Vilfredo Pareto
Vilfredo Pareto | |
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Nascimento | 15 de julho de 1848 Paris, França |
Morte | 19 de agosto de 1923 (75 anos) Céligny, Suíça |
Nacionalidade | Italiano |
Ocupação | Engenheiro civil, acadêmico e político |
Magnum opus | Tratado de Sociologia Geral |
Escola/tradição | Escola de Lausanne |
Principais interesses | Economia, Política, Sociologia, Matemática, Economia Política |
Ideias notáveis | Teoria das Elites, microeconomia, Ótimo de Pareto, curva de indiferença, Lei de Pareto |
Vilfredo Pareto (Paris, 15 de julho de 1848 – Céligny, 19 de agosto de 1923) foi um cientista político, sociólogo e economista italiano.[1][2][3][4]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Wilfried Fritz Pareto nasceu na França, de pais italianos da Ligúria; sua família detinha o título de nobreza desde o início do século XVIII. Seu avô, Giovanni Benedetto Pareto, foi nomeado barão do império por Napoleão Bonaparte em 1811. Seu pai recebeu asilo em Paris devido às suas ideias republicanas e antipiemontesas. Lá se casou com Marie Méténier.
Em 1867 a família de Pareto voltou à Itália, onde este concluiu os estudos secundários clássicos e estudos científicos na Universidade Politécnica de Turim.
Durante o período de 1874 a 1892 viveu em Florença, tendo sido engenheiro ferroviário e diretor-geral das estradas de ferro italianas. Nesta época também participou da Sociedade Adam Smith em Florença e junto a esta em manifestações contra o socialismo de estado, o protecionismo e o militarismo do governo italiano. Era adepto, na época, da democracia e do liberalismo. Em 1882 foi candidato ao cargo de deputado, sem sucesso.
Em 1889 casou com Alessandra Bakunin.
Entre 1892 e 1894 publicou estudos sobre os princípios fundamentais da economia pura, entre outros pontos da teoria econômica. Em 1892, após contato com L. Walras, este o indicou para tomar seu lugar na cadeira de economia política da Universidade de Lausanne. Em 1893 assumiria o cargo.
Em 1897 executou um estudo sobre a distribuição de renda. Através deste estudo, percebeu-se que a distribuição de riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentração de riqueza (80%) nas mãos de uma pequena parcela da população (20%).
Depois de separar-se de Alessandra Bakunin em 1901, passou a viver com Jeanne Régis em 1902.
A partir de 1907, por motivos de doença, passou a reduzir, pouco a pouco, seu trabalho como professor.
Manteve relações amistosas com Benito Mussolini, a quem conheceu quando este era um agitador socialista refugiado na Suíça e frequentou as aulas do economista. Pareto considerava Mussolini "um grande estadista" e em outubro de 1922, em telegrama enviado da Suíça, no qual escreveu "agora ou nunca", encorajou-o a lançar a Marcha sobre Roma e tomar o poder. A importância dele para o fascismo era equivalente a do Karl Marx para o socialismo científico.[5] Em 1923 Vilfredo Pareto foi nomeado senador do Reino de Itália. Publicou então dois artigos, nos quais se aproximou do fascismo, recomendando aos adeptos desta ideologia uma atitude liberal.
Teorias
[editar | editar código-fonte]Economia
[editar | editar código-fonte]Pareto introduziu o conceito de ótimo de Pareto e ajudou o desenvolvimento da microeconomia com a ideia de curva de indiferença.
A partir de então, tal princípio de análise, conhecido com Lei de Pareto, tem sido estendido a outras áreas e atividades, tais como a industrial e a comercial, sendo mais amplamente aplicado a partir da segunda metade do século XX.
Sociologia
[editar | editar código-fonte]Na sociologia, Pareto contribuiu para a elevação desta disciplina ao estatuto de ciência. Sua recusa em atribuir um caráter utilitário à ciência, mas antes apontar para sua busca pela verdade independentemente de sua utilidade, o faz distinguir como objeto da sociologia as ações não lógicas, diferentemente do objeto da economia como sendo as ações lógicas.
A utilidade é o objeto das ações, enquanto que o da ciência é a verdade ao que Pareto se propõe a estudar de forma lógica ações não lógicas, que, segundo ele, são as mais comuns entre os seres humanos. O homem para Vilfredo Pareto não é um ser racional, mas um ser que raciocina tão somente. Frequentemente este homem tenta atribuir justificativas pretensamente lógicas para suas ações ilógicas deixando-se levar pelos sentimentos.
A relação entre ciência e ação para Pareto se dá diretamente com as ações lógicas, uma vez que estas, ao se definirem pela coincidência entre a relação objetiva e subjetiva entre meios e fins (tal relação é verdadeira tanto objetivamente, constatada pelos fatos, quanto subjetivamente, presente na consciência humana, que conhece os fatos), está pautada pelo conhecimento das regularidades entre uma causa X e um efeito Y. No entanto, a ciência é limitada, ela conhece parte dos fatos e está em constante desenvolvimento, por isso, as ações baseadas nos conhecimentos produzidos por ela serem raras sendo mais frequentes as ações não lógicas, que não conhecem a verdade dos fatos, mas que são baseadas nas intuições e emoções dos indivíduos e grupos.
Há, mesmo assim, probabilidades de sucesso nestas ações: aqueles que agem motivados por um ideal podem produzir efeitos objetivos na realidade, ainda que no curso de sua ação tenham que modificá-la para adaptá-la às circunstâncias até então desconhecidas.
É preciso, no entanto, ressaltar que a ciência não pode resolver os problemas impostos pela ação. Aquela não pode indicar quais os melhores fins para esta, pode somente indicar os meios mais eficazes para atingi-los uma vez escolhidos. A ciência, portanto, não se propõe a efetuar juízos de valor a respeito das ações individuais ou da organização social, não poderá solucionar seus problemas. Poderá sim criticá-los enquanto não lógicos, ou seja, pautados numa relação falsa, não objetiva, entre meios e fins. Karl Popper o considerou o "teórico do fascismo".[6]
Obras
[editar | editar código-fonte]- Cours d'économie politique (1897)
- Le Marché financier italien
- Écrits sur la courbe de répartition de la richesse
- Les systèmes socialistes (1902)
- Mythes et idéologies de la politique
- Manuale di politica economica (1909)
- Marxisme et économie politique
- Trattato di sociologia (1916)
- Fatti e teorie, Florence, Vallechi (1920)
- Transformazioni della democrazia Milão, Corbaccio (1921)
- Le mythe vertuiste et la littérature immorale, Paris, Rivière (1911)
Bibliografia sobre o autor
[editar | editar código-fonte]- Aron, R. "La sociologie de Pareto", Zeitschrift für Sozialforschung, 1937.
- Borkenau, F. "Pareto", Londres, Chapman & Hall, 1936.
- Sen, A. K. "The Impossibility of a Paretian Liberal,", Journal of Political Economy, n. 78, 1970, pp 152-157.
- Vilfredo Pareto: A Concise Overview of His Life, Works, and Philosophy, by Fr. James Thornton
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Vilfredo Pareto». BioMania. Consultado em 12 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2016
- ↑ «Vilfredo Pareto (Sociólogo francês)». eBiografia. 13 de outubro de 2015. Consultado em 12 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2016
- ↑ Michael McLure (1999). «Vilfredo Pareto: Critical Assessments of Leading Economists, Volume 1» (em inglês). Taylor & Francis Group / Google Livros. Consultado em 12 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2016
- ↑ «Pareto, Vilfredo (1848-1923)». EconomiaNet. Consultado em 12 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 25 de março de 2004
- ↑ James Alexander. «Vilfredo Pareto: The Karl Marx of Fascism» (em inglês). Consultado em 12 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2003
- ↑ Mandelbrot, Benoit; Richard L Hudson (2004). The (mis)behavior of markets : a fractal view of risk, ruin, and reward. New York: Basic Books. pp. 152–155.