Imunidade de grupo

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 Nota: Não confundir com Efeito manada.

A imunidade de grupo (também chamada de efeito de rebanho, imunidade da comunidade, imunidade da população ou imunidade em massa) é uma forma de proteção indireta contra doenças infecciosas que podem ocorrer com algumas doenças quando uma porcentagem suficiente da população se torna imune a uma infecção, seja por vacinação ou infecções anteriores, reduzindo assim a probabilidade de infecção para indivíduos sem imunidade.[1][2][3]

Imunidade de rebanho por vacina[editar | editar código-fonte]

As vacinas são substâncias antigénicas que estimulam o sistema imunitário a desenvolver imunidade adquirida a determinado patógeno. Essa imunização previne ou atenua os efeitos de uma eventual infeção por esse patógeno. Nesse sentido, as vacinas protegem o corpo de doenças infecto-contagiosas ou ajudam no tratamento contra essas doenças e quanto maior o nível de cobertura de uma vacina numa determinada comunidade, maior é a idade média do primeiro contato com o respectivo agente infeccioso.[3][2] Isso favorece o controle da doença, pois o adiamento de infecções faz com que elas apareçam mais em adultos, fase da vida em que há maior capacidade de resposta imunológica. Por outro lado, pode causar um aumento de epidemias nessa faixa etária.[4]

A percentagem que uma população necessita de estar imune para se atingir a imunidade de grupo varia de doença para doença. Quanto mais contagiosa for a doença maior a percentagem de população necessita de estar imune para cessar a sua propagação. Por exemplo, o sarampo é uma doença altamente contagiosa. É necessário que cerca de 94% da população seja imune para interromper a cadeia de transmissão.[5]

Imunidade de rebanho por infecção[editar | editar código-fonte]

A imunidade de rebanho por infecção[6][7][8] (ou imunidade de rebanho por contágio,[9] imunidade de rebanho por transmissão[10] ou imunidade de rebanho sem vacinas[11][12][13]) é uma tese arbitrária ao consenso da comunidade científica mundial e baseada no pensamento de que os anticorpos possam ser adquiridos pela infecção natural e a imunidade coletiva atingida sem vacinas.[7][8]

A busca pela imunidade coletiva por meio de infecção adquirida naturalmente foi uma das muitas estratégias propostas para controlar a pandemia de coronavírus[14] e chegou a ser cogitada por autoridades do Brasil, Reino Unido e Estados Unidos, mas os cientistas deixaram claro que esta não é sequer uma hipótese que possa ser considerada.[7] O consenso dos infectologistas é de que a vacinação é o único caminho aceitável para a imunidade do rebanho e a adoção da infecção natural pode ser profundamente falha, diretamente perigosa[8] e entendida até como crime contra a saúde pública.[6][15][4]

Referências

  1. Fine, P.; Eames, K.; Heymann, D. L. (22 de março de 2011). «"Herd Immunity": A Rough Guide». Clinical Infectious Diseases (7): 911–916. ISSN 1058-4838. doi:10.1093/cid/cir007. Consultado em 6 de junho de 2021 
  2. a b Anderson, Roy M.; May, Robert M. (novembro de 1985). «Vaccination and herd immunity to infectious diseases». Nature (em inglês) (6044): 323–329. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/318323a0. Consultado em 6 de junho de 2021 
  3. a b Omer, Saad B.; Yildirim, Inci; Forman, Howard P. (24 de novembro de 2020). «Herd Immunity and Implications for SARS-CoV-2 Control». JAMA (em inglês) (20). 2095 páginas. ISSN 0098-7484. doi:10.1001/jama.2020.20892. Consultado em 6 de junho de 2021 
  4. a b Barata, Paulo C. R.; Leal, Maria do Carmo (março de 1985). «Distribuição etária do sarampo e vacinação: considerações sobre alguns dados do município do Rio de Janeiro». Cadernos de Saúde Pública: 50–57. ISSN 0102-311X. doi:10.1590/S0102-311X1985000100007. Consultado em 6 de junho de 2021 
  5. MAYIO CLINIC, Fundation (2021). «Herd immunity and COVID-19 (coronavirus): What you need to know». Mayo Clinic (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2021 
  6. a b HARTMANN, Marcel (17 de maio de 2021). «Imunidade de rebanho por infecção não encontra respaldo entre cientistas; entenda». Jornal GZH. Consultado em 6 de junho de 2021 
  7. a b c Sridhar, Devi; Gurdasani, Deepti (15 de janeiro de 2021). «Herd immunity by infection is not an option». Science (em inglês) (6526): 230–231. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.abf7921. Consultado em 6 de junho de 2021 
  8. a b c Rasmussen, Angela L. (18 de dezembro de 2020). «Vaccination Is the Only Acceptable Path to Herd Immunity». Med (em inglês) (1): 21–23. ISSN 2666-6340. doi:10.1016/j.medj.2020.12.004. Consultado em 6 de junho de 2021 
  9. Lacerda, Nara (2021). «Imunidade de rebanho por contágio: a ideia errada que seduziu a extrema direita». Brasil de Fato. Consultado em 18 de junho de 2021 
  10. Bittencourt, Julinho (31 de maio de 2021). «Líder do governo Bolsonaro defendeu "imunidade de rebanho por transmissão" na Câmara». Revista Fórum. Consultado em 18 de junho de 2021 
  11. Aschwanden, Christie (21 de outubro de 2020). «The false promise of herd immunity for COVID-19». Nature (em inglês) (7832): 26–28. doi:10.1038/d41586-020-02948-4. Consultado em 6 de junho de 2021 
  12. Azevedo, Alessandra (2 de junho de 2021). «Imunidade de rebanho sem vacina é 'impossível', diz Luana Araújo». Revista Exame. Consultado em 6 de junho de 2021 
  13. Mori, Letícia (6 de maio de 2021). «CPI da Covid: como 'imunidade de rebanho' pode virar arma contra Bolsonaro». Jornal O GLOBO. Consultado em 6 de junho de 2021 
  14. BBC News, Brasil. «O que diz a Declaração de Barrington, movimento contra quarentenas apoiado por milhares de médicos e cientistas». BBC News Brasil. Consultado em 5 de junho de 2021 
  15. Campos, Gastão Wagner de Sousa (2020). «O pesadelo macabro da Covid-19 no Brasil: entre negacionismos e desvarios». Trabalho, Educação e Saúde (3): e00279111. ISSN 1981-7746. doi:10.1590/1981-7746-sol00279. Consultado em 5 de junho de 2021