Igreja Católica na Arábia Saudita

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IgrejaCatólica

Arábia Saudita
Ano 2021[1]
População total 34.100.000[2]
Cristãos 2.100.000[3]
Católicos 1.834.000[1]
Paróquias 0[4]
Presbíteros 15[1]
Presidente da Conferência Episcopal Pierbattista Pizzaballa[5]
Núncio apostólico Sede vacante[6]
Códice SA

A Igreja Católica na Arábia Saudita é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé. O país é o berço do islamismo e local de nascimento do profeta Maomé, e acolhe os dois santuários mais sagrados para os muçulmanos: Meca e Medina. Os cidadãos sauditas são obrigados a seguir a religião islâmica, não havendo assim liberdade religiosa. A conversão do islã para qualquer outra religião e a blasfêmia são puníveis com pena de morte. A pregação pública, porte de materiais não muçulmanos e construção de igrejas são todos proibidos. A fundação Ajuda à Igreja que Sofre afirma em seu relatório de liberdade religiosa que apesar das suaves melhoras, a situação dos católicos no país ainda é preocupante.[7] A lista 2024 da fundação Portas Abertas considera a Arábia Saudita como o 13.º país que mais persegue os cristãos.[8]

História[editar | editar código-fonte]

As tradições sobre como o cristianismo chegou à região arábica. Uma delas é do século V, que um comerciante de Najrã teria se convertido quando viajava ao atual do Iraque e lá foi evangelizado. Uma segunda tradição afirma que um mensageiro de Constâncio, imperador romano, teria pregado o evangelho ao rei do Reino Himiarita, atual Iêmen, que se converteu. Mesmo após a chegada da heresia nestoriana, o cristianismo continuou a crescer, florescendo no século V.[8]

Durante os séculos VI e VII, havia na Arábia Saudita um considerável número de cristãos (provavelmente nestorianos) e igrejas. A maioria deles vivia no atual território que é a Província de Meca. Hoje em dia, ainda há ruínas de uma igreja nestoriana, próxima de Jubail. Afirma-se ser a igreja mais antiga do mundo. Assim permaneceu o cristianismo na região até a tomada do islã, entre os séculos VII e X, quando os judeus e cristãos da região se converteram, voluntariamente ou obrigados, e muitos outros foram expulsos de suas casas. [8]

Nos séculos seguintes, a Península Arábica tornou-se esmagadoramente islâmica e o cristianismo perdeu seu significado. O papel histórico que o catolicismo desempenhou na região foi esquecido por séculos. No século XIX, o cenário começou a mudar, quando trabalhadores estrangeiros cristãos começaram a chegar à região, como Omã, Barein, Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. Igrejas passaram a ser construídas em todos esses países, exceto na própria Arábia Saudita, onde a construção de igrejas é proibida.[8]

No final da década de 1990 houve muitas detenções de cristãos por posse de Bíblias ou por se reunirem em grupos clandestinos de oração e estudo bíblico. A punição para quem pratica qualquer religião que não seja o islamismo sunita era de dois a seis meses de prisão, conversão forçada ao islã ou deportação. A punição para o proselitismo era a tortura e a pena de morte, embora um caso de 1995 envolvendo um estrangeiro acusado de conversão tenha terminado com a libertação dele em 1997, após uma sequência de protestos internacionais. O governo vinha realizando esforços para eliminar a presença de cristãos praticantes, mesmo que sejam etnicamente sauditas, como parte de um processo que ficou conhecido por "saudização" que substituiria os cristãos por trabalhadores sauditas muçulmanos.[9]

Atualmente[editar | editar código-fonte]

Em 2000, havia seis padres e menos de 20 religiosos atendendo às necessidades espirituais dos católicos estrangeiros que viviam no país com vistos de trabalho. Os cristãos eram majoritariamente provindos das Filipinas, Índia e de países africanos. Apesar do papel internacional que a Arábia Saudita tem na extração de petróleo, ela continuou a ser um estado muçulmano sunita e negando a liberdade religiosa. A prática pública de outras ordens muçulmanas, do cristianismo ou de qualquer outra religião era estritamente proibida. O islã e o governo permanecem totalmente interligados, e a sharia permanece a base da legislação civil. A prática privada da fé cristã foi tolerada para diplomatas e outros estrangeiros autorizados.[9]

A perseguição aos cristãos é muito grande em todo o país, e relatórios de perseguição religiosa, como o da Portas Abertas, afirma que os homens são mais frequentemente expulsos de casa quando se convertem do islã, e que as mulheres sofrem abuso verbal, ser forçadas a se casar com muçulmanos, ou até perder a guarda dos filhos. Alguns cristãos sauditas falam abertamente de sua fé, porém, a maioria a mantém escondida – mesmo para os próprios filhos, devido ao medo de seu segredo ser revelado.[8]

Em setembro de 2021, um relatório de um instituto relacionado a direitos humanos concluiu que havia melhorias significativas nos novos manuais escolares do país, devido à alteração ou eliminação de 22 lições anticristãs e antissemitas e cinco lições sobre os "infiéis". Ainda assim, o documento afirma que "os cristãos e outros não muçulmanos continuam a ser rotulados de infiéis em todo o lado". No mesmo mês, um cristão convertido teve de fugir do país por estar sendo processado, e, tanto ele quanto sua família estarem recebendo ameaças.[7]

Em maio de 2022, foi realizada em Riade, capital da Arábia Saudita, um conferência multirreligiosa para debater as semelhanças entre essas religiões. Participaram líderes judaicos, muçulmanos, hindus, budistas, católicos, protestantes e ortodoxos.[7][10]

Organização territorial[editar | editar código-fonte]

Mapa do Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional, cuja jurisdição cobre o território da Arábia Saudita e outros países da Península Arábica.

O catolicismo está presente no território saudita por meio do Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional, cuja jurisdição também se estende aos territórios do Barein, Catar e Kuwait.[11] Fontes católicas afirmam que a Arábia Saudita só faz parte nominalmente da circunscrição, devido às restrições da práticas religiosas que não sejam islâmicas sunitas.[12]

Conferência Episcopal[editar | editar código-fonte]

A reunião de bispos de vários países do Chifre da África e Oriente Médio, incluindo a Arábia Saudita, forma a Conferência dos Bispos Latinos das Regiões Árabes, que foi criada em 31 de março de 1967.[5]

Delegação Apostólica[editar | editar código-fonte]

A Delegação Apostólica da Península Árabe foi criada em 1993.[6] A Arábia Saudita não tem relações diplomáticas com a Santa Sé.[7][10]

Santos[editar | editar código-fonte]

Há três santos nascidos no atual território saudita:[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Catholic Church in Saudi Arabia». GCatholic. Consultado em 8 de maio de 2024 
  2. «Population at 34.1 million in 2021» (PDF). Autoridade Geral de Estatística da Arábia Saudita. Consultado em 8 de maio de 2024 
  3. «2022 Report on International Religious Freedom: Saudi Arabia» (em inglês). Departamento de Estado dos Estados Unidos. Consultado em 8 de maio de 2024 
  4. «A presença da igreja na Arábia Saudita». Portas Abertas. 29 de abril de 2019. Consultado em 13 de maio de 2024 
  5. a b «Conférence des Evêques Latins dans les Régions Arabes» (em inglês). GCatholic. Consultado em 8 de maio de 2024 
  6. a b «Apostolic Delegation - Arabian Peninsula» (em inglês). GCatholic. Consultado em 8 de maio de 2024 
  7. a b c d «Arábia Saudita». Fundação ACN. Consultado em 8 de maio de 2024 
  8. a b c d e «Como é a perseguição aos cristãos na Arábia Saudita?». Portas Abertas. Consultado em 8 de maio de 2024 
  9. a b «Saudi Arabia, The Catholic Church In» (em inglês). Encyclopedia.com. Consultado em 8 de maio de 2024 
  10. a b «O catolicismo na Península Arábica». Estado de Minas. 2 de fevereiro de 2019. Consultado em 13 de maio de 2024 
  11. «Apostolic Vicariate of Northern Arabia». GCatholic. Consultado em 8 de maio de 2024 
  12. Felipe Sergio Koller (6 de dezembro de 2018). «Como é a presença da Igreja Católica na Península Arábica». Sempre Família. Consultado em 13 de maio de 2024 
  13. «Saints and Blesseds of Saudi Arabia» (em inglês). GCatholic. Consultado em 8 de maio de 2024