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A avaliação audiológica tem como objetivo caracterizar a audição periférica e central do indivíduo. Por meio dela, é possível determinar a integridade do sistema auditivo, e, nos casos de perda auditiva, identificar tipo, grau e configuração da perda auditiva em cada orelha[1]. A avaliação audiológica básica é composta pela anamnese (na qual é possível estabelecer uma hipótese em relação a audição), meatoscopia, audiometria tonal liminar, logoaudiometria e medidas de imitância acústica.

A audiometria tonal liminar (ATL) é um teste subjetivo utilizado para a avaliação da função auditiva, onde se estabelecem os limiares auditivos. Para a realização da ATL, o fonoaudiólogo deve dispor de uma cabina acusticamente tratada, além de um audiômetro calibrado adequadamente, que contemple fones de ouvidos a ele conectados, para a pesquisa de limiares tonais por via aérea (VA), e um vibrador ósseo, para a pesquisa de limiares tonais por via óssea (VO). O paciente deve estar sentado dentro da cabina e ser orientado a levantar a mão ou apertar um botão a cada vez que ouvir um som (tom puro), mesmo que este seja muito fraco. Geralmente o exame é iniciado pela melhor orelha, mas em caso de o paciente não referir um lado melhor, pode-se iniciar pela orelha direita[2]. O limiar de audibilidade é então determinado pela menor intensidade do sinal sonoro necessária para provocar resposta em 50% das apresentações. Os limiares auditivos devem apresentar valores entre 0 a 25 dBNA para serem considerados dentro dos padrões de normalidade [1]. Os limiares são representados por símbolos padronizados internacionalmente[3], e inseridos em um gráfico chamado de audiograma, representando a audição da orelha direita e esquerda

Por meio da audiometria, é possível auxiliar no diagnóstico de problemas auditivos que podem afetar a orelha externa, orelha média ou orelha interna; fornecer dados para a indicação de aparelhos auditivos; servir como exame pré-admissional, periódico e demissional em programas de prevenção de perda auditiva em trabalhadores expostos à ruído e outros agentes prejudiciais ao sistema auditivo; realizar o monitoramento da audição mediante intervenção médica pré e pós tratamento; entre outros.

Tipos de perda auditiva[editar | editar código-fonte]

A classificação do tipo de perda auditiva tem por objetivo sugerir a causa da alteração e, para isso, deve ser realizada sempre a pesquisa dos limiares tonais por via óssea (VO). Será usado a descrição dos autores Silman e Silverman (1997)[4]

  • Perda auditiva condutiva: é caracterizada por qualquer problema da orelha externa e/ou média que impeça que o som seja conduzido até a cóclea de maneira adequada, geralmente envolve uma redução do nível do som ou da capacidade de ouvir sons fracos. (Limiares de via óssea menores ou iguais a 15 dBNA e limiares de via aérea maiores que 25 dBNA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB).
  • Perda auditiva sensorioneural: é caracterizada pela falta ou dano de células sensoriais (células ciliadas) na cóclea e/ou no nervo auditivo, geralmente é permanente. (Limiares de via óssea maiores do que 15 dBNA e limiares de via aérea maiores que 25 dBNA, com diferença aéreo-óssea de até 10 dB no máximo).
  • Perda auditiva mista: essa perda auditiva é uma combinação de uma perda auditiva sensorioneural e condutiva. É o resultado de problemas na orelha interna, média e/ou externa. (Limiares de via óssea maiores do que 15 dBNA e limiares de via aérea maiores que 25 dBNA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB).

Grau de perda auditiva[editar | editar código-fonte]

A classificação de perda auditiva varia de acordo com os autores:

Classificação de Lloyd e Klapan[5]
Média tonal de 0,5, 1k e 2kHz Denominação Habilidade para ouvir a fala
≤ 25 dB NA Audição normal Nenhuma dificuldade significativa
26 - 40 dB NA Perda auditiva de grau leve Dificuldade com fala fraca ou distante
41 - 55 dB NA Perda auditiva de grau moderado Dificuldade com fala em nível de conversação
56 - 70 dB NA Perda auditiva de grau moderadamente severo A fala deve ser forte; dificuldade para conversação em grupo
71 - 90 dB NA Perda auditiva de grau severo Dificuldade com fala intensa; entende somente fala gritada ou amplificada
≥ 91 dB NA Perda auditiva de grau profundo Pode não entender nem a fala amplificada; depende da leitura labia


Classificação de Davis[6]
Limiar auditivo (média de 0,5 a 2kHz) Grau de handicap Habilidade para compreender a fala
25 dB não significativo sem dificuldade
26 a 40 dB leve dificuldade somente na fala fraca
41 a 55 dB moderado frequente dificuldade com fala normal
56 a 70 dB marcado (tradução literal) frequente dificuldade com fala intensa
71 a 90 dB severa só entende fala gritada/amplificada
+ de 91 dB profunda não entende a fala mesmo com amplificação


Classificação de Organização Mundial da Saúde (OMS)[7]
Grau de perda auditiva Média das frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz

(Adulto)

Desempenho
Audição normal 0 - 25 dB Audição normal
Leve 26 - 40 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume normal a um metro de distância
Moderado 41 - 60 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume elevado a um metro de distância
Severo 61 - 80 dB Capaz de ouvir palavras em voz gritada próximo à melhor orelha
Profundo >81 dB Incapaz de ouvir e entender mesmo em voz gritada na melhor orelha


Para a classificação de grau de perda auditiva em crianças de até 7 anos de idade, recomendamos o critério de Northern e Downs (2002) e o critério da OMS (2014):

Classificação Northern e Downs[8]
Média tonal Denominação O que consegue ouvir sem Amplificação
0 - 15 dB Audição normal Todos os sons da fala
16 - 25 dB Perda auditiva discreta Sons das vogais ouvidos claramente; pode perder sons de consoantes surdas
26 - 30 dB Perda auditiva de grau leve Ouve apenas alguns sons da fala, ou seja os fonemas sonoros mais fortes
31 - 50 dB Perda auditiva moderada Perde a maior parte dos sons da fala em um nível de conversação normal
51 - 70 dB Perda auditiva severa Não ouve os sons da fala no nível da conversação normal
+ 71 dB Perda auditiva profunda Não ouve a fala ou outros sons


Classificação de Organização Mundial da Saúde (OMS)[7]
Grau de perda auditiva Média das frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz

(Adulto)

Desempenho
Audição normal 0 – 15 dB Nenhuma ou pequena dificuldade; capaz de ouvir cochichos
Leve 16 – 30 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume normal a um metro de distância
Moderado 31 – 60 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume elevado a um metro de distância
Severo 61 – 80 dB Capaz de ouvir palavras em voz gritada próximo à melhor orelha
Profundo > 81 dB Incapaz de ouvir e entender mesmo em voz gritada na melhor orelha


Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b LOPES, A.C.; MUNHOZ, G.S.; BOZZA, A. Audiometria tonal liminar e de Altas Frequências. In: Boéchat EM, Menezes. PD, Couto. CM, Frizzo. ACM, Scharlah. RC, Anastasio. ART, organizadores. Tratado de audiologia. São Paulo: Santos. 2015; 2ª ed.: p. 57-67.
  2. «Avaliação Audiológica Básica». www.ufrgs.br. Consultado em 1 de julho de 2019 
  3. Association (ASHA), American Speech-Language-Hearing (1990). «Audiometric Symbols». American Speech-Language-Hearing Association (em inglês). Consultado em 1 de julho de 2019 
  4. SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Basic audiologic testing. In: SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. P.: 44-52.
  5. LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16.
  6. DAVIS, H. Hearing Handicap, Standards for Hearing, and Medicolegal Rules. In Hearing and Deafness. Hallowell Davis e S. Richard Silverman. Holt, Rinhhart and Winston, 1978 p 271
  7. a b Organização Mundial de Saúde – OMS, 2014 http://www.who.int/pbd/ deafness/hearing_impairment_grades/en/
  8. NORTHERN, J. L.; DOWNS, M. P. Hearing in children. 5ª edição. Lippincott, Williams e Wilkins, Philadelphia, 2002.

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