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Vidro crown

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Vidro crown é um tipo de vidro óptico usado em lentes e outros componentes ópticos. Tem índice refrativo relativamente baixo (≈1,52) e baixa dispersão (com número Abbe em torno de 60).[1] O vidro crown é produzido a partir de silicatos álcali-cal (“soda-cal” ou RCH) contendo aproximadamente 10% de óxido de potássio e é um dos primeiros vidros de baixa dispersão, tendo sido desenvolvidos no século XIX, em diversos processos em paralelo, mas especialmente por Ernst Abbe e Otto Schott da empresa alemã Jena, a partir de 1876.[2][3]

Assim como o material específico chamado vidro crown, existem outros vidros ópticos com propriedades semelhantes que também são chamados vidros Crown. Geralmente, este é qualquer vidro com números de Abbe na gama de 50 a 85. Por exemplo, o vidro borossilicato Schott BK7[nota 1] é um vidro crown extremamente comum, utilizado em lentes de precisão. Os borossilicatos contêm cerca de 10% de óxido bórico, tem boas características ópticas e mecânicas e são resistentes a danos químicos e ambientais. Outros aditivos utilizados em vidros crown incluem óxido de zinco, pentóxido de fósforo, óxido de bário, fluorita e óxido de lantânio.

Fórmulas simplificadas do vidro crown citadas na literatura são, por exemplo:[4]

    • I
110 libras (aprox. 48,9 kg) de areia branca
45 e ½ libras (aprox. 20,64 kg) de soda purificada (carbonato de sódio)
24 ¾ libras (aprox. 11,23 kg) de calcário (carbonato de cálcio)
1 e ¾ libras (aprox. 0,79 kg) de ácido arsenioso
    • II
110 libras (aprox. 48,9 kg) de areia branca
33 (aprox. 15 kg) de potassa (carbonato de potássio)
18 e ½ libras (aprox. 8,4 kg) de soda
13 e 3/4 libras (aprox. 6,24 kg) de giz (carbonato de cálcio)
13 e 1/4 onças (aprox. 0,39 kg) de ácido arsenioso
110 libras (aprox. 48,9 kg) de areia branca
44 libras (aprox. 20 kg) de potassa
5 e 1/2 libras (aprox. 2,9 kg) de mínio (óxido natural de chumbo)
5 e 1/2 libras (aprox. 2,9 kg) de bórax
4 e ½ onças (aprox. 127,6 g) de pirolusita

Par acromático

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Uma lente côncava de vidro flint é comumente combinada com uma lente convexa de vidro crown para produzir um ”par acromático” (ou “dupla acromática”). As dispersões dos vidros se compensam parcialmente entre si, produzindo uma aberração cromática reduzida em comparação com uma lente simples com a mesma distância focal.[3][5]

Observação quanto à nomenclatura

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No início dos anos 1800, o “vidro de janela” foi chamado “vidro crown” (em inglês, crown glass, pois o que seria hoje um vidro plano, o atual vidro para uso em abertura e edificações e outros fins, era feito soprando-se uma bolha e girando-a até ficar plana, resultando num disco de tamanho tal que tivesse a espessura adequada ao seu uso final. Isso resultava numa placa de vidro com um inchaço, ou “coroa” (crown), no centro.[6][7]

Notas

  1. A distinção vidro crown/soda-cal é tão importante para a tecnologia de vidros ópticos que muitos nomes de vidros, notavelmente vidros Schott o incorporam em sua denominação e classificação dentro das empresas. Um K em um nome da Schott indica um vidro crown (coroa, em inglês, Krone em alemão — sendo Schott uma empresa alemã). O B em BK7 indica que esta é uma composição de vidro de borosilicato.
  • John Dollond, que inventou e patenteou o par acromático vridro crown/vidro flint.

Referências

  1. Bernard Balland; Optique géométrique: imagerie et instruments; PPUR presses polytechniques, 2007. pg 358
  2. Troy E. Fannin, Theodore Grosvenor; Clinical Optics; Butterworth-Heinemann, 2013. - pg 9
  3. a b Rudolf Kingslake; A History of the Photographic Lens; Academic Press, 1989. - pg 69-80
  4. W.T. Brannt; The Techno-chemical receipt book; Рипол Классик, 1923. - pg 143
  5. C L Arora; Refresher Course in B.Sc.Physics ( Vol . II), Volume 2; S. Chand Publishing, 1971. pg 61
  6. The Handy Science Answer Book; Visible Ink Press, 2011. pg 247
  7. «The Glassblowing Process». Sugar Hollow Glass. Consultado em 15 de junho de 2009