Ideologia Socialista do Kuomintang

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O esboço de Sun Yat-sen da doutrina "Minsheng", colocando que tanto socialismo quanto comunismo são subconjuntos da doutrina.

A ideologia socialista Kuomintang é uma forma de pensamento socialista desenvolvida na China continental durante a República da China por Sun Yat-sen após o ínicio da Era dos Senhores da Guerra na China, com na época, Tongmenghui, sendo o primeiro movimento moderno a promover a ideia socialista na China, em 1912, seguido pelo Partido Comunista Chinês em 1921.

História[editar | editar código-fonte]

Um dos Três Princípios do Povo do Kuomintang, Minsheng, que pode ser traduzido como "Principio (Min) Social (Sheng)", foi definido como Subsistência do Povo por Sun Yat-sen.[1]

Sun entendeu isso como uma economia mista e igualdade de posse de terra para os camponeses chineses. O que seria posteriormente adotado por Mao Zedong.

A Ideia que influenciada pelo pensador americano Henry George e pelo britânico Bertrand Russell; o imposto sobre o valor da terra em Taiwan é um legado disso e continua em vigor.[2]

Ele dividiu os meios de subsistência em quatro áreas: alimentação, vestuário, habitação e transporte; e planejou como um governo chinês ideal pode cuidar disso para o seu povo.

A “Equalização dos direitos à terra” foi uma cláusula que Sun incluiu no Tongmenhui original. A ideologia revolucionária do Kuomintang na década de 1920 incorporou o embrião do socialismo chinês que seria modificado com o tempo e adaptado para os tempos modernos, tanto nos territórios de Taiwan quando na China continental.[3][4]

Fotografia de c. 1924 a 1928 durante a Primeira Frente Unida.

O Socialismo Tridemista também afetou a imagem politica do movimento no Ocidente e na União Soviética, com Chiang Kai-shek sendo conhecido como o “General Vermelho”.[5] Na Universidade Sun Yat-sen de Moscou, retratos de Chiang estavam pendurados nas paredes. Nos desfiles soviéticos do Primeiro de Maio de 1927, o retrato de Chiang seria levado junto com os retratos de Karl Marx, Vladimir Lenin, Joseph Stalin e outros líderes socialistas.[6]

Durante a decada 1920, O Kuomintang tentou cobrar impostos dos comerciantes em Cantão e como resposta os comerciantes resistiram e fizeram pequenas revoltas. Os comerciantes eram considerados pelo Kuomintang de serem conservadores e reacionários, os comerciantes ainda acusaram o Kuomintang de liderar uma "Revolução Vermelha" em Cantão.[7] Sun iniciou esta política anti-comerciante e Chiang a aplicou liderando seu exército de graduados da Academia Militar de Whampoa contra a revolta comerciante em sua campanha por conselheiros soviéticos, que lhe forneceram armas enquanto a revolta recebeu armas dos países ocidentais. Os comeriantes receberam apoio de países ocidentais estrangeiros.[8][9][10]

Chiang, apreendeu dos comerciantesas armas fornecidas pelo Ocidente. Um general do Kuomintang executou vários comerciantes e o Kuomintang formou um Comitê Revolucionário de inspiração soviética.[11] O Partido Comunista da Grã-Bretanha felicitou Sun pela sua guerra contra os imperialistas e capitalistas estrangeiros.[12]

Mesmo depois de Chiang massacrar os comunistas após a Expedição do Norte, ele ainda continuou as atividades anticapitalistas e a promoção do pensamento revolucionário, acusando os comerciantes locais chineses e burgueses de serem reacionários e contra-revolucionários .

O Kuomintang tentou várias vezes aplicar a reforma agrária na China.[13] Em 8 de janeiro de 1933, Chiang Kai-Shek estabeleceu o Instituto Chinês de Economia Fundiária, sob os "Dez Princípios para a Promoção da Política Fundiária do Partido" de 1932, para "Regular os direitos de propriedade da terra", "Estabelecer um sistema de direitos iguais à terra", "Avançar uso da terra", "Estabelecer organizações de governança fundiária", para tornar mais eficaz a redistribuição da terra nas areas controladas pelo Kuomintang.[14] O embaixador dos Estados Unidos , Patrick Hurley, declarou que a diferença entre os comunistas e os nacionalistas não era maior do que aquela entre os partidos Republicano e Democrata nos Estados Unidos.[15]

Marxistas também existiram no Kuomintang e viam a Revolução Chinesa diferentes dos comunistas, alegando que a China já ultrapassou a sua fase feudal e está num período de estagnação, em vez de outro modo de produção. Estes marxistas do Kuomintang quase sempre discordaram com o Partido Comunista Chinês.[16] A Esquerda que discordou de Chiang Kai-shek formou o Comitê Revolucionário do Kuomintang Chinês,[17][18] e mais tarde juntou-se através da Conferência Consultiva Politica do Povo Chinês ao governo do PCC .

Após a morte de Sun Yat-sen[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Chiangismo

Chiang Kai-shek comportou-se de forma antagónica aos capitalistas de Xangai, atacando-os frequentemente e confiscando o seu capital e bens para uso do governo, mesmo enquanto lutava contra os comunistas.[19]

Chiang também reprimiu e perseguiu as organizações pró-comunistas em Xangai. Chiang deu continuidade à ideologia anticapitalista de Sun através do meios de comunicação social do Kuomintang que atacaram abertamente os capitalistas e o capitalismo, exigindo em vez disso uma indústria controlada pelo governo.[20]

Influência[editar | editar código-fonte]

Ao fim da Guerra Civil Russa, Vladmir Lenin, que apoiava diretamente o Kuomintang, adotou provisóriamente a Nova Politica Econômica, baseada essencialmente no Minsheng.[21][22][23][24]

O Việt Nam Quốc Dân Đảng, também conhecido como o Partido Nacionalista do Vietnã, baseava-se nas doutrinas do Kuomintang até o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra do Vietnã.

O Comitê Revolucionário do Kuomintang Chinês (RCCK) foi fundado em 1948 por membros do Kuomintang durante a Guerra Civil Chinesa. Se tornando oficialmente um dos nove partidos políticos registados na República Popular da China .

Em meados de 2010, a Singapura adotou oficialmente os Três Princípios do Povo como agenda politica através do Partido de Poder Popular, fundido posteriormente com o Partido de Ação Popular.

Constituição da República da China[editar | editar código-fonte]

Os Três Princípios do Povo são oficialmente a ideologia da República da China conforme declarado na Constituição da República da China. Mínshēng, definido como Meio de Subsistência do Povo ou bem-estarismo, é um desses princípios.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Yat-sen, Sun (1924). "A Segunda grande força é a subsistência [...]". [S.l.: s.n.] 
  2. C. Koo, Anthony Y. (1966). Asian Survey. Economic Consequences of Land Reform in Taiwan. [S.l.]: University of California Press. pp. 150–157 
  3. Arif Dirlik (2005). The Marxism in the Chinese revolution. [S.l.]: Rowman & Littlefield. ISBN 0-7425-3069-8 
  4. Von KleinSmid Institute of International Affairs, University of Southern California. School of Politics and International Relations (1988). Studies in comparative communism, Volume 21. [S.l.]: Butterworth-Heinemann 
  5. Hannah Pakula (2009). The last empress: Madame Chiang Kai-Shek and the birth of modern ChinaRegisto grátis requerido. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 978-1-4391-4893-8 
  6. Jay Taylor (2000). The Generalissimo's son: Chiang Ching-kuo and the revolutions in China and Taiwan. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 0-674-00287-3 
  7. Jonathan Fenby (2005). Chiang Kai Shek: China's Generalissimo and the Nation He Lost. [S.l.]: Carroll & Graf Publishers. ISBN 0-7867-1484-0 
  8. Jonathan Fenby (2005). Chiang Kai Shek: China's Generalissimo and the Nation He Lost. [S.l.]: Carroll & Graf Publishers. ISBN 0-7867-1484-0 
  9. Hannah Pakula (2009). The last empress: Madame Chiang Kai-Shek and the birth of modern ChinaRegisto grátis requerido. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 978-1-4391-4893-8 
  10. Hannah Pakula (2009). The last empress: Madame Chiang Kai-Shek and the birth of modern ChinaRegisto grátis requerido. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 978-1-4391-4893-8 
  11. Jonathan Fenby (2005). Chiang Kai Shek: China's Generalissimo and the Nation He Lost. [S.l.]: Carroll & Graf Publishers. ISBN 0-7867-1484-0 
  12. Jonathan Fenby (2005). Chiang Kai Shek: China's Generalissimo and the Nation He Lost. [S.l.]: Carroll & Graf Publishers. ISBN 0-7867-1484-0 
  13. 朱匯森; 侯坤宏 (1988). 土地改革史料: 民國16 至 49 年. [S.l.]: 國史館 
  14. 李嘉圖 (2016). 土地改革回顧與展望. [S.l.]: 現代地政雜誌社. ISBN 978-9570301427 
  15. Russel D. Buhite, Patrick J. Hurley and American Foreign Policy (Ithaca, NY: Cornell U Press, 1973), 160 – 162.
  16. Byres, T. J.; Mukhia, Harbans (1985). Feudalism and non-European societies. [S.l.]: Psychology Press. ISBN 0-7146-3245-7 – via Google Books 
  17. «Zhōngguó guómíndǎng gémìng wěiyuánhuì» 中国国民党革命委员会 [The Revolutionary Committee of the Chinese Kuomintang]. SCUT. South China University of Technology. Consultado em 13 de julho de 2020. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2018 
  18. «Zhōngguó guómíndǎng gémìng wěiyuánhuì jiǎnjiè» 中国国民党革命委员会简介 [Introduction to the Revolutionary Committee of the Chinese Kuomintang]. Revolutionary Committee of the Chinese Kuomintang. 9 de abril de 2018. Consultado em 13 de julho de 2020. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2018 
  19. Frank J. Coppa (2006). Encyclopedia of modern dictators: from Napoleon to the present. [S.l.]: Peter Lang. ISBN 0-8204-5010-3 
  20. Parks M. Coble (1986). The Shanghai capitalists and the Nationalist government, 1927-1937. 94 of Harvard East Asian monographs 2, reprint, illustrated ed. [S.l.]: Harvard Univ Asia Center. ISBN 0-674-80536-4 
  21. Robert Payne (2008). Mao Tse-tung: Ruler of Red China. [S.l.]: READ BOOKS. p. 22. ISBN 978-1-4437-2521-7 
  22. Ross, Harold Wallace; Shawn, William; Brown, Tina; White, Katharine Sergeant Angell; Remnick, David; Irvin, Rea; Angell, Roger (1980). Great Soviet Encyclopedia. [S.l.: s.n.] p. 237 
  23. Aleksandr Mikhaĭlovich Prokhorov (1982). Great Soviet encyclopedia, Volume 25. [S.l.]: Macmillan 
  24. Bernice A Verbyla (2010). Aunt Mae's China. [S.l.]: Xulon Press. p. 170. ISBN 978-1-60957-456-7