Frente Nacional de Libertação de Angola
Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) | |
|---|---|
| Presidente | Nimi A Simbi |
| Vice-presidente | Benjamim Manuel da Silva |
| Secretário-geral | Aguiar António Laurindo |
| Fundação | 10 de outubro de 1954 (71 anos) |
| Sede | Luanda, |
| Ideologia | Atualmente: Democracia cristã[1] Nacionalismo[1] Conservadorismo[2] Regionalismo[3] Anteriormente: Tribalismo[4] Pan-africanismo[5] Anticomunismo[6] |
| Espectro político | Centro-direita a direita[7] |
| Assembleia Nacional de Angola | 2 / 220 |
| Cores | Branco, vermelho e amarelo |
| Bandeira do partido | |
| Página oficial | |
| https://www.fnla.co.ao/ | |
A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) é um partido político angolano orientado no espectro de centro-direita à direita.
Foi fundado em 1954,[8] com o nome de "União das Populações do Norte de Angola" (UPNA), assumindo em 1958 o nome de "União das Populações de Angola" (UPA). Em 1962, a UPA, ao absorver outro grupo anticolonial — o Partido Democrático de Angola (PDA) —, constituiu a FNLA.[9][10]
A FNLA foi um dos movimentos nacionalistas angolanos durante a guerra anticolonial de 1961 a 1974, juntamente com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). No processo de negociação da descolonização de Angola, em 1974/1975, bem como na Guerra Civil Angolana de 1975 a 2002, combateu o MPLA ao lado da UNITA. Desde 1991 é um partido político cuja importância tem vindo a diminuir drasticamente, em função dos seus fracos resultados nas eleições legislativas desde 1992.
História
[editar | editar código]A FNLA, enraizada principalmente entre os congos, mas com aderentes também entre os ambundos e os ovimbundos, foi o primeiro movimento anticolonial a desenvolver actividades relevantes em Angola. Sua orientação era mais tribalista em vez de nacionalista (como era o caso do MPLA), além de ser mais conservadora que o MPLA e a UNITA, dado os compromissos imediatos com seus aliados externos: o Congo-Léopoldville de Joseph Kasa-Vubu e depois o Zaire de Mobutu Sese Seko, além dos Estados Unidos.[11]
Fundação
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A FNLA foi criada em 7 de julho de 1954 como União dos das Populações do Norte de Angola (UPNA), em uma reunião realizada na cidade de Matadi,[12] no actual Congo-Quinxassa, por Sidney Manuel Ventura Barros Necaca, João Eduardo Pinnock (pai de Johnny Eduardo Pinnock) e Francisco Borralho Lulendo, tendo como finalidade inicial a disputa pela sucessão no Reino do Congo após a morte, no ano seguinte, do rei Pedro VIII.[13] Os objetivos iniciais da UPNA, portanto, era mais autonomia e independência de sua base tribal das autoridades portuguesas, apresentando como candidatos ao trono congolês Manuel Quidito,[14] João Eduardo Pinnock[15] e Álvaro Holden Roberto,[13] bem como uma linha ideológica religiosa mais próxima ao protestantismo.[16] Outra reunião da UPNA foi realizada clandestinamente no mesmo ano no Lobito por Roberto e,[13] por fim, em Quinxassa ocorre a fundação oficial a 10 de outubro de 1954,[13] quando, aconselhados pelo Comitê Americano para os Assuntos Africanos,[16] passa a incluir ativistas de várias origens do norte de Angola.[13] Roberto e Necaca eram os líderes da organização, com o primeiro tomando a condução dos negócios externos e contactos políticos[13] e o segundo as tarefas administrativas.[16] Nos primeiros dois anos de existência, por iniciativa de Barros Necaca, a UPNA operava em estreita colaboração com o partido quinxassa-congolês Associação dos Bacongos para a Unificação, a Conservação e o Desenvolvimento da Língua Congo (Abako) e estava fortemente influenciada por Joseph Kasa-Vubu.[14][17]
Durante a I Conferência dos Povos Africanos, em 7 de dezembro de 1958, a UPNA é convertida em União das Populações de Angola (UPA) por influência do Comitê Americano para os Assuntos Africanos[17] e de Julius Nyerere, Houari Boumédiène, Omar Oussedik, Frantz Fanon e Kwame Nkrumah.[13] Os líderes africanos convenceram a liderança da organização a adotar o nacionalismo e uma luta global pan-africanista[5] que incluísse todas as etnias pela descolonização angolana,[13] muito embora o tribalismo continuasse a dominar a ideologia partidária até o início da década de 1970.[16] Roberto já participa da reunião como agente duplo da Agência Central de Inteligência (CIA).[11]
O forte contacto político com a Frente de Libertação Nacional da Argélia e com os chineses permitiu o envio de cerca de 20 guerrilheiros angolanos para serem formados na Base Militar de Ghardimaou (Tunísia), que constituiu a primeira célula operacional e embrionária do que seria o Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), já no ano de 1959.[13] Foi criada a icônica Base de Quincuzo da FNLA, em solo quinxassa-congolês, em 1959.[13]
No ano de 1959, porém, ocorre justamente a primeira grande dissidência no seio do partido, com Jean-Pierre Mbala, Borralho Lulendo e Miguel Moniz reclamando pela suavização ideológica e uma transição política negociada com Portugal, em vez da linha combativa e luta armada defendida por Roberto.[14] Mbala e Lulendo chegam a afastar Barros Necaca do comando do partido em outubro de 1960, com o primeiro a assumir a administração da agremiação política.[14] Barros Necaca atribui a Roberto o comando partidário interino, porém sua morte precoce[16] faz com que um congresso seja convocado com urgência para janeiro de 1961 para eleição de um novo líder e para solucionar a divisão cada vez maior do grupo.[14] Tal divisão interna, inclusive, foi um dos pontos que impediu a UPA de supervisionar os ataques a Luanda em fevereiro de 1961, realizados pelo MPLA.[18] No congresso, Roberto acaba por ser eleito líder máximo da UPA, e o grupo de Jean-Pierre Mbala, que havia sido reconhecido em janeiro de 1961 como representantes da UPA na Conferência de Chefes de Estado Africanos, no Congo-Brazavile, se desfilia para formar o Movimento de Defesa dos Interesses de Angola (MDIA).[14]
Guerra anticolonial
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A UPA iniciou a sua luta armada anticolonial em Angola nos ataques ao norte de Angola em 1961,[12] nomeadamente nos territórios provinciais do Uíge e do Zaire, estendendo-se mais tarde para o sul, até o território equivalente a atual província do Bengo.[19] O ataque estava sob supervisão de Holden Roberto (que estava nos Estados Unidos), e comando de terreno direto de Rosário Neto, João Baptista Traves Pereira e Marcos Kassanga.[19] Porém, durante os ataques, a UPA teve sofreu uma grave fragmentação interna, causada pela insistência de Roberto em concentrar poderes em si.[19] Para isto, removeu da frente principal, em Nambuangongo, a capital do "Estado Livre de Angola" declarado pela UPA, a Baptista Traves, o principal comandante militar de terreno do posto de Comandante-em-Chefe das operações, em seguida removendo também o comandante Marcos Kassanga.[19] Porém, os ataques indiscriminados contra trabalhadores brancos, e em especial contra povos africanos não-congos deu margem para a denúncia de que havia uma ideologia tribalista na UPA, minando a legitimidade do movimento aos olhos da comunidade internacional.[20] Em seguida, Roberto tentou se desvincular dos ataques, fazendo a moral das tropas cair.[20] Por fim, Roberto foi acusado de ordenar o assassinato de Baptista Traves, o que piorou a crise interna partidária, ocorrendo uma deserção em massa em 1962, na Conferência de Kassanga-Kassinda, liderada por Marcos Kassanga e André Martins Kassinda, com os dissidentes da UPA, do ELNA e de seu organismo sindical Liga Geral dos Trabalhadores de Angola (LGTA) se filiando ao MPLA.[21][19]
Os referidos ataques, bem como todos os posteriores, tiveram retaguarda de luta na República do Zaire, actual República Democrática do Congo, a seu tempo liderada por Mobutu Sese Seko que — no quadro da sua política regional — manteve boas relações com o líder da FNLA, Holden Roberto. Este apoio possibilitou a constituição em Quinxassa, imediatamente depois da formação da FNLA, do Governo de Resistência de Angola no Exílio (GRAE), cujos vice-presidentes eram de proveniência ambunda, e cujo secretário-geral era o ovimbundo Jonas Savimbi, e posteriormente fundador da UNITA.[11] O braço armado do GRAE era o Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), cujos comandantes provinham de várias partes de Angola, inclusive de Cabinda. Nem o MPLA nem a Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) quiseram participar do GRAE, o que viria a ser decisivo para a complexa e contraditória configuração da luta anticolonial em Angola.[19]
Em 27 de março de 1962 a UPA absorve em suas estruturas o Partido Democrático de Angola (PDA),[13] liderado por André Ndomikalay Masaki,[13] como tentativa de formar uma frente única de luta anticolonial baseada em princípios étnicos-raciais.[11] O PDA chamava-se antes "Aliança Nacional Zombo" (Aliazo) e tinha raízes no tocoísmo, uma comunidade religiosa sincrética fundada por Simão Toco. A constituição da FNLA, como absorção do PDA pela UPA, na data referida, deu-se quando a breve experiência de uma frente comum com o MPLA, em Quinxassa, fracassou em 1961.[11] Meses depois, houve em Brazavile uma segunda tentativa de constituir uma frente comum, a "Frente Democrática de Libertação de Angola (FDLA)", que tampouco alcançou o seu objectivo, e acabou sendo absorvida pelo MPLA.[11] Na fundação da FNLA, David Livromentos assumiu a presidência da organização, mas faleceu no mesmo ano sendo substituído por André Ndomikalay Masaki que lidera a organização até 1972, quando centraliza-se tudo novamente com Holden Roberto — a destacar que Roberto como presidente do GRAE era o líder de facto da FNLA.[22]

A aparente apatia no processo de luta armada e política no partido levou a formação de frações internas, chegando a haver confrontos militares, como foi o caso da sublevação e tentativa de golpe de Alexandre Pedro Claver Taty,[23] que tentou tomar o comando da FNLA e depois (ao ter falhado no plano) rompeu com a liderança para ingressar nas forças portuguesas, na Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) e na Junta Militar Angolana no Exílio (JMAE).[23]
Apesar dos apoios por parte de Mobutu, mas também durante algum tempo da parte da China e da Roménia, a luta armada desenvolvida pela FNLA/ELNA contra a potência colonial portuguesa teve fortes limitações, havendo inclusive a opção por combater preferencialmente o MPLA. Ao dar este apoio, chineses e romenos (estes somente num primeiro momento apoiaram a FNLA) fizeram deliberadamente frente à então União Soviética que tinha optado por um apoio exclusivo ao MPLA. Diferentemente dos outros dois grupos, a FNLA/ELNA não conseguiu resistir aos contra-ataques militares portugueses, além de ser continuamente limitada por Mobutu, que trabalhava somente por seus próprios interesses.[11] Não teve a capacidade de manter o controle sobre qualquer parcela do território angolano — para além do autoproclamado "Estado Livre de Angola", no noroeste do país, durante alguns meses em 1961 — embora tivesse marcado certa de presença, sob a forma de actividades de guerrilha, no norte e noroeste angolano.[24] Uma tentativa de abrir uma segunda frente no leste de Angola, a partir de 1966, não foi para além da constituição de um pequeno núcleo de guerrilha em Alto Chicapa, cujas actividades foram muito limitadas dada a presença da UNITA e do MPLA na mesma área.[25]
De 1972 a 1976
[editar | editar código]Em meados de 1972 Holden Roberto tenta uma aproximação com Agostinho Neto, incluíndo a proposta de retorno do MPLA ao GRAE com o objetivo da criação de uma frente única que lutasse contra Portugal.[26] Roberto deveria permanecer na presidência, enquanto que Neto seria o vice-presidente.[26] Com a publicação de denúncias de uma purga interna na FNLA com fuzilamento dos comandantes do ELNA na Base de Quincuzo, no Congo-Quinxassa, Roberto afasta o presidente André Masaki, sem passar pelo congresso como estipulava os estatutos da FNLA; Roberto tornou-se novamente presidente da FNLA.[27] A repressão faz com que vários oficiais da FNLA filiem-se ao MPLA em Brazavile, com a aproximação dos movimentos declinando definitivamente.[26]
Terminada a luta de libertação, na sequência da revolução dos cravos de 25 de Abril de 1974 em Portugal, os três movimentos (MPLA, FNLA e UNITA) são chamados a assinar o Acordo do Alvor de partilha do poder,[5] estabelecendo o Conselho Presidencial do Governo de Transição. A paz dura poucos meses e inicia-se entre os movimentos uma luta armada pelo poder.[28] A FNLA passa a ser reforçada por quadros e pela experiência de Daniel Chipenda (rompido com o MPLA) que filia-se em setembro de 1974.[29] Ganha terreno no leste, apoiada agora também pela África do Sul a partir dos contactos de Chipenda.[29]

Dados os seus efectivos bem treinados e equipados,[5] o FLNA/ELNA parecia ter uma vantagem evidente na nova etapa das contendas iniciadas em fevereiro de 1975 na província de Luanda pela fracção de Chipenda,[29] no intuito de garantir o controle do Estado angolano.[29] Marchando em Angola pelo nordeste, o efetivo principal do ELNA/FNLA avançou com alguma facilidade, tomando Ambriz e se posicionando próximo a Caxito, ao norte de Luanda, onde foi barrada por forças do MPLA apoiadas por um forte contingente de tropas cubanas na batalha de Quifangondo.[29]
Abandonando o seu plano de tomar Luanda até 11 de novembro de 1975, o FLNA despachou várias das suas unidades para o centro e o sul de Angola, tomando Menongue e estabelecendo tropas em Benguela e Luena, concluíndo uma aliança com a UNITA no Huambo.[29] No dia 11 de novembro de 1975, enquanto o MPLA declarava em Luanda a independência do país, UNITA e FNLA proclamam no Huambo e em Ambriz a criação da República Popular Democrática de Angola, um "contra-governo" que teve o apoio dos Estados Unidos e do então regime sul-africano do apartheid, que isolou a FNLA e a UNITA no continente africano.[29] Face à superioridade militar das forças cubanas e do MPLA, apoiadas pela União Soviética, a aliança FNLA-UNITA desfez-se no entanto rapidamente, ocorrendo combates entre os dois antigos aliados em Benguela e no Huambo.[24] As tropas governamentais das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), com apoio cubano e soviético, lançaram uma contra-ofensiva maciça.[24] No início de 1976, a FNLA praticamente deixou de existir como força político-militar significativa no norte.[24] Ambriz caiu em 11 de janeiro de 1976.[24] Em 15 de fevereiro Mabanza Congo, a última cidade significativa no norte sob comando da FNLA, foi tomada pelas forças ango-cubanas. Ao mesmo tempo, Holden Roberto perdeu o apoio do presidente zairense Mobutu e da CIA estadunidense devido à sua recusa em cortar relações com a China.[30]
Recuando de Luanda após a derrota em Quifangondo em novembro de 1975, o último importante reduto da FNLA ocupou a zona do rio Cubango, no sul do país, entre Menongue e Dirico, além da base de Cuito Cuanavale, unidades sob comando de Daniel Chipenda.[31] Em março de 1976, no avanço das tropas ango-cubanas, e sem armamento e pessoal para enfrentá-los, o chamado "Esquadrão Chipenda" abandonou Angola e fugiu para a Namíbia (na altura ocupada pela África do Sul), tornando-se a base principal de formação do 32º Batalhão de Elite da África do Sul, a legião estrangeira do regime do apartheid.[32] O 32º Batalhão foi reforçado ainda por soldados da UNITA, também fugidos do avanço das tropas ango-cubanas, participando em incursões do regime do apartheid em Angola.[32]
Período pós-colonial
[editar | editar código]Durante a primeira fase pós-colonial, a FNLA quase desapareceu do campo militar e político.[5] Uma vez que o MPLA tinha instalado um regime monopartidário que, a partir de 1977, professava o marxismo-leninismo, outros movimentos ou partidos — portanto também a FNLA — não podiam, durante este período, ter uma existência legal em Angola.[5]
As formações armadas da FNLA/ELNA dispersaram-se e cessaram a resistência em 1976.[5] Um grupo de mercenários europeus e estadunidenses liderados pelo paraquedista britânico-grego cipriota Costas Georgiou (ou "Coronel Callan"), foi capturado no mesmo ano e julgado em Luanda.[33] A associação dos mercenários de Georgiou com a FNLA e Roberto passou a ser vista como traição nacional e um crime de guerra.[33]
Entre 1977-1979, a FNLA tentou reestruturar suas unidades de combate e terreno, entrando periodicamente em território angolano. Através dos esforços de Lucas Ngonda e Ngola Kabangu, houve sucesso parcial em recriar uma estrutura de guerrilha no Uíge. No entanto, as ações foram ineficazes em garantir o controle de zonas territoriais no longo prazo. As ameaças de Paulo Tuba de lançar ações de sabotagem e terror contra o MPLA e seus aliados estrangeiros (até os bombardeios de embaixadas) foram vistas como um "grito de desespero" e minaram bastante o prestígio da FNLA e de Roberto.[34] Quem verdadeiramente conseguiu travar uma guerra de guerrilha contra o Estado angolano pós-colonial foi Savimbi à frente da UNITA.[5]
Em 1979, o Zaire iniciou o processo de normalização gradual das relações com Angola. Isso significou a redução dos esforços de luta armada por parte da FNLA, com o Zaire inclusive a expulsar do país a maior parte da liderança do partido.[12] A partir de então a participação da FNLA na Guerra Civil Angolana foi ficando cada vez mais fraca e acabou por praticamente deixar de existir. O movimento entrou numa fase de degenerescência, cujo indicador porventura mais forte foi o facto de Holden Roberto passar a residir no Gabão e depois em Paris durante muitos anos. As derrotas político-militares estimularam a oposição a Holden Roberto. Em 12 de agosto de 1980, Pedro Hendrick Vaal Neto e Paulo Tuba instituíram o Conselho Militar da Resistência em Angola (COMIRA). Um mês depois, em 15 de setembro, anunciaram o afastamento de Roberto da liderança e a adesão da FNLA ao COMIRA. No entanto, o projeto concebido para intensificar a luta armada clandestina em Angola não foi desenvolvido. Em 1983 as atividades do COMIRA cessaram.[35] O estatuto de líder da FNLA foi retomado por Roberto.
Em 1983/1984, nos preparativos do Primeiro Acordo de Lusaca, inclusive com anistia política, houve a passagem para o lado do MPLA de alguns dos seus dirigentes, como Johnny Eduardo Pinnock e Vaal Neto, que chegaram a fazer parte, a partir da década de 1990, do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional. Ressalta-se que em 1983 foi anunciada oficialmente a cessação das hostilidades do ELNA (que há muito tempo não eram conduzidas). Alguns comandantes influentes do ELNA — destacadamente Afonso Tonta de Castro —, ao lado de 1800 militares, passaram para o lado do governo e entraram ao serviço das FAPLA.[36]
Outra tentativa de reorganização da luta deu-se entre 1986 e 1987 com Maria Henriqueta Joia e Faustina Jila, que organizaram dezenas de células clandestinas da FNLA na periferia de Luanda e na província do Bengo.[37] Neste processo de retomada da mobilização, Ngola Kabangu delegou a Leopoldo Trovoada a coordenação da mobilização clandestina, que a fez a partir do exterior, afastando Joia e Jila.[37] Este movimento orgânico das bases partidárias, assim, foi travado pelas disputas de poder internas.[37]
Desde a tentativa de arrefecimento da Guerra Civil Angolana em 1984, o Zaire diminuiu ainda mais o suporte à FNLA, fazendo com que Roberto enviasse uma carta em 4 de dezembro de 1987, endereçada ao presidente angolano José Eduardo dos Santos e ao líder da UNITA Jonas Malheiro Savimbi oferecendo margem para um primeiro plano de paz que incluísse a FNLA.[12] Seguiu-se a "Declaração de Gebadolite", de 22 de junho de 1989, de normalização das relações entre Angola e o Zaire/Congo-Quinxassa,[38] quando a posição da FNLA enfraqueceu-se sobremaneira, renunciando de vez a luta armada.[11] Mesmo com tal empreitada diplomática por parte de Roberto, que abriu as possibilidades para os Acordos de Bicesse, o partido foi totalmente excluído das negociações.[12]
Quando, em 1989, o governo do MPLA sinalizou que faria a passagem de Angola para um sistema de democracia multipartidária, indicando as primeiras eleições para 1992, a FNLA constituiu-se em partido político em janeiro de 1990, com os últimos quadros de seu braço armado, o ELNA, integrando-se às Forças Armadas Angolanas em 1991. Holden Roberto regressou a Angola em 1991 e foi recebido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, por milhares de militantes.[37] Porém, os resultados do escrutínio foram extremamente desfavoráveis: nas eleições legislativas o partido obteve 2.40%, e nas eleições presidenciais Holden Roberto obteve 2.11%.[37] Estes resultados refletiam a radical perda de credibilidade da FNLA — mesmo entre os congos onde, por sinal, se constituíram vários outros partidos (como a refundação do PDA, com António Alberto Neto) que concorreram às eleições sem sucesso, diminuindo ainda mais o eleitorado da FNLA.[39]
O conjunto destes desenvolvimentos levou à divisão do partido em duas alas em 1999, sendo uma delas liderada pelo sociólogo Lucas Ngonda, professor da Universidade Agostinho Neto.[40] A crise interna levou a realização de um congresso partidário em finais de 1999, quando Ngonda foi eleito presidente da agremiação.[41] O congresso nunca foi reconhecido pela ala de Roberto.[41] A situação foi parcialmente resolvida em abril de 2004, quando Ngonda e Roberto celebraram um acordo de reconciliação numa cerimônia no Palácio dos Congressos.[42] O acordo fixou um novo congresso partidário para outubro de 2004, que reconduziu interinamente Roberto à presidência, tendo como vice-presidente Ngola Kabangu.[41] Os prazos da interinidade, de somente 10 meses, não foram respeitados por Roberto, ao que a cisão do partido reacendeu-se em 2005.[41]
A aproximação das segundas eleições legislativas em Angola, em 2008, levou a que as duas alas negociassem o reencontro que no entanto não se realizou, tendo Holden Roberto falecido em 2007.[43]
FNLA pós-Roberto
[editar | editar código]O vice-presidente do partido, Ngola Kabangu, assumiu a presidência em 2007 e tentou costurar uma pacificação para as eleições de 2008. Nas referidas eleições, a FNLA obteve ainda menos votos do que em 1992, ficando-se pelos 1.11% e deixando de ser um actor político relevante.[44] Kabangu realizou um congresso em 2009 que o confirmou presidente do partido, mas a contestação da ala de Ngonda seguiu.[45]
Kabangu foi presidente da FNLA até o III Congresso Ordinário do partido, realizado de 20 a 22 de dezembro de 2011. Foi derrotado por Lucas Ngonda, mas contestou os resultados judicialmente, com a agremiação entrando em um novo período de lutas internas.[46][47][48] Kabangu seguiu presidente do partido até o Tribunal Constitucional julgar, em 2012, nulo o congresso de 2009 e um congresso extraordinário de sua ala em 2011,[49] e reestabelecer os direitos de Ngonda à 2004, passando este a ser presidente do partido e deputado.[50]
Nas eleições de 2012, a percentagem do votos foi sensivelmente a mesma, mas o partido perdeu mais um deputado, ficando reduzido a apenas 2 representantes na Assembleia Nacional de Angola.[44] Nas eleições de 2017 reduziu-se a um parlamentar.[44]
Durante toda a década de 2010 as alas de Ngonda e de Kabangu disputaram o controle do partido,[51] com a última realizando vários congressos nunca reconhecidos pelo Tribunal Constitucional.[44] Em 2019 a ala de Kabangu tentou eleger Ndonda Nzinga, mas não houve reconhecimento.[40] Em agosto de 2021 Lucas Ngonda disputou a reeleição para a presidência da FNLA com o secretário-geral do partido, Pedro Dala, e foi derrotado. Menos de um mês depois um novo congresso foi realizado destituíndo Dala, refletindo as divisões entre Kabangu e Ngonda.[52] As disputas entre os dois somente terminaram após a eleição de Nimi A Simbi como presidente do partido em setembro de 2021.[53]
Para as eleições gerais de Angola de 2022, o partido indicou Nimi A Simbi como cabeça de lista,[53] tendo Benjamim Manuel da Silva como vice-cabeça de lista.[54] O partido ficou em quarto nas eleições, com 66.337 de votos nas urnas, registrando 1,06%, uma melhora em seus resultados eleitorais, conquistando 2 cadeiras parlamentares, face ao único assento das eleições de 2017.[55]
Organização
[editar | editar código]Mantém uma ala jovem, a Juventude da Frente Nacional de Libertação de Angola (JFNLA),[45] e uma ala feminina, a Associação da Mulher Angolana (AMA).[56]
Resultados eleitorais
[editar | editar código]Eleições presidenciais
[editar | editar código]| Data | Candidato | 1ª Volta | 2ª Volta | ||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|
| CI. | Votos | % | CI. | Votos | % | ||
| 1992 | Holden Roberto | 4.º | 83 135 | 2,11 / 100,00
|
Não se realizou | ||
Eleições legislativas
[editar | editar código]| Data | Líder | CI. | Votos | % | +/- | Deputados | +/- | Status |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| 1992 | Holden Roberto | 3.º | 94 742 | 2,40 / 100,00
|
5 / 220
|
Oposição | ||
| 2008 | Ngola Kabangu | 5.º | 71 416 | 1,11 / 100,00
|
3 / 220
|
Oposição | ||
| 2012 | Lucas Ngonda | 5.º | 65 163 | 1,13 / 100,00
|
2 / 220
|
Oposição | ||
| 2017 | Lucas Ngonda | 5.º | 61 394 | 0,91 / 100,00
|
1 / 220
|
Oposição | ||
| 2022 | Nimi A Simbi | 4.º | 65 223 | 1,05 / 100,00
|
2 / 220
|
Oposição |
Líderes do partido
[editar | editar código]Presidentes
[editar | editar código]- Período UPNA
- Sidney Manuel Ventura Barros Necaca (1954-1958)
- Período UPA
- Sidney Manuel Ventura Barros Necaca (1958-1960)
- Jean-Pierre Mbala (1960-1961)
- Álvaro Holden Roberto (1961-1962)
- Período FNLA
- David Livromentos (1962)
- André Ndomikalay Masaki (1962-1972)
- Álvaro Holden Roberto (1972-1980)
- Período FNLA-COMIRA
- Pedro Hendrick Vaal Neto (1980-1983)
- Período FNLA
- Álvaro Holden Roberto (1983-1999)
- Lucas Benghy Ngonda (1999-2004)
- Álvaro Holden Roberto (2004-2007)
- Ngola Kabangu (2007-2012)
- Lucas Benghy Ngonda (2012-2021)
- Pedro Mucumbe Dala (2021)
- Nimi A Simbi (2021-presente)
Ver também
[editar | editar código]Referências
- ↑ a b «Projet de Societé». FNLA.net. 2009. Cópia arquivada em 5 de agosto de 2010
- ↑ «Consulado Geral de Angola». www.consuladodeangola.org. Consultado em 2 de novembro de 2025. Cópia arquivada em 3 de novembro de 2013
- ↑ «Dezenas de militantes da FNLA exigem renúncia do líder em manifestação em Luanda». DN. 20 de agosto de 2018
- ↑ «A revelação é do General Gato: "Savimbi morreu em 1991"». Angonotícias
- ↑ a b c d e f g h Anselmo de Oliveira Rodrigues; Eduardo Xavier Ferreira Glaser Migon (Janeiro de 2019). «Do acordo Tripartido (1988) ao acordo de Paz em 2002: o processo de paz conduzido em Angola». Porto Alegre. Revista Brasileira de Estudos Africanos. 4 (7): 51-83
- ↑ Silva, Márcia Maro da. (2007). A independência de Angola (PDF). Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão
- ↑ Jofre Justino (2006). «A actual UNITA traiu o espírito de Muangai». Maputo. Macua
- ↑ «História do FNLA». Site da FNLA. Consultado em 19 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2009
- ↑ John Marcum, The Angolan Revolution, vol. I.
- ↑ H., DUARTE; J., Carlos. «Angola - Imperialismo - Mobutu - FNLA - Neocolonialismo». Associação Tchiweka de Documentação. Consultado em 8 de novembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h João Paulo Henrique Pinto (dezembro de 2016). «A questão identitária na crise do MPLA de (1962-1964)». Irati: Universidade Estadual de Ponta Grossa. Revista TEL. 7 (2): 140-169. ISSN 2177-6644
- ↑ a b c d e Ngola Kabangu (28 de maio de 2001). «Holden Roberto». Comissão de Justiça, Paz e Reconciliação em Angola-CJPRA. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2005
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Bibliografia
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