Usuário:DAR7/Testes/História do Brasil/História do Paraná (1980–presente)

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Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo e uma das sete maravilhas do mundo moderno.

Enquanto o governo buscou mais e mais transformar o Paraná no estado mais agrícola do Brasil e num produtor madeireiro com capacidade de realizar grandes reflorestamentos, não somente os conflitos fundiários foram contínuos como aumentaram em intensidade e proporções.[1] Em 1972, no Paraná, os depósitos de xistos,[2] que entusiasmaram prestes a posicionar o Brasil na segunda classificação do mundo em reservas desse material, passaram a ser explorados pela Petrobras. Não obstante, danos graves à economia regional e um esvaziamento populacional, o qual afetou cerca de 50 cidades, foram provocados pelas questões climáticas, principalmente a geada.[1]

Ao passo que, na agricultura, o espaço ocupado pela soja era aumentado em 30% pela mesma leguminosa, saltos expressivos eram dados pela indústria. Por exemplo, em 1977 a Refinaria do Paraná (REPAR) começou a funcionar.[3] Em 1979, uma fábrica de caminhões e ônibus pesados foi instalada na Cidade Industrial.[4] Foram ainda feitas então as primeiras grandes melhorias as quais chegaram a fazer da capital do Paraná um modelo de novas soluções urbanísticas e de transporte rodoviário: a inauguração da primeira parte das ciclovias urbanas[5] e do sistema de ônibus expressos do bairro do Boqueirão.[6][1]

Cresceram, de modo paralelo, os conflitos de terra, também em reservas indígenas como as de Laranjeiras do Sul, e as acusações de sérios impactos ambientais provocados por muitas barragens para que usinas hidrelétricas — nos rios Iguaçu, Paranapanema, Capivari e Paraná — fossem construídas.[1] Em 1980, a colheita da soja no Paraná alcançava o recorde de 2 500 kg por hectare, maior do que a marca até então atingida pela agricultura dos Estados Unidos.[1] O Paraná era o primeiro colocado na colheita nacional de trigo, com 57% do que era produzido pela agricultura brasileira.[1]

Em 1982, o salto de Sete Quedas desapareceu devido à formação necessária do grande reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu e os ambientalistas protestaram contra o desaparecimento previsto das cataratas.[7][8] Outro problema agravado, então na metade da década de 1990, era a questão da terra, com protestos do MST.[1]

Década de 1980[editar | editar código-fonte]

Governo Ney Braga[editar | editar código-fonte]

Nos primeiros dias de 1980, com muita propaganda por meio dos jornais, das revistas, dos canais de televisão e das emissoras de rádio, o governo estadual criou cinco cidades novas: Vera Cruz do Oeste,[9] Nova Prata do Iguaçu,[10] Tupãssi,[11] Cafelândia[12] e Lunardelli.[13][14]

Governador Ney Braga e Presidente Tancredo Neves.

Em 1980, morreu o cacique caingangue Ângelo Cretã, do posto indígena de Mangueirinha, e isso foi um dos resultados mais tristes da disputa de terras no estado. O protesto do representante do Conselho Indigenista Missionário do Paraná, padre Natalicio Weschenfelder, foi contrário a Funai que não se interessou na apuração do caso da morte de um líder. Ângelo Cretã era o chefe indígena mais famoso do Paraná. Nos últimos dias de janeiro e início de fevereiro, cheias foram provocadas por intensas chuvas no rio Paraná, que transbordou várias localidades. Sete cidades da região tinham sido declaradas em estado de calamidade pública. O governador Ney Braga foi para Umuarama, em que esteve reunido com os prefeitos da região, aplicando Cr$ 2 milhões para ajudar os desabrigados.[14]

O projeto que visava ao aproveitamento turístico de Vila Velha foi proibido de continuar porque a Associação de Defesa Ambiental moveu uma ação popular. Vila Velha, distando 90 km de Curitiba, é um agrupamento de esculturas rochosas muito grandes que o vento e a água talharam no decorrer de milhares de anos. Os conservacionistas consideraram o projeto da Empresa Paranaense de Turismo (Paranatur) como um crime ambiental, porque a autarquia estadual queria construir e implantar uma infraestrutura turística com holofotes entre as pedras, via asfaltada, piscina, conjunto de serviços para escritórios, entre outros, o que representaria um impacto ecológico.[14]

O movimento começou com abaixo-assinado de 2 mil assinaturas, de naturalistas, geólogos, arquitetos, estudantes e intelectuais, incluindo a do secretário especial do Meio Ambiente, Paulo Nogueira Melo.[14]

A Prefeitura estimulou os donos de 93 áreas verdes de Curitiba a conservá-las como tal, por intermédio de uma diminuição considerável de impostos do município desde 1980. Para tanto, foi criado o Conselho de Proteção ao Meio Ambiente, cuja primeira tarefa era a análise de cada uma das propriedades em estudo e o estabelecimento de uma escala de diminuição de impostos sob a avaliação de que conservar mais é pagar mais barato.[14]

Uma parte do pé de soja com as sementes à mostra.

Embora problemas climáticos causassem certo prejuízo, considerou-se a safra agrícola paranaense como a maior de todos os tempos, sendo que a participação estadual aumentou significativamente na agricultura no Brasil, que, naquela época, variava de 27% a 30%. Um incremento de produtividade de mais de 25% e um crescimento de volume de 4 milhões de toneladas foram registrados pela safra agrícola, calculada em mais de 20 milhões de toneladas. A produção média recordista de 2 500 kg por hectare, ultrapassando mesmo a dos Estados Unidos, foi assinalada pela colheita da soja. Obteve-se, ainda, mais produtividade, com o trigo, produto agrícola o qual atingiu índices de 3 100 k por hectare. O Paraná foi a unidade federativa brasileira que mais produziu trigo, com 57% do que era produzido no Brasil, o que representava 1,65 milhão de toneladas. No que diz respeito ao feijão, as chuvas e as geadas causaram perdas totais em certas regiões. Foram produzidos em média entre 500 e 800 kg.[14]

Em julho, o governador Ney Braga se internou com problemas de saúde no coração e se submeteu a cirurgia (ponte de safena). Seu cargo foi reassumido no começo de setembro, em processo de recuperação gradativa das forças e da saúde e somente se restabeleceu plenamente um mês depois. Os ex-governadores Ney Braga e Paulo Pimentel se desentenderam há anos, e isso foi agravado com um inimigo deste, o ex-prefeito de Curitiba, Saul Raiz, que foi nomeado para ser um dos secretários do governo estadual.[14]

Em outubro, uma greve de três semanas foi feita por professores da rede oficial de ensino de primeiro e segundo graus. O governo, concedendo piso de dois salários mínimos, aumento do dos normalistas e elevação de 72%, tendo, ainda, prometido abono de Natal de 30%, atendeu as reivindicações básicas do movimento. A greve dos professores, que somaram mais de cinco mil numa assembleia-geral no estádio Couto Pereira, em Curitiba, avançou em ordem.[14]

No começo de dezembro, o Paraná foi visitado pelo presidente do Brasil João Figueiredo, este na companhia de sete ministros. A fábrica de ônibus e caminhões da empresa sueca Volvo e a rede integrada de transportes da capital, Curitiba, foram inaugurados; Figueiredo inaugurou um conjunto habitacional e um centro recreativo em Londrina.[14]

O ano de 1981 se iniciou quando as safras agrárias de feijão das águas e milho foram castigadas pelas cheias e chuvas intensas (a subida do rio Paraná foi de até 4 m em janeiro); as de Coffea arabica foram prejudicadas. Isso aconteceu porque recrudesceu a ferrugem, a qual atacou quase 750 milhões de cafeeiros em território estadual, de acordo com o que foi calculado pelo Instituto Brasileiro do Café; e as de trigo, porque isso estava difícil de vender, levando os camponeses a diminuir a área em que cultivaram.[15]

Onça-pintada macho no Pantanal.

Já em abril, no entanto, foram divulgadas informações de otimismo: o Paraná produziria 15,15 milhões de toneladas de grãos, mais de um quarto da safra calculada para todo o Brasil. Essa consequência adicionaria 12% relacionados à safra colhida há um ano antes. A reduzida área de cultivo da soja foi ocupada pelo crescimento da área cultivada com milho. O nível dos preços no comércio mundial, os quais pararam em novembro de 1980 e ficaram assim até chegarem a aumentar um pouco em abril de 1981, também prejudicou a soja. Os cafeicultores permaneceram protestando, dizendo estar descontentes em alusão à política do Instituto Brasileiro do Café. Em 1981, Minas Gerais superou o Paraná como a unidade federativa que mais produzia café no Brasil naquela época.[15]

Os 35 refugiados de Cuba trazidos do Peru pela Organização das Nações Unidas, que os instalou em uma granja próxima a Curitiba, em sua maioria, se decepcionaram porque estavam sem hipóteses de trabalho. Afirmando que possuíam uma “noção diferenciada” do Brasil, muitos deles queriam migrar ao Canadá. Um representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, depois de uma entrevista sua com eles, havia declarado que não era possível que fossem mandados para longe; possivelmente apenas deixariam o Brasil caso fosse de outra nação o desejo do acolhimento dos cubanos.[15]

Os conservacionistas ficaram emocionados e indignados, porque, nos primeiros dias de junho, morreram 10 ou 12 indivíduos que existiam em território brasileiro da espécie Panthera onca palustris (onça-pintada, canguçu ou jaguar), no município de Balsa Nova, distando 45 km de Curitiba. A onça, a qual se afirmava que matou 200 bois, vacas e bezerros nos dois anos mais recentes, se encontrava agachada em uma caverna, tendo ao seu redor, servidores do Instituto de Terras e Cartografia, recrutas da Polícia Florestal e agricultores. O objetivo era a prisão do bicho vivente, no entanto, um dos que participaram do cerco, ao testemunhar a saída do animal, disparou com arma de fogo, tirando-lhe a vida. O ITC havia montado uma operação na Serra de São Luiz do Purunã, perto do lugar, com a finalidade de caça à fêmea e às quatro crias da onça.[15]

A política do estado ficou animada com as eleições de 1982 que estavam se aproximando. No começo do ano o Partido Democrático Social possuía cinco candidatos para suceder Ney Braga: o ex-governador Paulo Pimentel; o empresário Saul Raiz; o prefeito de Curitiba, Jaime Lerner; o secretário da Justiça, Otávio Cesário; e o chefe do poder executivo de Londrina, Antônio Belinati. Saul Raiz foi empossado, em fevereiro, na recém-fundada Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento dos Municípios, e isso foi um evento político de importância, para o qual tinham comparecido duas mil pessoas, incluindo os ministros do Interior e dos Transportes. O ex-governador Paulo Pimentel, aborrecido, desejava abandonar o PDS, no entanto, tinha desistido, após viajar, em maio, para Brasília, em que tinha recebido um pedido do líder do Gabinete Civil para continuar no partido do governo. Mais tarde, tinha ingressado no Partido Trabalhista Brasileiro.

Em 4 de junho, um decreto que extinguiu o Parque Nacional das Sete Quedas, fundado em 1961, foi baixado pelo presidente do Brasil. A decisão, que tinha sido sugerida em exposição de razões do ministro da Agricultura, foi motivada por um futuro transbordamento da região para represar as águas de Itaipu.

Um programa de atendimento familiar com o objetivo de “paternidade responsável”, que atendia a cinco mil mulheres numa primeira fase em quatro postos na capital, foi iniciado pela Secretaria da Saúde do Paraná em 1.º de julho. Na área médica, no mesmo mês, influência no país e no mundo foi alcançada pelo transplante de medula que a equipe do hematólogo Eurípedes Ferreira realizou com êxito no Hospital das Clínicas. Seu mérito adicional foi esse: significou a esperança de salvar economicamente a instituição hospitalar, cujo défice antevisto para o segundo semestre era de Cr$ 90 milhões. Os professores de 1.º e 2.º graus do Paraná, conseguindo que diversas reivindicações foram atendidas, foram mobilizados por uma greve que durou 22 dias, em setembro e outubro.

Em 1982, o salto de Sete Quedas, uma beleza natural famosa no mundo todo, foi perdido pelo Paraná e pelo Brasil. Sete Quedas sumiu de modo definitivo em novembro, com o grande lago formado no rio Paraná porque as comportas da represa de Itaipu foram fechadas. Os ecologistas e amigos da natureza sentiram de maneira dolorosa essa perda, vista como um lamentoso subproduto do desenvolvimento para ambientalistas defensores do meio ambiente à época.

Em 17 de janeiro de 1982, a ponte pênsil havia caído sobre o salto 19, matando 29 pessoas, em sua maior parte, visitantes, que se despediriam de Sete Quedas. Quase mil indivíduos que se isolaram em ilhotas precisaram ser levados dentro de helicópteros. A ponte foi reerguida e mais quatro tinham sido reforçadas, para suprir à quantidade que cresce de turistas. O IBDF, que se encarregava do Parque Nacional de Sete Quedas, foi responsabilizado pela administração de Itaipu devido ao acidente. O IBDF respondeu que parou de se responsabilizar com a unidade de conservação extinta através de decreto do presidente do Brasil, em junho de 1981. De todo o modo, foi constatado pela perícia que a ponte não era sequer toda conservada e mantida há cerca de cinquenta anos.

A paralisação do movimento de turistas à cidade de Guaíra prejudicou de forma considerável a região, que perdeu mais de 30% de sua receita orçamentária. A crise tinha se agravado com o ritmo diminuído das obras da hidrelétrica de Ilha Grande, da ELETROSUL. Entre 23 e 25 de julho, numa enorme festividade — quarup —, como era denominada por seus organizadores — de despedida às Sete Quedas participaram cerca de dois mil indivíduos vindos em caravanas de diversos lugares da nação, que representavam instituições de defesa ambiental. O sentimento de luto da população pelo sumiço da conhecida beleza natural, que era do Brasil, foi expressada por artistas e poetas. O presidente do Brasil e diversos ministros se encontravam em Guaíra e observaram pela última vez a cachoeira em 15 de setembro. Figueiredo falou: “Se eu quisesse, não teria força para salvar Sete Quedas, pois, isso faria o Brasil perder os 10 bilhões de dólares investidos em Itaipu e entrar em crise com o Paraguai e a Argentina”. No entanto, o fim de Sete Quedas foi deplorado com amargura pelos visitantes. Falava um deles que não foi possível justificar técnica e economicamente o motivo do desaparecimento duma beleza natural, a única que mundialmente existia, e a qual, por isso, pertencia ao patrimônio da humanidade.

Dez mil operários que vinham a trabalhar nas obras de Itaipu foram dispensados, e isso ameaçava provocar, no fim do ano, uma séria questão social. A transformação de Foz do Iguaçu em área de livre comércio internacional foi proposta pelos comerciantes da cidade, assustados com essa perspectiva preocupante que atrairia menos consumidores.

O problema do crédito rural, marcado pelas acusações de que os recursos a ele aplicados estavam sendo desviados, esteve em pauta durante o ano. Em outras palavras, esse crédito rural, propriamente dito, causou uma série de questionamentos em função de que os recursos que deveriam ser aplicados no setor estavam sendo desviados. Foi confirmado pelo secretário da Agricultura que existiam irregularidades, as quais o Banco Central do Brasil também detectou em demais unidades federativas. A falta de financiamentos oficiais, segundo o próprio secretário, tornou-se um problema importante, que dificultava a agricultura paranaense para plantar uma área de 6,5 milhões de hectares de grãos, o que corresponde a mais de 25% da produção nacional.

Governo José Hosken de Novaes (1982-1983)[editar | editar código-fonte]

Em 1982, os professores da rede de ensino público estadual entraram em greve em setembro e reivindicaram um acréscimo de 45%. O movimento foi reprimido severamente pelo governador José Hosken de Novaes, o qual sucedera Ney Braga — que se tornou incompatível para ser candidato ao Senado — pelo qual a Polícia Federal do Brasil foi convocada para as “providências cabíveis”. Depois, o chefe do governo estadual terminou concedendo somente 30% de acréscimo.

A campanha eleitoral de 1982 foi desenvolvida muito rapidamente na unidade federativa. O Partido Democrático Social se reforçou em outubro com Ney Braga e o ex-governador Paulo Pimentel — pelo qual foram conseguidos mais de 130 mil votos, se candidatando para a Câmara dos Deputados, a maior votação do estado — se reconciliando. Competia a Ney Braga nomear como candidato para o governo estadual o nome do engenheiro Saul Raiz. No entanto, ambos foram derrotados. A oposição ganhou, tendo eleito governador o senador José Richa, e ao Senado o deputado Álvaro Dias. O candidato mais votado para a Câmara Federal foi o ex-deputado Alencar Furtado, o último penalizado pelo Ato Institucional n.º 5 (cujo filho, o deputado Heitor de Alencar Furtado, foi morto a tiros por um policial em Mandaguari, em outubro).

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro venceu, e isso acabou com a vontade do governador Ney Braga de ser candidato à presidência da República, terminando, também, o domínio de 30 anos exercidos por ele sobre a política estadual.

Governo José Richa (1983-1986)[editar | editar código-fonte]

Em maio de 1983, grandes prejuízos ao Paraná foram trazidos pelas cheias e chuvas pelas quais foram atingidas as unidades federativas do sul do país. “Ninguém sabe o que aconteceu com esse rio”, falava um posseiro que morava poucos quilômetros acima de onde se encontrava Sete Quedas, no Paraná. O grande rio e seus tributários, com sua torrencial cheia, desalojaram milhares de pessoas. A administração do novo governador, José Richa, do Partido Movimento Democrático Brasileiro, que tomou posse em 15 de março, foi iniciada e o então chefe do executivo, já empossado, enfrentou um estado de calamidade pública em 113 cidades. As mais importantes estradas de rodagem pelas quais a unidade federativa é atravessada — BR-277 e BR-376 — tinham ficado interrompidas; doze rodovias estaduais haviam sido interditadas; os equipamentos das hidrelétricas Chopim 1, Chopim 2 e Rio dos Patos submergiram, tendo deixado de funcionar. Catorze cidades tinham ficado sem fornecimento de água potável e, algumas, haviam ficado totalmente submersas e ilhadas. União da Vitória, no Iguaçu, foi a mais destruída, com mais de 30 mil pessoas flageladas.

Os danos provocados à economia estadual foram significativos. No final de julho, a quebra na lavoura era calculada em 1,55 milhão de toneladas, que significavam Cr$ 114 bilhões, além dos prejuízos indiretos. Já, os Cr$ 9,7 bilhões, a fundo perdido, foram destinados pelo governo federal, às obras de reconstrução nas regiões que as cheias atingiram, no entanto, as verbas foram sendo disponibilizadas muito lentamente. De acordo com o governador Richa, os “últimos trocados” do Paraná foram gastos na assistência às regiões afetadas, precisando revisar o orçamento que a administração anterior elaborou.

Mesmo em julho, os resultados sociais rápidos eram sentidos. “Boias-frias” sem trabalhar devido às chuvas (se dizia em mais de 50 mil) ameaçavam ocupar armazéns e casas comerciais. Já, em setembro, nova cheia do rio Iguaçu assustou novamente os vitimados união-vitorienses.

No município de Terra Roxa, distando 700 km de Curitiba, o solo havia tremido em 11 de maio. No entanto, não foi exatamente um terremoto, e sim uma “solifluxão” — terreno que escorrega em solos que não se consolidaram quando estes vão recebendo quantidade exagerada de água. A hipótese de ser um fenômeno causado pela represa de Itaipu foi descartada pelos técnicos.

O Paraná permaneceu sendo o maior produtor da agricultura no país (com 40% de tudo em 1982). Entretanto, não teria conseguido alcançar o objetivo antevisto pelo Ministério da Agricultura no que diz respeito ao crescimento das safras das áreas de cultivo de grãos (soja, milho, feijão, arroz e algodão) para safra de verão 1983–84. A partir de 1979 é observada uma tendência para diminuir aos poucos da região de cultivo. No começo de setembro, mais de dois mil sojicultores estiveram reunidos em Cascavel, tendo protestado contra a política oficial relacionada ao ramo.

O deputado federal Maurício Fruet foi indicado prefeito de Curitiba no início de abril, após um complicado conflito no PMDB. O ex-prefeito Jaime Lerner tinha se desligado do Partido Democrático Social, em junho, e viajou ao Rio de Janeiro, com a finalidade de contribuir com o governador chamado de Brizola como titular da projetada secretaria extraordinária para o planejamento urbano do ano 2000. Sob o governo de Lerner, em dois mandatos (1970–74 e 1974–78). Curitiba se transformou em um modelo urbano para o país inteiro, principalmente no que se refere ao transporte coletivo, com a adoção de um plano integrado limitador e racionador dos automóveis que circulam.

O Plano de Ação 1983–86, objetivando uma alteração drástica na política de administração pública do estado, foi lançado por José Richa. Para tornar popular o plano, que no começo objetivava à superação do défice de Cr$ 80 milhões no orçamento de 1983, passou em agosto a viajar pelas cidades paranaenses mais importantes, com seus secretários, em um ônibus.

Em novembro de 1983, uma greve de fome foi feita pelo jornalista Juvêncio Mazzarollo, aprisionado a partir de 1982. Ele foi compreendido na lei de segurança nacional por ter ofendido a honra do presidente da República e ministros de Estado, e sentenciado pelo Superior Tribunal Militar a quatro anos de cadeia. Esse foi o dobro do julgamento concedido em primeira instância. Juvêncio foi solidarizado por políticos e jornalistas opositores, pelos quais a penalidade grave foi qualificada como “absurda”.

Em 1984, o Paraná foi uma das unidades federativas brasileiras a promulgar lei proibindo que agrotóxicos — defensivos organoclorados — fossem aplicados em plantações agrícolas. A lei, aprovada no início de janeiro pelo governador José Richa, foi apoiada pelas cooperativas agrícolas. No entanto, ao mesmo tempo, cifras que desalentavam a respeito do meio ambiente foram reveladas. Foram elas: técnicos do Instituto de Terras e Cartografia do Paraná concluíram que após a implantação do mais antigo Código Florestal (que tinha sido reformulado em 1965), o estado tinha visto uma redução de somente 11,9% do seu enriquecido patrimônio de florestas.

Richa foi indicado em pesquisa do Instituto Gallup como governador estadual mais popular do Brasil. Esse resultado se atribuiu aos cuidados do governador do Paraná e seu grupo de trabalho no sentido de administração estadual por meio duma “democracia participativa”, a qual exigia que a comunidade se envolvesse para definir programas relacionados ao asfaltamento de rodovias, moradia e preservação do solo, eletrificação rural, entre outros. Outro agente dessa popularidade foram as promessas cumpridas da campanha eleitoral. Eram elas: reajustar todo o semestre e dar o 13.º salário para os funcionários públicos. Várias medidas austeras tinham permitido a transformação do défice de Cr$ 100 bilhões antevistos para 1983 em Cr$ 1,8 bilhão. Um anúncio de convite ao governador, eleito como o de maior popularidade do país que tinha deixado de “ser timidamente matuto, retraído” e “dado o aguardado salto para celebrar a glória”, foi elaborado por uma agência publicitária curitibana. O anúncio pertencia a uma campanha de valorização do Paraná e de seus governantes ao nível nacional.

Um caso de industrialização feita por comunidades, que repercutiu no país em 1984, foi o de Toledo, cidade mais a oeste do Paraná. Devido a esse programa, em menos de 4 anos nasceram em Toledo onze fábricas grandes e médias, pelos quais foram gerados perto de 1 500 empregos diretos, faturando, em 1983, um faturamento de Cr$ 3 milhões.

Em 6 de abril a penalidade do jornalista Juvêncio Mazzarollo, sentenciado por ofender o presidente Figueiredo em artigos no jornal Nosso Tempo em Foz do Iguaçu, foi reduzida de três a dois meses pelo Supremo Tribunal Federal. O jornalista, que já cumpriu 18 meses de cadeia, foi imediatamente liberto. Se encontrava em greve de fome, tentando conseguir ser libertado porque foi promulgada a nova lei de segurança nacional. Foi compreendido pelo Supremo Tribunal Federal que a ofensa ao presidente da República não constituía crime contrário à segurança nacional.

No mês de maio o secretário de Finanças, Erasmo Garanhão, foi culpado de aceitar sem explicações um crescimento da taxa de comissão de um empréstimo em dólares que o Estado contraiu. O secretário de Planejamento, Belmiro Valverde Castor, fez a denúncia para o governador — pelo qual foi criada uma comissão especial de investigação — e, depois para a Assembleia Legislativa. Foi concluído pela comissão especial que Garanhão foi acusado de “negligências, imperícias e omissões” ao fazer o empréstimo. A situação foi resolvida por Richa, que demitiu os dois secretários.

Terríveis prejuízos à agricultura do Paraná, particularmente à cafeicultura, foram causados pelas fortes geadas e pela seca. A situação dos “boias-frias” (mais de 450 mil no Paraná) preocupou o governo do estado. O secretário do Conselho de Segurança Nacional e ministro de Assuntos Fundiários, general Danilo Venturini, foi alertado pelo governador para o desemprego que se criou no oeste com milhares de terrenos alagados pelo lago formado da usina hidrelétrica de Itaipu. Em outubro, primeiramente, o lago no lugar em que se encontrava o salto de Sete Quedas foi atravessado por um trem. Este era formado de empurrador e chatas, levando mil cabeças de gado no porto de Jupiá, em São Paulo em direção à Santa Helena, no Paraná.

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro venceu em Curitiba e em quaisquer dos doze municípios interioranos em que foram realizadas eleições no dia 15 de novembro. Na capital, a votação foi muito disputada: o candidato do governador José Richa (licenciado do posto para participar da campanha), o advogado Roberto Requião derrotou arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner, do Partido Democrático Trabalhista, próximo de 20 mil votos. Lerner se iniciou como predileto e precisava auxiliá-lo o governador do Rio de Janeiro e chefe do partido, Leonel Brizola.

Governo João Elísio Ferraz de Campos (1986-1987)[editar | editar código-fonte]

Governo Álvaro Dias (1987-1991)[editar | editar código-fonte]

Década de 1990[editar | editar código-fonte]

Governo Roberto Requião (1991-1994)[editar | editar código-fonte]

Governo Mário Pereira (1994-1995)[editar | editar código-fonte]

Governo Jaime Lerner (1995-1999)[editar | editar código-fonte]

Década de 2000[editar | editar código-fonte]

Governo Jaime Lerner (1999-2003)[editar | editar código-fonte]

Governo Roberto Requião (2003-2006)[editar | editar código-fonte]

Governo Hermas Eurides Brandão (2006-2007)[editar | editar código-fonte]

Governo Roberto Requião (2007-2010)[editar | editar código-fonte]

Governo Orlando Pessuti (2010-2011)[editar | editar código-fonte]

Década de 2010[editar | editar código-fonte]

Governo Beto Richa (2011-2015)[editar | editar código-fonte]

Governo Beto Richa (2015-2018)[editar | editar código-fonte]

Governo Cida Borghetti (2018-2019)[editar | editar código-fonte]

Década de 2020[editar | editar código-fonte]

Governo Ratinho Júnior (2019-2022)[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

  1. a b c d e f g Garschagen 1998, p. 140.
  2. «1972: Tecnologia própria para processar o xisto brasileiro». Agência Petrobrás. Consultado em 16 de fevereiro de 2016 
  3. «Refinaria Presidente Getúlio Vargas». PontosBr.com. Consultado em 16 de março de 2011 
  4. «Anos 70». Grupo Volvo. Consultado em 7 de fevereiro de 2011 
  5. Prefeitura de Curitiba (16 de dezembro de 2010). «Conselho da Cidade debate Plano Cicloviário». Consultado em 7 de fevereiro de 2011 
  6. «HISTÓRIA DO TRANSPORTE COLETIVO DE CURITIBA». URBS. Consultado em 7 de fevereiro de 2011 
  7. Gattermann, Beatriz. «Itaipu, a pedra que canta o desespero e o desencanto dos agricultores atingidos pela barragem» (PDF). Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Consultado em 7 de fevereiro de 2011 
  8. Santos, Ana Paula dos (2006). Lago de memórias: A submersão das Sete Quedas (PDF) (Dissertação de Mestrado). Maringá: Universidade Estadual de Maringá 
  9. Ferreira 1996, p. 707.
  10. Ferreira 1996, p. 476.
  11. Ferreira 1996, p. 695.
  12. Ferreira 1996, p. 196.
  13. Ferreira 1996, p. 408.
  14. a b c d e f g h i Amaral & Garschagen 1981, pp. 89-90
  15. a b c d Amaral & Garschagen 1982, p. 61

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Livros do ano[editar | editar código-fonte]

  • Garschagen, Donaldson M. (1981). Livro do ano Barsa 1981: eventos de 1980. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1982). Livro do ano Barsa 1982: eventos de 1981. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1983). Livro do ano Barsa 1983: eventos de 1982. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1984). Livro do ano Barsa 1984: eventos de 1983. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1985). Livro do ano Barsa 1985: eventos de 1984. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1986). Livro do ano Barsa 1986: eventos de 1985. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1987). Livro do ano Barsa 1987: eventos de 1986. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1988). Livro do ano Barsa 1988: eventos de 1987. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1989). Livro do ano Barsa 1989: eventos de 1988. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1990). Livro do ano Barsa 1990: eventos de 1989. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1991). Livro do ano Barsa 1991: eventos de 1990. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1992). Livro do ano Barsa 1992: eventos de 1991. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1993). Livro do ano Barsa 1993: eventos de 1992. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1994). Livro do ano Barsa 1994: eventos de 1993. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1995). Livro do ano Barsa 1995: eventos de 1994. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1996). Livro do ano Barsa 1996: eventos de 1995. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1997). Livro do ano Barsa 1997: eventos de 1996. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1998). Livro do ano Barsa 1998: eventos de 1997. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (1999). Livro do ano Barsa 1999: eventos de 1998. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (2000). Livro do ano Barsa 2000: eventos de 1999. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil 
  • Garschagen, Donaldson M. (2001). Livro do ano Barsa 2001: eventos de 2000. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Garschagen, Donaldson M. (2002). Livro do ano Barsa 2002: eventos de 2001. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Garschagen, Donaldson M. (2003). Livro do ano Barsa 2003: eventos de 2002. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Garschagen, Donaldson M. (2004). Livro do ano Barsa 2004: eventos de 2003. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Garschagen, Donaldson M. (2005). Livro do ano Barsa 2005: eventos de 2004. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Garschagen, Donaldson M. (2006). Livro do ano Barsa 2006: eventos de 2005. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2007). Livro do ano Barsa 2007: eventos de 2006. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2008). Livro do ano Barsa 2008: eventos de 2007. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2009). Livro do ano Barsa 2009: eventos de 2008. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2010). Livro do ano Barsa 2010: eventos de 2009. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2011). Livro do ano Barsa 2011: eventos de 2010. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 
  • Verano, Paulo Nascimento (2012). Livro do ano Barsa 2012: eventos de 2011. São Paulo: Barsa Planeta Internacional 

Edições recentes do Almanaque Abril[editar | editar código-fonte]

  • Civita, Roberto (2007). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2008). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2009). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2010). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2011). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2012). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita, Roberto (2013). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita Neto, Victor (2014). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 
  • Civita Neto, Victor (2015). Almanaque Abril. São Paulo: Abril 

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