White Raven

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura por outros significados de White Raven, veja White Raven (desambiguação).
White Raven
O Corvo Branco
White Raven
Vasco da Gama é um dos personagens da ópera
Idioma original inglês
Compositor Philip Glass
Libretista Luísa Costa Gomes
Número de atos 5
Ano de estreia 26 de setembro de 1998
Local de estreia Teatro Camões, Lisboa

White Raven (em português: O Corvo Branco) é uma ópera em cinco atos para solistas, coro e orquestra, composta em 1991 pelo compositor norte-americano Philip Glass[1] em colaboração com Robert Wilson[2], sobre libretto de Luísa Costa Gomes, e por encomenda da Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses[3] e do Teatro Real de Madrid[4]. A estreia mundial da obra sob o título em português O Corvo Branco foi feita por ocasião da Exposição Internacional de Lisboa de 1998 em 26 de setembro de 1998[5] no Teatro Camões em Lisboa, dirigida por Dennis Russel Davies[6]. A estreia em Espanha, sob direção de espagnole, Günter Neuhold[7] ocorreu em 28 de novembro de 1998 (uma retransmissão televisionada em direto foi feita pela TVE, em 4 de dezembro de 1998[4]) e a estreia nos Estados Unidos foi feita no Lincoln Center[8][9][10] de Nova Iorque, sob direção de Dennis Russel Davies e com coreografia de Lucinda Childs[11], em 10 de julho de 2001[12][13][14].

Conceção[editar | editar código-fonte]

Quando no início da década de 1990 o compositor Philip Glass foi contactado pelo comissário António Mega Ferreira, membro da Comissão para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, o compositor, que tinha acabado de escrever a ópera The Voyage para as comemorações do 500.º aniversário da chegada de Cristóvão Colombo à América, não se mostrou recetivo a retomar para uma nova obra um tema semelhante. Convidado a refletir, aceitou a encomenda com a condição de Robert Wilson fazer parte do projeto. Partiu então para o Brasil, onde compôs a música durante o inverno[15].

Originalmente O Corvo Branco deveria fazer parte de um díptico do qual seria a conclusão. A primeira parte, que nunca foi escrita, deveria chamar-se The Palace Of Arabian Nights (O Palácio das Mil e Uma Noites) e concentrar-se no desenvolvimento e expansão do Islamismo do século IX até à Renascença. «O Corvo Branco cobre o resto da história, do século XV ao século XXI»[16]. A razão para a primeira parte do díptico nunca ter sido escrita prende-se com mal-entendidos entre Glass e Wilson[17].

Apolo e o Corvo, Museu arqueológico de Delfos

O título White Raven provém da mitologia grega: Apolo, enamorado pela princesa Corónis (filha de Flégias, rei dos Lápitas), confia a um corvo branco, seu companheiro fiel, a missão de a vigiar. Mas com o decorrer do tempo a ave, que achava a sua missão cada vez mais entediante, decidiu uma noite trair a confiança do seu mestre. Contou-lhe que Corónis o traía com um mortal chamado Ischys. Louco de raiva, Apolo matou a jovem com uma flecha no peito antes de perceber que o corvo lhe tinha mentido. Para o punir, Apolo transformou a plumagem branca e imaculada do corvo na cor preta, mais negra que o carvão. O corvo branco é então um mensageiro e símbolo da inocência perdida[18].

Como nas outras colaborações entre Glass e Wilson (Einstein on the Beach, The CIVIL warS e Monsters of Grace), White Raven não conta realmente uma história. O libretto apresenta uma série de paisagens de personagens e acontecimentos, misturando versos poéticos com tratados científicos, títulos de jornal ou, como no final, uma longa lista de personalidades da história de Portugal[19]. Neste sentido, a ópera não é tanto uma celebração da exploração, mas uma meditação, uma reflexão aberta, sobre o processo e sentido do sentido de descoberta, das expedições dos navegadores portugueses à era da exploração espacial e mesmo à exploração futura do universo[20][21].

Personagens[editar | editar código-fonte]

Papel Voz Na estreia mundial[6], Teatro Camões, Lisboa, 26 de setembro de 1998
Maestro: Dennis Russell Davies
Rainha, cientista 1 soprano Ana Paula Russo
Corvo 1 soprano Suzan Hanson[22]
Corvo 2, cientista 2 mezzo-soprano Maria Jonas[23]
Vasco da Gama, viajante 1 barítono-baixo Herbert Perry[24]
Rei barítono Yuri Batukov[25]
Rainha indígena, Miss Universo, Dragão mezzo-soprano Janice Felty[26]
Marinheiro 1, cientista 3, viajante 2 tenor Douglas Perry
Marinheiro 3, viajante 3 barítono Fabrice Raviola
Marinheiro 2, viajante 4 barítono-baixo Zheng Zhou
Judy Garland, gémea siamesa 1 soprano Paula Pires de Matos
Gémea siamesa 2 soprano Sandra Medeiros[27]
Galo de Barcelos, Dogman mezzo-soprano Marina Ferreira
Colhereiro tenor David Lee Brewer
Homem delata, Océfalo tenor John Duykers
Rei indígena, pata de elefante baixo Vincent Dion Stringer
Escritor ator Diogo Infante

Estrutura[editar | editar código-fonte]

  • Ato I
    • Knee Play 1, O Escritor com os dois Corvos
    • Cena 1, Corte Portuguesa
    • Knee Play 2
    • Cena 2, A viagem
    • Cena 3, África
    • Cena 4, Índia
  • Ato II
    • Cena 1, Exploração submarina
    • Cena 2, Exploração de buracos negros no céu
  • Ato III
    • Prólogo
    • Cena 1, Corte Portuguesa
    • Knee Play 3, O escritor como corvo
    • Cena 2, Visões Noturnas
  • Ato IV
    • Cena 1, Scherzo
    • Knee Play 4, O escritor com uma mesa de água e um pluma voadora
  • Ato V
    • Cena 1, Brasil
    • Epílogo

Referências

  1. (em inglês) Heroes and villains in modern opera, artigo de Stephen Smoliar no San Francisco Examiner de 25 de janeiro de 2013.
  2. (em castelhano) Bob Wilson ofrece en Corvo Branco una construcción « en el tiempo y en el espacio » por Rosana Torres no jornal espanhol El País de 26 de novembro de 1998.
  3. (em inglês) Voyages of Discovery, Myth and Murder at Lincoln Center por Anthony Tommasini no jornal New York Times de 12 de julho de 2001.
  4. a b (em castelhano) La 2 ofrece Corvo branco, la ópera de Phillip Glass estrenada en el Teatro Real por Jesús Ruiz Mantilla no jornal espanhol El País de 4 de dezembro de 1998.
  5. Entrevista a Philip Glass sobre a estreia mundial de O Corvo Branco por Cristina Fernandes, Público, setembro de 1998.
  6. a b (em português) Ficha técnica da estreia mundial Arquivado em 20 de março de 2014, no Wayback Machine. no site de Luísa Costa Gomes PDFlink sem parâmetros PDF
  7. (em castelhano) Una estética efímera y fascinante por Juan Ángel Vela del Campo no jornal espanhol El País de 29 de novembro de 1998.
  8. (em inglês) Programa de 2001 no site do Lincoln Center Festival.
  9. (em inglês) Voyages of Discovery, Myth and Murder at Lincoln Center por Anthony Tommasini no New York Times de 12 de julho de 2001.
  10. (em inglês) Operas for a new century: The Lincoln Center presents three new works, including Philip Glass White Raven por John Fleming no St. Petersburg Times de 22 de julho 2001.
  11. (em inglês) White Raven takes flight por David Sterritt no Christian Science Monitor de 20 de julho de 2001.
  12. (em inglês) Not all ravens are white, A new opera explores travel fever and restlessness Artigo de The Economist de 16 de agosto de 2001.
  13. (em inglês) White Raven: Thru The Looking Glass[ligação inativa] por Howard Kissel no New York Daily News de 12 de julho de 2001.
  14. (em inglês) How White Raven Echoes 'Einstein' but Breaks Its Own New Ground por Edward Rothstein no New York Times de 14 de julho de 2001.
  15. Fumo branco para os corvos entrevista de Nuno Galopim ao jornal Diário de Notícias de 26 de setembro de 1998.
  16. Fumo branco para os corvos entrevista de Nuno Galopim ao jornal Diário de Notícias de 26 de setembro de 1998.
  17. Robert Maycock, 2003, p. 135
  18. (em inglês) Glass opera a visual stunner por Verena Dobnik no Register-Guard de 22 de julho de 2001.
  19. (em inglês) Operas for a new century: The Lincoln Center presents three new works, including Philip Glass White Raven por John Fleming no St. Petersburg Times de 22 de julho de 2001.
  20. (em inglês) White Raven no site Chesternovello.
  21. (em inglês) They Sing of Voyages por Deborah Jowitt no semanário Village Voice de 17 de julho de 2001.
  22. (em inglês) Nota biográfica no site do American Repertory Theater.
  23. (em alemão) Nota biográfica no site oficial.
  24. (em inglês) Nota biográfica no site do American Repertory Theater.
  25. (em inglês) Nota biográfica[ligação inativa] no site oficial da Ópera de Graz.
  26. (em inglês) Nota biográfica noe site do American Repertory Theater.
  27. (em inglês) Biographie Arquivado em 10 de maio de 2014, no Wayback Machine. sur son site officiel.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]