Jatropha curcas

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purgueira, jatrofa, pinhão-manso
Jatropha curcas
Jatropha curcas
Estado de conservação
Espécie não avaliada
Espécie não avaliada
Não avaliada
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Euphorbiaceae[1]
Gênero: Jatropha
Espécie: J. curcas
Nome binomial
Jatropha curcas
L., 1753[2]
Sinónimos[3]
Ricinus jarak Thunb.
Ricinus americanus Mill.
Ricinoides americana Garsault
Manihot curcas (L.) Crantz
Jatropha yucatanensis Briq.
Jatropha edulis Sessé
Jatropha curcas var. rufa
Jatropha condor Wall.
Jatropha afrocurcas Pax
Jatropha acerifolia Salisb.
Curcas purgans Medik.
Curcas lobata Splitg. ex Lanj.
Curcas indica A.Rich.
Curcas drastica Mart.
Curcas curcas (L.) Britton & Millsp.
Curcas adansonii Endl.
Castiglionia lobata Ruiz & Pav.
Sementes de Jatropha curcas.
Ilustração
Hábito da planta.

Jatropha curcas L.[4] é uma espécie de planta da família Euphorbiaceae[5][6] conhecida pelos nomes comuns de purgueira, pinhão-manso, jatrofa, mandubiguaçu, pinhão-de-purga[7] e pinha-de-purga. Com distribuição natural no sul do México e América Central,[8] a espécie é amplamente cultivada para a produção de biocombustíveis (biodiesel) e como planta medicinal, estando naturalizada na maioria das regiões tropicais e subtropicais. As sementes contêm 27-40% de óleos vegetais[9] (média: 34.4%[10]) que podem ser facilmente processados para produzir biodiesel de alta qualidade, utilizável em motores diesel convencionais. As sementes são também uma fonte da toxalbumina conhecida por curcina ou jatrofina, um composto de elevada toxicidade[11], com relatos de intoxicação em humanos[12].

Descrição[editar | editar código-fonte]

J. curcas é um arbusto ou pequena árvore (microfanerófito a mesofanerófito), venenoso, parcialmente suculento, semi-perene, com até 6 m de altura,[8] mas geralmente de 1 a 5 m de alto, muito resistente à aridez, o que permite a sua cultura em regiões desérticas.[13][14] Os ramos mais jovens contêm uma seiva de coloração rosada, ligeiramente leitosa, sendo os caules amisa antigos recobertos por um ritidoma esfoliante.

A espécie é monoica, com folhas ovadas, por vezes levemente 3–7-lobadas, 10–25 cm de comprimento e 9–15 cm de largura, lobos agudos, base amplamente cordada, glabrescentes na face inferior. Os pecíolos com 8–15 cm de comprimento, glabros e estípulas reduzidas.

Ao florescer apresente inflorescência em forma de dicásio terminal, 10–25 cm de comprimento, com múltiplas ramificações, formando geralmente estruturas planas. As flores apresentam sépalas inteira, pétalas fundidas, 5–6 mm de comprimento, hirsutas por dentro, verdosas ou branco-amareladas, com 10 estames, as anteras 1–1,6 mm de comprimento e o ovário glabro.

O fruto é uma cápsula tricoca, ovoide a ligeiramente trilobada, com até 3 cm de comprimento e 2 cm de largura, carnosa, mas deiscente ao maturar.[15] As sementes são oblongas, elipsoides, com 15–22 mm de comprimento, apresentando uma coloração escura e contidas em frutos tipo. A semente é constituída, em média, de 75% de embrião e 25% de tegumento, apresentam pequena variação de tamanho e densidade, além de não apresentar problemas de dormência.[16]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Nativa da América Central, foi difundida pelas regiões tropicais e subtropicais da Ásia e África por comerciantes portugueses, como planta medicinal, depois amplamente usada em cercas e abrigos. Na actualidade apresente distribuição cosmopolita nas regiões tropicais e subtropicais devido à sua grande facilidade em se adaptar a condições adversas, nomeadamente à secura, aos solos degradados e à salinização dos solos e águas.[17]

Resiste a elevada secura nos solos, crescendo em regiões precipitação anual de apenas 250 a 600 mm. Em cultura é resistente a pragas e a patógenos, não requerenso o uso de pesticidas graças às características pesticidas e fungicidas naturais da planta. A planta pode viver até aos 40 anos de idade.

Cultivo e usos comerciais[editar | editar código-fonte]

No clima semiárido da Região Nordeste do Brasil[18], depois de cinco anos de experimentos com pinhão-manso, o pesquisador da Embrapa Semiárido (em Petrolina, em Pernambuco), Marcos Drummond, informou que um dos principais gargalos do cultivo está na colheita. Os frutos amadurecem desuniformes, o que prejudica e aumenta o custo da mão de obra. "Enquanto não se resolver este problema, a cultura fica inviável economicamente. O trabalho de melhoramento genético é fundamental para obter uniformidade na maturação dos frutos. Também é necessário estabelecer modelos de sistemas produção", reforça Drummond. Nesta região, com precipitação de 500 mm, é inviável produzir economicamente sem irrigação. Nos experimentos, após repetição de quatro anos, tem-se observado uma produtividade de 4 mil/kg/sementes/ha, onde estão sendo fornecidos 20 litros de água por semana. Nas mesmas condições, mas sem irrigação, a produtividade não chega a 300/kg/sementes/ha. "Esses dados mostram que o pinhão-manso tem potencial. Só precisamos ajustar a cultura às condições ambientais", comprova Drummond. Comparada as outras espécies, o pinhão-manso apresenta menor demanda de água, porém necessita de um suprimento regular ao longo do ano. Também é uma modalidade que não compete com o fornecimento de comida.

Na Índia, onde o cultivo da purgueira têm tradicionalmente estado nas mãos dos pequenos produtores, existem planos para semear até 40 milhões de hectares com Jatropha. A multinacional British Petroleum tem um projecto experimental para produzir biodiesel a partir de uma plantação de 100 mil ha na Indonésia. A construtora automóvel DaimlerChrysler testou automóveis Mercedes movidos exclusivamente com diesel de Jatropha.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Jatropha curcas foi descrita por Carolus Linnaeus, tendo a sua descrição científica publicada em Species Plantarum 2: 1006. 1753.[15] O epíteto específico "curcas" foi utilizado pela primeira vez pelo médico português Garcia de Orta no século XVI e é de origem incerta.[19]

Cultivada comercialmente nas regiões semi-áridas da zona tropical e subtropical, a espécie recebe múltiplas designações nos países lusófonos, com etimologia por vezes assente nas línguas nativas locais. O nome comum brasileiro "mandubiguaçu" é formado pela junção dos termos tupis mãdu'bi (amendoim) e guaçu (grande)[7], significando, portanto, "amendoim grande". É uma referência a suas sementes, semelhantes às do amendoim. "Purgueira" e "pinhão-de-purga" também são referência às suas sementes, que contêm um óleo tóxico com efeito purgativo.[7]

A espécie apresente uma variada sinonímia, resultado da vesta área de expansão da planta e da sua variabilidade morfológica.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Nahar, K. and Ozores-Hampton, M. (2011). Jatropha: An Alternative Substitute to Fossil Fuel.(IFAS Publication Number HS1193). Gainesville: University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences. Retrieved (12-17-2011).
  2. «Jatropha curcas L.». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture. 29 de agosto de 2008. Consultado em 14 de outubro de 2010 
  3. a b http://www.catalogueoflife.org/show_species_details.php?record_id=4839083
  4. L., 1753 In: Sp. Pl. : 1006
  5. WCSP: World Checklist of Selected Plant Families
  6. Roskov Y., Kunze T., Orrell T., Abucay L., Paglinawan L., Culham A., Bailly N., Kirk P., Bourgoin T., Baillargeon G., Decock W., De Wever A., Didžiulis V. (ed) (2014). «Species 2000 & ITIS Catalogue of Life: 2014 Annual Checklist.». Species 2000: Reading, UK. Consultado em 26 de maio de 2014 
  7. a b c FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 078.
  8. a b Janick, Jules; Robert E. Paull (2008). The Encyclopedia of Fruit & Nuts. [S.l.]: CABI. pp. 371–372. ISBN 978-0-85199-638-7 
  9. Achten WMJ, Mathijs E, Verchot L, Singh VP, Aerts R, Muys B 2007. Jatropha biodiesel fueling sustainability?. Biofuels, Bioproducts and Biorefining 1(4), 283-291.[1] doi:10.1002/bbb.39The Jatropha Archives
  10. Achten WMJ, Verchot L, Franken YJ, Mathijs E, Singh VP, Aerts R, Muys B 2008. Jatropha bio-diesel production and use. (a literature review) Biomass and Bioenergy 32(12), 1063–1084.[2] doi:10.1016/j.biombioe.2008.03.003The Jatropha Archives
  11. http://www.drugsandpoisons.com/2008/01/lectins-peas-and-beans-gone-bad.html
  12. Glehn, Mateus de Paula; Moraes, Ana Luísa Ataide; Huang, Jessica dos Anjos; Netto, Mário Bezerra da Trindade; Oliveira, Andre Jaccoud (22 de junho de 2018). «Agregado de casos de intoxicação por Jatropha curcas». Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade. 11 (2). ISSN 1984-3577. doi:10.22280/revintervol11ed2.341 
  13. «JATROPHA IN AFRICA. FIGHTING THE DESERT & CREATING WEALTH». Consultado em 14 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 13 de junho de 2008 
  14. Jatropha: creating desert solutions
  15. a b «{{subst:PAGENAME}}». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 24 de março de 2014 
  16. SHEPENTINA et al., 1986.
  17. Genetica Forestal, S. De R.L. de C.V. –DR. Teobaldo Eguiluz Piedra.
  18. "Bagarai" (2011). «"Pinhão-manso: cultura para uso como fonte de energia fomenta pesquisa - Bagarai"». "Heineken". Consultado em 16 abril de 2011 
  19. «Jatropha curcas L. Euphorbiaceae» (PDF). Agroforestree Database 4.0. World Agroforestry Centre. 2009. Consultado em 14 de outubro de 2010 [ligação inativa]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Carl von Linné: Species Plantarum. (ed.1) 1: 1006, 1753
  • Alph. Steger, J. van Loon: Das fette Öl der Samen von Jatropha curcas. In: Fette und Seifen. 49(11), 1942, S. 769–840.
  • J. Heller: Physic nut Jatropha curcas L. IPK, Gatersleben 1996, ISBN 92-9043-278-0. (PDF)
  • N. D. Prajapati, Tarun Prajapati (Hrsg.): A handbook of Jatropha curcas Linn. (physic nut). Asian Medicinal Plants and Health Care Trust, 2005, ISBN 81-89070-05-3.
  • Bundesministerium für Ernährung, Landwirtschaft und Verbraucherschutz, Sonderheft 294: Möglichkeiten der Dekontamination von „Unerwünschten Stoffen nach Anlage 5 der Futtermittelverordnung (2006)“. 2006
  • Michael Schwelien: Treibstoff aus der Giftpflanze. In: Die Zeit. 31. Dezember 2004.
  • Ranty Islam: Indisches Nuß-Öl soll Autos antreiben. In: Die Zeit. 2. Dezember 2006.
  • J. Latschan: Sustainable energy: Risks and opportunities of biomass for biofuel. The case of Jatropha cultivation in India. Centre for Sustainability Management, Lüneburg 2009. (CSM Lüneburg, 2,4 MB; PDF)
  • Lutz Roth, Max Daunderer, Karl Kormann: Giftpflanzen Pflanzengifte. 6. überarbeitete Auflage. Nikol-Verlag, Hamburg 2012, ISBN 978-3-86820-009-6.
  • Ingrid und Peter Schönfelder: Das neue Buch der Heilpflanzen. Franckh-Kosmos Verlag, 2011, ISBN 978-3-440-12932-6.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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