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Biriva, Biriba ou Beriba era um nome dado pelos gaúchos primitivos aos habitantes dos Campos da Cima da Serra no Rio Grande do Sul. estes povos eram descendentes dos bandeirantes e tropeiros paulistas que colonizaram a região serrana. Os Birivas eram identificados pela sua aparência um tanto diferente do gaúcho primitivo, geralmente andavam em mulas, usavam poncho e uma bota de cano alto que ia até o joelho, e tinham um sotaque diferente da região da fronteira gaúcha ou da região baixa do Estado.

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Tropeirismo
Um tropeiro paulista por Charles Landseer em 1827

Antes do surgimento da capitânia de São Pedro do Rio Grande do Sul e do atual gaúcho, os paulistas estavam interessados no comércio dos gados xucros que habitavam o Rio Grande do Sul.[1] Durante a vinda dos tropeiros paulistas, ou seja, os que comercializavam gado, foi reunida a criação de gado livre pelos campos. As mulas, os cavalos e o gado franqueiro foram levados pelos tropeiros para a venda nas feiras de gado em Sorocaba, e de lá revenderam estes animais para a que as mulas servissem de escoação do ouro nas Minas Gerais.[1] O movimento tropeiro surgiu da necessidade em que os bandeirantes paulistas tinham de escoação do ouro das Minas até os portos do litoral. No trajeto de passagem dos tropeiros, foram surgindo pousos, e com isso ocorreu o surgimento de inúmeros povoados no Rio Grande do Sul, como: Cruz Alta, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria e etc. Os tropeiros também foram os organizadores das primeiras estâncias, ou seja, propriedades onde se cria gado. Os tropeiros, que transportavam o gado muar para a Feira de Sorocaba, foram os primeiros devotos de Nossa Senhora das Brotas entre os séculos XVIII e XIX.

A história e a cultura do Rio Grande do Sul está intimamente ligada a atividade vivida pelos tropeiros, visto que a exploração pastoril se constituiu no grande embolo, de ação civilizadora não só no Estado, como em toda a região Sul, São Paulo e Minas Gerais. O Biriva trazia peculiaridades na metodologia de seu trabalho rural, no encilhar o cavalo, no modo de falar, na maneira de cantar, na forma de dançar, no alimentar-se e até mesmo na originalidade do trajar-se. Enfim, possui uma identidade cultural, que os distingue do gaúcho da campanha.

Tropeiros paulistas em variados trajes, por Debret.














Trajar Biriva[editar | editar código-fonte]

A indumentária biriva varia bastante, mas possui claras heranças dos trajes dos bandeirantes e dos tropeiros, que eram uma mescla de heranças europeias e indígenas, esta eram as indumentárias mais comuns entre os tropeiros birivas[2]:

  • chapéu de feltro ou de palha com copa e aba larga
  • lenço folgado no pescoço
  • barbicachos
  • poncho
  • calção(ceroula) relativamento estreito
  • véstia
  • chiripá
  • guaiaca
  • colete
  • nazarenas(espora com rosetas pontiagudas)
  • bota de cano alto arrematando o “espelho” na meia coxa do usuário, especialmente utilizada em tropeadas como proteção contra a chuva e o frio. Predomina a cor preta ou acastanhada, um tipo de calçado usados pelos bandeirantes paulistas[2].

Danças Birivas[editar | editar código-fonte]

Conforme pesquisa de Paixão Côrtes, foram encontrados quatro temas bailáveis: Chico do Porrete, Dança dos Facões, Fandango Sapateado(ou Fandango Primitivo) e a famosa Chula.

  • Chico do Porrete é uma espécie de dança em desafio que exige muita resistência física e destreza. A característica principal desse tema está no movimento de passagem de um bastão por entre as pernas. Coreograficamente essa dança se caracteriza por duas partes distintas: uma em que o dançante tomado por uma extremidade do bastão procura passá-lo por uma perna e outra com o auxilio das mãos, tendo a outra apoiada no solo, e a segunda, onde o dançante realiza sapateado cruzando por cima do mesmo cabendo a cada executante, realizá-lo de acordo com sua maior ou menos destreza.[3]
  • Dança dos Facões: Bailada só por homens, que portando cada um deles dois facões, cadencia a música (valsa campeira) com precisas batidas esgrimadas, exigindo dos dançarinos, muita habilidade, destreza e precisão, a fim de evitar cortes ou eventuais acidentes entre os participantes. Pode ser dançada em uma só fila ao redor do salão ou, como é comum, em dois grupos ou mais ternos em “confronto”.[3]
  • Fandango Sapateado Dança masculina. Cada cavalheiro, depois de bailar em círculo e em conjunto, procura exibir sua capacidade de teatralidade, com figuras solos sapateadas, ao som de rosetear de nazarenas. Composto por figuras como o carneirão, serra e pucha, martelão, martelinho, olha os dois, olha os três, redobrado, saracura, redemoinho, machadinho (essa não reconstituída), parafuso, olha o bicho, “urubu” e caçador. Motivo oriundo do século XVIII, quando do nascimento do gaúcho do campo, em sua atividade birivista tropeira. Este tema é o mais antigo coreográfico rio-grandense, que deu origem a formação do Ciclo Fandanguista primitivo Rio-Grandense, onde aparece posteriormente a dama, formando o par.[3]
  • Chula, dança executada somente por homens em desafio, na qual dois ou mais bailantes se confrontam, cada um querendo mostrar suas habilidades coreográficas, através de movimentos gestuais e sapateados, de ambos os lados de uma haste de madeira colocada no chão. Esse tema historicamente nunca esteve ligado a uma ideia de revolução, por esse motivo não há necessidade de ser uma lança. Afora que liberdade criativa teatral de degradação se chegaria se uma prenda tivesse seus amores disputado numa chula? Ela foi outrora um baile de lazer entre os gaúchos, ainda que de disputa habilidade e arte, optativamente no seio do mundo biriva.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

[1]

[3]

[2]

  1. a b c TROPEIRO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tropeiro&oldid=54913331>. Acesso em: 22 abr. 2019.
  2. a b c MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAUCHO DEPARTAMENTO DE CHULA. <http://mtg3.hospedagemdesites.ws/sites/convencao/79/proposicoes/artistica/prop_32_art.pdf>. 2014.
  3. a b c d e Os Birivas e o Tropeirismo. <http://www.mtg.org.br/public/libs/kcfinder/upload/files/CADERNO_PIA/pia_012013.pdf>. 2013.