Usuário(a):Glum/backup/Fazer a cabeça

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As primeiras notícias que se tem desta expressão no folclore brasileiro datam da época da colonisação, quando da chegada dos negros no país. A expressão definiu um ritual da religião afro, em que a cabeça do filho de um determinado santo era raspada e um pequeno corte era feito no ponto central de sua cabeça. Esta ato representava o reconhecimento de um novo estado evolutivo espiritual do filho que ali estava.

Variações linguísticas[editar | editar código-fonte]

Estudando as variantes da língua, podemos relacionar algumas expressões que são típicas de certos grupos, principalmente etnias, ou até mesmo a regionalismos. No caso de fazer a cabeça, não se trata de bilinguismo, mas de uma expressão que é usada corriqueiramente no Brasil, "fazer a cabeça", no candomblé; "fazer Bar-Mitzvá", no judaísmo, etc.

Mais recentemente, data de 1960 uma expressão folclórica da cultura brasileira, considerada no país como uma expressão carioca, por ser muito característica deste estado do país a expressão é bastante disseminada no Brasil. Muito embora, a expressão pode ser usada para diversos sentidos, sendo apenas a giria "fazendo a cabeça" de origem carioca.

Fazer a cabeça pode ser usada para indicar que uma decisão será tomada (tomar uma decisão), que uma posição esta sendo tomada sobre um determinado assunto (posicionamento) ou ainda que alguem ou um grupo de pessoas esta influenciando alguem ou um outro grupo de pessoas (influenciar), como por exemplo nas frases: fulano fez a cabeça de beltrano. Pode-se ainda utilizar a expressão para indicar que uma determinada pessoa é uma pessoa legal, confiável.

Cultura afro-brasileira[editar | editar código-fonte]

Foto antiga de um ritual afro

Nas religiões afro-brasileiras, tais como Batuque, Candomblé, Candomblé de Caboclo, Omolocô, Tambor de Mina, Xangô do Nordeste e Xambá, fazer a cabeça, ou feitura, é uma categoria na qual se inserem os rituais de passagem, que indicam os vários procedimentos dentro de um período de reclusão, catulagem, raspagem, pintura, instrução esotérica, imposição do adoxú até apresentação pública. Assim, por exemplo, um filho da casa, o neófito, tem reconhecido o seu santo de cabeça.

Nas outras, como Pajelança, Babaçuê, Umbanda não existem os ritos de passagem, a catulagem, a cabeça não é raspada, pintura, imposição do adoxú. A reclusão é de três a sete dias e é feita a apresentação pública.

Cronologia[editar | editar código-fonte]

No meio jovem, de 1960 e até hoje, alguém que estava muito bem informado sobre determinado assunto, ou que entendia determinado assunto recebia e ainda recebe a denominação pelo termo. Hoje se emprega o termo cabeção, pessoa inteligente ou estudiosa entre os adolecentes, sendo esta uma expressão mais moderna, características dos dias atuais. A expressão "cabeça feita" pode ainda se referir ao uso de substância psicoativas tais como os da erva maconha.

Paulo Freire, na década de 70, chamou atenção para o termo, utilizando o modismo da época, para argumentar que, a expressão "fazer a cabeça" negava a capacidade do outro produzir algo a sua maneira. Paulo Freire criticou, argumentando que os meios comunicação deveriam ser usado criteriosamente, com cuidado do que seria exposto, sem no entando limitar sua liberdade.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • VOGEL, Arno; MELLO, Marco Antônio da S. e BARROS, J. F. Pessoa de. A Galinha D'angola: Iniciação e Identidade na cultura afro-brasileira. Niterói: EDUFF, 1993.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]