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Enema

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Chuca (desambiguação).
Seringa de bulbo retal para administrar enemas menores

Um enema, também conhecido como enteroclisma, clister ou chuca,[1] no Brasil, é uma injeção de líquido na parte inferior do intestino através do reto.[2] A palavra "enema" também pode se referir ao líquido injetado,[3][4] bem como a um dispositivo para administrar tal injeção.[5]

Na medicina tradicional, os usos mais frequentes de enemas são para aliviar a constipação e para limpar o intestino antes de um exame ou procedimento médico;[6] também são empregados como uma série gastrointestinal inferior (também chamado de enema de bário),[7] para tratar a diarreia do viajante,[8] como veículo para a administração de alimentos, água ou medicamentos, como estimulante para o sistema geral, como aplicação local e, mais raramente, como meio de reduzir a termorregulação,[2] como tratamento para encoprese e como forma de terapia de reidratação (proctóclise) em pacientes para os quais a terapia intravenosa não é aplicável.[9]

Enema de bário[editar | editar código-fonte]

O enema de bário

O enema de bário ou enema opaco também pode ser utilizado para diagnosticar e avaliar a extensão de algumas doenças do intestino grosso (cólon) como polipose, doença de Crohn, doença celíaca e colite ulcerosa.[10]

Os preparos para exames intestinais incluem no dia anterior uma dieta apenas com líquidos transparentes (que permite café e chá preto, mas proíbe leite), ingestão de citrato de magnésio (ou outro laxativo) e enemas de água morna para eliminar quaisquer partículas fecais.[10]

Pode-se bombear ar no reto para melhorar a qualidade das imagens, técnica conhecida como duplo contraste (ar-contraste). O examinador pode empurrar o abdômen para mover o contraste. Se recomenda respirar lenta e profundamente. O exame normalmente dura entre 30min e 60min.

Contra-indicações[editar | editar código-fonte]

Atualmente, não é recomendado o uso de enema em grávidas nem quando há suspeita de obstrução intestinal ou de perfuração gastrointestinal. Tampouco é indicado em pessoas com alergia ao contraste de bário.[10]

Efeitos adversos[editar | editar código-fonte]

A administração inadequada de um enema pode causar desequilíbrio eletrolítico (com enemas repetidos) ou rupturas nos tecidos intestinais ou retais, que podem passar despercebidas, pois o reto é insensível à dor,[11] resultando em sangramento interno. No entanto, estas ocorrências são raras em adultos saudáveis ​​e sóbrios. Sangramento interno ou ruptura podem deixar o indivíduo exposto a infecções por bactérias intestinais. O sangue resultante de rupturas no cólon nem sempre pode ser visível, mas pode ser distinguido se as fezes forem estranhamente escuras ou apresentarem uma tonalidade vermelha. Se houver suspeita de ruptura intestinal, deve-se procurar assistência médica imediatamente.[12] O uso frequente de enemas pode causar dependência de laxantes.[13]

Existem argumentos a favor e contra a irrigação do cólon em pessoas com diverticulite, colite ulcerosa, doença de Crohn, hemorroidas graves ou internas ou tumores no reto ou cólon, e seu uso não é recomendado logo após a cirurgia intestinal (a menos que orientado pelo médico).. Os tratamentos regulares devem ser evitados por pessoas com doenças cardíacas ou insuficiência renal. Os cólons são inadequados para pessoas com patologias intestinais, retais ou anais, onde a patologia contribui para o risco de perfuração intestinal.[14]

Pesquisas recentes mostraram que a água com ozônio, que às vezes é usada em enemas, pode causar colite microscópica imediatamente.[15]

Uma recente série de casos[16] de 11 pacientes com cinco mortes ilustrou o perigo dos enemas de fosfato em pacientes de alto risco.

Referências

  1. «Quem precisa de chuca? Prática da 'ducha higiênica' antes do sexo anal exige cuidados». G1. 27 de novembro de 2021. Consultado em 7 de junho de 2024 
  2. a b Cullingworth, A Manual of Nursing, Medical and Surgical:155
  3. «enema noun». Noah Webster's American Dictionary of the English Language. Merriam-Webster. Consultado em 15 de abril de 2019 
  4. «Enema». The Free Dictionary. TheFreeDictionary.com. Consultado em 15 de abril de 2019 
  5. «enema». Dictionary.com. sAsk.com. Consultado em 15 de abril de 2019 
  6. «Soapsuds enema». Biology-Online Dictionary. Biology-Online. Consultado em 6 de agosto de 2014 
  7. MedlinePlus Encyclopedia Barium enema
  8. Krokowicz, L.; MacKiewicz, J.; Wejman-Matela, A.; Krokowicz, P.; Drews, M.; Banasiewicz, T. (19 de outubro de 2014). «Management of traveller's diarrhoea with a combination of sodium butyrate, organic acids, and A-300 silicon dioxide». U.S. Department of Health & Human Services, National Institutes of Health (NIH). Przeglad Gastroenterologiczny. 9 (5): 285–290. PMC 4223117Acessível livremente. PMID 25396003. doi:10.5114/pg.2014.46164 
  9. Bruera, E; Pruvost, M; Schoeller, T; Montegjo, G; Watanabe, S (abril de 1998). «Proctoclysis for Hydration of Terminally Ill Cancer Patients». Journal of Pain and Symptom Management. 15 (4): 216–9. PMID 9601155. doi:10.1016/S0885-3924(97)00367-9Acessível livremente 
  10. a b c Mayo Clinic, Barium enema risks
  11. Lee, Seokyoun; Kwon, Jungnam; Lee, Junhee (8 de julho de 2020). «Rectal perforations caused by cleansing enemas in chronically constipated patients: Two case reports». SAGE Open Medical Case Reports. 8: 2050313X20938251. PMC 7346698Acessível livremente. PMID 32685153. doi:10.1177/2050313X20938251 
  12. Martelli, Mary Elizabeth. «Enema administration». Encyclopedia of Nursing and Allied Health. Consultado em 11 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 23 de janeiro de 2008 – via FindArticles 
  13. «Fleet Enema Rectal: Uses, Side Effects, Interactions, Pictures, Warnings & Dosing». WebMD 
  14. «Colon Hydrotherapy». Aetna IntelliHealth. 1 de julho de 2005. Consultado em 23 de abril de 2007. Arquivado do original em 7 de agosto de 2007 
  15. Eliakim R, Karmeli F, Rachmilewitz D, Cohen P, Zimran A (4 de janeiro de 2004). «Ozone Enema: A Model of Microscopic Colitis in Rats». Digestive Diseases and Sciences. 46 (11): 2515–20. PMID 11713963. doi:10.1023/A:1012348525208 
  16. Ori Y, Rozen-Zvi B, Chagnac A, Herman M, Zingerman B, Atar E, Gafter U, Korzets A (2012). «Fatalities and Severe Metabolic Disorders Associated With the Use of Sodium Phosphate Enemas». Archives of Internal Medicine. 172 (3): 263–5. PMID 22332159. doi:10.1001/archinternmed.2011.694 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]