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Calloselasma

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaCalloselasma

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Serpentes
Família: Viperidae
Género: Calloselasma
Cope, 1860
Espécie: C. rhodostoma
Nome binomial
Calloselasma rhodostoma
(Kuhl, 1824)
Sinónimos

  • [Trigonocephalus] rhodostoma Kuhl, 1824
  • [Trigonocephalus] rhodostoma
    F. Boie, 1827
  • [Trigonocephalus] praetextatus Gravenhorst, 1832
  • Tisiphone rhodostoma
    Fitzinger, 1843
  • L[eiolepis]. rhodostoma
    A.M.C. Duméril, 1853
  • [Calloselasma] rhodostomus
    Cope, 1860
  • T[isiphone]. rhodostoma
    W. Peters, 1862
  • T[rigonocephalus]. (Tisiphone) rhodostoma
    Jan, 1863
  • Calloselasma rhodostoma
    Günther, 1864
  • Calloselma rhodostoma
    Morice, 1875
  • Ancistrodon rhodostoma
    Boettger, 1892
  • Ancistrodon rhodostoma
    Boulenger, 1896
  • Agkistrodon rhodostoma
    Barbour, 1912
  • Ancistrodon (Calloselasma) rhodostoma Bourret, 1927
  • Ancistrodon annamensis
    Angel, 1933
  • [Agkistrodon] annamensis
    Pope, 1935
  • Calloselasma rhodostoma
    – Campden-Main, 1970[2]

Calloselasma é um género monotípico[3] criado para uma espécie de víbora-de-fossetas venenosa, C. rhodostoma, a qual é endémica do Sudeste Asiático desde a Tailândia até ao norte da Malásia e na ilha de Java.[2] Atualmente não são reconhecidas subespécies.[4]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Karawang, Java Ocidental
Aspeto da zona ventral

Atinge, em média, um comprimento total de 76 cm, sendo as fêmeas um pouco mais compridas que os machos. Ocasionalmente podem crescer até 91 cm.[5]

Um espécime com um comprimento total de 81 cm tem uma cauda com 9 cm de comprimento.

O dorso é avermelhado, acinzentado, ou castanho-claro, com duas séries de grandes manchas triangulares castanhas com contornos pretos, podendo estar colocadas de forma alternada ou opostas. Possuem igualmente uma tira vertebral delgada de cor castanha-clara, que pode ser descontínua ou indistinguível em alguns espécimes. As escamas labiais superiores são de cor rosada ou amarelada. Apresentam uma linha diagonal grossa, de cor castanho-escuro com contorno preto, desde o olho até ao canto da boca, com uma outra linha mais estreita e cor mais clara acima dela.

As escamas dorsais, lisas, encontram-se arranjadas em 21 filas a meio do corpo. Ventrais 138-157; placa anal inteira; subcaudais 34-54 pares.

Focinho pontiagudo e voltado para cima. Rostral tão larga como profunda. Duas internasais e duas pré-frontais. Frontal tão comprida ou ligeiramente mais comprida do que a sua distância à ponta do focinho, tão comprida ou ligeiramente mais curta que as parietais. Supralabiais 7-9. Fossa loreal não está em contato com as supralabiais.[6]

Trata-se da única víbora-de-fossetas asiática com grandes escamas coronais e escamas dorsais lisas.[7]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Pode ser encontrada no Nepal, Tailândia, Camboja, Laos, Vietname, norte da Malásia Ocidental e na ilha indonésia de Java. A localidade-tipo indicada é "Java".[2] Existem relatos credíveis mas não confirmados do sul de Mianmar, norte de Sumatra e norte de Bornéu.

Habitat e alimentação[editar | editar código-fonte]

Prefere florestas costeiras, matagais de bambú, terras de cultivo abandonadas, pomares, plantações e florestas próximas de plantações,[5] onde caça ratos.

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Esta espécie é ovípara e os ovos são protegidos pela fêmea depois da postura.[7]

Venom[editar | editar código-fonte]

Esta espécie tem reputação de mau temperamento e de ser rápida em atacar, No norte da Malásia é responsável por uns 700 incidentes anuais de mordedura de serpente com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 2 %. Marcadamente sedentária,frequentemente é encontrada no mesmo local várias horas depois de um incidente envolvendo humanos.[7] O seu veneno causa dor severa e inchaço local e por vezes necrose de tecidos, mas mortes não são comuns. Muitas vítimas ficam com membros disfuncionais ou amputados devido à falta de de antiveneno e tratamente atempado. Num estudo de 2005 de 225 mordidas da víbora-de-fossetas-malaia, (Calloselasma rhodostoma) na Tailândia, a maioria das vítimas apresentou sintomas ligeiros a moderados, mas 27 de 145 pacientes (18.6%) ficaram com membros inchados de forma permanente.[8] Contaram-se apenas duas mortes (relacionadas com hemorragias intracerebrais) e nenhuma amputação. O antiveneno produzido na Tailândia pareceu ser eficaz na reversão dos coágulos sanguíneos produzidos pelo veneno. A maioria dos pacientes permaneceu estável e não requeriu antiveneno. Os autores sugeriram que as vítimas não recorressem a curandeiros tradicionais e que evitassem o uso excessivo de torniquetes, Durante uma fase prospetiva do estudo, as mordeduras ocorreram ao longo do ano mas sobretudo na estação das monções (maio e junho).

Veneno e tratamento de trombose[editar | editar código-fonte]

O veneno desta espécie é usado para isolar uma enzima semelhante à trombina chamada ancrodo.[9] Esta enzima é usada clinicamente para desfazer e dissolver trombos (coágulos sanguíneos) em pacientes com baixa viscosidade sanguínea para ajudar a prevenir infartos e acidentes vasculares.[9][10]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Grismer, L.; Chan-Ard, T. (2012). «Calloselasma rhodostoma». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012: e.T192168A2050205. doi:10.2305/IUCN.UK.2012-1.RLTS.T192168A2050205.enAcessível livremente. Consultado em 19 Novembro 2021 
  2. a b c d McDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, vol. 1. Herpetologists' League. 511 pp. ISBN 1-893777-00-6 (series). ISBN 1-893777-01-4 (volume).
  3. «Calloselasma» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 3 Novembro 2006 
  4. «Calloselasma rhodostoma» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 3 Novembro 2006 
  5. a b Mehrtens JM. 1987. Living Snakes of the World in Color. New York: Sterling Publishers. 480 pp. ISBN 0-8069-6460-X.
  6. Boulenger, G.A. 1896. Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural History). Volume III., Containing the...Viperidæ... Trustees of the British Museum (Natural History). London. xiv + 727 pp. + Plates I.-XXV. (Ancistrodon rhodostoma, pp. 527-528.)
  7. a b c U.S. Navy. 1991. Poisonous Snakes of the World. US Govt. New York: Dover Publications Inc. 203 pp. ISBN 0-486-26629-X.
  8. Wongtongkam, Nualnong; Wilde, Henry; Sitthi-Amorn, Chitr; Ratanabanangkoon, Kavi (Abril 2005). «A Study of 225 Malayan Pit Viper Bites in Thailand». Military Medicine (em inglês). 170 (4): 342–348. ISSN 0026-4075. PMID 15916307. doi:10.7205/MILMED.170.4.342Acessível livremente 
  9. a b Chen JH, Liang XX, Qiu PX, Yan GM (Maio 2001). «Thrombolysis effect with FIIa from Agkistrodon acutus venom in different thrombosis model». Acta Pharmacologica Sinica. 22 (5): 420–2. PMID 11743889 
  10. Guangmei Yan, Jiashu Chen, Pengxin Qiu, Hong Shan. "Fibrinolysin of Agkistrodon acutus Venom and its Usage."

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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