de fogo Flegetonte, cercado por tripla muralha que impede a fuga dos pecadores.

Nesta versão, é guardado por uma Hidra com 50 enormes faces negras, que se postava diante dum portão rangente, e protegida por colunas feitas de adamante (material supostamente indestrutível, similar ao diamante), tão duras que nada poderia cortá-las. No seu interior havia um castelo com amplas muralhas e um alto torreão de ferro. Tisífone, a Fúria que representava a Vingança, é a vigia que jamais dorme no alto deste torreão, chicoteando os condenados a ali passar a eternidade.

No interior deste castelo há um poço que desce até as profundezas da terra, no dobro da distância que há entre a terra dos mortais e o Olimpo. No fundo deste poço estão os Titãs, os Aloídas (gigantes gêmeos) e muitos outros criminosos.

No próprio Tártaro estão milhares de outros criminosos, recebendo castigos semelhantes aos dos mitos gregos.

A Segunda Carta de São Pedro faz referência a esta tradição latina, chamando Tártaro (ταρταρώσας) ao castigo dos anjos caídos (II Pedro, 2:4):

"Em realidade, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, precipitados no tártaro, ele os entregou às cadeias das trevas para serem atormentados e reservados até ao juízo…"

Radamanto, Éaco e Minos são os juízes dos mortos, e decidiam quem deveria ir para o Tártaro. Radamanto julgava as almas asiáticas; Éaco, as europeias; Minos tinha o voto decisivo, final, e é quem julgava os gregos.

Referências

  1. Hesíodo; Torrano, Jaa (2003). Teogonia a origem dos Deuses. [S.l.]: Editora Iluminuras Ltda. ISBN 9788585219314 
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