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Caetano de Melo de Jesus

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Capa do primeiro volume da Escola de Canto de Órgão

Caetano de Melo de Jesus (Arquidiocese de Salvador, ? - ?) foi um padre, compositor, maestro, e teórico musical brasileiro, ativo no século XVIII.

Pouco se sabe sobre sua vida e sua atividade compositiva. Sobre sua formação também as informações são escassas, mas sabe-se que entre 1715 e 1717 estava estudando com Nuno da Costa e Oliveira, mestre de solfejo da Santa Casa de Misericórdia. Ordenado padre no hábito de São Pedro, foi mestre de capela da Sé de Salvador por mais de vinte e cinco anos, dominando a vida musical baiana em seu tempo, e autor de um importante tratado de música, Escola de Canto de Órgão (1759-1760).[1][2][3][4] Vide nota: [5] Curt Lange o considerava o maior teórico musical das Américas[6] e George Buelow disse que a ele cabe o lugar de um dos mais importantes músicos da primeira metade do século XVIII no Brasil.[7]

Seu tratado, em dois volumes (de quatro prometidos pelo autor), foi enviado para Portugal para ser impresso mas nunca o foi, permanecendo em manuscrito. Era considerado perdido até que José Augusto Alegria o redescobriu nos anos 60 nos arquivos da Biblioteca Pública de Évora, e desde então tem sido estudado por vários musicólogos.[4] Embora jamais publicado, é hoje tido como um dos mais notáveis trabalhos de teoria musical escritos em língua portuguesa de sua época, competindo com os de célebres musicólogos europeus, destacando-se pela sua extensão, abrangência enciclopédica e erudição "nos vários domínios do conhecimento que, partindo da base pedagógica do trivium e quadrivium, abarca virtualmente o conhecimento filosófico e humanístico disponível na época para um consumado Mestre de Capela catedralícia", como afirmou a pesquisadora Mariana de Freitas.[8][9] Apenas um trecho do tratado foi publicado: o "Discurso Apologético", debatendo uma polêmica teórica que surgiu na Bahia em 1734 sobre o temperamento da escala musical. Uma edição integral está sendo preparada por José Maria Neves. Foi autor também de outra obra teórica, Tratado dos Tons, que foi perdida.[4]

Embora não haja certeza, já lhe foi atribuída a autoria da mais antiga peça de música vocal profana já descoberta no Brasil, a Cantata Acadêmica Heroe, egregio, douto, peregrino, escrita em homenagem ao dignitário português José Mascarenhas e apresentada em 2 de julho de 1759 na Academia Brasílica dos Renascidos, da qual o padre era membro.[6][10][11][8]

Referências

  1. Duprat, Régis et alii. A "Arte explicada de contraponto" de André da Silva Gomes. Arte & Ciência, 1998, p. 7
  2. Mariz, Vasco. A música no Rio de Janeiro no tempo de D. João VI. Casa da Palavra, 2008, p. 15
  3. Freitas, Mariana Portas de. "Entre o hexacorde de Guido e o solfejo francês: a Escola de Canto de Orgaõ de Caetano de Melo de Jesus (1759) – Primeira recepção da teoria do heptacorde num tratado teórico musical em língua portuguesa". In: Revista Brasileira de Música, vol. 23, nº 2, 2010, p. 47
  4. a b c Binder, Fernando e Castagna, Paulo. "Teoria musical no Brasil: 1734-1854". In: Anais do I Simpósio Latinoamericano de Musicologia, Curitiba, 10-12 jan. 1997. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1998. pp. 6-8.
  5. "Canto de Órgão na época significava música polifônica.
  6. a b Mariz, Vasco. História da Música no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 36
  7. Buelow, George J. A History of Baroque Music. Indiana University Press, 2004, p. 411
  8. a b Castagna, Paulo. A Produção Religiosa Nordestina e Paulista no Período Colonial e Imperial. Apostila do curso História da Música Brasileira, nº 7. Instituto de Artes da UNESP, pp. 9-16
  9. Freitas, Mariana Portas de. "A Escola de Canto de Orgaõ do Padre Caetano de Melo de Jesus (Salvador da Baía, 1759-60): Uma súmula da tradição tratadística luso-brasileira do Antigo Regime". In: XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM), Brasília – 2006, pp. 563-569
  10. Hora, Edmundo. "Eloquência e Afetos em Herói, Egrégio, Douto, Peregrino. Salvador Bahia, 1759". In: Atas do Congresso Internacional "A Língua Portuguesa em Música". Lisboa: Caravelas – Núcleo de Estudos da História da Música Luso-Brasileira / Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical / Universidade Nova de Lisboa, 2012, pp. 53-71
  11. A música colonial do Nordeste em Concertos UFRJ. Escola de Música da UFRJ, 8 de maio de 2012