Usuário:DAR7/Testes/História da América do Sul/História do Brasil

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A História do Brasil compreende, tradicionalmente, o período desde a chegada dos portugueses até os dias atuais, embora o seu território seja habitado continuamente desde tempos pré-históricos por povos indígenas. Após a chegada de Pedro Álvares Cabral, capitão-mor de expedição portuguesa a caminho das Índias, ao litoral sul da Bahia em 1500, a Reino de Portugal implementou uma política de colonização para a terra recém-descoberta a partir de 1530. A colonização européia se organizou por meio da distribuição de capitanias hereditárias pela Reino de Portugal a membros da nobreza e pela instalação de um governo-geral em 1548.

A economia da colônia, iniciada com o extrativismo do pau-brasil e as trocas entre os colonos e os índios, gradualmente passou a ser dominada pelo cultivo da cana-de-açúcar para fins de exportação. No início do século XVII, a Capitania de Pernambuco atinge o posto de maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.[1] Com a expansão dos engenhos e a ocupação de novas áreas para seu cultivo, o território brasileiro se insere nas rotas de comércio do velho mundo e passa a ser paulatinamente ocupado por senhores de terra, missionários, homens livres e largos contingentes de escravos africanos. No final do século XVII foram descobertas ricas jazidas de ouro nos atuais estados de Minas Gerais,[2] Goiás e Mato Grosso que foi determinante para o povoamento do interior do Brasil. Em 1789, quando a Reino de Portugal anunciava a Derrama, medida para cobrar supostos impostos atrasados, eclodiu em Vila Rica (atual Ouro Preto) a Inconfidência Mineira. A revolta fracassou e, em 1792, um de seus líderes, Tiradentes, morreu enforcado.[3]

Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, fugindo da sua possível subjugação da França, consequência da Guerra Peninsular travada entre as tropas portuguesas e as de Napoleão Bonaparte, o Príncipe-regente Dom João de Bragança, filho da Rainha Dona Maria I, abriu os portos da então colônia, permitiu o funcionamento de fábricas e fundou o Banco do Brasil. Em 1815, o então Estado do Brasil, apenas um Vice-reino do império português, tornou-se temporariamente a sede de um enorme reino que unia todo esse império, com a nova designação oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em que a então Rainha Dona Maria I foi coroada. Com a morte da mãe, em 1816, o então Príncipe-regente Dom João de Bragança foi coroado o seu rei. Logo depois volta para o Reino de Portugal, deixando seu filho mais velho, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, o príncipe real do reino unido, como regente do Brasil.

Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro de Alcântara proclamou a independência do Brasil em relação ao reino unido de Portugal, Brasil e Algarves, e fundou o Império do Brasil, sendo coroado imperador como Dom Pedro I. O mesmo reinou até 1831, quando abdicou e passou a Coroa brasileira ao seu filho, Dom Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos.[4] Aos catorze anos, em 1840, Dom Pedro de Alcântara (filho) teve sua maioridade declarada, sendo coroado imperador no ano seguinte, como Dom Pedro II. No final da primeira década do Segundo Reinado, o regime estabilizou-se. As províncias foram pacificadas e a última grande insurreição, a Revolta Praieira, foi derrotada em 1849. Nesse mesmo ano, o imperador extingue o tráfico de escravos. Aos poucos, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos.[5] No contexto geopolítico, o Brasil se alia à Argentina e Uruguai e entra em guerra contra o Paraguai. No final do conflito, quase dois terços da população paraguaia estava morta. A participação de negros e mestiços nas tropas brasileiras na Guerra do Paraguai deu grande impulso ao movimento abolicionista e ao declínio da monarquia. Pouco tempo depois, em 1888, a princesa imperial do Brasil, D. Isabel de Bragança, filha de Dom Pedro II, assina a Lei Áurea, que extingue a escravidão no Brasil. Ao abandonar os proprietários de escravos, sem os indenizar, o império brasileiro perde a última base de sustentação.[2]

Em 15 de novembro de 1889, ocorre a proclamação da república pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca e tem início a República Velha, terminada em 1930 com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, a história do Brasil destaca a industrialização do Brasil e a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos; o movimento militar de 1964, onde o general Castelo Branco assumiu a presidência.

O Regime Militar, a pretexto de combater a subversão e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e censurou os meios de comunicação, extinguiu os partidos políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim do regime militar, os deputados federais e senadores se reuniram , em 1988, em Assembléia Nacional Constituinte e promulgaram a nova Constituição, que amplia os direitos individuais. O país se redemocratiza,[2][6] avança economicamente[7] e cada vez mais se insere no cenário internacional.

Periodização[editar | editar código-fonte]

A periodização tradicional divide a História do Brasil normalmente em quatro períodos gerais:

Periodização da História do Brasil[8][9][10][11]
Pré-cabralino
Colonial
Imperial
Republicano

Período pré-descobrimento (até 1500)[editar | editar código-fonte]

Ataque de índios a uma outra aldeia indígena.

[12] Quando descoberto pelos portugueses em 1500, estima-se que o atual território do Brasil (a costa oriental da América do sul), era habitado[13] por 2 milhões de indígenas,[14][13] do norte ao sul.

A população ameríndia era repartida em grandes nações indígenas compostas por vários grupos étnicos entre os quais se destacam os grandes grupos tupi-guarani, macro-jê e aruaque. Os primeiros eram subdivididos em guaranis, tupiniquins e tupinambás, entre inúmeros outros. Os tupis se espalhavam do atual Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte de hoje.[15] Segundo Luís da Câmara Cascudo,[16] os tupis foram «a primeira raça indígena que teve contacto com o colonizador e (…) decorrentemente a de maior presença, com influência no mameluco, no mestiço, no luso-brasileiro que nascia e no europeu que se fixava».[16] A influência tupi se deu na alimentação, no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições, costumes, folclore, como explica Câmara Cascudo:[16]

Dança tupinambá em ilustração do livro Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden.

Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre Portugal e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo ainda por descobrir.[17]

Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas (1494) é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no período em que o Brasil foi colônia portuguesa.[18] Estabeleciam suas cláusulas que as terras a leste de um meridiano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam posse dos reis de Castela (atualmente Espanha).[19] No atual território do Brasil, a linha atravessava de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa Catarina.[20] Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era "a cláusula do testamento de Adão" que dividia o planeta entre os reis de Portugal e Espanha e o excluía da partilha.[21]

Expansão marítima portuguesa (1415–1500)[editar | editar código-fonte]

Expansão marítima de Portugal
O Tratado de Tordesilhas (1494), promulgado entre Espanha e Portugal para que os países dividissem as terras que descobriram e "por descobrimento", havia definido os caminhos do passado histórico do "vindouro" Brasil.
A nau de Pedro Álvares Cabral tal como aparece em imagem ilustrativa contida no Livro das Armadas que de Portugal passaram à Índia….
Desembarque de Cabral em Porto Seguro (estudo), pintura a óleo, de autoria de Oscar Pereira da Silva, pintado em 1904. Pertence ao acervo do Museu Histórico Nacional, localizado no Rio de Janeiro.
Pormenor da A Primeira Missa no Brasil, de autoria de Victor Meirelles, pintado em (1861).
Ver artigos principais: Novo Mundo e Índias e Especiaria

Antes da descoberta dos navegantes portugueses e espanhóis no séculos XV e XVI, os horizontes dos europeus eram bastante restritos. O mundo, para eles, concentrava-se ao redor do mar Mediterrâneo. Todas as regiões pouco conhecidas que se prolongavam a leste e sudeste do mediterrâneo eram denominadas, geralmente, as Índias. Perduravam meses e meses as viagens das caravanas que levavam aos portos mediterrâneos especiarias (como canela e pimenta) tecidos de seda e de algodão, porcelanas, medicamentos, café e outros produtos comercializados exclusivamente pelos mercadores italianos, principalmente os venezianos e genoveses, para a Europa inteira. As cidades portuárias portuguesas, especialmente Lisboa, eram utilizadas como escala no caminho que ligava os dois mais importantes polos comerciais da Europa: Flandres (Bélgica e Holanda) e Itália.[22]

Portugueses no litoral da África[editar | editar código-fonte]

No começo do século XV, Portugal constituía um Estado centralizado, poderoso e dirigido ao comércio. A atividade que caracterizou o início da expansão marítima de Portugal foi a tomada da cidade de Ceuta, em 1415, início da conquista do norte da África. Ceuta constituía o porto para onde se dirigiam as caravanas de beduínos que levavam, por intermédio do Saara, ouro, marfim, escravos, seda e demais mercadorias sudanesas e asiáticas.[22]

O infante D. Henrique, o Navegador, da família real portuguesa, quando voltou de Ceuta, criou em Sagres, em 1416, uma escola náutica. Esta escola possuía como finalidade o desbravamento e a ocupação do litoral oeste da África e, depois, a procura de uma rota sem desvios pelo oceano Atlântico (então chamado na época de mar Tenebroso) até os centros asiáticos nos quais as caravanas islâmicas iam procurar as especiarias.[22]

As contínuas expedições mandadas pelos portugueses desde 1419 foram fincando na costa da África (Costa do Marfim, Costa do Ouro, São Jorge da Mina) as denominadas feitorias. Nestas feitorias eram guardadas as mercadorias que os portugueses das comunidades locais conseguiam em permuta de produtos trazidos da Europa. Demais expedições conquistaram as ilhas oceânicas da Madeira (1419), Açores (1439) e Cabo Verde (1456-1460), no litoral da África. Não existiam nestas ilhas mercadorias já aptas para o comércio. Os portugueses resolveram povoá-las através do sistema de capitanias hereditárias (que poderiam ser herdadas, porém jamais cedidas), e nelas implantaram a escravidão e desenvolveram o plantio de cana-de-açúcar. No reinado de D. João II, a expansão portuguesa no oceano Atlântico ganhou um novo impulso. Em 1488, no extremo sul da África, Bartolomeu Dias deu uma volta no Cabo das Tormentas, que começou a denominar-se Cabo da Boa Esperança.[22]

Tratado de Tordesilhas, destino às Índias e descobrimento do Brasil[editar | editar código-fonte]

Bulas pontifícias haviam cedido ao rei de Portugal todas as terras avistadas ou por avistar até as Índias. Quando Cristóvão Colombo, a serviço dos reis castelhanos, veio para as Américas em 1492, acreditando ter chegado às Índias, o papa Alexandre VI, por intermédio das bulas Inter cætera (Entre outras coisas), cedeu à Espanha a conquista das terras localizadas longe de um meridiano a oeste das ilhas de Cabo Verde. Sem as regiões produtoras de especiarias, principalmente as ilhas Molucas (no oceano Pacífico), o Reino de Portugal, utilizando-se da possibilidade de guerra, exigiu dos reis castelhanos o Tratado de Tordesilhas (1494), que alterava mais para oeste o meridiano determinado pelo papa, alargando os domínios portugueses.[22]

No reinado de D. Manuel I, o Venturoso, a expansão marítima de Portugal atingiu o apogeu. Em 1498, Vasco da Gama chegou à Índia e iniciou relações com o samorim (governante) de Calicute. A carga de pimenta com que Vasco da Gama voltou para Lisboa, acumulou, por ele mesmo, lucros de 6 000%. Portugal acabava com o comércio das especiarias, e mudava o eixo desse mercado do Mediterrâneo ao Atlântico.[22]

Em 9 de março de 1500, partiu de Lisboa a maior esquadra até então constituída por Portugal. Era liderada por Pedro Álvares Cabral e dispunha da participação dos mais entendidos pilotos do reino. Seu objetivo era atingir Calicute e conseguir, mesmo que pela força, o privilégio de ali criar um entreposto comercial e pregar o catolicismo. A frota tinha que averiguar a presença de terras abaixo da linha de Tordesilhas, no oeste do Atlântico.[22]

No dia 22 de abril, a costa da terra, a qual chegaria a ser o Brasil, foi descoberta pela armada do navegador português Pedro Álvares Cabral, aos gritos de “Terra à vista!”. Um dia depois, o desembarque foi realizado. No domingo, 26 de abril, a primeira missa no Brasil foi rezada oficialmente pelo frei Henrique Soares de Coimbra.[22] Na segunda missa, celebrada em 1.º de maio, Cabral conquistou a nova terra em defesa do monarca lusitano, denominando-a de Ilha de Vera Cruz. Até o prosseguimento da viagem para Calicute, Cabral mandou notícias para o soberano através de Gaspar de Lemos, cujo navio voltou para Lisboa. As cartas de Mestre João e de Pero Vaz de Caminha estavam a par de tudo o que se passava durante a descoberta e descreviam em detalhes o que haviam observado da terra e de seu povo.[23]

Período colonial (1500–1815)[editar | editar código-fonte]

A expansão marítima de Portugal destinava-se especialmente à permuta, e não à manufatura de produtos. No Brasil (denominação pela qual começou a ser conhecida, desde o ano de 1503, a terra recém-avistada), os portugueses demoraram a achar produtos altamente valiosos e aptos ao comércio, como as especiarias. Também não encontraram vestígios de metais preciosos. A colônia foi, então, relativamente abandonada entre 1500 e 1530. Nessa época, o comércio com a Índia, o ouro da Guiné e os conflitos no Marrocos centralizaram as energias e atenções do Reino de Portugal. O Brasil era ligeiramente maior que um mero ponto de aguada, em que as embarcações que se dirigiam ao Oriente se empanturravam de água e faziam consertos antes de viajar.[24]

Período pré-colonização (1500-1530)[editar | editar código-fonte]

Período pré-colonização
(1500-1530)
Pormenor do mapa "Terra Brasilis", contido no Atlas Miller, publicado em 1519). Hoje pertence ao acervo bibliográfico da Biblioteca Nacional de França
Devastação do pau-brasil em imagem ilustrativa contida na Cosmografia Universal de autoria de André Thevet, publicado em 1575.

Expedições exploradoras e suposto motivo do descobrimento do Brasil[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Expedições no Brasil Colônia

Em 1501, uma expedição liderada por Gaspar de Lemos com a finalidade de desbravar o litoral da nova terra, averiguar seu prolongamento e calcular suas produtividades, foi mandada por Dom Manuel I. Um ano depois, Gaspar de Lemos voltou a Lisboa com dois dados úteis: a terra que Cabral avistou não constituía uma ilha, e o único produto explorável para o comércio era o pau-brasil, ou ibirapitanga, como era denominado pelos índios. Do caule desta árvore era extraído uma tinta avermelhada utilizada para pintar panos e também para produzir tinta de escrever.

Em 1501, uma expedição, com a finalidade de desbravar o litoral da nova terra, averiguar seu tamanho e calcular suas produtividades, foi mandada por D. Manuel I. Um ano depois, Gaspar de Lemos voltou à Lisboa com dois dados úteis: não constituía uma ilha a terra que Cabral avistou, e o único produto explorável para o comércio era o pau-brasil, conhecida pelos índios como ibirapitanga. Do seu caule era extraído uma tinta rubra utilizada para pintar panos e também para produzir tinta de escrever.[24]

O aproveitamento de pau-brasil foi arrendado pelo reino de Portugal a um grupo de mercadores liderado por Fernão de Noronha, para quem o rei cedeu, um ano depois, a primeira capitania implantada no Brasil: A Ilha de São João da quaresma, hoje Fernando de Noronha.

O rei D. Manuel I de Portugal resolveu arrendar a exploração do pau-brasil para um grupo de comerciantes liderado por Fernão de Noronha.[24] Em 1503, uma expedição foi mandada por Fernão de Noronha, para quem, um ano depois, a ilha de São João da Quaresma, hoje Fernando de Noronha, a mais antiga capitania brasileira, foi concedida pelo monarca lusitano.[25]

Em 1500, o principal motivo, apontado por alguns historiadores, sobre o descobrimento do Brasil era mais por motivos religiosos que financeiros.[26] Devido a isso, os portugueses construíram uma grande cruz de madeira na praia de Coroa Vermelha momentos antes da primeira missa no país com o objetivo de aculturação evangelizadora do povo indígena tupiniquim para que estes adotassem a religião e a língua trazidas pelos exploradores.[26] Outra razão, talvez menos ou nada esclarecedora, é o lucro financeiro com a venda de pau-brasil.[27]

Extração de pau-brasil e ataques de piratas[editar | editar código-fonte]

O pau-brasil foi a essência da exploração econômica da colônia, de 1500 a 1530. Seu aproveitamento é realizado por intermédio do próprio regime de feitorias utilizadas pelos portugueses no litoral africano e no Oriente. Situadas continuamente na costa marítima, eram barracões rodeados por muralhas de pau a pique e uma pequena aldeia de casas feitas de taipa. Nelas ficavam hospedados os portugueses, que durante meses a fio, aguardavam pelos navios que chegavam de Portugal para procurar pau-brasil. As árvores eram talhadas, desgalhadas e conduzidas até as feitorias pelos indígenas. Realizava-se, na época, o escambo (troca) da madeira por pentes, facas, contas de vidro e guizos.

O pau-brasil era a base de sustentação da exploração econômica da colônia, de 1500 até 1530. Fazia-se sua exploração por meio do próprio regime de feitorias. O sistema de feitorias foi utilizado pelos portugueses no litoral africano e no Oriente. Continuamente situadas na costa marítima, a feitorias brasileiras constituíam-se em barracões rodeados por muralhas feitas de pau a pique e uma pequena aldeia de casas feitas de taipa. Aí eram hospedados os portugueses os quais, de meses em meses, aguardavam pelas embarcações vindas de Portugal para procurar pau-brasil. Os indígenas cortavam, desgalhavam e transportavam as árvores até as feitorias. Então, o escambo (troca) da madeira era feito por facas, pentes, guizos e contas de vidro.[28]

Piratas franceses, ingleses e holandeses, que também vinham procurar pau-brasil, frequentavam a costa marítima do Brasil. Os piratas atacavam as embarcações e as feitorias portuguesas, ou estabeleciam feitorias próprias com o auxílio de tribos com as quais mantinham relações. Após manifestações diplomáticas direcionadas às cortes da Europa, o Reino de Portugal resolveu se utilizar da violência. Duas expedições guarda-costas (1516-1519 e 1526-1528) lideradas por Cristóvão Jacques foram mandadas para o Brasil com o objetivo de vigiar a costa e castigar os índios que cooperavam com os piratas. Entretanto, a costa marítima do Brasil era muito grande para ser protegido deste modo. Ao ficar sabendo dos descobrimentos de metais preciosos nas colônias da Espanha, o rei Dom João III de Portugal resolveu acompanhar as opiniões de Cristóvão Jacques começar a povoar suas terras americanas.

Piratas da França, da Holanda e da Inglaterra, os quais também foram procurar pau-brasil, frequentavam a costa marítima do Brasil. Os piratas atacavam os navios, os barcos, as naus e as feitorias de Portugal, ou estabeleciam suas feitorias com o auxílio de tribos com as que relacionavam-se. Depois que os embaixadores e cônsules protestaram contra as cortes da Europa, o Reino de Portugal utilizou-se da violência. Mandaram-se ambas as expedições guarda-costas (1516-1519 e 1526-1528), lideradas por Cristóvão Jacques para o Brasil com a finalidade de policiamento da costa marítima, de repressão ao roubo de pau-brasil e de castigo aos índios os quais contribuíam com os piratas. Mas, a costa marítima do Brasil se estendia muito para se proteger desse jeito. Descobriram-se metais preciosos nas colônias da Espanha. Ao saber dessa descoberta, D. João III de Portugal seguiu os conselhos de Cristóvão Jacques e começou a povoar suas terras na América.[28]

Primeira etapa de colonização[editar | editar código-fonte]

A expedição (1530-1532) liderada por Martim Afonso de Souza marcou o início o povoamento lusitano do Brasil. Além de desbravar a costa marítima de lutar contra os piratas, Martim Afonso criou povoações e entregou o que se mostrava importante para instalar colonizadores: terras, sementes e instrumentos. Martim Afonso construiu as duas primeiras vilas do Brasil, a de São Vicente e a de Santo André da borda do campo, no sudeste. Implantou o primeiro engenho de açúcar do Brasil em São Vicente, com cana-de-açúcar oriunda da Ilha da Madeira.

O comando da expedição por Martim Afonso de Sousa, entre 1530 e 1532, marcou o início da colonização lusitana em território brasileiro. Ademais da exploração da costa e do combate aos piratas, Martim Afonso criou núcleos de povoamento e tinha distribuído o que era importante para o estabelecimento de colonos: terras, sementes e ferramentas. Ambas as cidades mais antigas, Santo André da Borda do Campo e São Vicente, na região Sudeste, foram construídas por Martim Afonso. Ele inaugurou o mais antigo engenho canavieiro do Brasil, com cana-de-açúcar que vinha da ilha da Madeira em vários produtos.[28]

Capitanias hereditárias, Governo-Geral e primeira invasão francesa[editar | editar código-fonte]

o regime político usado para realizar a colonização e o povoamento do Brasil foi o das capitanias hereditárias, já utilizado, com êxito, nas ilhas povoadas por Portugal no século XV. De 1534 a 1536, o rei Dom João III, o Colonizador, distribuiu o território brasileiro em 14 capitanias hereditárias e concedeu-as a 12 capitães, igualmente denominados governadores ou donatários. Essa experiência, baseada apenas na iniciativa particular, não teve boas consequências no Brasil. A principal dificuldade enfrentada pelo donatários foi a carência de dinheiro. Existiam também os problemas de comunicação, as investidas indígenas e os contínuos ataques dos piratas. Das 14 capitanias concedidas pelo rei, somente as de São Vicente e Pernambuco se desenvolveram.

O regime político usado para colonizar e povoar o Brasil foi o das capitanias hereditárias, já adotado, sucessivamente, nas ilhas que Portugal colonizou no século XV. De 1534 até 1536, D. João III de Portugal, o Colonizador, decidiu subdividir o Brasil em 15 capitanias hereditárias e resolveu doá-las para 12 capitães, também denominados governadores ou donatários. A apresentação das consequências deste experimento, baseado somente na iniciativa privada, não foi muito boa no Brasil. O maior problema enfrentado pelos donatários foi esse: faltou dinheiro. As comunicações ainda eram difíceis, os índios atacavam e os piratas investiam frequentemente. Entre todas as 15 capitanias que o monarca doou, somente as de Pernambuco e São Vicente se desenvolveram.[28]

A pretensão de concentrar a administração de toda a colônia conduziu o reino de Portugal a fundar o governo geral do Brasil. No momento que faleceu o donatário da capitania da Bahia de Todos os Santos, o rei Dom João III comprou-a de seus filhos, tornando-a a primeira capitania real do Brasil. O primeiro governador-geral indicado pelo monarca foi Tomé de Sousa. Ele criou a primeira cidade brasileira, Salvador, e nela implantou a sede do governo geral. Competia ao governador geral organizar expedições para o interior à procura de metais preciosos; manter relações e começar a catequizar as tribos irmãs; realizar a proteção contra os piratas; percorrer e vigiar diariamente as capitanias. O governador-geral era ajudado por três servidores: o capitão-mor (defesa), o ouvidor-mor (justiça) e o provedor-mor da fazenda (assuntos econômicos).

Desejava-se fazer a centralização da administração da colônia inteira, e isso motivou que o Reino de Portugal criasse o governo geral. Durante o falecimento do donatário da capitania da Bahia de Todos os Santos, D. João III de Portugal comprou-a de seus herdeiros, elevando-a à categoria de capitania real mais antiga do Brasil. O primeiro governador-geral escolhido por nomeação real foi Tomé de Sousa. Ele criou a mais antiga capital do Brasil, Salvador, e nela estabeleceu a sede do governo geral.[28]

Competia ao governador-geral a promoção de expedições para o sertão à procura de metais preciosos; as relações e o início da catequização das tribos companheiras; organização da proteção contrária aos piratas; fiscalização e visitação diária das capitanias. Três funcionários ajudavam o governador-geral: capitão-mor (assuntos militares), ouvidor-mor (assuntos jurídicos) e provedor-mor (finanças).[28]

Embora o governo fosse criado, os piratas, principalmente franceses, frequentavam continuamente a costa do Brasil. Em 1555, veio para a baía da Guanabara, a expedição do fidalgo francês Nicolau Durand de Villegaignon, com mais de 600 indivíduos, com a finalidade de criação de uma colônia, a França Antártica. Na ilha de Serijipe, uma fortaleza foi erguida pelos franceses, ajudados pelos tamoios, que antigamente forneciam pau-brasil aos piratas da França. Os portugueses, liderados por Mem de Sá, somente começaram a reagir em 1560. Em 1º de março de 1565, o Estácio de Sá, cujo tio foi Mem de Sá, criou a cidade de Rio de Janeiro, e começou a usá-la como base das lutas contrárias aos franceses, mandados embora do Brasil dois anos seguintes. A cidade do Rio de Janeiro tornou-se capital da segunda capitania real brasileira.[28]

Cana-de-açúcar e pecuária bovina[editar | editar código-fonte]

A cana-de-açúcar foi o primeiro produto básico da economia brasileira, entre os séculos XVI e XVII. Difundida desde o começo na capitania de São Vicente no Sudeste, a cultura da cana-de-açúcar achou condições ideais para ser expandida na costa da região Nordeste, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo Baiano. A capitania de Pernambuco foi transformada, em curto período de tempo, no mais importante centro canavieiro da América Portuguesa: tinha em 1550, cinco engenhos, em 1570, 30 e, em 1584, 33. Entre os 230 engenhos que se espalhavam pela costa do Brasil em meados do século XVII, 190 estavam situados no Nordeste, dos que 144 em território pernambucano na época.[29]

A pecuária bovina se iniciou como atividade que complementava os engenhos canavieiros. Além de produzir couro e carne, os animais eram utilizados para mover os moinhos e para levar a cana. O alargamento dos canaviais não possibilitou seu contato com os rebanhos, que ocupavam os cultivos e invadiam as terras apropriadas para a plantação. Os rebanhos se soltaram dos engenhos e transportados para o interior, acompanhando o trajeto dos rios, especialmente do popular Velho Chico, apelido do rio São Francisco, chamado de rio dos Currais. Dessa forma, foram colonizadas e ocupadas grandes dimensões das regiões Norte e Nordeste.[29]

Escravidão de índios e negros[editar | editar código-fonte]

Os portugueses e os indígenas tiveram relações amigáveis, ao passo que tiveram por finalidade o escambo de pau-brasil. Mas, depois de 1530, os canaviais, que foram se expandindo, desalojaram os povos indígenas, habitantes da costa do Brasil, e os transformaram em escravos. É por isso que a colonização brasileira, nos séculos XVI e XVII, foi marcada por guerras permanentes e cruéis entre os índios e os colonos. Os portugueses estimulavam os combates entre os povos indígenas com duas finalidades: desfortalecer a resistência indígena e ser abastecidos de escravos, porque conseguiam das tribos, que, na época, se juntaram aos índios capturados nas lutas com outras aldeias.[30]

Os índios, que conseguiam escapar da transmissão de enfermidades que os europeus traziam (varíola, por exemplo) ou dos combates militares, fugiam para o sertão, talvez por se tratar de uma região silenciosa e calma. As expedições que saíam de vários pontos da costa, principalmente de São Vicente, à captura de escravos, perseguiam os indígenas, que, no momento em que eram trazidos contra a sua vontade aos engenhos, refugiavam-se nas florestas ou faleciam. As principais regiões canavieiras do Nordeste começaram, então, a comprar negros da África como escravos, com o propósito de atender às crescentes demandas de mão-de-obra.[30]

Os negros eram importados para o Brasil, e isso só se tornou permanente depois de 1559. Naquele ano, o governador da Ilha de São Tomé, na África, foi autorizado pela rainha D. Catarina para liberar a saída de 120 negros congoleses a cada senhor de engenho do Brasil. Os navios negreiros aportavam na colônia, em geral, de 10 a 15 mil escravos anualmente. Número razoavelmente igual a esse falecia quando viajava, porque as situações, em que se fazia o transporte, não eram muito boas. A maior parte dos negros, que tinham sido trazidos ao Brasil, provieram de São Paulo de Luanda, em Angola e do litoral da Guiné e do Congo. As comunidades africanas que ofereciam escravos negros para as feitorias portuguesas ganhavam, em permuta, tabaco e aguardente feitos no Brasil. O tabaco era plantado especialmente na costa da Bahia e de Alagoas.[30]

O preconceito contra o negro vem de dois motivos: primeiro, o negro era visto como uma mercadoria utilizada para trabalhos braçais e escambo, mas não como um ser humano;[31] segundo, os católicos diziam que os escravos negros eram pessoas sem alma, filhos de Lúcifer. Todavia, na religião deles não há diabo, um conceito cristão.[32][33]

Conquista do Norte e do Nordeste[editar | editar código-fonte]

União das coroas ibéricas, conquista do litoral do Nordeste e colonização francesa no Maranhão[editar | editar código-fonte]

Em 1578, o monarca português D. Sebastião I faleceu na batalha de Alcácer-Quibir, sem que deixasse descendência direta. O resultado disso foi esse: uma terrível carência de linha sucessória. Em 1580, o monarca espanhol Felipe II foi aclamado também monarca português como o nome de Felipe I. Esse fato histórico resultou diretamente para o Brasil numa coisa: a América Portuguesa foi atacada fortemente pelos piratas dos países que lutavam contra a Espanha. A região mais atingida era o nordeste da colônia, da qual o domínio e a colonização ainda não se arriscaram.[30]

Para dominarem o litoral nordeste, os portugueses precisaram guerrear contra os piratas da França, dos Países Baixos e da Inglaterra, e chocar-se dentre os povos indígenas locais (principalmente potiguaras, tabajaras e caetés) e as frentes economicamente expansivas. Atrás das expedições de guerra, atacavam as propriedades pecuaristas e os engenhos de cana-de-açúcar. Em mais de uma duzentena de anos, dominaram Sergipe (1590), Alagoas (1591), Paraíba (1584), Rio Grande do Norte (1598) e Ceará (1603).[30]

Os franceses tinham fundado uma colônia a qual chegaria a denominar-se França Equinocial. Ligado a demais membros da nobreza e mercadores, o francês Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiére, aportou em 1612 na ilha de Upaon-Açu com mais de 500 voluntários. Auxiliado pelo povo indígena tupinambá, criou em 1612 a fortaleza e a cidade de São Luís. Em 1615, as forças combinadas de Jerônimo de Albuquerque e de Alexandre de Moura, capitão-mor de Pernambuco, expulsaram os franceses.[30]

Ocupação do Amazonas, holandeses no Brasil e primeira invasão holandesa no Brasil[editar | editar código-fonte]

Após um ano da tomada de São Luís, em 1616, a desembocadura do rio Amazonas foi ocupada pelos portugueses, que, na foz do mesmo rio, criaram o forte do Presépio, o qual originaria a cidade de Nossa Senhora de Belém, capital da Capitania do Grão-Pará.

Para defender mais eficientemente o norte da colônia, ela se dividiu em ambos os estados: o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão. Esse era composto das capitanias reais do Maranhão, do Ceará e do Grão-Pará, e sua capital era a cidade de São Luís.

A principal fonte de renda da ocupação da Amazônia foi o extrativismo de produtos florestais (como cravo, canela, castanha-do-pará, cacau, ademais de plantas medicinais e aromáticas), a que se verifica a denominação genérica de drogas do sertão. A mão-de-obra usada era somente dos índios. Na exploração da Amazônia mereceu destaque Pedro Teixeira, o qual organizou grande expedição entre 1637 e 1639, a qual o conduziu em direção ao Peru. As ordens religiosas, dentre as quais as dos padres da Companhia de Jesus e da Ordem dos Carmelitas Descalços, possuíam função de grande importância em desbravar a região amazônica, principalmente desde meados do século XVII.

Em 1581, a República das Províncias Unidas foi constituída pela Holanda e seis demais províncias dos denominados Países Baixos Espanhóis, que tinham continuado a guerra de independência contrária à Espanha em 1572. As Províncias Unidas formavam a mais poderosa potência marítima e comercial do mundo daquela época. A Holanda era a principal província, e sua designação começou a denominar a República inteira.

A participação dos comerciantes da Holanda tinha sido ativa na estrutura da cultura do açúcar na região Nordeste do Brasil, fazendo-se empréstimos de dinheiro para os senhores de engenho, realizando-se o transporte do açúcar em seus navios e fazendo-se a distribuição do produto, que os mercadores holandeses refinavam, na Europa. Após o estabelecimento da União das Coroas Ibéricas, em 1580, Portugal proibiu que as embarcações das Províncias Unidas acessassem as suas colônias. Os holandeses, que decidiram ocupar as regiões que produziam açúcar e demais gêneros, criaram a Companhia das Índias Orientais, em 1602, e a Companhia das Índias Ocidentais, em 1621. As invasões neerlandesas no Brasil pertenciam à guerra de proporções internacionais que as Províncias Unidas declararam contra os impérios português e espanhol. Ao mesmo tempo da ocupação da região produtora de açúcar no Brasil, os neerlandeses atacaram Portugal, após terríveis batalhas navais, as regiões que produziam açúcar no Pacífico, os entrepostos de comércio no oceano Índico e as feitorias na África.

A primeira invasão holandesa no Brasil, que se dirigiu contra a Bahia (1624-1625), não deu certo. Os neerlandeses se ilharam em Salvador e foram mandados embora num período inferior a um ano. Mas, em 1627, Na costa do Recôncavo baiano, muitos navios cheios de açúcar, tabaco, algodão e pau-brasil foram saqueadas pelo pirata holandês Piet Heyn. Após dois anos, ele saqueou nas Antilhas a armada da Espanha a qual levava a produção anual inteira de ouro e prata das minas das Américas. Os enriquecimentos gigantescos adquiridos nestas expedições possibilitaram à Companhia das Índias Ocidentais o financiamento da segunda invasão holandesa, feita, com sucesso, em Pernambuco.

Ocupação holandesa do Nordeste e crise na economia açucareira[editar | editar código-fonte]

A conquista holandesa do Nordeste abrangeu três etapas: a etapa da ocupação começou depois que os holandeses desembarcaram na periferia de Olinda, em 1630, e acabou, em 1635, após eles capitularem o Arraial do Bom Jesus, em que concentraram-se as forças de resistência lideradas por Matias de Albuquerque. A segunda etapa (1637-1645) equivaleu ao governo do holandês João Maurício de Nassau-Siegen, indicado governador das terras ocupadas pela Companhia. Acomodou os senhores de engenho e os holandeses. Ademais de fazer o financiamento para reconstruir os engenhos brasileiros, os holandeses conquistaram São Paulo de Luanda, em Angola, e a ilha de São Tomé, iniciando o controle do fornecimento de escravos africanos para a região Nordeste do Brasil. Nacionais e holandeses voltaram a brigar, durante a decisão da Companhia no confisco das fazendas dos senhores de engenho que não pagaram os empréstimos que contraíram quando começou a conquista. Iniciou-se, na época, a denominada Insurreição Pernambucana. Após repetidas derrotas (batalha do Monte das Tabocas, em 1645, e ambas as batalhas dos Guararapes, em 1648 e 1649). Os holandeses tinham capitulado, tendo assinado, em 1654, a rendição da Campina da Taborda. Apesar de serem mandados embora do Brasil, somente em 1661 tinham reconhecido que perderam a costa da região Nordeste do Brasil, durante a assinatura da Paz de Haia com Portugal. Em permuta, a Holanda foi vultosamente indenizada e assumiu as suas ocupações no Oriente.

Em 1640, Portugal restaurou sua independência, depois de ser subordinada ao Reino de Castela durante 60 anos. Portugal deixou a União das Coroas Ibéricas com sua economia falida. Existia somente uma só colônia importante que lhe sobrava do Tratado de Haia: o Brasil. De qualquer forma, a situação econômica dessa colônia era escassa: os holandeses iniciaram o cultivo de cana-de-açúcar nas Antilhas, e causaram a crise da cultura de açúcar da região Nordeste do Brasil. A domínio da metrópole passou a ser mais rígido. Dom João IV de Portugal tinhaproibido, na colônia, que fossem produzidos gêneros que concorressem com os portugueses e o mercado com embarcações de outros países, e criou as Companhias de Comércio. Uma das quais foi a Companhia do Comércio do Estado do Maranhão, fundada em 1682, tendo direito, durante 20 anos, de monopolizar o comércio com a região Norte do Brasil. Contrária aos abusos que essa companhia cometeu, revoltaram-se, em 1684, os colonizadores do Maranhão liderados pelo senhor de engenho português radicado no Brasil Manuel Beckman. A coroa interferiu igualmente nas câmaras municipais, que abrigava o poderio dos grandes fazendeiros, indicando juízes de fora para chefiar suas reuniões e permitindo que mercadores de Portugal entrassem nas mesmas. Em Pernambuco, essa medida originou a Guerra dos Mascates, em que os senhores de engenho, em dificuldades financeiras e incapazes de pagar as suas dívidas, se encontraram com os seus credores, os mercadores recifenses.

Desenvolvimento do Centro e do Leste[editar | editar código-fonte]

Capitania de São Vicente, caça ao índio e descobrimento das minas[editar | editar código-fonte]

A cultura da cana-de-açúcar difundida por Martim Afonso de Sousa em São Vicente enfraqueceu depois de 1550. Pouco a pouco, os núcleos de povoamento criados na costa da capitania foram esquecidos. Os colonizadores atravessaram a Serra do Mar e se fixaram no planalto, ao redor da vila de São Paulo de Piratininga, que tinha surgido no histórico Colégio de São Paulo, criado pelos religiosos da Companhia de Jesus, em 1554.

No século XVII, São Vicente foi transformada no centro mais importante de direcionamento das entradas e bandeiras, expedições armadas as quais viajavam por grandes áreas extensas do território do Brasil à procura de índios e de riquezas minerais.

A caça ao índio tornou-se atividade principalmente enriquecedora durante a ocupação holandesa do Nordeste brasileiro e dos núcleos que forneciam escravos africanos, tendo sido feito pelos holandeses o monopólio de seus produtos importados ao Brasil. Os senhores de engenho das regiões não conquistadas pelos holandeses, principalmente os da Bahia e do Rio de Janeiro, passaram a ser dependentes dos indígenas caçados e comercializados pelos bandeirantes paulistas para atender suas demandas de mão-de-obra. A mais importante mira das bandeiras paulistas daquela época foram as reduções (povoações) jesuíticas da Espanha que existiam na República de Guairá, a oeste do estado brasileiro do Paraná de hoje. Estas reduções reuniam em grupo muitos indígenas que se habituavam aos trabalhos na agricultura. Estima-se de 1628 até 1631 a caça de mais de 60 mil indígenas pelos paulistas naquela área.

As reduções do Guairá foram destruídas, e isso motivou os religiosos da Companhia de Jesus a se fixarem em Itatins, no hoje estado brasileiro de Mato Grosso do Sul. Em 1638, os religiosos da Companhia de Jesus conseguiram do monarca lusitano e castelhano permissão para fornecer armas aos indígenas nas aldeias, o que lhes tinha permitido certas vitórias de importância contrárias aos bandeirantes de São Paulo. A caça ao indígena fracassou depois que os portugueses retomaram, em 1648, São Paulo de Luanda e após ser normalizado o tráfico negreiro ao Brasil.

Em meados do século XVII, a busca de ouro, prata e pedras preciosas transformou-se na mais importante finalidade dos bandeirantes de São Paulo. As expedições daquela etapa dispuseram da aprovação dos monarcas de Portugal. Dentre estas bandeiras destacou-se a de Fernão Dias Pais. Em sete anos (1674-1681), Fernão Dias andou por Minas Gerais, construindo rotas que seriam usadas por demais bandeirantes. Em 1694, foram descobertas jazidas de ouro no sertão de Cataguases e, em 1700, em Sabará.

Corrida do ouro, primeiros diamantes e mineração[editar | editar código-fonte]

A novidade dos descobrimentos se espalhou, trazendo à região de Minas Gerais uma grande quantidade de pessoas em busca de riquezas. Em curto período de tempo, nasceram mais de dez vilas e povoações, entre as quais Nossa Senhora da Conceição do Sabará, São João del-Rei, Mariana, Vila Rica de Albuquerque (hoje Ouro Preto). Os paulistas, os quais se diziam ter mais direitos em cima das minas, lutaram rapidamente contra um grupo de forasteiros os quais foram em direção à região, que os paulistas denominavam de emboabas. Esses conflitos resultaram na Guerra dos Emboabas. Após o apaziguamento da luta, as autoridades do rei de Portugal fundaram, em 1709, a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que desmembrou-se da Capitania do Rio de Janeiro. Os paulistas tinham desviado, na época, suas procuras em direção à Mato Grosso e Goiás, em que foi encontrado ouro, em 1719 e 1725, nessa ordem.

Os primeiros diamantes foram descobertos, em 1729, na região do Arraial do Tijuco (hoje Diamantina), em Minas Gerais. De 1740 até 1771, isolou-se o território ao redor de Diamantina, começando a denominar-se Distrito Diamantino. Os direitos de explorar diamantes, em permuta do crédito de uma quantidade permanente, havia sido concedido pelo Reino de Portugal a algumas pessoas — os contratadores. Desde 1771, uma junta, que pertencia a Lisboa, começou a fazer a exploração dos diamantes.

Ouro para a Inglaterra, mudança da capital, declínio do ouro e algodão[editar | editar código-fonte]

Ocupação do Sul[editar | editar código-fonte]

Administração colonial no século XVIII[editar | editar código-fonte]

Processo de independência, revoltas separatistas, chegada da família real e abertura dos portos (1789-1815)[editar | editar código-fonte]

Reino (1815–1822)[editar | editar código-fonte]

Elevação a Reino Unido e Revolução Pernambucana e Revolução do Porto[editar | editar código-fonte]

Retorno de Dom João VI e proclamação da independência[editar | editar código-fonte]

Império (1822–1889)[editar | editar código-fonte]

Primeiro reinado[editar | editar código-fonte]

Assembleia constituinte, primeira constituição do Brasil e reconhecimento da independência[editar | editar código-fonte]

Guerra da Cisplatina, crise político-econômica, Sucessão em Portugal e Abdicação de Dom Pedro I[editar | editar código-fonte]

Período regencial[editar | editar código-fonte]

Correntes políticas e Regência Trina Permanente[editar | editar código-fonte]

Ato adicional de 1834 e Regência Una[editar | editar código-fonte]

Segundo reinado[editar | editar código-fonte]

Parlamentarismo, lavoura do café e predomínio paulista[editar | editar código-fonte]

Tráfico negreiro, extinção do tráfico e atividades urbanas[editar | editar código-fonte]

Intervenções no Prata[editar | editar código-fonte]

Abolicionismo e republicanismo[editar | editar código-fonte]

República (1889–presente)[editar | editar código-fonte]

Primeira República (1889-1930)[editar | editar código-fonte]

Duas correntes e primeira constituição republicana[editar | editar código-fonte]

Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e governos civis[editar | editar código-fonte]

Primeira campanha eleitoral e crises político-sociais[editar | editar código-fonte]

Era Vargas (1930–1945)[editar | editar código-fonte]

Revolução de 1930, Getúlio Vargas e Revolução Constitucionalista de 1932[editar | editar código-fonte]

Constituição de 1934, direitistas e comunistas e Estado Novo[editar | editar código-fonte]

República Nova (1945–1964)[editar | editar código-fonte]

Regime Militar (1964–1985)[editar | editar código-fonte]

Nova República (1985–2018)[editar | editar código-fonte]

Novíssima República (2018–presente)[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Listas[editar | editar código-fonte]

Generalidades[editar | editar código-fonte]

Regionais[editar | editar código-fonte]

Temáticas[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

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Ligações externas[editar | editar código-fonte]