Villefranche-de-Conflent

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Villefranche-de-Conflent
  Comuna francesa França  
Vista da vila desde o Forte Libéria
Vista da vila desde o Forte Libéria
Vista da vila desde o Forte Libéria
Símbolos
Brasão de armas de Villefranche-de-Conflent
Brasão de armas
Gentílico villefranchois(s)
Localização
Villefranche-de-Conflent está localizado em: França
Villefranche-de-Conflent
Localização de Villefranche-de-Conflent na França
Coordenadas 42° 35' 13" N 2° 22' E
País  França
Região Occitânia
Departamento Pirenéus Orientais
Administração
Prefeito Huguette Teulière; 2014-2020
Características geográficas
Área total 4,46 km²
População total (2018) [1] 216 hab.
Densidade 48,4 hab./km²
Altitude 430 m
Código Postal 66500
Código INSEE 66223
Sítio www.villefranchedeconflent.fr

Villefranche-de-Conflent (em catalão: Vilafranca de Conflent[2] é uma comuna francesa do departamento dos Pirenéus Orientais, região da Occitânia. Tem 4,46 km².[3] Em 2010 a comuna tinha 216 habitantes (densidade: 48,4 hab./km²).[1]

A vila situa-se junto ao maciço do Canigou, na comarca histórica de Conflent, na confluência dos rios Têt e Cady, junto à estrada nacional 116, que liga a Cerdanha e Andorra a Prades e Perpinhã. Preserva integralmente a sua estrutura medieval e praticamente todo o espaço urbano está confinado às velhas muralhas. A vila organiza-se espacialmente ao longo das duas ruas principais paralelas orientadas no sentido longitudinal, de leste para oeste: a rua Saint-Jacques (de Santiago) a sul e a rua Saint-Jean (de São João) a norte. A povoação é dominada Forte Libéria, uma obra do século XVII de Vauban que se ergue na encosta a noroeste.

Villefranche-de-Conflent faz parte associação Les Plus Beaux Villages de France ("As mais belas aldeias de França") e as suas fortificações integram o sítio do Património Mundial da UNESCO "Fortificações de Vauban", inscrito em 2008.[4]

Comunas limítrofes de Villefranche-de-Conflent
Conat Ria-Sirach
Serdinya Corneilla-de-Conflent
Fuilla

História[editar | editar código-fonte]

Villefranche foi fundada por um foral outorgado por Guilherme Ramón, conde da Cerdanha, em 9 de abril de 1091[5] (ou 1090[6] ou 1092,[7] conforme as fontes). O conde tinha a sua residência em Corneilla-de-Conflent e queria fazer de Villefranche a sua nova capital. O local foi muito bem escolhido: no fundo do desfiladeiro do Têt, na confluência deste com o Cady, a vila controla os acessos às principais localidades do Conflent.[7] A vila tornou-se a capital efetiva do Conflent (e sede de uma vegueria) o mais tardar em 1126. Assim permaneceria até ao século XVIII.[8]

Em setembro de 1263, o rei de Aragão Jaime I ordenou a construção de três pontes sobre o Têt. Estas foram praticamente quase destruídas por uma terrível cheia em 1421 e só a ponte de Saint-Pierre foi reconstruída.[9] Durante os séculos XIII, XIV e XV, as fortificações foram sucessivamente retauradas e completadas. O conjunto foi reconstruído no século XIV segundo novos desenhos, o que é atestado por um documento de 1411 acerca dessa reconstrução.[6][10]

A vila foi cercada e tomada pelos franceses em 1654. As fortificações foram então desmanteladas para que não pudessem ser usadas pelos espanhóis. A construção de novas fortificações foi empreendida em 1669, seguindo planos de Vauban, o qual visita as obras dez anos mais tarde.[6] Foi nessa altura que foi construído o Forte Libéria, na encosta a noroeste da vila. As obras prosseguiram durante todo o século XVIII; a Porta de França foi concluída em 1783 e a Porta de Espanha em 1791.[11][12]

O caminho de ferro chegou a Villefranche em 1885, ligando a vila a Perpinhã e a Prades por uma linha de bitola internacional. Em 1909 foi construído o primeiro troço da linha de bitola métrica da Cerdanha, atualmente usada pelo célebre " Comboio Amarelo (ou Canari), entre Villefranche e Mont-Louis, que em 1911 chegou a Bourg-Madame e em 1927 a Latour-de-Carol, onde tem correspondência com a linha internacional transpirenaica (a chamada Linha Transpirenaica Oriental).[13]

Património edificado[editar | editar código-fonte]

Igreja de Santiago
Igreja de Santiago

Desde a fundação da vila ou dos seus primeiros anos que houve autorização do bispo de Elne para a construção de uma igreja.[14] A igreja, dedicada a Santiago Maior ({{langx|fr|Saint-Jacques), remonta ao início do século XII,[5] tendo sido renovada no século seguinte. No final do século XVII, aquando da remodelação das fortificações, a área em volta foi completamente modificada.[15] A igreja faz parte do Caminho de Santiago.

Outras igrejas

Na comuna existem duas igrejas românicas: a igreja de Saint-Étienne de Campilles, situada um par de quilómetros em linha reta (11 km por estrada) a noroeste da vila; e a igreja de Saint-André, situada na aldeia de Belloc, a norte de Villefranche. A ermida de Notre-Dame-de-Vie (ou Saint-Pierre de la Roca) situa-se a oeste da vila, já na comuna vizinha de Fuilla.[16]

Paços do concelho

O atual hôtel de ville, situado na esquina da rua Saint-Jean com a praça da igreja, ocupa o antigo edifício-sede da vegueria,[17] datado originalmente do século XII. Dessa mesma época é também a torre sineira que a flanqueia,[18] que é encimada por uma pirâmide de alvenaria construída em 1623.[10]

Antigo hospital
Hôtel de ville, antiga sede da vegueria medieval
Antigo hospital

É um edifício situado na rue Saint-Jean, fundado por Pons de Sarabeu em 1225. Tem ameias na parte superior e uma lata torre quadrangular com figuras de corvos no cimo.[18]

Casas

Quase todas as casas são de mármore rosa (dito de Villefranche, pois é extraído de pedreiras locais) e remontam à Idade Média, embora a maior parte delas tenha sido redesenhadas e apresentem traços de diversas épocas. No rés de chão, quase todos têm um ou dois grandes arcos semicirculares. Algumas fachadas têm janelas geminadas, como a do n.º 75 da rua Saint-Jean (da segunda metade do século XIII), ou com mainéis, como nos número 24 e 26 da mesma rua (de cerca de 1500).[18]

Fortificações

A vila é rodeada por uma cintura de muralhas de forma retangular alongada, que está integralmente preservada, apresentando uma mistura de elementos medievais e de reconstruções e adições dos séculos XVII e XVIII.

Da época medieval subsiste a Torre do Diabo, que se ergue na esquina sudeste da igreja. Segundo uma inscrição em catalão, a sua construção foi iniciada em 1441 e terminada em 1454. Também ainda existe a maior parte do pano sul, flanqueada por duas torres semicirculares do século XIV, anteriores à Torre do Diabo. Esta cortina e as suas torres foram reforçadas no século XVII através da instalação de três bastiões e um novo adarve. Uma das torres faz parte do bastião de Corneilla (no canto sudeste da vila). A outra torre situa-se entre a Torre do Diabo e o bastião da Rainha (canto sudoeste). Há ainda uma terceira torre com a mesma planta, que se ergue no canto noroeste, que faz parte do bastião do Rei.

Da mesma época subsistem igualmente a Porta do Rossilhão e a Porta de França e uma parte da porta que se abre sobre a Ponte de Saint Pierre. No lado esquerdo desta da primeira situa-se a nova porta no século XVIII. No século XVII, as fortificações medievais foram século XVII e reforçadas sob a direção de Vauban. Ness altura foi também construído o Forte Libéria, fora do recinto muralhado mas com comunicação com este através de um túnel. Foram ainda construídos novos bastiões: o do rei no ângulo noroeste, o da Rainha no canto sudoeste, o do Delfim a nordeste, o de Comellà a sudeste e o do Açougue na cortina norte, sobre a Ponte de Saint-Pierre.

No fim do século XVIII foram reconstruídas a Porta de França (em 1783, no lado oriental) e a Porta de Espanha (em 1791, na parte ocidental da vila, no local da antiga torre-porta).[19]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Populations légales 2018. Recensement de la population Régions, départements, arrondissements, cantons et communes». www.insee.fr (em francês). INSEE. 28 de dezembro de 2020. Consultado em 13 de abril de 2021 
  2. «Nomenclàtor toponímic de la Catalunya del Nord» (PDF) (em catalão). Institut d’Estudis Catalans, Universidade de Perpinhã. publicacions.iec.cat. 2007. Consultado em 23 de outubro de 2015 
  3. «Notice communale, Villefranche-de-Conflent» (em francês). Des villages Cassini aux communes d'aujourd'hui. cassini.ehess.fr. Consultado em 23 de outubro de 2015 
  4. Fortificações de Vauban. UNESCO World Heritage Centre - World Heritage List (whc.unesco.org). Em inglês ; em francês ; em espanhol. Páginas visitadas em 22 de outubro de 2015.
  5. a b Géraldine Mallet, Églises romanes oubliées du Roussillon, Les Presses du Languedoc, 2003, p. 208. ISBN 978-2-8599-8244-7
  6. a b c Lucien Bayrou, Entre le Languedoc et le Roussillon, 1258-1659, fortifier une frontière ?, Amis du Vieux Canet, 2004, p. 273
  7. a b Albert Cazes (abbé), Villefranche-de-Conflent, Guide Touristique Conflent, p. 3
  8. Albert Cazes, op. cit. p. 5
  9. Albert Cazes, op. cit. p. 4
  10. a b Albert Cazes, op. cit. p. 6
  11. Lucien Bayrou, op. cit. pp. 273–275
  12. Albert Cazes, op. cit. p. 9
  13. Piere Cazenove, Le Train Jaune de Cerdagne, Loubatières, 1992, pp. 5-7
  14. Albert Cazes, op. cit. p. 19
  15. Albert Cazes, op. cit. p. 8
  16. Géraldine Mallet, op. cit.
  17. Jean Tosti, Villefranche-de-Conflent
  18. a b c Pierre Garrigou Grandchamp (abril de 2002). «Inventaire des édifices domestiques des XIIe, XIIIe et XIVe siècles à Villefranche-de-Conflent» (em francês). Répertoire géographique France ~ Pyrénées Orientales ~ Villefranche-de-Conflent. Société Archéologique du Midi de la France. www.societes-savantes-toulouse.asso.fr. Consultado em 25 de outubro de 2015. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  19. Albert Cazes, op. cit. pp. 6–8
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Imagem: Fortificações de Vauban As fortificações de Villefranche-de-Conflent estão incluídas no sítio "Fortificações de Vauban", Património Mundial da UNESCO.
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