Sirius (acelerador de partículas)

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Sirius

Prédio do Sirius
Propriedades Gerais
Tipo de acelerador Síncrotron
Tipo de feixe elétrons
Propriedades do feixe
Energia máxima 3 GeV
Corrente máxima 350 mA (atualmente 100 mA em modo top-up)
Propriedades físicas
Circunferência 518,4 m
Localização Campinas, São Paulo (estado)
Coordenadas 22° 48′ 28″ S, 47° 03′ 09″ O
Instituição Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
Datas de operação 2019 - presente
Precedido por UVX

Sirius é uma fonte de luz síncrotron de 4ª geração localizada no município de Campinas, no interior de São Paulo, Brasil. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que operou a primeira fonte de luz síncrotron do Brasil de 1997 a 2019, o UVX, coordena também o projeto do Sirius. O acelerador de partículas possui 518.4 metros de circunferência 165 metros de diâmetro, emitância de 0,27 nanômetros-radianos[1] e energia de 3 GeV. O espectro da radiação inclui o infravermelho, visível, ultravioleta e raios-x.

Com custo total de R$1,8 bilhão, o projeto foi financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pela FAPESP. A discussão sobre o projeto começou em 2008 e em 2009 recebeu um financiamento de R$2 milhões. A construção começou em 2015 e terminou em 2018. O feixe completou a primeira volta no acelerador principal em 22 de novembro de 2019.[2] Os primeiros experimentos ocorreram durante a pandemia de COVID-19 na linha Manacá, dedicada a cristalografia macromolecular[3].

História[editar | editar código-fonte]

Obras de construção do edifício do Sirius em abril de 2017

Sua construção começou em 2014, no governo Dilma Rousseff, e foi inaugurado em 14 de novembro de 2018 pelo então presidente Michel Temer. O Sirius é o segundo acelerador de partículas operacional no Brasil, depois do pioneiro UVX. No começo dos anos 2000 a tecnologia avançara e o UVX ficara obsoleto em comparação a outros síncrotrons espalhados pelo mundo. Em 2008, José Antônio Brum, diretor do LNLS entre 2001 e 2008, pediu à equipe do laboratório que desenhasse um pré-projeto do novo acelerador. A proposta foi entregue ao então Ministro da Ciência do governo Lula, o físico Sérgio Machado Rezende, durante uma visita ao laboratório.[4][5]

Maquete do complexo do Sirius em 2017
Fachada do edifício do Sirius

No dia 14 de novembro de 2018 foi celebrada a entrega da primeira etapa do projeto Sirius,[6] sob a presença do então presidente Michel Temer e ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab. Nesta primeira etapa houve a entrega do prédio e de dois dos três aceleradores.[7]

A segunda etapa do projeto incluiu a finalização da construção do terceiro acelerador, o anel de armazenamento, e início da montagem e comissionamento das primeiras linhas de luz. Atualmente, Sirius opera com corrente de 100 mA em modo top-up[8] e 6 linhas de luz abertas para pesquisadores externos.

Características[editar | editar código-fonte]

Interior do edifício do Sirius

O Sirius é usado para entender a estrutura atômica e molecular de diversas amostras, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos, no aprimoramento de materiais usados na construção civil, na exploração de petróleo e em várias outras áreas.

O prédio de 68.000 metros quadrados abriga um equipamento com formato de anel e circunferência superior a 500 metros.[4][5] Para proteger as pessoas da radiação liberada pelo funcionamento da máquina, uma das mais avançadas desse tipo em todo o mundo, o conjunto é blindado por 1 quilômetro de paredes de concreto, uma barreira com 1,5 metro de espessura e 3 metros de altura.

O investimento no projeto foi de R$1,8 bilhão, estabelecendo-o como o mais ambicioso projeto científico já feito no Brasil. A construção contou com 90% de peças desenvolvidas e/ou produzidas nacionalmente,[9] e durante os primeiros meses de sua operação foi a fonte de luz síncrotron mais brilhante no mundo.[10]

Foi concluído em 2019.[4][5]

Linhas de luz[editar | editar código-fonte]

As estações experimentais que recebem a luz síncrotron gerada pelo feixe de elétrons ciruclando no anel de armazenamento recebem o nome de linhas de luz. Atualmente, Sirius tem 9 linhas de luz em operação, 1 em comissionamento científico, 2 em fase de montagem e 1 em fase de projeto.[11][12]

A primeira linha de luz do projeto Sirius, a Manacá, foi inaugurada oficialmente em 21 de outubro de 2020, mas esteve em uso desde julho para apoiar pesquisas relacionadas à Covid-19.[13][14] Essa primeira estação do Sirius é equipada com instrumentos que permitem revelar estruturas tridimensionais de proteínas e enzimas humanas e patógenos com resoluções que não podem ser obtidas em equipamentos convencionais. Uma das técnicas disponíveis permite revelar a posição de cada um dos átomos que compõem uma determinada proteína estudada, suas funções e interações com outras moléculas, que podem ser usadas como princípios ativos de novos medicamentos.[15]

Linha de luz Técnica principal Faixa de energia Status
CARNAÚBA Nanoscopia de raios X 2.05 - 15 keV Aberta
CATERETÊ Espalhamento coerente de raios X 3 - 24 keV Aberta
CEDRO Dicroísmo circular 3 - 9 eV Aberta
EMA Espectroscopia e difração de raios X em condições extremas 2.7 - 30 keV Aberta
IMBUIA Micro e nanoespectroscopia de infravermelho 70 meV - 400 meV Aberta
IPÊ Espalhamento inelástico ressonante de raios X e espectroscopia de fotoelétrons 100 - 2000 eV Aberta
JATOBÁ Espalhamento total de raios X e análise de PDF 40 - 70 keV Projeto
MANACÁ Micro e nanocristalografia macromolecular 5 - 20 keV Aberta
MOGNO Micro e nanotomografia de raios X 22 | 39 | 67.5 keV Aberta
PAINEIRA Difração de raios X em policristais 5 - 30 keV Aberta
QUATI Espectroscopia de raios X com resolução temporal 4.5 - 35 keV Montagem
SABIÁ Especroscopia de fotoemissão e absorção de raios X moles de alto fluxo 100 - 2000 eV Aberta
SAPÊ Espectroscopia de fotoemissão resolvida em ângulo 8 - 70 eV Comissionamento
SAPUCAIA Espalhamento de raios X a baixos ângulos 6 - 17 keV Montagem

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Novo acelerador de partículas será inaugurado em 2018, em Campinas». Folha de S.Paulo. 19 de janeiro de 2015. Consultado em 19 de janeiro de 2015 
  2. «Alcançada primeira volta dos elétrons no acelerador principal do Sirius – LNLS». lnls.cnpem.br. Consultado em 29 de maio de 2024 
  3. «Primeiros experimentos são realizados no Sirius – LNLS». lnls.cnpem.br. Consultado em 29 de maio de 2024 
  4. a b c «O acelerador de partículas de R$ 1,8 bilhão». Revista Piauí. 14 de agosto de 2017. Consultado em 14 de novembro de 2018. Cópia arquivada em 9 de Setembro de 2018 
  5. a b c Zorzetto, Ricardo (Julho de 2018). «Salto para um brilho maior». Pesquisa FAPESP. Consultado em 9 de Setembro de 2018. Cópia arquivada em 9 de Setembro de 2018 
  6. «Sirius inaugura 1ª etapa e diretor vê otimismo na continuidade da obra após troca de governo». G1 
  7. «Cerimônia marca entrega da primeira etapa do projeto Sirius – LNLS». www.lnls.cnpem.br. Consultado em 19 de novembro de 2018 
  8. «Sirius inicia operação em modo top-up e garante mais estabilidade nas linhas de luz». LNLS. 20 de Abril de 2023. Consultado em 5 de Agosto de 2023 
  9. «Salto para um brilho maior». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 4 de junho de 2024 
  10. «A corrida pela melhor luz». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 4 de junho de 2024 
  11. «Linhas de Luz». LNLS. Consultado em 5 de Agosto de 2023 
  12. «CNPEM abre terceira chamada oficial para projetos de pesquisa no Sirius». CNPEM. 10 de agosto de 2023. Consultado em 16 de agosto de 2023 
  13. «Bolsonaro inaugura linha de luz do acelerador de partículas Sirius». Agência Brasil. 21 de outubro de 2020. Consultado em 23 de outubro de 2020 
  14. Menicucci, Arthur (21 de outubro de 2020). «Bolsonaro inaugura linha de pesquisa do Sirius e ministro projeta laboratório de biossegurança 4 em Campinas». g1.globo.com. Consultado em 23 de outubro de 2020 
  15. «Projeto Sirius | Agência Brasil - EBC». conteudo.ebc.com.br. Consultado em 23 de outubro de 2020 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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