Gavião-preto

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 Nota: Este artigo é sobre a espécie conhecida como tauató-preto. Para outras espécies conhecidas pelo mesmo nome, veja Tauató.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaGavião-preto
B. urubitinga adulto no Pantanal, Brasil
B. urubitinga adulto no Pantanal, Brasil
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Accipitriformes
Família: Accipitridae
Género: Buteogallus
Espécie: B. urubitinga
Nome binomial
Urubitinga urubitinga
(Gmelin, 1788)
Distribuição geográfica

Sinónimos[2][3]
Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788)
Falco urubitinga

O gavião-preto[4] (nome científico: Buteogallus urubitinga),[2] conhecido como gavião-caipira, gavião-fumaça, cauã, tauató-preto, bútio-preto[4], bútio-preto-grande[5], socozinho[6] ou urubutinga,[7] é uma espécie de ave pertencente à família dos accipitrídeos de grande porte e que ocorre no leste do Panamá até a Argentina, e em todo o Brasil. É uma espécie que se alimenta de diversos animais pequenos e médios. Na fase jovem, o gavião-preto é parecido com a águia-cinzenta, o gavião-caboclo e o gavião-asa-de-telha; já na fase adulta, pode até ser confundido com o gavião-de-rabo-branco.[8][9]

Morfologia e alimentação[editar | editar código-fonte]

O gavião-preto tem sua morfologia parecida com a águia-solitária (Buteogallus solitaria), o macho chega a pesar quase um quilo e a fêmea pode alcançar até um quilo e duzentos gramas. Ao nascer, o Buteogallus urubitinga tem a plumagem por todo corpo de cor preta, as regiões supraocular e mento são amarelas, a cere e os pés são alaranjados e seu bico é preto. O gavião juvenil tem a plumagem escura, predominantemente marrom, com manchas pretas e de calção pardo, tem a cere acinzentada e tarsos amarelados. Sua plumagem, na fase adulta, é predominantemente preta, mas em sua cauda há uma coloração branca; às vezes, em suas coxas, podem-se observar listras brancas; além disso, seus pés e a cere são amarelos.Se assemelhando com o urubu preto quando em voo[8]

É uma espécie que vai se deslocando de poleiro em poleiro para realizar sua caça, espreitando suas vítimas.[10] Em geral, alimenta-se de presas pouco ágeis e sua dieta consiste em grandes insetos, anuras, peixes, sapos, ovos de aves, aves, cobras, tanto venenosas quanto não venenosas, mamíferos médios e lagartixas; no Brasil, suas principais presas são sapos, ratos, insetos, cobras e lagartixas.[8]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

São reconhecidas duas subespécies:[11]

  • Buteogallus urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) — leste do Panamá até o norte da Argentina;
  • Buteogallus urubitinga ridgwayi (Gurney, 1884) — norte do México até o oeste do Panamá.

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Juvenil de gavião-preto no Pantanal, Brasil

B. urubitinga tem seu período reprodutivo variando de julho a novembro.[10] Seus ninhos são comumente feitos a grandes distâncias do solo e têm o formato de plataforma, chegando até a um metro e meio de comprimento. A câmara incubatória desses ninhos varia em suas medidas e possuem folhas verdes que são levadas pelos animais adultos.[8] Geralmente, a fêmea põe dois ovos por período e a incubação acontece durante 40 dias.[10] Seus ovos são brancos com manchas castanho escuro, variam no tamanho e no peso, podendo chegar a dimensões de 68×52 mm, com o peso de até 85 g. Os ninhegos permanecem nos ninhos até no máximo 70 dias de vida e nascem com a plumagem preta, com as regiões do mento e supraocular amareladas, bico preto e com os pés e e cere alaranjados.[8]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Em relação à sua preservação, o animal em questão é considerado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como pouco preocupante,[12] classificado assim desde 1988,[13] sendo uma ave que reside em diversos países da América Central e da América do Sul, como México, Bolívia e Peru.[12] É uma população pouco fragmentada, com mais de 500 mil indivíduos maduros distribuídos e, em toda sua extensão, seus habitats são locais conservados, porém acontece de ocorrerem em locais não protegidos.[12]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

O gavião-preto reside em todo o Brasil e do México até a Argentina. No Brasil, a espécie é encontrada em todas as regiões do país, sendo mais comum no sul e no sudeste.[14]

B. urubitinga pescando uma piranha no Rio Claro, na região da rodovia Transpantaneira, em Poconé, Mato Grosso

No México, há registros do gavião-preto nas cidades de Sonora, Sinaloa, Colima, Oaxaca, Chiapas, Tamaulipas, Veracruz, Campeche, Yucatán e Quintana Roo, mostrando-se uma ave comum no país. Em Belize, essa espécie é considerada como residente incomum, sendo mais encontrada no interior e nas terras mais altas. Em El Salvador, o gavião-preto é considerado um residente incomum atualmente, pois as florestas pantanosas, seu habitat, não existem mais no país. Em Honduras, U. urubitinga é considerado um residente incomum, mas na região de La Moskitia é conceituado como residente permanente incomum. Na Nicarágua, o gavião-preto é bastante comum na região do Pacífico e nas terras baixas do Caribe, sendo considerado como um residente permanente do país.[15]

Na Costa Rica, essa ave é bastante comum nas terras baixas do Pacífico e do Caribe, mais numerosa em elevações médias e em regiões com muitas florestas, porém menos comum em áreas costeiras. No Panamá, o gavião-preto é bastante comum nas planícies de ambas as encostas, variando até as terras altas de Chiriquí. A espécie também ocorre do leste de Darién e no leste de San Blas, além de ser considerada residente razoavelmente comum na zona tropical. Na Colômbia, o U. urubitinga é considerado residente incomum, ocorrendo da fronteira com o Panamá ao sul, na costa do Pacífico, sendo ave comum no litoral, às margens do Cienaga Grande, na região de Santa Marta. No Equador, a espécie é conceituada como residente local na floresta úmida e ao longo dos rios nas terras baixas do leste do país e rara nas terras baixas do oeste. No Peru, o gavião-preto é um residente incomum ao longo da encosta do Pacífico, porém bastante comum nas florestas úmidas a leste dos Andes. No Paraguai, o U. urubitinga é considerado um residente de reprodução bastante comum em florestas úmidas e nos pântanos na maior parte do país. No Uruguai é um residente raro, mas que ocorre na parte norte do país, ao longo dos rios, dos pântanos e dos lagos. Na Argentina, o gavião-preto é bastante comum e há registro da presença dele o ano todo na Reserva El Bagual, província de Formosa.[15]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. BirdLife International (2020). Buteogallus urubitinga (em inglês). IUCN 2020. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2020​: e.T22695827A168797108. doi:10.2305/IUCN.UK.2020-3.RLTS.T22695827A168797108.en Página visitada em 28 de outubro de 2021.
  2. a b Pacheco, J.F.; Silveira, L.F.; Aleixo, A.; Agne, C.E.; Bencke, G.A.; Bravo, G.A; Brito, G.R.R.; Cohn-Haft, M.; Maurício, G.N.; Naka, L.N.; Olmos, F.; Posso, S.; Lees, A.C.; Figueiredo, L.F.A.; Carrano, E.; Guedes, R.C.; Cesari, E.; Franz, I.; Schunck, F. & Piacentini, V.Q. (2021). «Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee» 2ª ed. Ornithology Reserach. doi:10.1007/s43388-021-00058-x 
  3. Gmelin, J.F. (1788). «Caroli a Linné systema naturae per regna tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis» Editio decima tertia, aucta, reformata ed. Leipzig. Tomus I: pp. i–xii, 1–500. doi:10.5962/bhl.title.545. Consultado em 15 de abril de 2022 
  4. a b «gavião-preto». eBird. Consultado em 15 de abril de 2022 
  5. «Accipitridae». Aves do Mundo. 26 de dezembro de 2021. Consultado em 5 de abril de 2024 
  6. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 5 de abril de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  7. «Buteogallus urubitinga (gavião-preto)». Avibase. Consultado em 15 de abril de 2022 
  8. a b c d e Carvalho Filho; Pio E.; Canuto, Marcus; Zorzin, Giancarlo (2006). «Biologia reprodutiva e dieta do gavião preto (Buteogallus u. urubitinga: Accipitridae) no sudeste do Brasil». Revista Brasileira de Ornitologia. 14 (4): 445–448. Consultado em 15 de abril de 2022 
  9. «Gavião-preto (Urubitinga urubitinga. Aves de Rapina Brasil. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  10. a b c «Gavião-preto». Fauna. 12 de fevereiro de 2015. Consultado em 11 de novembro de 2021 
  11. Clements, J.F. (agosto de 2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021.». Cornell Lab of Ornithology. Cornell University. Consultado em 30 de agosto de 2021 
  12. a b c International), BirdLife International (BirdLife (18 de fevereiro de 2020). «IUCN Red List of Threatened Species: Buteogallus urubitinga». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  13. «Buteogallus urubitinga». Malaysia Biodiversity Information System (MyBIS) (em inglês). Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  14. «Urubitinga urubitinga (gavião-preto) - Distribuição e classificação». Taxéus. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  15. a b «Global Raptor Information Network». globalraptors.org. Consultado em 3 de dezembro de 2021