Paulo Roberto Costa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Paulo Roberto Costa
Paulo Roberto Costa
Durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, na Câmara dos Deputados. Foto:Marcelo Camargo/ABr
Nascimento 1 de janeiro de 1954[1]
Telêmaco Borba, Paraná
Morte 13 de agosto de 2022 (68 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Ocupação engenheiro

Paulo Roberto Costa ComMD (Telêmaco Borba, 1 de janeiro de 1954[1][2]Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2022) foi um engenheiro brasileiro e ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, entre 2004 e 2012. Ficou conhecido por seu envolvimento no esquema de corrupção na estatal investigado pela Operação Lava Jato.[3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Paulo Roberto Costa nasceu no distrito de Cidade Nova, atual município de Telêmaco Borba, que emancipou do município de Tibagi, no Paraná. É filho de Paulo Bachmann Costa e de Evolina Pereira da Silva.[1] Em 1976 formou-se em Engenharia mecânica pela Universidade Federal do Paraná e realizou pós-graduação em engenharia de instalações no mar.[5] É casado com Marici da Silva Azevedo,[6] com quem tem duas filhas.[7][8][9] É pai de Shanni Azevedo Costa Bachmann, casada com Márcio Lewkowicz, e pai de Ariana Azevedo Costa Bachmann, que foi casada com Humberto Sampaio de Mesquita, falecido em janeiro de 2017.[10][11]

Foi funcionário de carreira da Petrobras, ingressando em 1º de fevereiro de 1977 por meio de concurso público. Começou a assumir cargos de direção a partir de 1995, ainda no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo sido diretor da Gaspetro de 1997 a 2000.[12] Em 2004, por indicação do deputado federal José Janene,[13] do PP, foi nomeado ao cargo de diretor de Abastecimento pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.[14] No ano seguinte, foi condecorado pelo presidente com o grau de Comendador suplementar da Ordem do Mérito da Defesa.[15]

Em novembro de 2016 fechou acordo de cooperação com o FBI (polícia federal americana) e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, comprometendo-se a cooperar com as investigações no âmbito da Promotoria de Justiça americana com fornecimento de documentos e outros materiais.[16] Ele também deverá comparecer a depoimentos e entrevistas sempre que for convocado.[17]

Acusação de corrupção[editar | editar código-fonte]

Segundo a sua própria delação, usou o cargo para consolidar um esquema de corrupção que juntou altos funcionários da estatal, grandes empreiteiros, membros do Senado e da Câmara, ministros de estado, governadores, dirigentes de partidos aliados do Planalto e doleiros especializados em lavagem de dinheiro.[18]

Em março de 2014, foi preso pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato, tendo sido apontado pela PF como integrante de um esquema que movimentou de forma suspeita cerca de 10 bilhões de reais.[19]

Em 5 de setembro de 2014, delatou à PF políticos que teriam recebido como propina parte do dinheiro de contratos da estatal com outras empresas. Além de parlamentares (deputados federais e senadores), Costa também teria mencionado governadores nos depoimentos.[20] Entre os nomes divulgados estão o na época presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, foi apontada a participação do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e de Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados delatados por Costa estão Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).[21] Em janeiro de 2015, revelou-se que em um quarto de hotel de luxo em Ipanema, no Rio, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras recebeu uma caixa de garrafas de cachaça recheada com R$ 200 mil em dinheiro vivo.[22]

Em fevereiro de 2017, o Ministério Público Federal pediu ao juiz Sergio Moro a suspensão dos benefícios de delação premiada de Paulo Roberto Costa, e sua condenação à prisão. Os procuradores querem que Costa responda com base na lei de organizações criminosas. Os procuradores alegam que Costa mentiu em sua colaboração, o que pela lei seria suficiente para quebrar o acordo firmado com a Justiça Federal.[23]

CPI da Petrobras[editar | editar código-fonte]

Em 25 de agosto de 2015, Paulo Roberto Costa voltou a afirmar que autorizou o repasse de 2 milhões de reais para a campanha da então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff em 2010. De acordo com Costa, o dinheiro foi pedido pelo ex-ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. A afirmação foi feita durante a acareação entre Costa e o doleiro Alberto Youssef realizada pela CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados.[24]

Condenação[editar | editar código-fonte]

Paulo Roberto Costa
Crime(s) lavagem de dinheiro
Pena 12 anos em regime fechado
Situação morto

Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef foram condenados juntamente com os executivos afastados da Camargo Corrêa pelo esquema de corrupção na Petrobras nas obras REPAR, RNEST (Refinaria Abreu e Lima) e Comperj. O ex-diretor da Petrobras foi condenado a 12 anos de prisão, no entanto, vai cumpri-los em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, pela contribuição com a Justiça nos termos da delação premiada. Em outubro de 2016, passou para o regime semiaberto.[25]

Leilão de bens[editar | editar código-fonte]

Em 13 de outubro de 2016, Paulo Roberto teve sua lancha "Costa Azul" leiloada por 1,4 milhão de reais. O pagamento será incorporado aos cofres públicos como parte da restituição dos danos causados pelo ex-diretor à Petrobras.[26]

Morte[editar | editar código-fonte]

Paulo Roberto morreu em 13 de agosto de 2022, aos 68 anos, vítima de um câncer no pâncreas.[27][28]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Petição 5210» (PDF). Ministério Público Federal. Setembro de 2014. Consultado em 10 de abril de 2018 
  2. Mazui, Guilherme. «CASO PETROBRAS O DELATOR — De fino trato a homem-bomba». ClicRBS. Consultado em 14 de fevereiro de 2015. Antes de se transformar em homem-bomba, [Paulo Roberto] Costa foi Paulinho, um menino brincalhão nascido em 1954, quando Telêmaco Borba, cidade do interior paranaense, começava [...] 
  3. Os próximos capítulos da Lava Jato - Jornal Gazeta do Povo
  4. Sady Osires Mercer Guimarães (7 de junho de 2014). «Telêmaco Borba – Cidade tem um "Filho" envolvido na operação "Lava Jato" da Policia Federal. Paulo Roberto Costa é telemacoborbense». TB AquiAgora. Consultado em 6 de outubro de 2014. Arquivado do original em 9 de outubro de 2014 
  5. Fernando Jaasper. «Petrobras participa do Papo de Mercado». Gazeta do Povo. Consultado em 6 de dezembro de 2009 
  6. «Mulher de suspeito fez saque de R$ 15 milhões após operação». Estadão. Consultado em 10 de abril de 2018 
  7. «Os lucrativos negócios da filha do ex-diretor da Petrobras». Epoca. 13 de junho de 2014. Consultado em 10 de abril de 2018 
  8. Daniel Haidar (27 de março de 2014). «PF barra entrada de lanche para ex-diretor da Petrobras». Veja. Consultado em 10 de abril de 2018 
  9. Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt (13 de maio de 2016). «Filha de ex-diretor da Petrobrás chora diante de Moro e diz que 'nada disso compensou'». Estadão. Consultado em 10 de abril de 2018 
  10. Ernesto Neves (8 de março de 2018). «Filha e genro de Paulo Roberto Costa aguardam sentença há 1 ano». Estadão. Consultado em 10 de abril de 2018 
  11. Adriana Justi e Fernando Castro (2 de fevereiro de 2016). «Advogados comunicam morte de genro de Paulo Roberto Costa a Moro». G1. Consultado em 10 de abril de 2018 
  12. «Leitores: Delator trabalha na Petrobras desde 1978 - Viomundo». Viomundo. 8 de setembro de 2014. Consultado em 11 de setembro de 2014 
  13. «Partido Progressista, o 'filho' da ditadura que coleciona escândalos». EL País. 7 de março de 2015. Consultado em 19 de março de 2015 
  14. Lucas Salomão (6 de março de 2015). «PGR vê indícios de 'organização criminosa complexa'». G1. Consultado em 19 de março de 2015 
  15. BRASIL, Decreto de 28 de novembro de 2005.
  16. Mario Braga (21 de novembro de 2016). «Paulo Roberto Costa fecha acordo de cooperação com FBI, diz jornal». InfoMoney. Consultado em 21 de novembro de 2016 
  17. Mônica Bergamo (21 de novembro de 2016). «Ex-diretor da Petrobras faz acordo de colaboração com FBI e Justiça dos EUA». Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de novembro de 2016 
  18. Andréia Sadi. «Empresas ligadas à Petrobras faziam repasses a políticos, indica documento». Folha de S.Paulo. Consultado em 8 de setembro de 2014 
  19. Humberto Trezzi (11 de junho de 2014). «Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa é preso novamente». Zero Hora. Consultado em 11 de setembro de 2014 
  20. «Ex-Diretor da Petrobras delate políticos em depoimentos». O Globo. Consultado em 8 setembro de 2014 
  21. «Revista divulga nomes de políticos delatados por ex-diretor da Petrobras». ZH News. Consultado em 6 de setembro de 2014 
  22. Fausto Macedo. «Deputados do PP pagaram propina de R$ 200 mil em caixa de garrafa de cachaça». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2015 
  23. Gustavo Schmitt (17 de fevereiro de 2017). «MPF pede a Moro suspensão de benefícios e condenação de Paulo Roberto Costa». O Globo. Globo.com. Consultado em 17 de fevereiro de 2017 
  24. Leandro Prazeres (25 de agosto de 2015). «Na CPI, Costa reafirma pedido para campanha de Dilma; Youssef nega». UOL. Consultado em 11 de março de 2016 
  25. «Justiça Federal condena réus ligados à empreiteira Camargo Corrêa». G1. 20 de julho de 2015. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  26. «Lancha de Paulo Roberto Costa é leiloada por R$ 1,4 milhão». O Globo. Globo.com. 13 de outubro de 2016. Consultado em 13 de outubro de 2016 
  27. «Morre aos 68 anos o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator da Lava-Jato». O Globo. Consultado em 14 de agosto de 2022 
  28. «Morre Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e 1º delator da Lava Jato». Folha de S.Paulo. 13 de agosto de 2022. Consultado em 14 de agosto de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]