Veterocalendaristas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os veterocalendaristas ou "Velhos Calendaristas" (do grego παλαιοημερολογίτης, "palaioimerologitai"), também conhecidos como Cristãos Ortodoxos Genuínos ou Cristãos Ortodoxos Verdadeiros são comunidades ortodoxas tradicionalistas que, apesar de manterem os dogmas da Igreja Ortodoxa, não estão em comunhão com esta, que alegam ter se perdido no modernismo e ecumenismo. Uma das características mais marcantes destas igrejas é a rejeição dogmática do Calendário Juliano Revisado (isto é, o calendário gregoriano com o paschalion do calendário juliano), cortando comunhão com as Igrejas que o utilizam, como a Igreja Ortodoxa Grega.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Até 1924, a Igreja Ortodoxa usava universalmente o Calendário Juliano, enquanto a Igreja Católica Romana, sob o Papa Gregório XIII, conduziu uma reforma do calendário e adotou o calendário Gregoriano medieval em 1582. A diferença entre os dois calendários é de 13 dias entre 1900 e 2100.[3]

Congresso de 1923[editar | editar código-fonte]

Em maio de 1923, o Congresso Pan-Ortodoxo de Constantinopla, convocado pelo Patriarca Melécio IV de Constantinopla, adotou o calendário Juliano Revisado. Este novo calendário era diferente do Calendário Juliano e não divergia do Calendário Gregoriano por mais 800 anos. O Calendário Juliano Revisado substituiu a data tabular da Páscoa do Calendário Juliano por uma data astronômica da Páscoa. Nem todas as Igrejas Ortodoxas foram representadas no Congresso ou adotaram suas decisões, e a Igreja Ortodoxa Russa e algumas outras Igrejas Ortodoxas continuaram a usar o Calendário Juliano liturgicamente até hoje.

Origens[editar | editar código-fonte]

Em 1924, a Igreja da Grécia adotou o calendário juliano revisado, também chamado de "Novo calendário". No início, a resistência ao Novo Calendário foi silenciada. Os Velhos Calendaristas na Grécia eram inicialmente um pequeno número de leigos, padres e monges, cujo número cresceu com o passar dos anos.[4][5]

Antes de serem unidos pelos Bispos, o movimento do Velho Calendário na Grécia era composto apenas de padres e leigos, dos quais "várias centenas de monges de Athos".[4]

Em 1935, três Bispos da Igreja da Grécia aderiram ao movimento e consagraram quatro novos bispos para o movimento.[4][5] Desses três Bispos, o Metropolita Crisostomo (Kavourides) de Florina tornou-se o líder do movimento grego do Antigo Calendário. Dos três Bispos que aderiram, Crisóstomo de Zacinto logo deixou o movimento após a consagração e voltou para a Igreja da Grécia. Dos quatro Bispos consagrados, dois se filiaram à Igreja da Grécia. Isso deixou o Movimento grego do Antigo Calendário com quatro Bispos: Crisóstomo de Florina, Germano de Demetria, Germano das Cíclades e Mateus (Karpoudakis) de Brestena. Os quatro Bispos restantes criaram um Santo Sínodo do Velho Calendário.[6]

Embora os antigos calendaristas gregos tivessem "originalmente talvez um milhão de homens", eles foram severamente perseguidos pelo Estado da Grécia; O Metropolita Crisóstomo foi preso em Lesbos em 1951 como parte dessas perseguições.[6]

Divisões[editar | editar código-fonte]

Na Grécia em 1937, os Antigos Calendaristas gregos "se dividiram". A razão para sua divisão foi uma discordância sobre se os sacramentos realizados por membros de Igrejas que adotaram o calendário reformado eram válidos ou não.[4]  Depois que Crisóstomo, Chefe do Santo Sínodo, se recusou a declarar os sacramentos dos Novos Calendaristas como sem graça, o Bispo Mateus liderou o grupo que se separou do Santo Sínodo.[6]

Depois disso, Mateus ordenou vários Bispos e formou um Santo Sínodo separado, do qual ele era o Chefe como Arcebispo de Atenas. Mateus morreu em 1950.[6]

O grupo liderado por Crisóstomo ficou sem Bispo após seu falecimento em 1955, até 1960, quando dois Bispos da Igreja Ortodoxa Russa Fora da Rússia (ROCOR) consagraram o Arcebispo Akakios. Akakios consagrou outros Bispos com a participação de outro Bispo da ROCOR. Akakios foi sucedido por Auxentios. Sob Auxentios, "complicados padrões de divisão e realinhamento ocorreram tanto dentro de sua própria jurisdição quanto entre os seguidores do Arcebispo Mateus". Devido a isso, em 1999 havia pelo menos cinco Igrejas gregas do Antigo Calendário diferentes, cada uma chefiada por um Arcebispo diferente de Atenas. Além disso, havia também um Igreja Grega do Antigo Calendário 'Ciprianita', cujo adjetivo deriva de seu líder, o Bispo Cipriano de Oropos e Fili.[6]

Em 1971, a ROCOR tentou unir as facções dos Antigos Calendaristas gregos, mas falhou. Em 1999, os grupos mais importantes de Antigos Calendaristas gregos eram os crisostomitas, os mateuítas e os ciprianitas.[4]

Jurisdições que usam o Antigo Calendário[editar | editar código-fonte]

Os grupos de antigos calendaristas incluem:

  • Veterocalendaristas gregos, compostos por inúmeras Igrejas, das quais:
    • Igrejas Florinitas (este grupo leva o nome do Bispo Crisóstomo de Florina (1870-1955)):
    • Santa Igreja Ortodoxa na América do Norte ou Sínodo de Boston (desde 1985, formada por Padres da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior);
    • Igrejas Mateístas (este grupo leva o nome do Bispo Mateus de Brestena(1861-1950)):
      • Igreja dos Cristãos Ortodoxos Genuínos da Grécia - Sínodo de Mateus ou Verdadeira Igreja Ortodoxa da Grécia (desde 1937);
      • Igreja dos Cristãos Ortodoxos Genuínos da Grécia - Sínodo de Kirykos (separada do Sínodo de Mateus desde 2005);
      • Igreja dos Cristãos Ortodoxos Genuínos da Grécia - Sínodo Gregoriano;
    • Igreja Ortodoxa da Grécia - Sínodo em Resistência ou Sínodo de Cipriano (uniu-se ao Sínodo de Kallinikos em 2014);
  • Igreja Ortodoxa Búlgara do Antigo Calendário (desde 1990);
  • Igreja Ortodoxa Romena do Antigo Calendário (desde 1924);
  • Verdadeira Igreja ortodoxa da Romênia (desde 1964);
  • Verdadeira Igreja Ortodoxa Sérvia (desde 1996).

Jurisdições Canônicas que usam o Antigo Calendário[editar | editar código-fonte]

No Brasil[editar | editar código-fonte]

As Igrejas ortodoxas veterocalendaristas presentes no Brasil são:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «The Calendar Question». www.hotca.org. Consultado em 31 de outubro de 2020 
  2. «A Igreja Ortodoxa». ecclesia.org.br. Consultado em 31 de outubro de 2020 
  3. Anderson, L. V. (7 de janeiro de 2013). «Why Do Russian Orthodox Christians Celebrate Christmas in January?». Slate Magazine (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2022 
  4. a b c d e Parry, Ken; Melling, David J.; Brady, Dimitri; Griffith, Sidney H.; Healey, John F., eds. (1 de setembro de 2017). «The Blackwell Dictionary of Eastern Christianity». doi:10.1002/9781405166584. Consultado em 6 de janeiro de 2022 
  5. a b Clogg, Richard (2002). Minorities in Greece: Aspects of a Plural Society (em inglês). [S.l.]: Hurst 
  6. a b c d e Parry, Ken; Melling, David J.; Brady, Dimitri; Griffith, Sidney H.; Healey, John F., eds. (1 de setembro de 2017). «The Blackwell Dictionary of Eastern Christianity». doi:10.1002/9781405166584. Consultado em 6 de janeiro de 2022 
  7. «* EPARQUIA DA IGREJA ORTODOXA DA DIASPORA E GRECIA * DOS GENUINOS ORTODOXOS CRISTAOS - GOCs BRASIL». eparquiadoceara.tripod.com. Consultado em 31 de outubro de 2020 
  8. «Igreja Ortodoxa Russa no Exterior - Autoridade Eclesial Suprema Provisória». sinod.ruschurchabroad.org. Consultado em 31 de outubro de 2020 
  9. «METRÓPOLIS DE BOSTON - Freguesias» (em inglês). Consultado em 31 de outubro de 2020