Maria Luzia de Sousa Aranha

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Maria Luzia de Sousa Aranha
Maria Luzia de Sousa Aranha
Nascimento 1797
Ponta Grossa, PR
(na época capitania e depois província de São Paulo)
Morte 6 de agosto de 1879 (81 anos)
Campinas, SP
Nacionalidade brasileira de origem sefardita portuguesa
Ocupação cafeicultora em Campinas, SP

Maria Luzia Nogueira de Sousa Aranha,[1] segunda baronesa e primeira viscondessa de Campinas, (Ponta Grossa, 1797, quando era ainda província de São PauloCampinas, 6 de agosto de 1879).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi grande benemérita da região de Campinas, estado de São Paulo, onde herdou grandes extensões de terra de seu pai e também de seu marido. Pertencente à aristocracia rural do sudeste brasileiro, recebeu reconhecimento pelos sucessivos títulos nobiliárquicos a ela concedidos.

Nascida na Fazenda Taquaral, no "depois estado do Paraná" (na época, província de São Paulo), pertencente a seu pai, o tenente-coronel Joaquim Aranha Barreto de Camargo, que se casou com Eufrosina Matilde da Silva Botelho e se transferiu com sua família para Campinas (tendo Maria Luzia 9 anos de idade), como sesmeiro, fundando, em 1806, a Sesmaria Engenho Mato Dentro, um engenho de cana-de-açúcar, que posteriormente, tornou-se uma grande produtora de café.[2][3]

Matrimônio[editar | editar código-fonte]

Na capela do engenho paterno, Maria Luzia veio a se casar solenemente aos 16 de junho de 1817, com seu primo, o coronel Francisco Egydio de Sousa Aranha,[4] tendo por testemunhas o capitão-mor de Campinas, João Francisco de Andrade, e o major Teodoro Ferraz Leite, senhor de engenho, casado com prima da noiva, Maria Luísa Teixeira.[5]

O coronel Francisco Egydio de Sousa Aranha nasceu em Santos, em 1778, tendo falecido em Limeiras em 10 de julho de 1860, filho de Pedro de Sousa Campos[6] e de Maria Francisca Aranha de Camargo. Foi um dos pioneiros da cafeicultura em São Paulo, na região de Campinas, sendo o primeiro exportador brasileiro do produto.[7]

O casal Pedro de Sousa Campos e Maria Francisca Aranha de Camargo, deu início à família Sousa Aranha.[8]

A viscondessa de Campinas e o coronel Francisco Egydio de Sousa Aranha encontram-se sepultados no Cemitério da Saudade, em Campinas.

Descendência[editar | editar código-fonte]

Foram filhos de Maria Luzia e Francisco Egídio de Sousa Aranha:

O casal Sousa Aranha[8] e seus filhos deixaram vasta descendência de relevância para a história do Brasil e, em especial, para a história paulista. De entre os numerosos descendentes em Campinas, São Paulo e outras cidades do país, destacam-se:[25]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Maria Luzia de Sousa Aranha foi elevada a baronesa depois de viúva, por decreto imperial de 9 de janeiro de 1875, e a viscondessa por decreto imperial de 19 de julho de 1879, ambos de D. Pedro II do Brasil, em cuja justificação se declarou ser elevada a tais títulos "em atenção a relevantes serviços prestados à instrução pública e à humanidade e, em relação à guerra do Paraguai".

Como baronesa, foi antecedida por Escolástica Francisca Bueno, mulher de Bento Manuel de Barros, primeiro barão de Campinas, que todavia não foi elevada ao baronato, tendo sido apenas baronesa consorte. Posteriormente, Ana Francisca da Silveira Sintra foi a consorte do terceiro barão de Campinas, Joaquim Pinto de Araújo Sintra.

Armas[editar | editar código-fonte]

Armas da Viscondessa de Campinas, as mesmas da Família Aranha

Armas: as da Família Aranha: de azul ultramarino, com asna de vermelho, perfilada de prata, carregada em chefe de um escudete de prata, com uma banda de vermelho, sobrecarregada de três aranhas de negro, a asna acompanhada de três flores-de-lis de ouro. Timbre: uma flor-de-lis do escudo.

Propriedades[editar | editar código-fonte]

O coronel Francisco Egídio faleceu em 1860, aos 82 anos, assumindo a direção sua viúva, meeira com os filhos.[45]

Seu magnífico Solar no Largo da Catedral, foi mandado construir por seu pai, Joaquim Aranha Barreto de Camargo, onde hospedou em 1874 o príncipe imperial consorte do Brasil, D. Gastão de Orléans, conde d'Eu,[46][47] e onde também foram recebidos, por seu filho Joaquim Egídio de Sousa Aranha, marquês de Três Rios, a princesa imperial D. Isabel de Bragança, seu marido e os filhos do casal, em 1884,[48] e os imperadores D. Pedro II e D. Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, em 1886.[49] Era o palácio principal da nobreza local e paulista. Foi destruído por um incêndio no ano de 1944.[50]

O Engenho Fazenda Mato Dentro, foi passado, em 1820, à propriedade de Maria Luzia de Sousa Aranha, por seu pai, tendo o engenho, à época da fundação, 1515 alqueires de terras, terras que, destacadas, foram posteriormente, doadas pela viscondessa às suas duas filhas, Maria Brandina e Petronilha Egídio de Sousa Aranha, fundando-se as fazendas Mato Dentro de Baixo (depois Fazenda Vila Brandina),[51] sendo que em terras da Fazenda Vila Brandina encontra-se construído o primeiro Shopping de Campinas, o Iguatemi Campinas e Fazenda Lapa,[52] cuja sede é onde hoje se encontra o casarão sede do clube sócio esportivo Sociedade Hípica de Campinas.

Sesmaria Engenho Mato Dentro

Em 1871, seu filho Joaquim Egídio de Sousa Aranha, depois marquês de Três Rios, vendeu suas seis partes no engenho-fazenda, a seus sobrinhos, dos quais era tutor, filhos de sua irmã Petronilha, casada com Francisco Inácio do Amaral Lapa, ambos já falecidos.

No ano de 1879, faleceu a Viscondessa de Campinas. Seu inventário foi aberto em agosto do mesmo ano, sendo viúva, e, de seus 11 filhos, três deles já falecidos antes dela. Todos os seus filhos eram casados, e somente os falecidos deixaram (juntos) 22 filhos (netos da inventariada), muitos deles menores de 21 anos, os quais deviam partilhar as heranças que cabiam a seus pais (legítima avoenga). Entretanto, quase todos os escravos foram repartidos entre os oito filhos vivos da Viscondessa. A lista de avaliação descreveu 226 escravos, mas foram partilhados efetivamente 217, uma vez que nove cativos foram libertados por herdeiros durante a partilha. Os descendentes herdaram, então, a fazenda, que possuia uma grande produção, em plena época de ouro do café, tendo os herdeiros realizado então, série de obras de melhoramentos na propriedade.[53]

Pedro Egídio de Sousa Aranha, era o proprietário da fazenda em 1885, com 200 mil pés de café, terreiros atijolados e máquina de benefício acionada a água. Sua viúva, Ana Joaquina do Prado Aranha, era a proprietária em 1900, com produção de 12 mil arrobas de café.

Em 1914 era de Queirós Aranha & Soares,[54] e depois de José de Lacerda Soares, todos descendentes do fundador.

Em 1950, foi vendida a um estranho - intermediário, que passou imediatamente ao Govêrno do Estado de São Paulo, que transformou a Fazenda Mato Dentro em fazenda experimental, subordinada ao Instituto Biológico, conservada a magnífica sede do fundador, Joaquim Aranha Barreto de Camargo.[45]

Tombada pelo Patrimônio Histórico no dia 10 de maio de 1982, a séde ficou entre duas épocas, a do auge do café e a da era da ciência.[53]

Em área do Engenho Fazenda Mato Dentro se instalou o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim[55], depois incorporada à Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, como Estação Experimental do Instituto Biológico (a partir de 1937), e mais recentemente, à Secretaria do Estado do Meio Ambiente. O Parque Ecológico nasceu de um decreto do governo estadual de 1987, com o propósito de preservar e recuperar valores arquitetônicos e paisagísticos da região.

Com uma área de cento e dez hectares e projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, a implantação do Parque Ecológico visou a recuperação e repovoamento vegetal de uma área de 2.850.000 metros quadrados, com espécies da flora brasileira, espécies nativas da região da bacia do rio Piracicaba e algumas espécies exóticas, em especial as palmeiras. O Parque Ecológico abriga também exemplares tombados e restaurados da arquitetura campineira do século XIX, como o casarão, a tulha e a capela da antiga fazenda Mato Dentro, espaços que integram o Museu Histórico Ambiental e o desenvolvimento de diversos programas de educação ambiental, possuindo ainda diversos espaços de lazer e de esporte.

Referências

  1. Pela grafia de origem, Maria Luzia de Souza Aranha
  2. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pg. 137
  3. «História do Café». Consultado em 4 de outubro de 2013. Arquivado do original em 5 de outubro de 2013 
  4. a b Pela grafia de origem, Francisco Egydio de Souza Aranha
  5. PUPO, Celso Maria de Mello.
  6. Pela grafia de origem, Pedro de Souza Campos.
  7. MARTINS, Ana Luiza. História do Café.
  8. a b Pela grafia de origem, Souza Aranha.
  9. Pela grafia de origem, Maria Brandina de Souza Aranha.
  10. Pela grafia de origem, Joaquim Egydio de Souza Aranha.
  11. Pela grafia de origem, José Egydio de Souza Aranha.
  12. Pela grafia de origem, Maria Luiza Pereira de Queiroz.
  13. Pela grafia de origem, Antônia Flora Pereira de Queiroz.
  14. Pela grafia de origem, Pedro Egydio de Souza Aranha.
  15. Pela grafia de origem, Maria Luiza Nogueira.
  16. Pela grafia de origem, Libânia de Souza Aranha.
  17. Pela grafia de origem, Joaquim Polycarpo Aranha.
  18. Pela grafia de origem, Isolethe Augusta de Souza Aranha.
  19. Pela grafia de origem, Anna Thereza de Souza Aranha.
  20. Pela grafia de origem, Blandina Augusta de Queiroz Aranha
  21. Pela grafia de origem, Petronilha Egydio de Souza Aranha.
  22. Pela grafia de origem, Antônio Egydio de Souza Aranha.
  23. Pela grafia de origem, Martim Egydio de Souza Aranha.
  24. Pela grafia de origem, Gertrudes de Souza Aranha.
  25. PUPO, Celso Maria de Mello
  26. Pela grafia de origem, Lafayette Álvaro de Souza Camargo.
  27. Pela grafia de origem, Carlos Egydio de Souza Aranha
  28. Pela grafia de origem, Joaquim Carlos Egydio de Souza Aranha
  29. Pela grafia de origem, Edgard Egydio de Souza
  30. Pela grafia de origem, Cassio Egydio de Queiroz Aranha.
  31. Pela grafia de origem, Carlos Norberto de Souza Aranha.
  32. Pela grafia de origem, Urbano Sabino de Souza Aranha.
  33. Pela grafia de origem Mario Egydio de Souza Aranha
  34. Pela grafia de origem, Maria Celeste de Souza Aranha Machado.
  35. Pela grafia de origem, Olavo Egydio de Souza Aranha
  36. Pela grafia de origem, Olavo Egydio de Souza Aranha Junior
  37. Pela grafia de origem, Alfredo Egydio de Souza Aranha.
  38. Pela grafia de origem, Renato Egydio de Souza Aranha.
  39. Pela grafia de origem, Olavo Egydio Setubal.
  40. Pela grafia de origem, Roberto Egydio Setubal
  41. Pela grafia de origem,Oswaldo Aranha.
  42. Pela grafia de origem, Luiz Aranha.
  43. Pela grafia de origem, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello.
  44. PUC-SP, reitor(1963 - 1972).
  45. a b PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pg. 184.
  46. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pg. 47.
  47. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pg. 184
  48. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pg. 48
  49. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pgs. 47 e 48.
  50. Solar da Viscondessa de Campinas
  51. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império, Pg. 184
  52. PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, Município do Império. Pgs. 182, 183.
  53. a b Unicamp-Centro de Memória
  54. Queiroz Aranha & Soares
  55. «Prefeitura Municipal de Campinas». Consultado em 9 de novembro de 2009. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2006 

Fontes[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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