SMS Erzherzog Friedrich

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SMS Erzherzog Friedrich
 Áustria-Hungria
Operador Marinha Austro-Húngara
Fabricante Stabilimento Tecnico Triestino
Homônimo Frederico, Duque de Teschen
Batimento de quilha 4 de outubro de 1902
Lançamento 30 de abril de 1904
Comissionamento 31 de janeiro de 1907
Descomissionamento novembro de 1918
Destino Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Couraçado pré-dreadnought
Classe Erzherzog Karl
Deslocamento 10 640 t
Maquinário 2 motores de tripla-expansão
Comprimento 126,2 m
Boca 21,8 m
Calado 7,5 m
Propulsão 2 hélices
- 18 000 cv (13 200 kW)
Velocidade 20,5 nós (38 km/h)
Armamento 4 [canhões de 240 mm
12 canhões de 190 mm
12 canhões de 66 mm
2 tubos de torpedo de 450 mm
Blindagem Cinturão: 210 mm
Torres de artilharia: 240 mm
Casamatas: 150 mm
Torre de comando: 220 mm
Convés: 55 mm
Anteparas: 200 mm
Tripulação 700

O SMS Erzherzog Friedrich foi um navio couraçado pré-dreadnought operado pela Marinha Austro-Húngara e a segunda embarcação da Classe Erzherzog Karl, depois do SMS Erzherzog Karl e seguido pelo SMS Erzherzog Ferdinand Max. Sua construção começou em outubro de 1902 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste e foi lançado ao mar em abril de 1904, sendo comissionado na frota austro-húngara em janeiro de 1907. Era armado com quatro canhões de 240 milímetros montados em duas torres de artilharia duplas, possuía um deslocamento de mais de dez mil toneladas e conseguia alcançar uma velocidade máxima de pouco mais de vinte nós (38 quilômetros por hora).

O Erzherzog Friedrich teve uma carreira limitada durante a Primeira Guerra Mundial. Junto com o resto da frota austro-húngara, proporcionou suporte para a fuga dos cruzadores alemães SMS Goeben e SMS Breslau pelo Mar Mediterrâneo até o Império Otomano em agosto de 1914, enquanto em maio de 1915 participou do Bombardeio de Ancona contra a Itália. Quando um motim estourou em fevereiro de 1918 em Cátaro, o Erzherzog Friedrich e seus irmãos foram chamados para ajudar na supressão das insubordinações. A Áustria-Hungria foi derrotada na guerra e o couraçado, sob os termos do Tratado de Saint-Germain-en-Laye de setembro de 1919, foi cedido para a França e desmontado em 1921.

Características[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Classe Erzherzog Karl
Desenho da Classe Erzherzog Karl

O Erzherzog Friedrich tinha 126,2 metros de comprimento de fora a fora, uma boca de 21,8 metros, um calado de 7,5 metros e deslocamento de 10 640 toneladas. Seu sistema de propulsão era composto por dois motores de tripla-expansão verticais de quatro cilindros que giravam duas hélices. Esse maquinário era capaz de produzir por volta de dezoito mil cavalos-vapor (13,2 mil quilowatts) de potência, o que permitia que o Erzherzog Friedrich chegasse a uma velocidade máxima de 20,5 nós (38 quilômetros por hora).[1]

A bateria principal consistia em quatro canhões de 240 milímetros montados em duas torres de artilharia duplas, uma na proa e outra na popa. Essas armas eram réplicas dos canhões Krupp C/94 alemães, instalados nos couraçados da Classe Habsburg.[2] Seus armamentos secundários tinham doze canhões de 190 milímetros instalados em oito casamatas nas laterais da superestrutura e em duas torres à meia-nau, um de cada lado da embarcação.[3] A bateria terciária era composta por doze canhões de 66 milímetros[4] e dois tubos de torpedo de 450 milímetros.[1] Quatro canhões antiaéreos de 37 milímetros foram comprados do Reino Unido em 1910 e instalados na embarcação, enquanto mais dois canhões antiaéreos de 66 milímetros foram incorporados durante reformas realizadas entre 1916 e 1917.[5][6]

História[editar | editar código-fonte]

Tempos de paz[editar | editar código-fonte]

O Erzherzog Friedrich foi o segundo couraçado da Classe Erzherzog Karl e foi nomeado em homenagem ao arquiduque Frederico, Duque de Teschen. Sua construção começou no dia 4 de outubro de 1902 na Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste. Ele foi lançado ao mar aproximadamente um ano e meio depois em 30 de abril de 1904, depois do qual passou pelo processo de equipagem e testes marítimos até ser comissionado na Marinha Austro-Húngara no dia 31 de janeiro de 1907.[1] Ele realizou uma viagem pelo Mediterrâneo Ocidental junto com seus irmãos em 1908, parando em sua jornada pelos portos de Barcelona, Gibraltar, Tânger, Málaga e Corfu. Fez outras duas viagens pelo Mediterrâneo, em 1909 e 1910.[7]

Primeira Guerra[editar | editar código-fonte]

Erzherzog Friedrich fazia parte da 3ª Divisão de Couraçados junto com seus irmãos quando a Primeira Guerra Mundial começou.[1] Foi mobilizado, junto com o resto da Marinha Austro-Húngara, para apoiar a fuga dos cruzadores alemães SMS Goeben e SMS Breslau. Os dois estavam servindo no Mediterrâneo quando a guerra começou e estavam tentando deixar a cidade italiana de Messina e escapar para o Império Otomano, ao mesmo tempo fugindo de navios britânicos. A Marinha Austro-Húngara partiu de sua base naval em Pola assim que os alemães deixaram Messina e ela avançou até Brindisi, no sul da Itália, para cobrir os cruzadores, depois retornando em segurança para Pola.[8]

A Itália declarou guerra contra a Áustria-Hungria em maio de 1915 e a Marinha Austro-Húngara realizou logo um grande bombardeio contra Ancona e regiões próximas.[9] O Erzherzog Friedrich e seus irmãos fizeram parte da força principal do ataque, junto com os couraçados das classes Habsburg e Tegetthoff e escoltas.[10] Os três membros da classe dispararam 24 projéteis anti-blindagem de seus canhões de 240 milímetros contra estações sinaleiras na cidade de Ancona, além de 74 projéteis de suas armas de 190 milímetros contra baterias terrestres italianas e outras instalações portuárias.[1] Depois disso, todas as embarcações retornaram em segurança para a base naval em Pola.[10]

Um grande motim estourou em 1º de fevereiro de 1918 entre tripulações de cruzadores estacionadas em Cátaro, incluindo a bordo do SMS Sankt Georg e SMS Kaiser Karl VI. Os três couraçados da Classe Erzherzog Karl chegaram no local três dias depois e ajudaram na supressão das insubordinações. A paz foi restaurada na base e pouco depois o Sankt Georg e o Kaiser Karl VI foram descomissionados da frota austro-húngara, com o Erzherzog Friedrich e seus irmãos sendo designados para permanecerem em Cátaro.[11]

O almirante Miklós Horthy, que foi nomeado Comandante da Marinha depois do motim em Cátaro, planejou um grande ataque contra a Barragem de Otranto, que estava marcada para ocorrer no dia 11 de junho. Seu plano tinha os couraçados da Classe Erzherzog Karl e aquelas da Classe Tegetthoff dando suporte para os cruzadores da Classe Novara. A ideia de Horthy era replicar em maior escala um ataque bem-sucedido que tinha realizado um ano antes. Entretanto, o couraçado SMS Szent István acabou afundando na manhã do dia 10 de junho depois de ter sido torpedeado por uma lancha italiana. Horthy achou que o elemento surpresa da ação tinha sido perdido e assim cancelou o ataque.[12] Esta foi a última operação que o Erzherzog Friedrich participou em sua carreira, tendo permanecido atracado em Pola pelo restante do conflito.[13]

A Áustria-Hungria foi derrotada na guerra em novembro de 1918 e o Erzherzog Friedrich foi inicialmente tomado pelo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. Entretanto, pelos ternos do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, de setembro de 1919, a embarcação foi entregue para a França como reparação de guerra.[14] Ele foi desmontado em 1921.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f Hore 2006, p. 123
  2. «Germany 24 cm/40 (9.4") SK L/40». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020 
  3. «Austria-Hungary 19 cm/42 (7.48") Skoda». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020 
  4. «Austria-Hungary 7 cm/50 (2.75") K10 and K16 Skoda». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020 
  5. Friedman 2011
  6. «Erzherzog Karlbattleships (1906-1907)». Navypedia. Consultado em 28 de julho de 2020 
  7. Lakatos, Alex. «Erzherzog Karl Class – Erherzog Friedrich». Battleships-Cruisers.co.uk. Consultado em 7 de agosto de 2020 
  8. Halpern 1995, p. 54
  9. Hore 2006, p. 91
  10. a b Noppen 2012, p. 28
  11. Halpern 1995, pp. 170–171
  12. Halpern 1995, p. 174
  13. Sokol 1968, p. 135
  14. Koburger 2001, p. 121

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Friedman, Norman (2011). Naval Weapons of World War One: Guns, Torpedoes, Mines and ASW Weapons of All Nations; An Illustrated Directory. Barnsley: Seaforth Publishing. ISBN 978-1-84832-100-7 
  • Halpern, Paul G. (1995). A Naval History of World War I. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 978-1-55750-352-7 
  • Hore, Peter (2006). Battleships. Londres: Lorenz Books. ISBN 978-0-7548-1407-8 
  • Koburger, Charles (2001). The Central Powers in the Adriatic, 1914–1918: War in a Narrow Sea 5ª ed. Westport: Greenwood Publishing Group. ISBN 978-0-275-97071-0 
  • Noppen, Ryan (2012). Austro-Hungarian Battleships 1914–18. Oxford: Osprey Publishing. ISBN 978-1-84908-688-2 
  • Sokol, Anthony (1968). The Imperial and Royal Austro-Hungarian Navy. Annapolis: Naval Institute Press. OCLC 462208412