Wilhelmina Drucker

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Wilhelmina Drucker
Wilhelmina Drucker
Wilhelmina Drucker (circa 1907)
Nome completo Wilhelmina Lensing Drucker
Pseudônimo(s) Gipsy, Gitano e E. Prezcier
Conhecido(a) por Mina Drucker e Iron Mina
Nascimento 30 de setembro de 1847
Amesterdão, Países Baixos  Países Baixos
Morte 5 de dezembro de 1925 (78 anos)
Amesterdão, Países Baixos  Países Baixos
Ocupação Autora, sindicalista, humanista, activista feminista

Wilhelmina Drucker (Amesterdão, Países Baixos, 30 de Setembro de 1847 - Amesterdão, Países Baixos, 5 de Dezembro de 1925) foi uma activista socialista, feminista e escritora holandesa. Foi uma das primeiras sufragistas nos Países Baixos e era também conhecida por escrever sob os pseudónimos Gipsy, Gitano e E. Prezcier.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascimento e Família[editar | editar código-fonte]

Nascida a 30 de setembro de 1847, em Amesterdão, com o nome de baptismo Wilhelmina Elizabeth Lensing, mas tratada por "Mina" no seu seio familiar, Wilhelmina Drucker era filha da relação de Constantia Christina Lensing (1815-1902), uma modista de Amesterdão, e de Louis Drucker (1805-1884), um abastado banqueiro alemão de origem judaica, que se recusou a casar e, por conseguinte, reconhecer legalmente as suas duas filhas.[2][3]

Primeiros Anos[editar | editar código-fonte]

Crescendo com o estigma de filha ilegítima, apesar da relação dos seus pais ser do conhecimento público, a sua juventude foi marcada por várias adversidades, não só financeiras como sociais, que a marcaram profundamente, sobretudo durante os seus primeiros anos enquanto estudava numa escola primária católica.

Activismo Político e Sindicalismo[editar | editar código-fonte]

De modo a ajudar a sua família, muito nova assumiu a mesma profissão que sua mãe e rapidamente começou a integrar-se nas causas sindicalistas e sufragistas, lutando pela melhoria de salários e condições de trabalho para as mulheres, entre outras causas.

A partir de 1886, participou em inúmeras reuniões do Bond Sociaal-Democratische, do sindicato De Unie, do Nederlandsche Bond, da Algemeen Kiesen en Stemrecht (Liga Holandesa de Sufrágio Geral) e da associação de livre-pensadores De Dageraad.[4]

Nos anos seguintes, o socialismo passou a ser uma das suas maiores influências. Começou a discursar publicamente em encontros, protestos e outros eventos políticos, nomeadamente em Volkspark, em Amesterdão, sendo este o ponto de encontro da Associação Social Democrata (SDB), argumentando várias vezes as suas reivindicações com exemplos da sua experiência pessoal e outros casos em contexto mais amplo, analisando os mecanismos sociais que afetavam as mulheres e que poderiam ser capazes de conceber uma mudança e melhoramento nas suas precárias condições de vida.

Escândalo "George David" e Acção Judicial[editar | editar código-fonte]

Wilhelmina Drucker, com o seu retrato pintado por Truus Claes em 1917, por ocasião do seu septuagésimo aniversário.

Anos mais tarde, Mina e a sua irmã Louise, escrevem o livro George David (1885), sob o pseudónimo de G. e E. Prezcier, onde atacavam não só os duplos padrões da moralidade de seu pai, que apenas havia reconhecido e legitimado os seus cinco filhos de sexo masculino, frutos de uma outra relação com Therese Temme, ao se casar com esta em 1869, como também davam exemplos da elevada ganância desta e dos seus meios-irmãos, lançando a dúvida sobre a possibilidade de estes terem cometido um homicídio para esconder várias histórias incriminatórias do seu passado.[5]

Pouco tempo depois, as duas iniciaram também uma acção judicial contra o seu meio-irmão, o político liberal Hendrik Lodewijk Drucker, que havia recebido uma avultada herança de seu pai, Louis. Em 1888, conseguiram vencer o caso em tribunal, sendo finalmente reconhecidas como filhas de Louis Drucker aos olhos da lei. Tendo direito à herança, as duas puderam assegurar a sua independência financeira e, imediatamente depois disso, Mina, que sempre havia utilizado o apelido Drucker, mesmo quando não era considerada filha legítima, pode fundar e financiar várias associações e obras sociais.[6]

Feminismo e Imprensa Feminina[editar | editar código-fonte]

Memorial a Wilhelmina Drucker em Amesterdão, criado pelo escultor Gerrit Jan van der Veen, em 1939.

Nesse mesmo ano, Mina e outras mulheres de círculos radicais e socialistas criaram a De Vrouw (A Mulher), uma revista semanal e feminista para mulheres e jovens meninas, e um ano depois, em 1889, fundou a Vrije Vrouwen Vereeniging (VVV, ou Free Women Association), juntamente com cinco mulheres do círculo SDB, que em 1894 se tornou na Vereeniging voor Vrouwenkiesrecht (Associação dos Direitos da Mulher).[7]

Em 1891, Wilhelmina Drucker representou a VVV no Congresso Socialista Internacional do Trabalho em Bruxelas, o segundo congresso da Segunda Internacional, onde ela e vários delegados da Alemanha, Áustria e Itália pediram para que todos os manifestos dos partidos socialistas, de todos os países ali presentes, incluíssem e apelassem à plena igualdade jurídica e política de direitos entre homens e mulheres, sendo esta medida aprovada e adoptada na sessão final do congresso.[8]

Dois anos depois, em 1893, Wilhelmina Drucker fundou a revista semanal Evolutie (Evolution), com a editora, professora e amiga de longa data Theodore Haver, conhecida como Dora Schook-Haver ou simplesmente Dora Haver, até 1926.

Durante esses anos, Wilhelmina Drucker também deu palestras na Holanda, envolveu-se no estabelecimento de vários sindicatos de mulheres trabalhadoras, e, em 1897, tornou-se membro da recém-fundada Vereeniging Onderlinge Vrouwenbescherming (OV, ou Women's Mutual Protection Society), que trabalhava pelos direitos das mães solteiras e dos seus filhos. Mina Drucker ainda afirmou que a OV era uma organização militante que unia todas as mulheres - casadas ou solteiras, com ou sem filhos - para trabalhar na esfera pública pelos direitos das mulheres e contra leis injustas ou de moralidade ultrapassada. Numa entrevista a um jornal local, explicou as suas ideias sobre a missão e o importante papel da OV, lançando também as bases para várias organizações ativistas que surgiram posteriormente, tais como a Blijf van mijn Lijf (literalmente 'Fique longe do meu corpo', uma rede de abrigos para mulheres vítimas de violência doméstica e abusos sexuais), a Vrouwen tegen Verkrachting ('Mulheres contra o estupro'), ou ainda o grupo feminista Dolle Mina, chamado de 'IJzeren Mina' (literalmente Iron Mina ou Mina Ferro, de acordo com a alcunha pela qual a activista era tratada) em homenagem a esta, em 1969.

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Wilhelmina Drucker morreu a 5 de dezembro de 1925, em Amesterdão, com 78 anos de idade, sem nunca ter casado ou deixado descendência. Foi sepultada no cemitério de Zorgvlied, junto de sua mãe e irmã.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Pelo 50º aniversário da Vrije Vrouwen Vereeniging (VVV, ou Free Women Association), em 1939, foi erguido um memorial em Churchillaan, Amesterdão. Denominada "Woman as a free human being" (Mulher como um ser humano livre), a estátua de bronze, criada através de uma iniciativa privada do Comitê de Depoimento Wilhelmina Drucker, foi esculpida pelo artista e activista Gerrit Jan van der Veen. No pedestal do monumento, encontra-se o retrato de Mina Drucker e a inscrição "Pela Paz, Liberdade, Desenvolvimento e Caridade".

Em 1969, em homenagem a Wilhelmina Drucker, foi criado o grupo de activistas radicais e feministas, de cariz marxista, Dolle Mina, também chamado de 'IJzeren Mina' (Iron Mina) tal como também era referida e conhecida a activista.

O seu nome foi ainda atribuído a várias ruas e avenidas nos Países Baixos, nomeadamente em Amesterdão, Apeldoorn, Alphen aan den Rijn, Waalwijk e Voorschoten.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Over vrijen en trouwen, waar velen van houwen (Sobre fazer amor e casar, que muitos esculpem),1905 [9] (em neerlandês)
  • Vrouwenarbeid in het verleden en in het heden: ede gehouden op de Algemeene Vergadering van den Nationalen Vrouwenraad in Nederland op 26 April 1906 (O trabalho das mulheres no passado e no presente: discurso proferido na Assembleia Geral do Conselho Nacional da Mulher, na Holanda, a 26 de abril de 1906), 1906 [10] (em neerlandês)
  • Autour du travail de la femme, 1911 (em francês)
  • Moederschap : sexueele ethiek (Maternidade: ética sexual), 1913 (em neerlandês)
  • Waarom kiezen de vrouwen niet mee? (Porquê as mulheres não participam?), 1915 [11] (em neerlandês)
  • Waarde voorstander(ster), 1916 (em neerlandês)
  • Geen blinde volgelingen: opgedragen aan de leden der Vereeniging voor Vrouwenkiesrecht (Sem seguidores cegos: dedicado aos membros da Associação de Mulheres), 1916 (em neerlandês)
  • De verbetering van het recht der vrouw. Par. 1. De Vrije Vrouwenvereeniging (A melhoria dos direitos da mulher. Par. 1. Associação das Mulheres Livres), 1918 (em neerlandês)
  • Rapport van de Enquête-commissie, ingesteld door het Comité van Actie tegen het ontslag der gehuwde ambtenaressen (Relatório da Comissão de Inquérito, estabelecido pela Comissão de Acção contra a destituição de funcionários casados), 1928 (em neerlandês) (publicado postumamente)

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Charité, J. (1979). Biografisch woordenboek van Nederland (em neerlandês). [S.l.]: Nijhoff 
  2. «Digitaal Vrouwenlexicon van Nederland». Resources (em Dutch). 17 de setembro de 2019 
  3. Hall, Deanna te Winkel-Van (1968). Wilhelmina Drucker: De eerste vrije vrouw (em neerlandês). [S.l.]: Tor 
  4. «Wilhelmina Drucker – biografie | Bekende vrouwen». Atria (em neerlandês). 28 de janeiro de 2019. Consultado em 18 de março de 2022 
  5. Drucker, Wilhelmina; Drucker, Louise (1976). Wilhelmina Drucker en de schandaalroman George David (em neerlandês). [S.l.]: Engelbewaarder 
  6. Rooy, Piet de (22 de janeiro de 2015). A tiny spot on the earth: the political culture of the Netherlands in the nineteenth and twentieth centuries (em inglês). [S.l.]: Amsterdam University Press 
  7. We Are Feminist: An Infographic History of the Women's Rights Movement (em inglês). [S.l.]: Simon and Schuster. 3 de março de 2020 
  8. Fauré, Christine (2 de junho de 2004). Political and Historical Encyclopedia of Women (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  9. Drucker, Wilhelmina (1905). Over vrijen en trouwen, waar velen van houwen (em neerlandês). [S.l.: s.n.] 
  10. Drucker, Wilhelmina (1906). Vrouwenarbeid in het verleden en in het heden: rede gehouden op de Algemeene Vergadering van den Nationalen Vrouwenraad in Nederland op 26 april 1906 te Groningen (em neerlandês). [S.l.: s.n.] 
  11. Drucker, Wilhelmina (1915). Waarom kiezen de vrouwen niet mee? (em neerlandês). [S.l.]: Vrije Vrouwenvereeniging 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • (em neerlandês) Bij de dood van een feminista  : necrologieën over Wilhelmina Drucker / Marianne Braun In: Boletim de biografia. - 14 (2004), 1 (voorjaar), p.   40-46 Portret van de dood van Wilhelmina Drucker (1847–1925) om enig uitzicht te bieden op haar publicieke leven.
  • (em neerlandês) Missie aan de marge de aan het front? / Myriam Everard Em: Et.vt. - 22 (2003), 2, p.   117-118 Na rubrica 'Geef de pen door ...', leia o artigo sobre o autor e os barcos que viajam de carro em uma cidade no Wilhelmina Drucker e veja o que é necessário para o catolicismo.
  • (em neerlandês) De Hollandse binnenkamer II (Thema) / Marianne Braun [et al. ] In: Boletim Biografie. - 10 (2000), 3, p.   200-216 No artigo 'De acordo com a palavra', Marianne Braun e a mulher são feministas no hervormster social Wilhelmina Drucker, especialista em Vrije Vrouwenvereeniging.
  • (em neerlandês) De bij wil koningin worden  : het feminista feminista de Wilhelmina Drucker / Marianne Braun In: Biografie boletim. - 10 (2000), 3, p.   209-216 - Wilhelmina Drucker, de 1847 a 1925. O que outras pessoas estão dizendo, wet, traditie en mannelijke ijdelheid de vrouw belemmerden om net als haar wederhelft 'mens' te worden. De feminista, sociaal hervormster e especialista em Vrije Vrouwenvereeniging wilde de vrouw uit de benauwde binnenkamer laten breken.
  • (em neerlandês) Geen woorden, maar daden  : de radikalinski's van de vrouwenbeweging / Esmeralda Otten Em: Savante. - 6 (1998), 23 (voorjaar), p.   15-16 Wilhelmina Drucker (1847–1925) e Emmeline Pankhurst (1858–1928) compõem o grupo radical radical vleugel van de vrouwenbeweging. Zij streden, beiden op hun eier manier, voor het invoeren van vrouwenkiesrecht in respeievelijk Nederland en Engeland.
  • (em neerlandês) Drie sprookjes van Wilhelmina Drucker  : een bijdrage aan of cultuurgeschiedenis van het fin of siècle / Marianne Braun In: Feminisme en verbeelding. - (1994), p.   11-29 Analise a história da ficção científica de Drucker (1847–1925) em um livro sobre a Evolutie, a partir de uma perspectiva do credo.
  • (em neerlandês) Portret van een radicale baanbreekster  : Wilhelmina Druckers criou um grupo de amigos para homens / Tosca Snijdelaar In: Furore. - 9 (1992), (mrt), p.   18-22 Portret van Wilhelmina Drucker (1847–1925)
  • (em neerlandês) Mevrouw, ik groet U  : necrologieën van vrouwen / Emma Brunt (samenst. en inl. ) - Amsterdã; [etc. ]  : Rap, 1987. - 200p.  : eu vou. Bundel van levensbeschrijvingen van vrouwen geschreven door tijdgenoten. Bevat oa een artikel over oa Wilhelmina Drucker (1847-1925).
  • (em neerlandês) Deersers feministische golf  : zesde jaarboek voor vrouwengeschiedenis / Jeske Reys (vermelho. ), Tineke van Loosbroek (vermelho. ), Ulla Jansz (vermelha), [et al. ] - Nijmegen  : SUN, 1985. - 208p.  : eu vou.  : aceso. (Jaarboek voor vrouwengeschiedenis; 6) Bundel encontrou artigos sobre as mulheres de golfe feminino na Nederland, waarbij aandacht besteed aan of verschillende groeperingen en stromingen binnen of vrouwenbeweging. Daarnaast zijn van een aantal vrouwen biografische artikelen opgenomen. Artigo principal: 'De vrouw als vrije mensch': um monumento a Wilhelmina Drucker / porta Maria Henneman, em 'De geestelijke eenzaamheid van een radicaal-feministe  : Wilhelmina Druckers ontwikkeling tussen 1885 en 1878 '/ porta Fia Dieteren.
  • (em neerlandês) Vrouwen rond de eeuwwisseling / Aukje Holtrop (vermelho. ) - Amsterdã  : De Arbeiderspers, 1979. - 204p.  : aceso. Leia mais em: Vrij Nederland. Retratam van vrouwen zich rond 1900 zowel binnen als buiten de georganiseerde vrouwenbeweging with positie van vrouwen bezighielden. Bevat tevens een inleiding over deersers feministische golf. Retratos de: Mina Kruseman, Betsy Perk, Wilhelmina Drucker, Aletta Jacobs, Carry van Bruggen, Cornélie Huygens, Henriette Roland Holst-van der Schalk, Mathilde Wibaut, Carry Pothuis, Roosje Vos. .
  • (em neerlandês) Wilhelmina Drucker  : de eerste vrije vrouw / Deanna de Winkel-van Hall. - Amsterdã  : Stichting International Archief voor de Vrouwenbeweging, 1968. - 84p
  • (em neerlandês) Mevrouw W. Drucker. 30 de setembro de 1847 - 5 de dezembro de 1925 / Anna Polak. - Amsterdã  : Maatschappij voor Goede e Goedkoope Lectuur, 1926. - p.   177-187 Uit: Leven en werken. Maandblad voor meisjes en vrouwen. XI (1926), n. 3)
  • (em neerlandês) Último número, gewijd aan de nagedachtenis van Mevr. W. Drucker (1847-1925) em leven redactrice van dit blad. - Amsterdã  : Evolutie, 1926. - 16p.  : eu vou.
  • (em neerlandês) George David  : Wilhelmina Drucker e Thomas George David / G. Prezcier, E. Prezcier. - Amsterdã  : Meijer, 1885. - 162p.
  • (em neerlandês) Karakterschets Mevrouw W. Drucker. - [14p. ]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]