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Bothrops leucurus ou Jararaca-Malha-de-sapo é uma espécie de serpente da família Viperidae. Endêmica do Brasil, pode ser encontrada nos estados de Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo.[1][2]
É a serpente peçonhenta mais comum da Mata Atlântica do Nordeste. Atinge 1,2 m de comprimento em média, mas há registros de até 1,5 m. O desmatamento tem favorecido sua expansão territorial.
Também são espécies típicas de climas áridos, semi-áridos e úmidos.[3]
Reprodução[editar | editar código-fonte]
O período reprodutivo das Jararaca-Malha-de-Sapo ocorre, normalmente, nos períodos de outono e inverno e o nascimento das novas espécies, no verão e primavera. Na natureza, quando dois machos "competem" por uma fêmea, eles fazem um tipo de "dança combate". Após isso, o macho que saiu vitorioso nessa doença começa a se comportar de maneira a atrair a fêmea como o "mouting" que é a ondulação do dorso, o "Chin rub" que é o deslizamento da cabeça do macho sob o corpo da fêmea, e finalmente, para a cópula, o macho faz o movimento de "tail whip" que é o movimento rápido da cauda do macho na cauda da fêmea e o "tail raise" que ocorre quando a fêmea aceita o macho e ergue sua cauda em direção ao macho. [4]
A gestação das Bothrops Leucurus dura 147 dias, é uma gestação vivípara, ou seja, as cobras depositam ovos. O nascimento ocorre, preferencialmente, no verão e primavera e nascem, em média 12 novos seres[5]
Dieta[editar | editar código-fonte]
A Jararaca-Malha-de-Sapo tem hábito alimentar variado, consome de pequenos mamíferos até anuros, lagartos, serpentes e aves. O que difere tais hábitos são: sexo e idade da serpente.[6]
As fêmeas consomem mais animais endotérmicos do que os machos, pois a carga energética que os animais oferecem é maior.[6]
As serpentes mais novas costumam se alimentar de anuros e lagartos (seres ectotérmicos), já as serpentes mais maduras consomem pequenos mamíferos e até aves (seres endotérmicos)[6]. Uma característica que ajuda as serpentes mais novas a atrair seus alimentos é sua cauda. As serpentes mais novas possuem uma cauda mais clara que o resto do seu corpo, tal característica atrai os anuros e lagartos. Essa coloração caudar desaparece de acordo com o envelhecimento do animal. [7]
Veneno[editar | editar código-fonte]
O veneno das Bothrops Leucurus é uma combinação de Fosfolipase A2, miotoxinas, metaloproteinases hemorrágicas. [8]
Esse veneno pode causar hemorragia, lesões, necrose do membro afetado. Algumas pesquisas mostram que o veneno da Jararaca-Malha-de-Sapo pode causar alterações na coagulação do sangue, funcionamento dos rins e do coração. [9]
Essas serpentes possuem dentes inoculadores e uma fosseta loreal (uma abertura entre o olho e a narina que é um órgão termorreceptor). Há diferença entre a peçonha de cobras filhotes e cobras adultas, as filhotes são predominantemente coaguladoras, já a adulta possui uma ação proleolítica maior do que a ação coagulante. [10]
As picadas de cobras ocorrem normalmente em braços e pernas e, em caso de picada, é importante que lave bem o local com água e sabão, manter o local da picada levantado e estendido em posição confortável, não utilizar substâncias como urina, vinagre ou café na lesão, visto que pode gerar uma infecção e piorar a situação e, claro, ir para o hospital mais próximo para que o soro antiofídico seja injetado. [11]
Relação com os humanos[editar | editar código-fonte]
Os ataques da Jararaca-Malha-de-Sapo representam 90% do total de ataques de cobras a humanos no Brasil. [12]
Por ser uma cobra de ampla distribuição geográfica e por causar muitos acidentes, seu estudo é de grande interesse médico para o desenvolvimento e produção de soros. [13]
Etimologia[editar | editar código-fonte]
Na língua indígena Tupi, Iararaká significa "que envenena a quem agarra". [14]
Características[editar | editar código-fonte]
A Jararaca-Malha-de-Sapo possui duas fossetas loreais que funcionam como um termoreceptor, essas fossetas se localizam entre os olhos e a narina. Sua arcada dentária é formada por 1 par de dentes anteriores modificados em presas inoculadoras de venenos, grandes, móveis, totalmente canaliculadas e recobertas por uma bainha protetora. Sua cabeça é triangular, com escamas pequenas e irregulares no topo e a cauda possui escamas lisas sem muitas modificações em seu padrão. Possui uma coloração geral marrom e cinza, essa cor modifica de acordo com a idade da cobra, possui manchas negras e um "V" invertido, possui uma faixa ocular definida e o ventre axadrezado com cores amareladas e cinza. Um diferencial dessas cobras está a presença de uma escama lacunolabial (a segunda escama supralabial fundida com a escama prelacunal), escamas supralabiais com manchas negras, cerca de 225 escamas ventrais e mais do que 6 escamas intersupraoculares. [15]
São seres de hábito noturno e a maioria de sua espécie vive na Mata Atlântica, as mais jovens são encontradas próximas a rios, já as adultas nas serras, isso ocorre por causa da disponibilidade de presas que muda de acordo com a idade da cobra. [16]
O tempo de vida estimado dessas cobras em ambiente natural e preservado é de 10 anos.[17]
Comportamento[editar | editar código-fonte]
A Jararaca-Malha-de-Sapo é uma serpente Viperidae de hábitos terrestres e noturnos, é encontrada em campos, matas, cerrado,mato plantado, se alimenta de anuros e roedores, é ovivípara, seu período de maior atividade é em Outubro a maio, meses mais quentes e úmidos, nos meses mais frios não são muito ativas, passando maior parte do seu tempo abrigadas em tocas. Esses comportamentos ocorrem, principalmente, pela escassez de presas durante a época. A forma de locomoção é feita através da ondulação lateral,locomoção retilínea ou acordeão. Alguns métodos de defesa são utilizados por essa cobra como a imobilidade, fuga,retração e bote, quando se sentem ameaçadas, eles costumam bater a cauda no chão, como sinal de alerta. [18]
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- ↑ LIRA-DA-SILVA, R. M. (2009). «Bothrops leucurus Wagler, 1824 (Serpentes; Viperidae): natural history, venom and envenomation». Gazeta Médica da Bahia. 79: 56-65
- ↑ CARVALHO JR, R.R.; NASCIMENTO, L.B. (2005). «Bothrops leucurus – Geographical Distribution». Herpetological Review. 36. 469 páginas
- ↑ Lira-da-Silva, Rejâne (2009). «BOTHROPS LEUCURUS BOTHROPS LEUCURUS WAGLER, 1824 (SERPENTES; VIPERIDAE)»
- ↑ Laun, Tatiana. «Comportamento reprodutivo da Bothrops Leucurus (Serpentes, Viperidae)»
- ↑ Lira-da-Silva, Rejâne. «Exemplos Regionais de Animais - Projeto Qualibio»
- ↑ a b c Oliveira, Pâmela (2013). «História natural da bothrops leucurus» (PDF)
- ↑ Giozza, Aída (setembro de 2020). «Evolution of Caudal Luring in Viperidae OPPEL 1811»
- ↑ Antão, Vitória (2010). «atividade miotóxica da bothrops leucurus» (PDF)
- ↑ Alcântara, Alex Sandre. «veneno da jararaca term mistério desvendado»
- ↑ Pereira, I.D. «Ofidismo»
- ↑ Buononato, Marcos (2014). «prevenção à mordida ba bothrops leucurus» (PDF)
- ↑ Alcântra, Alex Sander. «Veneno da jararaca tem mecanismo desvendado»
- ↑ Wuger, Wolofgang (2015). «Características da bothrops leucurus»
- ↑ Ribeiro, Dêbora (setembro de 2018). «Significado de jararaca»
- ↑ Wuger, Wolofgang. «Exemplos regionais de animais»
- ↑ Oliveira, Pâmela. «História natural de Bothrops leucurus»
- ↑ Bernarde, Sérgio. «curiosidades sobre as cobras»
- ↑ Sazima, Ivan. «Um estudo da biologia comportamental das jararacas.» (PDF)