Uberaba (navio)

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Uberaba
Uberaba (navio)
O navio, quando ainda pertencia à Woermann Linie
 Brasil
Proprietário Lloyd Brasileiro
Homônimo Uberaba, cidade de Minas Gerais
Construção 1911, por Reiherstiegwerft, Hamburgo, Império Alemão
Renomeado Henny Woermann (1911-1917)
Estado Desmantelado
Destino 25 de março de 1921
Características gerais
Tipo de navio Paquete
Deslocamento 6.082 t
Comprimento 119,84 m
Boca 15,94 m
Calado 8,20 m
Propulsão Motor de quádrupla expansão, 4 cilindros
Velocidade 13 nós (24 km/h)

O Uberaba foi um navio mercante pertencente ao Lloyd Brasileiro, empregado em viagens entre o Brasil e os Estados Unidos. Em 25 de março de 1921, numa viagem de retorno com destino a Fortaleza, naufragou nos recifes de coral do Parcel de Manuel Luís, no litoral do Maranhão. Não houve mortos.

Histórico[editar | editar código-fonte]

O navio foi construído nos estaleiros Reiherstiegwerft, em Hamburgo, Alemanha, sob encomenda da companhia Woermann Linie, que operava rotas para a África ocidental. Recebeu o nome Henny Woermann.[1]

No início da Primeira Guerra Mundial, o Henny Woermann, foi deslocado para Recife em 1914.[2] Em 1917, foi confiscado pelo Governo do Brasil junto a outros 45 navios, em represália ao afundamento de embarcações brasileiras por submarinos alemães durante a guerra. Teve seu nome alterado para Uberaba e foi anexado à frota do Lloyd Brasileiro, passando a realizar viagens entre o Brasil e a América do Norte. Numa viagem de retorno ao Brasil, chegou a ser perseguido por um submarino alemão em agosto de 1918, e alvejado com 32 tiros, mas conseguiu escapar.[3]

O Uberaba, considerado um dos navios mais belos do Lloyd Brasileiro, possuía vários camarotes luxuosos e salas com revestimento em mármore.[4] Era idêntico, em características técnicas, ao navio Almirante Jaceguay (ex-Professor Woermann), comprado pelo Lloyd Brasileiro em 1921.[5]

Naufrágio[editar | editar código-fonte]

O Uberaba, procedente de Nova York, realizou parada em Belém e deixou aquela cidade em 23 de março de 1921, com destino a Fortaleza.[4] O comandante Pedro Velloso da Silveira havia definido a rota a ser seguida, de modo que o navio passasse a pelo menos 10 milhas de qualquer área perigosa, e mandou reduzir a velocidade à meia-noite de 25 de março. Por volta das 2h30, o Uberaba foi sacudido por três fortes impactos que acordaram grande parte dos passageiros, e teve sua casa de máquinas inundada, ficando às escuras. O segundo telegrafista, Diógenes Padilha, conseguiu fazer contato com navios próximos, após muitas tentativas. O navio havia colidido com cabeços de coral. Alguns ocupantes se precipitaram e deixaram o navio em duas baleeiras, apesar de a embarcação não ter submergido completamente.[6]

Na tarde de 25 de março, o navio Justin resgatou os 229 ocupantes que permaneceram no Uberaba. Uma das baleeiras, com 41 náufragos, foi resgatada pelo navio Bragança.[7] A segunda, com 30 ocupantes, aportou em Carutapera em 30 de março.[8]

Desfecho[editar | editar código-fonte]

O Lloyd Brasileiro contratou o engenheiro naval Mario Schiucca, da Julius Söhsten & Cia., para reflutuar a embarcação.[9] A operação de salvamento durou vários meses, mas não teve sucesso. Em fevereiro de 1922, quase um ano após a colisão, o navio continuava na mesma posição, parcialmente emerso e apoiado sobre os recifes, e nesse tempo, grande parte da carga nos porões foi recuperada.[10] Em abril de 1924, um farol luminoso foi instalado em um dos mastros do Uberaba para evitar colisões com o casco, indicando que o esforço para salvar a embarcação havia sido encerrado.[11]

Atualmente, os restos do navio se encontram destroçados, próximos a um cabeço de 25 m, com vários itens de luxo intactos, e este é considerado um dos naufrágios mais importantes do Parcel de Manuel Luís.[12]

Referências

  1. «German East Africa Line / Woermann Line». TheShipsList. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  2. Histarmar. «Uberaba». Consultado em 25 de fevereiro de 2019 
  3. «Interior - Noticias recebidas pelo telegrapho». Rio de Janeiro. O Imparcial (1060): 3. 28 de agosto de 1918. Consultado em 19 de novembro de 2015 
  4. a b «O Lloyd acaba de perder uma das mais bellas unidades de sua frota». Rio de Janeiro. Correio da Manhã (8.059): 1. 26 de março de 1921. Consultado em 12 de janeiro de 2016 
  5. «Histórias: o porto de Santos em maio de 1930». Novo Milênio. 22 de outubro de 2002. Consultado em 28 de julho de 2016 
  6. Marcello de Ferrari. «Naufrágio do Uberaba». Naufrágios. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  7. «Ainda falta encontrar uma das baleeiras que recolheram naufragos». Rio de Janeiro. Correio da Manhã (8.062): 3. 29 de março de 1921. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  8. «O naufrágio do "Uberaba" - Foi afinal, encontrada, felizmente, a segunda baleeira». Rio de Janeiro. Correio da Manhã (8.064): 3. 31 de março de 1921. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  9. «O caso do "Uberaba"». São Luís. Pacotilha (159): 1. 9 de julho de 1921. Consultado em 25 de janeiro de 2019 
  10. «O "Uberaba"». São Luís. Pacotilha (45): 4. 23 de fevereiro de 1922. Consultado em 25 de janeiro de 2019 
  11. «O "Diário" no Pará - O pharol do rochedo "Manoel Luiz"». Recife. Diário de Pernambuco (87): 1. 12 de abril de 1924. Consultado em 25 de janeiro de 2019 
  12. «Uberaba». BrasilMergulho. 24 de junho de 2016. Consultado em 2 de outubro de 2016 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]