Vittorio Pastelli

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Vittorio Pastelli (San Marino, 01-nov-1893 - Itatiba, Brasil, 07-fev-1992) foi um tradutor, professor de história e latim emigrado para o Brasil em 1949.

Formação[editar | editar código-fonte]

Graduado em história e em letras clássicas (latim) pela Universidade de Bolonha, em 1918, prosseguiu seus estudos com os arqueólogos Giuseppe Gatteschi e Orazio Marucchi, trabalhando especialmente em escavações no Fórum Romano. Depois da publicação de Restauri della Roma Imperiale, da autoria de Gatteschi, em 1924, Pastelli afastou-se do grupo de pesquisadores por acreditar que a arqueologia estava a ser cada vez mais usada para a promoção de ideias fascistas[1][2] pelo governo e pelas alas mais conservadoras do Vaticano.

Retornando a sua San Marino natal, passou a lecionar história e latim na Escola Secundária Superior da República de San Marino, onde permaneceu de 1925 a 1937. Em 1926, casou-se com Serena Pastelli, née Grandi. O casal não teve filhos. Ligado ao Partido Comunista Italiano, desligou-se da escola para ensinar em comunidades pobres da região, tendo posteriormente atuado na proteção a resistentes durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, já não pertencia aos quadros do partido, tendo, em 1930 sido acusado, com outros, de "trotskismo".

Imigração[editar | editar código-fonte]

Em 1948, desiludido com a guerra, com a direção estalinista do partido e abalado pela morte da esposa, migrou para o Brasil, estabelecendo-se em Itatiba. Apesar de o Estado de São Paulo ter recebido uma grande onda de imigração italiana,[3] em Itatiba eram poucos os naturais ou descendentes de italianos. Seu primeiro ano na cidade foi financiado com um emprego de caseiro na Fazenda Ferraz Costa (atualmente Solar Ferraz Costa e sede da Secretaria de Cultura e Turismo de Itatiba). O emprego dava pouco ganho, mas lhe permitia tempo livre suficiente para aprender português e poder o quanto antes retomar suas atividades como professor.

Retomada das atividades didáticas[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 1950, prestou concurso para professor de latim no Grupo Escolar 'Coronel Júlio César[4]', onde permaneceu até 1956. A partir de então, passou a dar tutoria a alunos em seu escritório e a aplicar métodos de latim para preparar os alunos para leitura a primeira vista, algo extensamente praticado, especialmente nos EUA, mas ainda inédito no Brasil, onde predominava o ensino via declamações e tabelas de gramática. Os textos que produziu para seus alunos estão sendo aos poucos editados, atualizados e publicados na rede[5][6][7] por ex-alunos e por seu sobrinho-neto Vítor Pastelli.

Morte[editar | editar código-fonte]

Vittorio Pastelli morreu de causas naturais em sua casa, tendo dado aulas até 1988. O corpo, a seu pedido, foi trasladado para o jazigo da família, no Cemitério Di Fiorentino, em San Marino.

Referências

  1. Garraffoni, Renata S; Sanfelice, Pérola De Paula. «Arqueologia e Poder - O Caso de Pompeia.». Edição Especial – ANAIS I Semana de Arqueologia - Unicamp “Arqueologia e Poder”. Consultado em 1 de março de 2017 
  2. MaFeaters, Andrew (1 de janeiro de 2007). «The Past Is How We Present It: Nationalism and Archaeology in Italy from Unification to WWII». Consultado em 1 de março de 2017 
  3. «Museu da Imigração do Estado de São Paulo». www.inci.org.br. Consultado em 9 de março de 2017 
  4. Gabuardi, Lucimara (janeiro de 2005). «Itatiba na História 1804 – 1959» (PDF). Unicamp. Consultado em 1 de março de 2017 
  5. Vittorio Pastelli (1 de janeiro de 2015). "PERSEU", DE FRANCIS RITCHIE - Edição bilíngue latim-português. [S.l.: s.n.] 
  6. Vittorio Pastelli (1 de janeiro de 2016). HÉRCULES, de Francis Ritchie. [S.l.: s.n.] 
  7. Vittorio Pastelli (7 de março de 2011). Memorização De Palavras Latinas. [S.l.: s.n.]