Voo Linhas Aéreas de Moçambique 470

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Voo Linhas Aéreas de Moçambique 470
Acidente aéreo
Voo Linhas Aéreas de Moçambique 470
C9-EMC, o Embraer 190 envolvido no acidente, em dezembro de 2012
Sumário
Data 29 de novembro de 2013 (10 anos)
Causa Programação indevida do piloto automático da aeronave, supostamente intencional, pelo piloto.[1]pg.2
Local Namíbia Parque Nacional Bwabwata, Namíbia
Origem Aeroporto Internacional de Maputo, Maputo
Destino Angola Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, Luanda
Passageiros 27
Tripulantes 6
Mortos 33
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Brasil Embraer ERJ 190-100 IGW (ERJ-190AR)
Operador Linhas Aéreas de Moçambique
Prefixo C9-EMC
Primeiro voo 2012

O voo 470 das Linhas Aéreas de Moçambique fazia parte de uma linha aérea regular entre as cidades de Maputo e Luanda, operada pela empresa Linhas Aéreas de Moçambique. No dia 29 de novembro de 2013, a aeronave que cobria essa linha aérea (um modelo Embraer ERJ-190) caiu no Parque Nacional Bwabwata (EN), na Namíbia, e explodiu, causando a morte dos 33 passageiros e tripulantes a bordo. Uma análise preliminar das caixas pretas do avião revelou que seu comandante, Hermínio dos Santos Fernandes, teve "uma intenção clara" de derrubar a aeronave, conforme o chefe do Instituto de Aviação Civil de Moçambique, João Abreu.

Trata-se do segundo pior acidente aéreo da história da Namíbia (atrás apenas da queda do Voo South African Airways 228 (EN)[2] e do pior acidente com uma aeronave comercial na história de Moçambique e das Linhas Aéreas de Moçambique.[3]

Acidente[editar | editar código-fonte]

O Embraer 190 prefixo C9-EMC das Linhas Aéreas de Moçambique decolou do Aeroporto Internacional de Maputo às 9h26 (UTC) do dia 29 de novembro de 2013, transportando 27 passageiros e 6 tripulantes. A aeronave realizava o voo 470 e tinha como destino a cidade de Luanda, capital de Angola, onde sua chegada era prevista para as 13h10 (UTC).

O contato do controle de voo com a aeronave foi perdido por volta das 11h30 (UTC), quando ocorreu seu desaparecimento na fronteira da Namíbia com a Botsuana, em meio a um intenso temporal.[4] Após algum tempo, os serviços de resgate foram acionados em busca da aeronave desaparecida. Patrulhas policiais da Namíbia e de Botsuana realizaram buscas na fronteira dos dois países, local do último contato com o voo 470. Os destroços da aeronave foram localizados apenas na manhã do dia seguinte.[5] O governo da Namíbia acusou as autoridades de Botsuana de não informar rapidamente o desaparecimento da aeronave, o que poderia ter causado a demora na localização dos destroços.[6]

Investigações[editar | editar código-fonte]

As investigações do acidente foram conduzidas por autoridades de Botsuana, Moçambique, Angola, Brasil e Estados Unidos.[7]

Uma análise preliminar das caixas pretas do avião mostrou que o comandante Hermínio dos Santos Fernandes tinha "uma intenção clara" de derrubar o avião, declarou o chefe do Instituto de Aviação Civil de Moçambique, João Abreu, em entrevista coletiva. As gravações revelam que a aeronave caiu quando Fernandes acionou o piloto automático do Embraer 190 e se trancou na cabine, ignorando sinais de alerta e não permitindo a entrada do copiloto.

“Durante esses atos é possível ouvir alarmes de alta intensidade e constantes batidas na porta, de alguém que exige entrar na cabine”, disse Abreu durante a coletiva.

Além disso, a altitude foi alterada manualmente três vezes, de 38 000 pés (11 600 metros) para 592 pés (180 metros), assim como a velocidade, também modificada pelo piloto.

“O avião caiu com o piloto alerta e as razões que podem ter dado origem ao seu comportamento são desconhecidas. Naquele momento, o copiloto havia deixado a cabine e estava ausente quando tudo aconteceu”, disse o chefe do Instituto.[8]

Voo Linhas Aéreas de Moçambique 470 (África)
Maputo
local aproximado da queda
A aeronave caiu na fronteira da Namíbia com a Botsuana

Aeronave[editar | editar código-fonte]

Após o lançamento do ERJ 135, a Embraer projetou o desenvolvimento de uma família de aeronaves destinadas ao atendimento do mercado de aviação regional (entre 70 e 125 passageiros). O Embraer ERJ-190 foi lançado no início dos anos 2000, tendo realizado seu primeiro voo em 12 de março de 2004. Até o momento 482 ERJ-190 foram entregues a 47 companhias aéreas espalhadas pelo globo. As Linhas Aéreas de Moçambique encomendaram duas aeronaves da versão ERJ 190 em 2008, tendo a opção de adquirir mais duas.[9]

A aeronave acidentada foi fabricada em 2012 e tinha o número de construção 19000581. Em Moçambique, a aeronave recebeu o prefixo C9-EMC e, até o momento do acidente, tinha 2 905 horas de voo e 1 877 ciclos.[10]

Relatório final[editar | editar código-fonte]

A conclusão do relatório final, publicado em 30 de março de 2016 pelo Ministério do Trabalho e Transportes da Namíbia, foi que o piloto automático foi programado de forma indevida pelo tripulante que se acredita ser o capitão, que permaneceu sozinho e trancado no cockpit, enquanto o tripulante, que se acredita ser o copiloto havia ido ao lavatório. Os comandos fizeram com que a aeronave saísse do voo de cruzeiro para uma descida constante, controlada e com sustentação, com posterior colisão com o terreno. Nos últimos cinco minutos de voo, a aeronave foi programada para uma razão de descida de aproximadamente 6 000 ft (1 800 m) por minuto e ao colidir contra o solo, estava a uma velocidade aproximada de 300 kn (560 km/h). Como causa secundária, o relatório concluiu que não havia conformidade nos procedimentos adotados pela empresa, permitindo que um membro da tripulação ocupasse sozinho a cabine de comando.[1]

Nacionalidades das vítimas[editar | editar código-fonte]

Segundo a empresa aérea, a aeronave transportava 27 passageiros e 6 tripulantes de seis nacionalidades distintasː[11]

Nacionalidade Tripulação Passageiros Total Sobreviventes
moçambicana 6 10 16 0
Angola angolana 0 9 9 0
Portugal portuguesa 0 5 5 0
França francesa 0 1 1 0
Brasil brasileira 0 1 1 0
China chinesa 0 1 1 0
Total 6 27 33 0

Referências

  1. a b «Relatório final». 30 de março de 2016. Consultado em 20 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2017 ()
  2. «Namibia air safety profile». Aviation Safety Net. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  3. «Linhas Aéreas de Moçambique - LAM». Aviation Safety Net. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  4. «Embraer participa de buscas após queda de avião de passageiros na Namíbia». Deutsche Welle. 2 de dezembro de 2013. Consultado em 3 de dezembro de 2013 
  5. «Encontrado avião moçambicano. Caiu na Namíbia e não há sobreviventes». Rádio Renascença. 30 de novembro de 2013. Consultado em 3 de dezembro de 2013 
  6. Agência Brasil (2 de dezembro de 2013). «Namíbia acusa Botsuana de atraso na identificação de local onde avião caiu». Jornal do Brasil. Consultado em 23 de dezembro de 2013 
  7. Linhas Aéreas de Moçambique (1 de dezembro de 2013). «Comunicado de Imprensa (atualização: 15:00h)». Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  8. «Investigação indica que avião foi derrubado de propósito na Namíbia». G1 Mundo. 21 de dezembro de 2013 
  9. Embraer (10 de agosto de 2008). «Embraer fecha contrato com LAM, , de Moçambique, para dois jatos». Consultado em 3 de dezembro de 2013 
  10. «Accident description». Aviation Safety Net. Consultado em 3 de dezembro de 2013 
  11. Linhas Aéreas de Moçambique (30 de novembro de 2013). «Comunicado: TM470 Maputo - Luanda (Actualização: 10:30h)». Consultado em 2 de dezembro de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]