Opinião Liberal

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Original do Opinião Liberal (1869).

Opinião Liberal foi uma publicação periódica (jornal) de caráter político publicada no Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, entre 1866 e 1870. Um dos porta-vozes do liberalismo brasileiro, tornou-se a publicação oficial do Clube Radical, sob a liderança do jornalista Francisco Rangel Pestana.

Contexto[editar | editar código-fonte]

O jornal era caracterizado como uma publicação pequena, de caráter opinativo, partidário e doutrinário, que expunha os embates políticos do Brasil de então. Foi fundado em 21 de abril de 1866 pelos advogados Francisco Rangel Pestana, José Leandro de Godói e Vasconcelos e José Luiz Monteiro de Souza, pelo padre Marcus Neville e pelo deputado Henrique Limpo de Abreu (MG). Entre seus maiores colaboradores estava Teófilo Ottoni. Sua data de fundação marca o aniversário da Inconfidência Mineira, movimento de caráter liberal e republicano, ideias inspiradoras para os discursos ali publicados.[1]

Características[editar | editar código-fonte]

Principais temáticas do Opinião Liberal (1866-1868).

Utilizando uma linguagem direta e irônica, o periódico publicava discussões parlamentares e decisões ministeriais, acompanhadas de suas opiniões e apontamentos, fazendo oposição tanto à Liga Progressista (situação), quanto ao Partido Conservador (oposição). Para isso, o jornal se utilizava de uma narrativa baseada nos feitos passados do Partido Liberal, como o Ato Adicional de 1834 e as Revoltas Liberais de 1842, em uma clara visão teleológica da História enquanto "entidade" que ensinaria e guiaria os passos dos liberais brasileiros rumo ao futuro. Em suas páginas, a liberdade de imprensa era defendida de forma ferrenha.[2]

A partir de 1868, o periódico foi adquirido pelo Clube Radical, grupo dissidente do antigo Partido Liberal, passando a publicar os temas e os discursos das chamadas Conferências Radicais (1869), palestras que debatiam temas considerados importantes para o país, como a descentralização administrativa, a reforma eleitoral e a escravidão.

Encerramento[editar | editar código-fonte]

Seu último número foi publicado em 1870, quando o Clube Radical foi convertido em "Clube Republicano".[3]

Apesar de historicamente liberal e, posteriormente, radical, o Opinião Liberal publicava anúncios de leilões e venda de escravizados, tal qual outros periódicos da época.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Dias, Vera de Oliveira (2008). «A imprensa da Corte nos anos de 1860 e 1870:um estudo comparativo dos jornais Opinião Liberal e A Reforma.». www.oasisbr.ibict.br. pp. 23–24. Consultado em 17 de maio de 2024 
  2. MATTOS, Ilmar Rohloff de (2004). O Tempo Saquarema. São Paulo: HUCITEC. p. 99 
  3. Schwarcz, Lilia Moritz; Botelho, André (19 de outubro de 2009). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. [S.l.]: Editora Companhia das Letras 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BIBLIOTECA NACIONAL.“Catálogo de jornais e revistas do Rio de Janeiro (1808–1889)”. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Edição Fac-similada, 1881.
  • DIAS, Vera de Oliveira. A imprensa da Corte nos anos de 1860 e 1870: um estudo comparativo dos jornais Opinião Liberal e A Reforma. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2008.