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Usuário(a):Heva Bheatriz/Testes

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História do vestuário e dos têxteis desde o Brasil colonial[editar | editar código-fonte]

A História do vestuário e dos têxteis no Brasil pode ser contada a partir da colonização européia no Brasil, a partir do ano de 1500, que se consolidou com a chegada da coroa portuguesa no Brasil, que trouxe consigo, de maneira direta, tecidos, tendências e padrões de beleza.

A Moda é uma forma de expressão de um povo e sua cultura, afirmando sua identidade étnica, classe social e gênero em determinado período. No Brasil, a indumentária, ao decorrer das décadas, é refletida diretamente no passado histórico colonialista e mercantilista do país, que suprimia a produção manufatureira interna e limitava o mercado consumidor. A fossilização do mercantilismo na formação brasileira resultou em uma constante subordinação às tendências e exigências da Europa, em um país cujo clima, cultura e hábitos se diferenciam dos europeus. Com isso, a moda brasileira teve de se adaptar ao longo dos anos às práticas estrangeiras e às exigências de uma nação tropical e miscigenada.[1]

O entendimento da história da moda brasileira, por sua vez, auxilia na construção de um olhar crítico sobre a história geral do Brasil e a compreensão de um sistema que se enraizou na estrutura do país durante sua formação. Além disso, estudar a história da moda no Brasil é essencial para perceber anos de reafirmação da identidade cultural do povo brasileiro.[1]

Período Colonial[editar | editar código-fonte]

Mulher brasileira usando um vestido estilo Inglês (Robe à l'Anglaise), Brasil colonial, século XVIII.

Antes da chegada dos portugueses ao Brasil os povos originários tinham suas próprias vestimentas e adereços de acordo com suas crenças e a identidade de cada tribo.  Foi só com a chegada da corte portuguesa no Brasil em 1808, que houve uma maior consolidação do que é entendido como “moda” na sua forma mais tradicional, em que os europeus trouxeram seus costumes e vestuários para a colônia e abriram os portos para o comércio internacional, até então restrito à Portugal.[2]

A Moda não pertence a todas as épocas nem a todas as civilizações [...] a Moda é formação essencialmente sócio-histórica, circunscrita a um tipo de sociedade.
 
LIPOVETSKY, Gilles, Império do Efêmero: a Moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 23..

O vestuário se estabeleceu como um dos mais importantes símbolos de representação da aristocracia, e a corte era a principal referência da moda no Rio de Janeiro da época.  A estética vinha principalmente da nova moda europeia, que nasceu das ideias revolucionárias francesas. Algumas destas tendências eram o uso de espartilhos, vestidos amplos, mangas bufantes e outros. Além dos acessórios, como o leque, as joias, os adereços nas vestes, os adornos de cabelo, eram alguns dos itens usados na época, voltados majoritariamente para o público feminino.[2]

Entretanto, viu-se a necessidade de adaptação e alteração destas vestes, que possuíam panos pesados e diversas camadas de tecido, preparadas para o inverno europeu, para o clima tropical que se encontrava no território colonial.[2]

Século XIX  [editar | editar código-fonte]

A independência do Brasil pôs um fim no pacto colonial, sendo crucial para a maior liberdade aduaneira brasileira, que intensificou suas relações econômicas com outros países, e, consequentemente, passou a importar produtos e aderir à estilos de vestimentas variadas. Ainda assim, a moda europeia chegava pelos portos (principalmente cariocas) e era consumida pelas camadas mais abastadas da sociedade, como a burguesia e os proprietários de terra. Além disso, a capital imperial tornou-se palco para o comércio glamuroso, bailes e recepções que repercutiam na imprensa e eram imitados pelo resto do território nacional, especificamente a moda de vestir.[3]

A revolução industrial introduziu diferentes tipos de maquinários na indústria têxtil, e, por volta de 1850, as máquinas de costura foram introduzidas no mercado. Com isso, diferentes moldes e escalas de tamanho facilitaram a produção em massa de roupas, e foram causa do processo de expansão dos ateliês de costura, que passaram a oferecer diversas categorias de roupa, como roupas de baixo, vestidos, camisas, uniformes e acessórios já prontos. Mesmo assim, permanecia a produção de produtos feitos sob medida, que teve sua obsolecência em meados do século XIX, com a confecção industrial em massa de roupas, principalmente, vestimentas padronizadas.[3] Essas mudanças foram registradas pelos missionários Kidder e Fletcher em seus diários:

Quase todas as senhoras fazem os seus próprios vestidos ou pelo menos cortam-nos e arranjam-nos para as escravas costurarem, pelos últimos figurinos de Paris. Sentam-se no meio de um círculo de negrinhas, pois sabem bem que, se o olhar do mestre engorda o cavalo, da mesma forma o olhar da patroa faz a agulha andar mais depressa.
 
apaud MONTELEONE, O Brasil e os brasileiros. v. 1. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941. p. 18.

Com isso, as discrepâncias sociais se explicitaram cada vez mais, com a elite brasileira almejando se adequar aos padrões europeus, com suas vestes requintadas e volumosas, completamente inadequadas para o clima tropical do país. Por mais que estas vestimentas fossem desconfortáveis, ela servia como uma afirmação de poder: a identificação das classes altas e sua semelhança com a Europa. Esse tipo de pertencimento a Europa inibia a criação de modas, modelagens e tecidos criados localmente e abria espaço para réplicas. Somente em meados de 1960, as roupas começaram a se adaptar melhor às estações do Brasil.[3]   

Ver mais[editar | editar código-fonte]

 Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Rios, Jose Arthur (1972). «A tradição mercantilista na formação brasileira». FGV. Revista Brasileira de Economia: p.1 
  2. a b c De Catro Santos, Georgia Maria; A estética da moda de luxo da corte portuguesa no vestuário feminino no rio de janeiro do início do século XIX. Universidade de Brasília, 2015
  3. a b c Do Prado, Luís André (2019). «Indústria do vestiàrio e moda no Brasil no século XIX a 1960». USP: p.49 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Chataignier, Gilda; História da moda no brasil. 2010
  • Braga, João; Do Prado, Luís André; História da moda no Brasil: Das influências às autorreferências. Disal Editora; 2ª edição, 15 de dezembro 2019