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Universidade de Nairóbi

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Universidade de Nairóbi
University of Nairobi (in)
Praça universitária do Campus da Universidade de Nairóbi, em 2006
Fundaçãosetembro de 1951 (73 anos)
LocalizaçãoNairóbi,  Quênia
CampiNairóbi

A Universidade de Nairóbi (UoNbi ou UoN) é uma universidade pública do Quénia, sediada em Nairóbi. É a maior, mais antiga e mais prestigiosa instituição de ensino superior do país.

A ideia de uma instituição de ensino superior no Quênia remonta a 1947, quando o governo colonial queniano elaborou um plano para o estabelecimento de um instituto técnico e comercial em Nairóbi.[1] Em 1949, esse plano havia se transformado em um conceito voltado para o fornecimento de ensino técnico-superior para o Quênia.[1] Em setembro de 1951, uma Carta Real foi emitida autorizando a fundação do Real Colégio Técnico-Superior (Royal Technical College) em Nairóbi, e a pedra fundamental do colégio foi lançada em abril de 1952.[1]

Durante o mesmo período, a comunidade asiática também estava planejando construir uma faculdade de artes, ciências e comércio como um memorial a Mahatma Gandhi.[1] Para evitar a duplicação de esforços, a Sociedade Acadêmica Memorial Gandhi fez uma parceria com o governo colonial.[1] Assim, a Academia Memorial Gandhi foi incorporada ao Real Colégio Técnico-Superior em abril de 1954, e a instituição começou a abrir suas portas para a primeira admissão de alunos em abril de 1956.[2]

Logo após a chegada dos estudantes à instituição, o padrão de ensino superior no Quênia foi examinado por um grupo de trabalho formado em 1958, presidido pelo vice-chanceler da Universidade de Londres, John Lockwood.[2] O relatório final deu acreditação ao Real Colégio Técnico-Superior e permitiu que, em 25 de junho de 1961, se tornasse a segunda instituição universitária pública na África Oriental, sob o nome de "Real Colégio Superior de Nairóbi".[3]

O Real Colégio Superior de Nairóbi foi renomeado como "Colégio Universitário de Nairóbi" em 20 de maio de 1964, passando a ser uma instituição constituinte da Universidade da África Oriental.[1] Com a obtenção do estatuto de "Colégio Universitário", a instituição preparou os alunos para os graus de bacharel concedidos pela Universidade da África Oriental, ao mesmo tempo em que continuou a oferecer programas de diploma universitário.[1]

O Colégio Universitário de Nairóbi forneceu oportunidades educacionais nessa capacidade até 1966, quando começou a preparar os alunos exclusivamente para os graus acadêmicos da Universidade da África Oriental, com exceção do Departamento de Ciências Domésticas.[1] Em um relatório de 1969 o Colégio Universitário de Nairóbi da Universidade da África Oriental foi considerado um centro de excelência no ensino de engenharias e de negócios.[4]

Com efeito a partir de 1 de julho de 1970, a Universidade da África Oriental foi dissolvida e os três países africanos que a mantinham — Quênia, Uganda e Tanzânia — criaram cada um suas próprias universidades nacionais.[1] A Universidade de Nairóbi, criada por um Ato do Parlamento queniano, tornou-se assim, pela primeira vez, uma universidade plenamente independente, assim como a Universidade Makerere (Uganda) e a Universidade de Dar es Salaam (Tanzânia).[1]

Especialmente durante as décadas de 1970 e 1980, o Campus Principal da Universidade de Nairóbi registrou grandes greves estudantis.[5] Em parte, as greves protestavam contra as restrições ao ensino superior impostas pelo governo de Jomo Kenyatta,[5] de 1964 a 1978, período em que a universidade manteve o sistema colonial de ensino superior, incluíndo restrição ao acesso,[1] a materiais e a infraestruturas, além de cobranças ilegais.[6] As greves acabaram por forçar a presidência de Daniel Toroitich arap Moi a introduzir reformas no acesso ao ensino superior que permitiram sua expansão,[5] uma política mantida por Mwai Kibaki.[1] Porém, a Universidade de Nairóbi chegou a ser fechada por mais de um ano, alegadamente por causa da tentativa de golpe de agosto de 1982.[5] Outro resultado direto das greves estudantis foi a criação da Universidade Moi, em 1984, bem como de todas as demais universidades públicas nacionais.[5]

A agitação do movimento estudantil da universidade teve um ápice em 2016, quando, após eleições para representação acadêmica — em que houve alegações de interferência e fraude —, irrompeu a uma grande greve estudantil que causou destruição do patrimônio da universidade, seguida de uma vilenta repressão contra os estudantes ordenada pelo presidente Uhuru Kenyatta.[7]

Como resultado da greve, foi levado a cabo uma política retaliatória governamental de corte de financiamento público da universidade e de programas de austeridade contra a educação pública.[8] Essas questões geraram outros protestos e greves estudantis entre 2022 e 2024.[9]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l Michael Mwenda Kithinji (19 de abril de 2023). «History of Higher Education in Kenya». Oxford Research Encyclopedia of African History. Consultado em 2 de abril de 2025 
  2. a b Robert G. Gregory (5 de julho de 2017). The Rise and Fall of Philanthropy in East Africa: The Asian Contribution (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 129–142. ISBN 978-1-351-47506-8 
  3. James Morton Hyslop (1960). «Principal of the Royal College of Nairobi (University of Nairobi)». Universidade de Nairóbi 
  4. Olivier Provini (2012). «Reforms in the University of Dar es Salaam: Facts and Figures». Les cahiers d'Afrique de l'Est (45): 77–86 
  5. a b c d e Kiptoo Lelei Kiboiy (2013). The dynamics of student unrests in Kenya's higher education : the case of Moi Uinversity (PDF). [S.l.]: Universidade de Pretória 
  6. Reuters (9 de agosto de 1974). «Kenya: students at Nairobi University vote for strike actioin unless long-standing grievances are resolved». British Pathé 
  7. Hata Mnyonge ana Haki (Outubro de 2016). Campus crisis: an investigations report on mishandling of the University of Nairobi students’ elections and subsequent riots of april, 2016 (PDF). [S.l.]: The Commission on Administrative Justice 
  8. Joe Macharia (2 de setembro de 2024). «UoN Students Demonstrate New University Funding Model, March to Education Ministry». Kenyans 
  9. «University Students Protest the New University Funding Model». The Elephant. 4 de setembro de 2024