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Usuário(a):Sarabfim/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaRaposa-do-campo

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Canidae
Género: Lycalopex
Espécie: L. vetulus
Nome binomial
Lycalopex vetulus
(Lund, 1842)
Distribuição geográfica
distribuição
distribuição
Sinónimos
  • Pseudalopex vetulus

Raposa-do-campo (nome científico: Lycalopex vetulus), raposinha-do-campo, cachorro-de-dentes-pequenos, raposa-brasileira ou jaguapitanga[1] [2] é um canídeo nativo do Brasil, que habita os campos e cerrados em uma área de distribuição ainda discutida mas que inclui o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, partes do Tocantins, Bahia, e uma pequena área entre Piauí, Ceará e Paraíba . É mais comum na região centro-sul do cerrado[3], mas registros recentes têm ampliado consideravelmente sua distribuição para a região norte e nordeste do país. Considerando as novas informações, a área de ocorrência atual da raposa-do-campo estende-se do centro-nordeste e oeste do estado de São Paulo Paulo ao norte do Piauí e médio-leste do Maranhão.[4][5] A raposa-do-campo é classificada às vezes como Pseudalopex vetulus.[6]

Apesar de seu nome, elas não são raposas verdadeiras (gênero Vulpes), sendo pertencentes ao gênero Lycalopex (graxains), um gênero de canídeos relacionados mais aos lobos-guará, cachorros-do-mato e cachorros-vinagre. Se assemelham a raposas devido à evolução convergente.

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

A raposa-do-campo é endêmica do Brasil, estando presente no Cerrado[7](áreas de vegetação savânica). Os lugares de ocorrência da raposa-do-campo são: centro-nordeste e oeste do estado de São Paulo, norte do Piauí, médio-leste do Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sul de Rondônia, Goiás, Tocantins, Distrito Federal, sudoeste da Bahia, e centro-oeste de Minas Gerais.[8]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A raposa-do-campo é o único membro atual da espécie, não sendo reconhecidas subespécies de Lycalopex vetulus.[8]

Características[editar | editar código-fonte]

A raposa-do-campo é o menor dos canídeos brasileiros, podendo ser facilmente confundida por não especialistas na espécie, com outras duas espécies de canídeos brasileiros: o cachorro-do-mato[9] e o graxaim-do-campo[10]. No entanto, mesmo havendo sobreposição da coloração da pelagem com as outras espécies de canídeos residentes do Brasil, a identificação da raposa-do-campo deve se basear em outras diferenças morfológicas: o tamanho corporal, tamanho e formato da cabeça e focinho em relação ao corpo (mais robustos no cachorro-do-mato e graxaim-do-campo), e a presença peculiar de uma mancha negra na base da cauda da raposa-do-campo.[8]

Ademais, são necessários estudos e pesquisas sobre a espécie para ajudar a eliminar as lacunas de conhecimento sobre a distribuição populacional da raposa do campo, além da necessidade também da elaboração de materiais descritivos-fotográficos, que auxiliem na divulgação da espécie e na formação e qualificação de pesquisadores e leigos interessados na raposa-do-campo.

Habitat e Ecologia[editar | editar código-fonte]

A raposa-do-campo habita formações abertas do Cerrado, optando por vegetações mais escassas e espaçadas como os campos limpos, campos sujos, campos cerrados e cerrado típico[11]. Tais ambientes preferenciais se concentram em planícies[12] e chapadões bem drenados do Brasil central, onde o regime de chuvas é evidente, demonstrando uma estação de seca longa onde há a escassez de chuva ou inexistência por aproximadamente três meses. Segundo dados de Dalponte (2003) contabilizaram que, dentre as 53 localidades em que se observou a raposa-do-campo, 22,6% eram de cerrado típico,18,8% eram campos úmidos (veredas, campo de vazante),13% eram campo cerrado, e 11,3% eram campos naturais (campo limpo ou campo sujo). Embora demonstre evitar regiões pantanosas ou alagadiças, a espécie também é encontrada em regiões do Pantanal[13], em que existem grandes extensões de áreas secas e abertas durante o período de inundação. Também é possível encontrar registros da espécie em terrenos que sofreu antropização[14], como os de pastagem, de agricultura e de silviculturas, mais exclusivamente plantações recentes de eucalipto e seringueiras (Lemos & Azevedo). Ademais, segundo dados de Dalponte (2003) demonstraram que em áreas de pastagem de gado foi representado 24,5% dos pontos onde raposas-do-campo foram registradas, enquanto que campos de cultivo de grãos representaram 7,5% das observações efetuadas. No sudeste de Goiás, foram observadas em fazendas de gado, raposas-do-campo utilizando mais áreas de pasto, como consequência do prejuízo de outros habitats disponíveis como pastagens abandonadas, mata semidecídua e borda de mata, e brejos e borda de brejos.

Dieta e comportamento[editar | editar código-fonte]

A raposa-do-campo é um animal carnívoro insetívoro-onívoro, em que sua alimentação é baseada em cupins. A espécie também pode se alimentar de besouros e gafanhotos, e de acordo com a época do ano e disponibilidade do ambiente, frutos exóticos e silvestres, pequenos mamíferos, lagartos e cobras, anuros e aves.

É uma espécie que possui hábitos noturnos, dando início a suas atividades após o por do sol e finalizando ao amanhecer. Ocorre em simpatria[15] com outros canídeos[16] brasileiros como o lobo-guará[17] e o cachorro-do-mato[18], existindo algumas sobreposições entre a cadeia alimentar dos mesmos. Contudo, a dieta da raposa-do-campo direcionada à cupins e as adaptações morfológicas que permitem que elas habitem regiões mais secas de campos abertos, possibilita que ela coexista com as outras duas espécies de canídeos.

Reprodução e ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

No que se diz respeito ao comportamento, raposas-do-campo são consideradas espécies de hábitos solitários e monogâmicas, pois formam pares reprodutivos durante a estação de acasalamento que permanecem juntos durante a criação dos filhotes, onde, nos quatro primeiros meses de vida da prole, o contato entre a fêmea e o macho são mais intensos.

As fêmeas tem ninhadas de 2 a 5 filhotes que geralmente nascem no período de julho a agosto, possuindo um estágio de gestação de aproximadamente 50 dias (Dalponte 2003, Dalponte 2009, Lemos et al. 2011a, Lemos & Azevedo, obs. pess.). Geralmente são utilizadas tocas abandonadas de tatus-peba para o nascimento da ninhada.[19]

As fêmeas amamentam os filhotes até o quatro meses, podendo permanecer com eles durante dois a quatro meses. O distanciamento ocorre em uma fase entre nove e dez meses de idade, quando eles passam a definir seus próprios territórios, obtendo a possibilidade de ser próximos a área onde viveram seus primeiros meses de vida.[8]

Interações interespecíficas[editar | editar código-fonte]

Apesar de existirem poucos relatos publicados sobre encontros entre raposas-do-campo e outros canídeos, foi testemunhado, no Sudeste de Goiás, três encontros entre raposas-do-campo e cachorros-do-mato, os quais sucederam em perseguições da maior espécie sobre a menor, o que seria um indício de competição intraespecífica por uso de habitat.

No que se refere a carnívoros de grande porte, como onças-pardas[20] e lobos-guarás[21], não existem registros que demonstrem se raposas-do-campo foram ativamente predadas por um lobo-guará ou onça-parda.[8]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Atualmente, é classificada como uma espécie "pouco preocupante (LC)[22]" pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais[23], apesar de ser uma espécie decorrente do Cerrado e sujeita a vários riscos antrópicos[24]. Esta classificação é baseada em razão da espécie aparentar ser bastante comum em sua área de distribuição, além de possuir certa capacidade de adaptação a distúrbios antropogênicos. A raposa-do-campo está presente nas listas vermelhas do estado de São Paulo e Paraná, como uma das espécies ameaçadas de extinção. De acordo com pesquisas, no estado de São Paulo, a raposa-do-campo é considerada Vulnerável (VU)[25], uma vez que nessa região o tamanho da população e sua dinâmica são desconhecidos, além do alto número de atropelamentos e conflito com humanos e animais domésticos. Já no estado do Paraná, a raposa-do-campo consta como "Dados Deficientes (DD)[26]", devido à falta de informação sobre a real distribuição da população da espécie no estado. Há registros de que o estado de Minas Gerais, a raposa-do-campo é considerada como uma espécie "Em Perigo (EN)[27]".

A destruição do habitat e outros efeitos negativos causados, indiretamente e diretamente, pelo homem, são considerados os maiores fatores de risco à conservação da raposa-do-campo. Tendo em vista que, a espécie é endêmica ao Cerrado, o qual se encontra entre os 25 ecossistemas mais ameaçados do planeta, as ações antrópicas aparentam ser o principal fator de representatividade da maior fonte de mortalidade da espécie. Por serem vistas como terra improdutivas, nas últimas duas décadas o governo federal estimulou a exploração e o "desenvolvimento" das fronteiras economicamente sociais e industriais no Cerrado. Tais ações, resultaram em diversas ameaças à espécie, sendo a expansão da fronteira agropastoril a principal fonte de fragmentação e eliminação de habitats adequados à sobrevivência da espécie.

Como resultado dos avanços desordenados das atividades humanas, têm-se como exemplos a urbanização[28], a crescente exploração da madeira em busca do fornecimento de carvão, e a expansão da malha viária e ferroviária. Essas alterações geram diversos efeitos negativos, como, o número alto de atropelamentos contribuindo para a diminuição elevada de indivíduos da população da espécie, ataques por parte de cães domésticos e a perseguição humana por considerar equivocadamente que a espécie é uma ameaça aos animais domésticos.[8]

Ademais, vale ressaltar que o contato da espécie com animais domésticos facilita a transmissão de patógenos, principalmente em áreas situadas próxima a uma cidade e sedes de fazenda.

Ações de conservação[editar | editar código-fonte]

Atualmente, não existem projetos de instituições governamentais, em curso ou planejados, visando a conservação dessa espécie. A priorização da proteção dos habitats adequados à sobrevivência da raposa-do-campo, especificamente o bioma Cerrado, são ações extremamente necessárias.

A realização de um Plano de Ação Nacional (PAN) para a conservação da raposa-do-campo, tem o objetivo de juntar os melhores especialistas e informações, para que haja uma discussão acerca das melhores estratégias de extensão do conhecimento da espécie e assegurar sua segurança em longo prazo.

Para que haja melhor desenvolvimento das ações listadas acima, é necessária uma contribuição por meio de: pesquisas sobre a densidade, abundância relativa e tendências populacionais da raposa-do-campo, comparando áreas protegidas com áreas de diferentes níveis de ação antrópica; uma atualização anual da distribuição da espécie; o papel de doenças no controle populacional da raposa-do-campo; programas de informação e educação que visem a conservação da biodiversidade e o divulgamento da espécie, assim, procurando desestimular a captura e a caça de animais silvestres; programas de efetuação de técnicas voltadas a mitigação do impacto de estradas nas populações de raposas-do-campo; programas de vacinação e castração de cães domésticos nas áreas de vivência da raposa-do-campo, focando em unidades de conservação da espécie.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Raposa-do-campo - Fauna - Terra da Gente». Terra da Gente. 5 de janeiro de 2009. Consultado em 19 de julho de 2010 
  2. Wozencraft, W.C. (2005). Wilson, D.E.; Reeder, D.M. (eds.), ed. Mammal Species of the World 3 ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  3. (Dalponte 2009)
  4. (Costa & Courtenay 2003)
  5. http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/avaliacao-do-risco/carnivoros/raposa-do-campo_lycalopex_vetulus.pdf
  6. «Densidade populacional de raposa-do-campo» (PDF). SciELO Brazil. Consultado em 19 de julho de 2010 
  7. «Cerrado». Wikipédia, a enciclopédia livre. 19 de junho de 2019 
  8. a b c d e f g Lemos, Frederico Gemesio; Azevedo, Fernanda Cavalcanti de; Beisiegel, Beatriz de Mello; Jorge, Rodrigo Pinto Silva; Paula, Rogério Cunha de; Rodrigues, Flávio Henrique Guimarães; Rodrigues, Lívia de Almeida (30 de junho de 2013). «Avaliação do risco de extinção da raposa-do-campo Lycalopex vetulus (Lund, 1842) no Brasil». Biodiversidade Brasileira. 0 (1): 160–171–171. ISSN 2236-2886 
  9. «Cerdocyon thous». Wikipédia, a enciclopédia livre. 15 de outubro de 2019 
  10. «Graxaim-do-campo». Wikipédia, a enciclopédia livre. 27 de agosto de 2019 
  11. «Cerrado típico». Wikipédia, a enciclopédia livre. 27 de fevereiro de 2018 
  12. «Planície». Wikipédia, a enciclopédia livre. 17 de setembro de 2019 
  13. «Pantanal». Wikipédia, a enciclopédia livre. 12 de agosto de 2019 
  14. «Antropia». Wikipédia, a enciclopédia livre. 1 de junho de 2019 
  15. «Simpatria». Wikipédia, a enciclopédia livre. 22 de julho de 2017 
  16. «Canídeos». Wikipédia, a enciclopédia livre. 2 de setembro de 2019 
  17. «Lobo-guará». Wikipédia, a enciclopédia livre. 16 de dezembro de 2019 
  18. «Cachorro-do-mato». Wikipédia, a enciclopédia livre. 29 de maio de 2015 
  19. «Tatupeba». Wikipédia, a enciclopédia livre. 24 de maio de 2019 
  20. «Puma concolor». Wikipédia, a enciclopédia livre. 9 de janeiro de 2020 
  21. «Lobo-guará». Wikipédia, a enciclopédia livre. 16 de dezembro de 2019 
  22. «Espécie pouco preocupante». Wikipédia, a enciclopédia livre. 26 de julho de 2019 
  23. «União Internacional para a Conservação da Natureza». Wikipédia, a enciclopédia livre. 28 de maio de 2019 
  24. «Antropogénico». Wikipédia, a enciclopédia livre. 30 de novembro de 2019 
  25. «Espécie vulnerável». Wikipédia, a enciclopédia livre. 14 de novembro de 2019 
  26. «Espécie deficiente de dados». Wikipédia, a enciclopédia livre. 11 de janeiro de 2020 
  27. «Espécie em perigo». Wikipédia, a enciclopédia livre. 14 de abril de 2019 
  28. «Urbanização». Wikipédia, a enciclopédia livre. 4 de dezembro de 2019 
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