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No Jainismo, a mão representa o ahimsa e contêm a roda do darma, o meio para interromper o samsara (transmigração).

O Jainismo é uma antiga religião da Índia. O Jainismo sustenta suas ideias espirituais e históricas através da sucessão de vinte e quatro líderes ou tirthankaras,[1] com o primeiro deles sendo Rishabhanatha ou, como também é conhecido, Adinath bhagwan dessa era, que de acordo com a tradição jainista viveu milhões de anos atrás; já o vigésimo terceiro tirthankara Parshvanatha viveu cerca de 900 a.C. e o tirthankara Mahavira em meados de 500 a.C., sendo este o vigésimo quarto líder espiritual da tradição. Jainistas acreditam que o Jainismo é um eterno darma com os tirthankaras guiando cada ciclo da cosmologia jainista.

As principais premissas religiosas do Jainismo são o ahimsa (não-violência), anekantavada (multiplicidade dos pontos de vista), aparigraha (não possessão) e a ascese (abstinência dos prazeres). Jainistas devotos fazem cinco votos: ahimsa (não-violência), satya (verdade), asteya (não roubar), brahmacharya (continência sexual) e aparigraha (não possessão). Esses princípios afetaram a cultura dos seguidores do Jainismo de várias formas, como o estilo de vida vegetariano. Parasparopagraho Jivanam (a função de uma alma é ajudar a outra) é um dos lemas e o o mantra Ṇamokara é a reza mais comum e básica.

O Jainismo é uma das religiões mais antigas e tem duas principais sub-tradições, Digambaras e Svetambaras, os quais tem diferentes visões das práticas ascéticas, de gênero e que textos são considerados canônicos; ambos tem suas práticas mendicantes sustentadas por leigos da religião (sravakas e sravikas). O Jainismo tem entre quatro e cinco milhões de seguidores, a maioria presente na Índia. Fora da Índia, as maiores comunidades estão no Canadá, Europa e Estados Unidos. O Jainismo está crescendo no Japão, onde mais de 5000 famílias étnicas japonesas se converteram ao Jainismo. Os principais festivais incluem o Paryushana e o Daslakshana, o Ashtanika, o Mahavir Janma Kalyanak e o Dipawali.

Crenças e filosofia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Filosofia jainista

O Jainismo é transteístico e projeta que o universo evolui sem afetar a lei do dualismo de substância,[2] sendo executado através dos meio termo dos princípios do paralelismo e interacionismo.[3]

Dravya (Substância)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Dravya

Dravya significa substância ou entidade em sânscrito.[4] De acordo com a filosofia jainista, o universo é feito de seis eternas substâncias: seres sencientes (jiva), substâncias não sencientes ou matéria (pudgala), o princípio de moção (darma), o princípio de descanso (adarma), o espaço (akasa) e o tempo (kala).[5][4] Os cinco últimos são reunidos como ajiva (o não-vivo). Filósofos jainistas distinguem a substância do corpo, ou coisa, ao declarar a primeira como um elemento indestrutível, e o último como um composto, feito de uma ou mais substâncias, que podem ser destruídas.[6]

Tattva (realidade)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Tattva

Tattva exprime a realidade ou verdade na filosofia jainista e é o meio para a salvação. De acordo com jainistas Digambara, existem setes tattvas: o senciente (jiva); o não senciente (ajiva); o influxo cármico para a alma (Asrava); a dependência das partículas cármicas em relação a alma (Bandha);[7][8] a paralização das partículas cármicas (Samvara), o livramento das partículas cármicas passadas (Nirjara); e a liberação (Moksha). Os Svetambaras adicionam dois outros tattvas, denominados bom carma (Punya) e carma ruim (Paap).[9][10][11] O verdadeiro insight da filosofia jainista é considerado como a "fé nos tattvas".[10] O objetivo espiritual no Jainismo é alcançar o moksha para os ascéticos, mas para a maioria dos adeptos jainistas o objetivo é acumular bom carma e atingir uma melhor reencarnação e chegar mais perto da liberação.[12][13]

Alma e carma[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Carma no Jainismo

De acordo com o Jainismo, a existência de "uma alma com suas limitações e em constante mudança" é uma verdade autoexplicativa, um axioma que não precisa ser provado.[14] É sustentando que existem numerosos tipos de almas, mas cada uma delas tem três qualidades (Guna): consciência (caitanya, a mais importante), felicidade (sukha) e energia vibracional (virya).[15] É posteriormente dito que a vibração atrai partículas cármicas para a alma e elas ficam presas, mas também acrescenta mérito ou falta de mérito para a alma.[15] Os textos jainistas afirmam que a alma é "revestida com materiais corporais", onde preenche inteiramente o corpo dos seres.[16] O carma, como em outras religiões da Índia, conota no Jainismo a lei das causas e efeitos universais. Entretanto, é imaginada como uma substância material (uma matéria fina) que pode se agarrar a alma, locomover-se de maneira agarrada com a alma entre os renascimentos, e afetar o sofrimento e a felicidade pela experiência do jiva nos lokas.[17] O carma torna obscuro e chega a obstruir a natureza inata da alma e o esforço de potencial novo renascimento espiritual.[18]

Samsara[editar | editar código-fonte]

Ver artigos principais: Samsara (jainismo) e Vitalismo (jainismo)

A peça fundamental da doutrina do Samsara se diferencia entre o Jainismo e outras religiões da Índia. A alma (jiva) é aceita como uma verdade, como no hinduísmo, mas não no budismo. O ciclo do renascimento tem definitivamente um início e um fim no Jainismo. A teosofia jainista fala que cada alma passa por 8.400.000 situações de renascimento enquanto vivenciam o Samsara, passando por cinco tipos de corpos: corpos terrenos, corpos aquáticos, corpos de fogo, corpos aéreos e corpos vegetais, constantemente mudando e tendo atividades humanas e não-humanas, passando pela chuva até a respiração. Agredir qualquer tipo de vida é um pecado no Jainismo, com efeito cármico negativo. O Jainismo afirma que a alma começa em um estado primordial, que tanto evoluiu para um estado superior ou regride de acordo com o seu carma. Tardiamente é esclarecido que almas abhavya (incapazes) nunca poderão atingir moksha (liberação). É explicado que o estado abhavya é atingido após um ato ruim intencional e extremamente chocante. Almas podem ser boas ou ruins no Jainismo, ao contrário do não-dualismo em algumas formas expressas no Hinduísmo e Budismo. De acordo com Jainismo, um Siddha (alma liberada) pode ir além do Samsara, e no seu ápice é onisciente, e assim permanece, para a eternidade.

Referências

  1. «tirthankar», Jainism Knowledge 
  2. Yandell 1999, p. 243.
  3. Sinha 1944, p. 20.
  4. a b Grimes 1996, pp. 118–119.
  5. Nemicandra & Balbir 2010, p. 1 da Introdução.
  6. Champat Rai Jain 1917, p. 15.
  7. von Glasenapp 1925, pp. 188–190.
  8. Jaini 1980, pp. 219–228.
  9. von Glasenapp 1925, pp. 177–187.
  10. a b Jaini 1998, p. 151.
  11. Dundas 2002, pp. 96–98.
  12. Bailey 2012, p. 108.
  13. Long 2013, pp. 18, 98–100.
  14. Jaini 1998, p. 103.
  15. a b Jaini 1998, pp. 104–106.
  16. von Glasenapp 1925, p. 194.
  17. Long 2013, pp. 92–95.
  18. Dundas 2002, pp. 99–103.