Ultima Hora

Última Hora | |
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Periodicidade | diário |
Sede | Rio de Janeiro |
Fundação | 12 de junho de 1951 |
Fundador(es) | Samuel Wainer |
Ultima Hora foi um jornal carioca fundado pelo jornalista Samuel Wainer, em 12 de junho de 1951. Chegou a ter uma edição em São Paulo, além de uma edição nacional que era complementada localmente em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Niterói, Curitiba, Campinas, Santos, Bauru e no ABC Paulista.
O periódico, nas palavras de Wainer um "jornal de oposição à classe dirigente e a favor de um governo", o de Vargas, foi um marco no jornalismo brasileiro, inovando em termos técnicos e gráficos.[1]
Em 1953, o jornal passou a ser acusado por Carlos Lacerda, dono do jornal concorrente Tribuna da Imprensa, de receber favorecimento para empréstimos feitos pelo Banco do Brasil. Para averiguar as operações, Samuel Wainer sugeriu a criação de uma CPI para averiguar as transações realizadas entre a empresa e o Banco. A CPI foi instaurada em junho de 1953. Ao encerrar suas investigações em novembro de 1953, a CPI concluiu que as empresas jornalísticas em geral faziam negócios com irregularidades junto ao Banco do Brasil.[2]
Outra acusação nunca provada era sobre a origem de Samuel Wainer, que teria nascido na Bessarabia, impedindo sua permanência no comando do jornal, visto que a Constituição de 1946 proibia o comando de órgãos da imprensa por estrangeiros. [2]
Foi publicada na edição do Jornal do Brasil de 24 de julho de 1953 nota a respeito do discurso do senador Assis Chateaubriand, feito, no dia anterior, da tribuna do Senado Federal sobre o caso do Ultima Hora e suas relações com o governo: "…aquela organização jornalística tem a dirigi-la homens que servem ao ideal soviético, financiado por um verdadeiro “Kominform brasileiro”. Disse possuir documentos para provar cabalmente a orientação comunista do aludido jornal e citou alguns fatos em abono de suas considerações. Culpou o governo pela tolerância e complacência em favor desse grupo sobre as instituições autárquicas e bancos submetidos ao controle governamental."[3]
Foi um dos únicos diários a defender o governo de João Goulart em 1 de abril de 1964, nas primeiras horas após o golpe militar que o depôs.[4][5][6] Teve suas sedes do Rio de Janeiro e do Recife invadidas e depredadas.[4] Samuel Wainer exilou-se no Chile e lá recebeu proposta de compra do jornal de um grupo de empresários especializados em obras públicas.[4]
Em 23 de abril de 1964 foi publicado discurso do deputado Rubens Requião, feito na assembleia legislativa, no Diário do Paraná. O deputado ataca o Ultima Hora nos seguintes termos: "Ainda agora soubemos que importou o jornal papel de imprensa no valor de três bilhões de cruzeiros, financiado pelo Banco do Brasil, no apagar das luzes do governo deposto." O ápice das acusações deu-se em trecho anterior a esse de seu discurso: "Uma coisa, todavia, sempre chamou atenção de todos, de todos os democratas. Como se mantinha o [Ultima Hora]? Quem financiava? (…) A Petrobras? Os institutos? As autarquias? Ou, quem sabe, alguma potência estrangeira? Os enormes recursos de que dispunha esse jornal subversivo sempre preocuparam os democratas."[7]
Wainer negociou a venda de seu jornal em Paris.[4] Vendido em 1971 para a Empresa Folha da Manhã S/A, que também era dona do jornal Folha de S.Paulo, cujos proprietários eram Carlos Caldeira Filho e Octávio Frias de Oliveira, conforme documentos registrados na Junta Comercial do Estado de São Paulo, no Cartório de Registros de Títulos e Documentos.[1] Wainer voltou ao Brasil com a esperança de recuperar a Ultima Hora do Rio de Janeiro, tentando conquistar, sem sucesso, a confiança dos militares, até que o comandante do I Exército pediu que publicasse na primeira página um poema de resposta à canção "Caminhando", de Geraldo Vandré.[4] Ele publicou o poema, mas decidiu vender o resto de sua participação aos empreiteiros que haviam comprado o Correio da Manhã.[4]
O Arquivo Público do Estado de São Paulo, em homenagem aos duzentos anos de Imprensa no Brasil, colocou na internet o acervo do Ultima Hora. São 36 mil páginas digitalizadas, correspondentes a sessenta meses do jornal.[8]
Em 1973, o jornalista Ary Carvalho adquiriu a versão carioca do jornal, tendo o seu controle até 1987.[9]
Notas e referências
- ↑ a b História Cultural da Imprensa Brasil: 1900-2000. Marialva Barbosa, pgs. 181 e 198. Mauad Editora Ltda. Rio de Janeiro (2007) Acessado em 20 de maio de 2012
- ↑ a b «CPI da Última Hora | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 15 de outubro de 2015
- ↑ «O Caso Última Hora». Jornal do Brasil: 6. 24 de julho de 1953
- ↑ a b c d e f Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Escancarada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca. 526 páginas. ISBN 978-85-8057-408-1
- ↑ «Povo e govêrno superam a sublevação». A Noite. 1 páginas. 1 de abril de 1964
- ↑ «Guarnições do I Exército marcham para sufocar rebelião em Minas Gerais». Diário Carioca. 1 páginas. 1 de abril de 1964
- ↑ Requião, Rubens (23 de abril de 1964). «Rubens Requião revida editorial de jornal, ofensivo à revolução». Diário do Paraná: Primeiro caderno, página 3
- ↑ Acervo do Última Hora
- ↑ Stycer, Maurício (2009). História do Lance! – Projeto e prática de jornalismo esportivo. [S.l.: s.n.] ISBN 9788598325903