Wayuus

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Wayúu
Mulher Wayuu
População total
795.958

Território Wayuu
Regiões com população significativa
 Venezuela 415.498 (2011) [1]
 Colômbia 380.460 (2018) [2]
Línguas
wayuunaiki, castelhano
Religiões

Religião Wayúu[3][4]
Catolicismo romano

Protestantismo
Etnia
Nativo americanos aruaques
Grupos étnicos relacionados
Cocinas, paraujanos, guanebucanes

Os wayuu [wajuː] ou uaiús, também chamados guajiros, são um grupo étnico ameríndio da península, sobre o mar do Caribe, que habitam principalmente no departamento de La Guajira na Colômbia e no estado do Zulia na Venezuela. Seu idioma próprio faz parte da família linguística maipureana ou arauaque.

Organização e cultura[editar | editar código-fonte]

Sociedade organizada em E'iruku ou clães. Na etnia Wayú existe a autoridade tradicional e um sistema autóctone de administração da justiça em que se destaca o pütchipü ou pütche'ejachi, ou seja, o portador da palavra (tagarel), que resolve os conflitos entre clãs diferentes.

A família é matrilinear estendida. É o alaula ou tio materno mais velho de que exerce autoridade. Os parentes da linha paterna, "segundo o sangue", são reconhecidos como oupayu,[5] 25 aliados com os quais se espera a solidariedade ou o trabalho conjunto yana'ma.

Existem pelo menos 30 clãs, entre os quais estão o Ulewana, Epieyú, Uriana, Ipuana, Pushaina, Epinayú, Jasayú, Arpushana, Jarariyú, Wouriyú, Urariyú, Sapuana, Jinnu, Sijona, Pausayú, Uchayarwor'u, Uriyú, Warpushana, Wor, Pipishana e Toctouyú. O maior percentual da população encontra-se nos clãs Epieyú, Uriana e Ipuana.[6]

Antes do casamento, o noivo deve chegar a um acordo com os pais da noiva em uma reunião chamada ápajá e entregar a eles a quantidade de gado e joias que combinarem. A mulher fica em casa e é um símbolo de respeito e união. Vivem em rancherías (piichipala ou miichipala), pequenas comunidades distantes umas das outras, formadas por grupos de parentes próximos ao clã.

Um personagem de grande importância em cada comunidade é o piachi', que adquiriu sua força espiritual por meio de sua experiência visionária e das virtudes concedidas durante os sonhos ou transes que são interpretados como a incorporação de um espírito Seyuu protetor, pelo qual é chamado a curar.

Os espíritos se comunicam com os humanos vivos em sonhos. Maleiea é o criador, e Pulowi a mulher primitiva; Yoruja, os espíritos errantes dos mortos. Os Wayús acreditam que após a morte vão para Jepirá,[7] o Cabo de la Vela, um lugar de felicidade onde descansam até depois do segundo velório, quando os restos mortais são exumados para levá-los a um local definitivo. O espírito do falecido caminha para a eternidade.

As diferentes atividades diárias, festividades e rituais envolvem amplamente o uso da música tradicional. O trabalho de pastagem é acompanhado por música produzida por flautas ou canutilhas, os apitos feitos a partir de elementos do ambiente como o limão seco são usados ​​na pecuária.

Dança da chicha maia.

A dança autóctone yocna ou yonna (conhecida como chicha maya), é utilizada em celebrações relacionadas ao desenvolvimento da mulher e envolve diferentes pasos, movimentos corporales, expressões faciais e etapas em que ela avança ao ritmo do tambor, perseguindo e desafiando o homem, que volta tentando não cair.[8] Os principais instrumentos que utilizam são flautas, apitos e tambores.

O cántico tradicional Jayeechi é interpretado como uma prática cotidiana e como um reprodutor da história Wayú, preservada pela tradição oral e a memória coletiva. Jayeechimajachi e Jayeechimajana é o poeta da oralidade wayú, que dominam esses cánticos e os instrumentos musicais.

O conhecimento retido na memória foi passando de geração em geração para ser captado pelas mãos dos Wayús em inúmeros objetos tecidos de singular beleza e funcionalidade, realizados nas mais diversas técnicas, formas e cores.

Economia[editar | editar código-fonte]

Prato de almoço típico Wayuu, com peixe, legumes, arroz e outros condimentos.
Prato de almoço típico Wayuu.

Os ancestrais se dedicavam à caça, a pesca e a coleta, e no sul da península também praticavam a horticultura. A casa era comunal, em forma de maloca.

Embora o contato com os conquistadores europeus data do século XVI, os Wayús não foram conquistados até o século XIX. A intervenção europeia, no entanto, significou a perda da maioria das terras agrícolas e de caça que os Wayús compensaram com o pastoreio das espécies introduzidas, especialmente cabras e, em menor medida, bovinos. Conflitos frequentes ocorreram sobre a política europeia de controlar a pesca de pérolas realizada pelos nativos.

Os Wayu se refugiarão não deserto e aproveitando os confrontos e as fronteiras entre os espanhóis, os holandeses e os ingleses, desenvolveram uma intensa atividade comercial, que ampliaram depois da independência da Colômbia e da Venezuela.

Atualmente, dedica-se especialmente ao pastoreio de cabras.[9] Os bovinos são considerados de maior valor, mas sua criação está muito limitada pelas condições ambientais. Cada clã possui uma marca de ferro, pois o gado é marcado com seu respetivo símbolo. As cabras (kaa'ulaa) ou chivos, registram o maior número de cabeças e são cuidadas em rebanhos de 100 a 150 animais, às vezes muitos mais. Anteriormente, eles se dedicavam à criação de cavalos, burros e mulas, mas nos últimos anos as epidemias e a falta de agua dizimaram essas espécies.

Entre os Wayú, anteriormente o gado era a principal riqueza e também o principal motivo de prestígio e lucro. Embora tenha sido negociado com ele, era trocado de forma não comercial: para selar uma aliança matrimonial, como um direito a um filho ou para indenizar por danos ou crimes e resolver conflitos. Além disso, o pastor associava seu gado aos rituais que marcavam seu ciclo de vida. Sempre que possível, ele tem uma pequena horta chamada apain, onde plantam milho, feijão, mandioca, pepino, abóbora, melão e melancia, sem poder girar ou variar as safras, devido ao clima.

Artesanatos wayú vendidos em Riohacha.

A economia é mista, pois também requer outros tipos de atividades econômicas, como pesca, comércio, produção têxtil artesanal, e cerâmica. Também têm tido que praticar trabalho assalariado nas fazendas, nas minas de carvão como El Cerrejón, mina gigante a céu aberto que conste milhões de litros de agua diarios,[10] entregada primeiro à Exxon, comprada pela Xstrata, atualmente propriedade da Glencore,[11][12] e El Guasare, sob o controle do governo venezuelano.[13]) Outros Wayú trabalham no aproveitamento do talco e do dividivi (Caesalpinia coriaria). Além disso, tem a Cooperativa Ayatawacoop sob controle indígena, a comercialização de combustíveis e derivados de petróleo onde existem aproximadamente 1.200 associados da cooperativa e 80% são indígenas ou no setor de serviços. É frequente o contrabando pelas trilhas que unem Colômbia e Venezuela, por ar e por mar.

Mulher wayuu em Manaure, Guajira (Colômbia).

A exploração do sal marinho em Manaure foi realizada antes da chegada dos europeus. Primeiro o reino espanhol e depois o estado colombiano exploraram as salinas e vários Wayú tornaram-se assalariados nelas, embora outros mantivessem explorações artesanais próprias. Há um conflito jurídico e social e pelo controle e utilidades da produção do sal.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. INE (2013) "Primeros Resultados Censo Nacional 2011: Población Indígena de Venezuela".
  2. DANE (2019). "Población Indígena de Colombia" Censo 2018. Bogotá: Departamento Nacional de Estadística, 16 de septiembre de 2019. Consultado em 21 de fevereiro de 2021.
  3. Project, Joshua. «Wayuu, Guajiro in Colombia». joshuaproject.net (em inglês). Consultado em 29 de junho de 2022 
  4. Project, Joshua. «Wayuu, Guajiro in Venezuela». joshuaproject.net (em inglês). Consultado em 29 de junho de 2022 
  5. Goulet, Jean-Guy (1977) "El parentesco guajiro de los Apüshi y de los Oupayu"; Montalbán 6: 775-796. Caracas: UCAB.
  6. Resolución 1547 de 2007 “Por la cual se certifica el cumplimiento de la función ecológica de la propiedad para la ampliación del Resguardo Indígena Wayúu de Una'puchón”. Ministerio de Ambiente, Vivienda y Desarrollo Territorial. Bogotá, Colombia.
  7. Perrin, Michael (1980) El camino de los indios muertos: mitos y símbolos guajiros. Traducción de Fernando Núñez. Caracs: Monte Avila Editores. ISBN 978-980-01-0801-7
  8. Carrasquero, Ángela; José Enrique Finol; Nelly García (2009). «Símbolos, espacio y cuerpo en la Yonna Wayuu». Revista de Ciencias Sociales. XV (4). Maracaibo: Universidad del Zulia. pp. 635–652. ISSN 1315-9518. doi:10.31876/rcs.v15i4.25471 
  9. Vergara Gozález, Otto (1990) "Los Wayuu: hombres del desierto"; Introducción a la Colombia Amerindia: 27-38. Bogotá: ICAN.
  10. Contagio Radio (8 de abril de 2016). «Mina de carbón del Cerrejón usa diariamente 17 millones de litros de agua». Bogotá: Indepaz. Consultado em 9 de setembro de 2021 
  11. «La multinacional Glencore se convirtió en dueña absoluta de Cerrejón». Bogotá: Portafolio. 28 de junho de 2021. Consultado em 29 de junho de 2021 
  12. «Glencore se queda con todo el Cerrejón». Bogotá: El Tiempo. 28 de junho de 2021. Consultado em 29 de junho de 2021 
  13. «BNamericas - Gobierno asume control de Carbones del Guasare». BNamericas. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  14. Guerrero, Sandra (29 de outubro de 2020). «Los wayuu inician paro para reclamar explotación de las Salinas de Manaure». Barranquilla: El Heraldo. Consultado em 9 de setembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • (em castelhano) Los Wayuu- Biblioteca Luis Angel Arango


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