Wikipédia:Romanização/Grego

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Placa de trânsito transliterada em Limassol, Chipre.

Assim como há uma grande variedade dentro das línguas helênicas, há divergências entre a romanização do grego antigo e a do grego moderno. A American Library Association utiliza diferentes padrões para ambas as grandes variedades de grego, tendo como marco a Queda de Constantinopla em 1453 (o que foi produzido antes é romanizado como antigo, e, depois, como moderno), pelo que a Wikipédia também pode se valer deste padrão.[1]

Grego antigo[editar código-fonte]

Uma particularidade da romanização do grego antigo é a possibilidade de se auferirem traduções para qualquer substantivo de origem grega, ferramenta especialmente útil para nomes próprios e resultante de um longo histórico de uso de nomes de origem helênica por autores latinos, ao lado do método de transliteração convencionado por helenistas (porém, sem o ocasional uso de braquias) e oficializada pela American Library Association e a Livraria do Congresso (como sistema ALA-LC).[2][3][4] Desta forma, a transcrição de nomes gregos (enquanto meio-termo entre transliteração e tradução) deve ser evitada ao máximo, sempre sendo indicada a tradução quando não couber a transliteração direta.

Note-se que, embora os padrões aqui utilizados sejam baseados em minucioso estudo das práticas mais comuns de tradução e importação de nomes gregos para a língua portuguesa, há formas consolidadas para alguns termos que apresentam irregularidades, especialmente nas desinências. Desta forma, ao deparar-se com uma discrepância entre a forma portuguesa usual e a forma prescrita nos termos do presente método, o correto é prosseguir conforme a convenção de nomenclatura de nomes próprios da Wikipédia, inclusive a seguindo analogicamente para nomes comuns. Desta forma, este padrão de traduções de nomes próprios pode servir para julgar a melhor entre duas alternativas razoáveis, mas não para buscar corrigir versões absolutamente consolidadas. A título de exemplo, o presente sistema justifica uma preferência de "zelota" sobre "zelote", mas não de "Filipo" sobre "Filipe".

Transliteração[editar código-fonte]

A transliteração do grego antigo se faz da seguinte forma:

Transliteração do grego antigo[2][3][4]
Grego Transliteração
Α, α a
ā[nota 1]
Β, β b
Γ, γ g
n[nota 2]
Δ, δ d
Ε, ε e
Ζ, ζ z
Η, η ē
Θ, θ th
Ι, ι i
Κ, κ k
Λ, λ l
Μ, μ m
Ν, ν n
Ξ, ξ x
Ο, ο o
Π, π p
Ρ, ρ r
rh, rrh[nota 3]
Σ, Ϲ, σ, ς, ϲ s
Τ, τ t
Υ, υ y
ȳ[nota 4]
u[nota 5]
Φ, φ ph
Χ, χ ch
Ψ, ψ ps
Ω, ω ō

(espírito áspero)
h
Ϝ, ϝ w

Diacríticos[editar código-fonte]

Embora o sistema ALA-LC ignore todos os diacríticos do grego antigo à parte do espírito áspero (que é realizado como letra),[1] o sistema da Wikipédia preza pela precisão neste sentido, adotando as diretrizes do ELOT 743 para tal.[5] Desta forma, os acentos agudo, grave e circunflexo são transliterados como tal, enquanto o espírito brando é ignorado.[5] O ELOT 743 infelizmente falha ao não cobrir o iota subscrito, mas o Chicago Manual of Style reflete o amplo costume de transliterá-lo como um i após a vogal longa correspondente.[6]

Numerais[editar código-fonte]

Tradução[editar código-fonte]

A tradução de nomes gregos deve ser feita em três partes:

  1. Decomposição da palavra, identificando tema e desinência no nominativo singular;
  2. Transliteração do tema;
  3. Aplicação do tom.

Concluídas estas, obtém-se uma palavra em língua portuguesa. O gênero desta deve seguir o da palavra original em grego nos casos em que esta for masculina ou feminina. Pela inexistência de gênero neutro em português, que historicamente absorveu o gênero neutro latino, palavras neutras tornam-se masculinas.[7]

Identificação do tema e desinência[editar código-fonte]

O substantivo, na língua grega antiga, sempre tem duas partes distintas: um tema e uma desinência.[8] Segue uma lista de desinências do nominativo singular, que determinarão a tradução para o português, por vezes sendo necessário recorrer-se a outras declinações por desambiguação:[9]

Grego Nota Português Exemplo
-ος Após consoante. -o Ἀναξίμανδρος = Anaximandro[nota 6]
-ος Após vogal. -u Φιλόθεος = Filoteu
-a Ἀθην = Atena
-e[nota 7]
-ας -a[nota 8] καικίας = cécia
-ης -a[nota 9] ζηλωτής = zelota
-ις -is Ἄδωνις = Adônis
-ως -os Μίνως = Minos
-υς Após consoante. -is Βότρυς = Bótris
-υς Após vogal. -u Ἀριστεύς = Aristeu
Na terceira declinação, -τ- ou -θ- em declinações -te
Na terceira declinação, -δ- em declinações -de Βυλλίς = Bílide (cf. Βυλλίδος)
Na terceira declinação, -κ- em declinações, após consoante -ce σάρξ = sarce (cf. σαρκός)
Na terceira declinação, -κ- em declinações, após vogal -z Ἀστυάναξ = Astianaz (cf. Ἀστυάνακτος)
Na terceira declinação, -γ- em declinações -ge Σφίγξ = Esfinge (cf. Σφιγγός)
Na terceira declinação, -χ- em declinações -que ἄδδιξ = ádique
Na terceira declinação, -π- em declinações -pe Χέοψ = Quéope (cf. Χέοπος)
Na terceira declinação, -β- em declinações -be Ἄραψ = Árabe (cf. Ἄραβος)
Na terceira declinação, -φ- em declinações -fe [nota 10]

Transliteração do tema[editar código-fonte]

Para a transliteração do tema para o português, deve-se usar técnica semelhante à da transliteração técnica universal indicada acima, mas com adaptações à fonética da língua portuguesa, passando pelo latim:

Tradução de temas do grego antigo
Grego Transliteração
Α, α a
Αι, αι e
Β, β b
Γ, γ g
n[nota 11]
Δ, δ d
Ε, ε e
Ει, ει i
Ζ, ζ z
Η, η e
Θ, θ t
Ι, ι i
Κ, κ c
Λ, λ l
Μ, μ m
Ν, ν n
Ξ, ξ x
Ο, ο o
Οι, οι e
Ου, ου u
Π, π p
Ρ, ρ r
Σ, Ϲ, σ, ς, ϲ s
Τ, τ t
c[nota 12]
Υ, υ i
u[nota 13]
Υι, υι i
Φ, φ f
Χ, χ c
qu[nota 14]
Ψ, ψ ps
Ω, ω o

(espírito áspero)
h
Ϝ, ϝ Ignorado.

Consoantes geminadas devem ser, em geral, ignoradas, a não ser quando a ortografia da língua portuguesa as suporta (isto é, ῥῥ e σσ tornam-se, respectivamente, rr e ss).

Identificação da tônica[editar código-fonte]

Grego moderno[editar código-fonte]

Para o grego moderno, dentre as mais diversas transliterações vastamente utilizadas, a mais fonética é aquela desenvolvida pela Organização Helênica por Padronização (ELOT), chamada ELOT 743, largamente utilizada na Grécia e no Chipre e oficializada pela Organização das Nações Unidas em 1987 através da Resolução V/19, que publicou a seguinte tabela de equivalências:

Tabela de equivalências ELOT 743/ONU[10][11]
1 Α, α a
αυ av,[nota 15] af[nota 16]
2 Β, β v
3 Γ, γ g
γγ ng
γξ nx
γχ nch
4 ∆, δ d
5 Ε, ε e
ευ ev,[nota 15] ef[nota 16]
6 Ζ, ζ z
7 Η, η i
ηυ iv,[nota 15] if[nota 16]
8 Θ, θ th
9 Ι, ι i
10 Κ, κ k
11 Λ, λ l
12 Μ, µ m
µπ b,[nota 17] mp[nota 18]
13 Ν, ν n
14 Ξ, ξ x
15 Ο, ο o
ου ou
16 Π, π p
17 Ρ, ρ r
18 Σ, σ, ς s
19 Τ, τ t
20 Υ, υ y
21 Φ, φ f
22 Χ, χ ch
23 Ψ, ψ ps
24 Ω, ω o

Diacríticos[editar código-fonte]

Até 1982, o grego moderno (tanto em sua variante conservadora catarévussa quanto no mais progressivo demótico) empregava uma gama variada de diacríticos herdados do grego clássico, até que a maioria destes foi abolida pela Lei 1228 de 1982, promulgada por Andréas Papandréou, chamada reforma monofônica.[12] Na forma monofônica, preservam-se exclusivamente o acento agudo (que faz parte do sistema ELOT 743, e, por sua equivalência com o diacrítico presente no português, deve ser preservado em toda transliteração e transcrição na Wikipédia) e a diérese (que deve ser preservada em toda transliteração, mas não em transcrições). A posição dos acentos sempre será a mesma do alfabeto grego, exceto quando a vogal acentuada é transformada em consoante, caso no qual o acento retrocederá para a vogal anterior (por exemplo, Σταύρος torna-se Stávros).[13][10] Transliterando-se a antiga forma politônica, contudo, devem-se aplicar as regras de transliteração do grego antigo.[5]

O sistema ELOT 743/ONU prescreve um sub-mácron opcional para os casos αυ (av̠/af̠) , γγ (ṉg), γξ (ṉx), γχ (ṉch), ευ (ev̠/ef̠) , η (), ηυ (i̠v̠/i̠f̠), ω (), de forma a permitir total reversibilidade entre a transliteração em alfabeto latino e o texto original.[14][10] Este diacrítico é absolutamente dispensável em transcrições, mas pode ser utilizado em transliterações técnicas, especialmente tratando de artigos que versam sobre a língua grega em si.

Notas

  1. Longo.
  2. Antes de γ, κ, ξ e χ.
  3. ῥ e ῥῥ, respectivamente.
  4. Longo.
  5. Nos ditongos αυ, ευ, ηυ e ου.
  6. Esta desinência tem algumas exceções solidificadas pelo costume, como Φίλιππος (Filipe) e Ἀλέξανδρος (Alexandre).
  7. {{{1}}}
  8. {{{1}}}
  9. {{{1}}}
  10. Não encontramos exemplos, mas, se surgir um, observe-se esta regra e sinta-se livre para adicionar o exemplo a esta política.
  11. Antes de γ, κ, ξ e χ.
  12. Não-geminado antes de ι seguido de vogal.
  13. Nos ditongos αυ, ευ, ηυ e ου.
  14. Antes de ε, η, ι e υ.
  15. a b c Antes das consoantes β, γ, δ, ζ, λ, µ, ν, ρ e de todas as vogais.
  16. a b c Antes das consoantes θ, κ, ξ, π, σ, τ, φ, χ, ψ e no fim das palavras.
  17. No começo e no fim de uma palavra.
  18. No meio de uma palavra.

Referências

  1. a b Library of Congress 2010, p. 2.
  2. a b Grensted 1958, pp. 1111-1112.
  3. a b Library of Congress 2010, p. 1-2.
  4. a b Smyth 1920, p. 7.
  5. a b c Ellinikós Organismós Typopoíisis 2001, p. 5.
  6. The Chicago Manual of Style 2010, 11.131.
  7. Monaretto & Pires 2012, p. 162.
  8. Smyth 1920, p. 225.
  9. Smyth 1920, p. 48-72, 238-244.
  10. a b c Report of the Conference. Fifth United Nations Conference on the Standardization of Geographical Names (Relatório). 1. Montréal: Organização das Nações Unidas. 18–31 de agosto de 1987. pp. 42–43 
  11. Ellinikós Organismós Typopoíisis 2001, pp. 1-4.
  12. «Ἱστορικὸ τῆς καταστροφῆς». Κίνησης Πολιτῶν γιὰ τὴν Ἐπαναφορὰ τοῦ Πολυτονικοῦ Συστήματος (em grego). Consultado em 22 de abril de 2018. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2017 
  13. Ellinikós Organismós Typopoíisis 2001, pp. 3-4.
  14. Ellinikós Organismós Typopoíisis 2001, pp. 10-11.

Bibliografia[editar código-fonte]