Viúva Rica Solteira Não Fica

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Viúva Rica, Solteira Não Fica
A Wealthy Widow, Won't Stay Single For Long
Portugal Portugal  Brasil
2006 •  cor •  135 min 
Género comédia de época
Direção José Fonseca e Costa
Produção Paulo Branco
Produção executiva Cristina Soares
Roteiro José Fonseca e Costa
Elenco Bianca Byington
Cucha Carvalheiro
José Raposo
Ricardo Pereira
Rogério Samora
Diogo Dória
Música Thomas Bloch
Cinematografia Acácio de Almeida
Direção de arte Isabel Branco
Edição Bob Williams
Nelson Cravo
Distribuição Atalanta Filmes
Lançamento 16 de novembro de 2006
Idioma português, inglês

Viúva Rica Solteira Não Fica é um filme luso-brasileiro, do género comédia de época, realizado por José Fonseca e Costa e escrito por Fonseca e Costa com João Constâncio, José Fanha, Augusto Sobral e Mário de Carvalho.[1] A longa-metragem é protagonizada por Ana Catarina (interpretada por Bianca Byington), uma aristocrata num ciclo de casamento e viuvez, enquanto se sente dividida entre a manutenção do património e a busca do amor.[2]

O filme foi estreado comercialmente em Portugal no dia 16 de novembro de 2006.[3] Foi o quarto filme português mais visto nas salas de cinema do país em 2006, obtendo um total de 12.353 espetadores.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

A ação decorre durante o final do século XIX em Portugal.[4]

D. Ana Catarina, uma jovem aristocrata, regressa do Brasil com o seu pai, D. António, e a ama Mariana para o casamento com um homem que não conhece e de quem não gosta. No dia do matrimónio, D. Ana Catarina fica viúva e órfã, herdando assim o solar de Silgueiros e mais algumas centenas de terras vitícolas. A esta jovem viúva, agora herdeira de uma grande fortuna, pretendentes não faltam na região: o Conde de Fallorca, o Capitão Malaparte e o britânico Williamson. No entanto, D. Ana Catarina está apaixonada por Adriano, um formoso camponês, cujo amor é-lhe desencorajado pela ama.[5]

Orquestrando a vida da aristocrata, Mariana aconselha-a a casar-se com alguém da sua condição social. Assim, D. Ana Catarina encontra-se disputada por vários aristocratas. Casa, mas depressa enviuva vezes sem conta. Com a ajuda da sua ama, desfaz-se dos seus maridos quando eles não demonstram corresponder às suas necessidades de atenção e respeito. Mariana esmaga copos de cristal num almofariz e adiciona-os a terrinas de sopa antes de serem servidas. Entretanto, Adriano aceita ser o amante secreto da aristocrata, até se aperceber que o casamento nunca será uma possibilidade. O camponês desaparece misteriosamente, deixando D. Ana Catarina num estado de prostração que a leva a aceitar partir para um quarto matrimónio.[6]

Anos mais tarde, ao regressar ao solar, D. Ana Catarina recebe a notícia de que o seu amado Adriano havia regressado riquíssimo e feito barão por el-Rei.[7]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Equipa técnica[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Esta comédia é uma coprodução de Portugal e Brasil entre as companhias Clap Filmes e Plateau Produções.[11] Contou com a participação financeira do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia, RTP, Programa Ibermedia e da Agência Nacional do Cinema.[12] O processo de produção de Viúva Rica Solteira Não Fica foi longo, tendo a primeira candidatura a financiamento surgido em 1998. O filme passou pela alçada de vários produtores, até que Paulo Branco integrou o projeto.[13] A rodagem decorreu durante o último trimestre de 2005.

Temas e estética[editar | editar código-fonte]

A longa-metragem propõe uma reconstrução satírica e tipificada da sociedade do final do século XIX em Portugal, demonstrando um sentido particularmente crítico de aspetos da moral conservadora e da hipocrisia do estilo de vida da alta-burguesia portuguesa. Neste ponto de vista, o argumento assume influências das novelas de Camilo Castelo Branco, cruzando-as com uma visão mais contemporânea de um romance policial. O prólogo do filme, pelo modo como apresenta as primeiras mortes, instaura desde logo o sentido de humor negro e de comédia de costumes desta obra.[14]

Vários aspetos Viúva Rica Solteira Não Fica são considerados característicos da obra de José Fonseca e Costa, como o ritmo romanesco do argumento, o seu cuidado na direção de atores, capacidade de gestão dos limites de meios de produção. O cinéfilo José Manuel Costa denota que esta é a obra onde o realizador traça um retrato "mais cruel sobre a inutilidade dos homens e o fascínio pelas personagens femininas (...) poderosas, tanto sublimes e misteriosas, mais capazes e dignas do que qualquer outra personagem masculina do seu cinema".[15]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Viúva Rica Solteira Não Fica antestreou em Portugal a 30 de outubro de 2006, no Cine-teatro Monumental (Lisboa), uma sessão que contou com a presença da Presidência da República.[16] No território português, o filme foi distribuído pela Leopardo Filmes, a partir de 16 de novembro do mesmo ano.[17]

A Atalanta Filmes editou Viúva Rica Solteira Não Fica em DVD. A partir do dia 25 de setembro de 2020, a plataforma de streaming Filmin prestou homenagem a José Fonseca e Costa, ao adicionar seis dos seus filmes ao seu catálogo, entre os quais, Viúva Rica Solteira Não Fica.[18]

Festivais[editar | editar código-fonte]

Após a sua estreia em Portugal, o filme integrou os seguintes Festivais internacionais de cinema:

Receção[editar | editar código-fonte]

Audiência[editar | editar código-fonte]

Viúva Rica Solteira Não Fica foi a quarta película nacional mais vista nas salas de cinema no ano da sua estreia, obtendo um total de 12.353 espetadores.[11]

Crítica[editar | editar código-fonte]

A qualidade da interpretação de Cucha Carvalheiro foi sinalizada pelos críticos.

De maneira geral, o filme contou com uma receção negativa por parte dos críticos de cinema. Mário Jorge Torres (Ípsilon) atribuiu 2 estrelas (de 5) à longa-metragem, valorizando a interpretação de Cucha Carvalheiro ("porventura o seu melhor desempenho em cinema"), mas apontando para problemas estruturais no guião: "acaba por entrar num repetitivo tom de círculo vicioso, sem novidades, nem grande tensão dramática. Habituamo-nos à rábula, começamos a sentir o peso do tempo e a narrativa escorrega para uma espécie de seriado televisivo, agradável, mas rotineiro."[14] José Geraldo Couto, colunista na Folha de S. Paulo descreve uma sensação de déjà-vu ao ver o filme, considerando-o mesmo um passo atrás na filmografia de José Fonseca e Costa, uma vez que "a intenção satírica raramente vai além do estereótipo e da caricatura, como a do padre glutão e mulherengo, que cochila com a taça de vinho na mão enquanto uma cantora lírica solta seus trinados numa festa".[20] Jorge Leitão Ramos escreve no Expresso que apesar de se notar a perícia técnica de José Fonseca e Costa, o filme carece de ritmo, "nomeadamente por parte da protagonista – a brasileira Bianca Byington – na revelação de uma chama interior que admitimos mais do que apercebemos. Ela é uma mulher de terramotos, só vemos alguns estremecimentos..."[13] Yvette Vieira (Revista Yvi) concorda que apesar de estar longe de se considerar uma obra-prima do cinema de Fonseca e Costa, Viúva Rica Solteira Não Fica "é um filme acima de tudo que entretem com grande estilo."[21]

Viúva Rica Solteira Não Fica foi um dos títulos nomeados para a categoria de melhor filme dos Globos de Ouro (Portugal).[22]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Lda, ETNAGA-Consultores Sistemas de Informação. «Bilhetes José Fonseca e Costa | Viúva Rica Solteira não Fica - Cinemateca». BOL. Consultado em 9 de março de 2021 
  2. Viúva Rica Solteira Não Fica, consultado em 9 de março de 2021 
  3. «Filme "Viúva Rica Solteira não Fica"». Consultado em 9 de março de 2021 
  4. Público. «Viúva Rica Solteira Não Fica». Cinecartaz. Consultado em 9 de março de 2021 
  5. Portugal, Rádio e Televisão de. «Viúva Rica, Solteira Não Fica - Filmes - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 9 de março de 2021 
  6. a b Viúva rica solteira não fica | Soy Loco por ti Cinema | TV Brasil | Cultura, 6 de janeiro de 2014, consultado em 9 de março de 2021 
  7. «Viúva rica solteira não fica, de José Fonseca e Costa». Consultado em 9 de março de 2021 
  8. a b «Viúva Rica Solteira Não Fica – Elenco e Equipe no MUBI». mubi.com. Consultado em 9 de março de 2021 
  9. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Viúva Rica Solteira Não Fica». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 9 de março de 2021 
  10. «Viuva Rica». plateau. Consultado em 9 de março de 2021 
  11. a b Neto, Ricardo. «RTP2 exibe "Viúva Rica, Solteira Não Fica" este sábado». Fantastic - Mais do que Televisão. Consultado em 9 de março de 2021 
  12. barlavento (15 de novembro de 2006). «Último filme de Fonseca e Costa estreia quinta-feira também no Algarve». Barlavento. Consultado em 9 de março de 2021 
  13. a b Leitão Ramos, Jorge (18 de novembro de 2006). «Eles não valem o pão que comem». Expresso. Expresso / Actual 
  14. a b Torres, Mário Jorge. «Tantos casamentos, tantos funerais!». PÚBLICO. Consultado em 9 de março de 2021 
  15. «José Fonseca e Costa e Viúva Rica Solteira Não Fica | Ibermedia Digital» (em espanhol). Consultado em 9 de março de 2021 
  16. «O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, assiste, no Cine-Teatro Monumental em Lisboa, à ante-estreia do filme "Viúva rica solteira não fica", do realizador José Fonseca e Costa, no Cine-Teatro Monumental, a 30 de outubro de 2006». www.arquivo.presidencia.pt. Consultado em 10 de março de 2021 
  17. «Tragédia fidalga». www.cmjornal.pt. Consultado em 10 de março de 2021 
  18. «Filmin dedica Ciclo a José Fonseca e Costa». Cinema Sétima Arte. 24 de setembro de 2020. Consultado em 9 de março de 2021 
  19. cinematográfica, Leopardo Filmes-Produção e distribuição. «Viúva Rica Solteira Não Fica». Leopardo Filmes - Produção e distribuição cinematográfica. Consultado em 9 de março de 2021 
  20. «Folha de S.Paulo - Cinema - Crítica/"Viúva Rica Solteira Não Fica": Co-produção luso-brasileira mais parece reprise de minissérie de época - 13/04/2007». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de março de 2021 
  21. «Viúva rica solteira não fica - Revista YVI». www.revistayvi.com. Consultado em 9 de março de 2021 
  22. «Globos de Ouro são cada vez mais os prémios da SIC e para a SIC». PÚBLICO. Consultado em 10 de março de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]