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Eduardo Timoleon Zalony

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Édouard Timoleon Zalony foi um artista e professor francês ativo no Brasil em meados do século XIX, onde foi mais conhecido como Eduardo. Foi um dos precursores da atividade artística profissional e da fotografia na então província do Rio Grande do Sul, onde construiu sua carreira.[1]

Filho do médico e membro da Legião de Honra Marc Philippe Zalony, nada se sabe sobre a formação nem sobre o local e data de nascimento e morte de Eduardo. O primeiro registro sobre ele data de 1º de junho de 1840, quando publicou em jornal do Rio de Janeiro um anúncio oferecendo serviços profissionais de pintor de retratos e professor de desenho e pintura.[1] Antes de 1846 já estava instalado na cidade sulina de Rio Grande, e neste ano aparece como professor público de francês e geografia e como fundador da primeira escola pública de desenho da província, onde também lecionou.[2]

Em 1848 foi demitido do cargo de professor público e em 1849 viajou para a Síria, retornando a Rio Grande em 1851, abrindo um atelier fotográfico bem aparelhado e fazendo grande clientela,[1] sendo um dos primeiros fotógrafos da província.[3] Em 1854 fundou a Sociedade Instrução e Recreio, onde lecionava desenho gratuitamente.[2] Viajou para os Estados Unidos em 1859 a fim de aperfeiçoar sua técnica, e em 1861 abriu um atelier em Porto Alegre. Notícias na imprensa da época o citam como introdutor da técnica de retratos sobre vidro e como dono do principal estúdio de fotografia da capital, oferecendo trabalhos de um acabamento impecável. Segundo Athos Damasceno seu trabalho fotográfico de grande nitidez e beleza atraiu a atenção geral. Paralelamente manteve um colégio, onde ensinava francês, geografia, esgrima, tiro ao alvo e desenho. Também lecionava desenho em outros colégios e em aulas particulares, além de continuar sua produção de retratos em pintura e desenho.[1]

Ganhou ainda fama de benemérito pelas obras assistencialistas a que se dedicou. Durante a epidemia de cólera de 1856 manteve às próprias custas uma enfermaria para tratamento dos doentes, recebendo o reconhecimento do imperador, que lhe concedeu a Ordem da Rosa no grau de oficial.[1]

Zalony fez considerável reputação no Rio Grande do Sul,[2] atuando em um período em que o circuito artístico na província era incipiente e dominado pelo amadorismo e eram raríssimos os profissionais em atividade.[1] Antes de 1904 retornou à França. Havia acumulado uma pequena fortuna e em testamento deixou todos os seus bens para João Otelo, ex-escravo que mantivera no Brasil.[4]

Referências

  1. a b c d e f Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, pp. 82-85
  2. a b c Bittencourt, Ezio. Da rua ao teatro, os prazeres de uma cidade: sociabilidades & cultura no Brasil Meridional. Ed. da FURG, 1999, pp. 93-94
  3. Stumvoll, Denise & Silva, Welington. Carte de Visite e outros formatos: retratos no acervo fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (1880-1920). Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa, 2019, p. 43
  4. Bilac, Olavo. Crítica e Fantasia. Teixeira, 1904, p. 320