Eternidade

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Eternidade é um conceito filosófico[1][2] que se refere, no sentido comum, a inexistência do tempo, logo sendo algo infinito. No sentido filosófico, refere-se a algo que não pode ser medido pelo tempo, porquanto o transcende. Nesse sentido, eterno é algo sem começo e nem fim. Como o conceito de ouroboros ou oroboro que é o início que morde o próprio fim, representado por uma cobra ou dragão que morde a própria cauda. Outro exemplo clássico do ser eterno é o Deus judaico-cristão.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A palavra 'eternidade' vem do latim aeturnus, termo que, por sua vez, é uma derivação de aevum, que significa 'era' ou 'tempo'.[1][3] O termo costuma ser entendido em dois sentidos. No sentido comum, significa ‘sempiternidade’ (do latim sempiternus,a,um: 'perpétuo, eterno, imortal'), isto é, duração ou tempo infinito. Já no sentido mais usual entre os filósofos, corresponde a atemporalidade, ou seja, a algo que não pode ser medido pelo tempo, pois o transcende.[2][1]

Eternidade como um atributo de Deus[editar | editar código-fonte]

Teologia[editar | editar código-fonte]

Uma definição de eternidade é dada pelo teólogo Boécio como a "posse, sem sucessão e perfeita, de uma vida interminável" (interminabilis vitae tota simul et perfecta possessio), essa definição, adotada pelos escolásticos, no que tange à característica intrinsecamente e unicamente divina, implica em 4 coisas:

  • uma vida;
  • sem começo nem fim;
  • nem sucessão; e
  • do mais perfeito tipo.

Nessa visão, Deus não apenas existe, mas viveu durante um tempo infinito no passado e continuará vivendo para sempre, englobando todas as noções de vida que temos de qualquer ser vivente, sendo que a vida divina é perfeita a ponto das "ideias humanas e suas terminologias serem incapazes de descrevê-la", e que Deus vive em um eterno e imutável presente.[4]

Agostinho de Hipona também se propõe a tentar resolver essa questão nos livros 10 e 11 de Confissões, apresentando a pergunta: "Se Deus é eterno, o que Ele fazia antes da criação do mundo?". Agostinho argumenta que essa pergunta só faria sentido se assumíssemos que Deus e o mundo são entes separados que existem num mesmo contínuo temporal, respondendo que Deus não criou o mundo no tempo, mas com o tempo, portanto ambos o Universo e o tempo seriam criações divinas.[5]

Atemporalidade[editar | editar código-fonte]

Outro entendimento seria dizer que Deus é um Ser atemporal (existe fora do tempo), que o passado, presente e futuro para Ele seriam apenas o "presente", muitos filósofos argumentam que isso poderia gerar uma contradição nos atributos divinos, de que Deus não poderia ser onisciente e atemporal ao mesmo tempo, Ele poderia saber todos os fatos do passado, presente e futuro, mas não poderia saber se um fato presente está acontecendo no presente, do jeito que o concebemos, explicando em outras palavras, Deus sabe todos os fatos, mas não sabe todas as proposições, e que tal Deus seria incapaz de intervir num mundo temporal, visto que mesmo que Ele saiba a ordem temporal dos acontecimentos, Ele não saberia dizer quais, no presente momento, são passado, presente ou futuro.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Paul Helm (1º de novembro de 2015). Eternity «1. Etimology» Verifique valor (ajuda). Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês) 
  2. a b Ferrater Mora, J.; Terricabras, Josep-Maria. Dicionário de filosofia, vol 2. São Paulo: Loyola, 1994, p. 925.
  3. (em italiano) Aevum. Apologetica e filosofia cristiana.
  4. «Eternity» 
  5. Timothy George. «The eternity of God» 
  6. Dean Lubin. «Can a Timeless God act in the world?» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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