História da Coreia do Norte

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A História da Coreia do Norte se inicia de fato após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Neste ano os japoneses foram expulsos do norte da península coreana pela guerrilha liderada por Kim Il Sung e forças soviéticas vindas da Manchúria durante a Operação Tempestade de Agosto. As tropas soviéticas se estabeleceram ao norte do paralelo 38 e criaram uma Administração Civil e um Comitê do Norte da Coréia até 1948, quando abandonaram a região e deixaram o chamado Comitê Popular da Coréia do Norte se reconstruir até virar a chamada República Democrática Popular da Coréia (vulgo, Coreia do Norte).

A paz se mantinha fragilmente até que em 25 de junho de 1950 a Coreia do Norte tentou a unificação do país avançando rumo à chamada Coreia do Sul, que apesar do exército fraco, ela estava dominada por tropas americanas e deu início a uma grande guerra, envolvendo China e União Soviética de um lado e os Estados Unidos do outro. Em 27 de julho de 1953 foi assinado um armistício entre o comandante do exército norte-coreano e um representante da ONU, criando uma zona desmilitarizada entre os dois países.

Um regime de partido dominante liderado pela Frente Democrática para a Reunificação da Coreia[1][2] sob a coordenação do recém fundado Partido dos Trabalhadores de Coréia criado inicialmente por Kim Il Sung sob a chamada doutrina Juche, que substituiu o Marxismo-Leninismo (Socialismo) como principal linha politica e ideológica do estado.[3] A Coreia do Norte apresentava bons índices de desenvolvimento econômico e industrial durante todo o terceiro quarto do século XX, graças à ajuda da URSS e ao cenário econômico mundial[4][5], mas a partir da crise do petróleo que surgiu nos anos 1970 o país parou de crescer.[6]

Em 1994 morreu Kim Il-sung, que governara o país desde 1948. Seu filho, Kim Jong-il, assumiu o comando do partido dos trabalhadores norte-coreano em 1997, se opondo à abertura econômica do país, inflando gastos com o setor militar e adotando a doutrina Songun. Em dezembro de 2011, Kim Jong-il morreu de ataque cardíaco em um trem e[7], desde este incidente, seu filho mais novo Kim Jong-un foi indicado ao cargo logo após a morte de seu pai. Em 2012, se tornou o Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia.[8]

Antes da divisão[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História da Coreia

Os primeiros restos humanos achados na Coreia datam de cerca de 500.000 anos.[9] De acordo com a tradição, no ano de 2333 a. C. Tangun (também chamado de Dangun) fundou o reino de Joseon[10] (muitas vezes conhecidos como "Gojoseon" para evitar a confusão com a dinastia do século XIV do mesmo nome; o prefixo "go" significa "velho" ou "anterior"). Depois de numerosas guerras, este reino se desintegrou.

Jikji, o primeiro livro impresso em uma impressão com metais móveis, em 1377, 62 anos antes da Bíblia de Gutenberg.[11]

A antiga Coreia passou a sediar uma séries de cidades-Estados em constantes guerras, que apareciam e desapareciam de maneira constante. Não obstante, três reinos, Baekje, Koguryŏ e Silla se fortaleceram e entre os três dominaram a cena histórica da Coreia por mais de duzentos anos, no período conhecido como "os Três Reinos da Coreia".[12] No ano 676, Silla conseguiu unificar quase todo o território coreano, com exceção do reino de Balhae. O domínio destes doiss reinos sobre toda a Coreia e parte da Manchúria deu origem ao Período dos Estados Norte e Sul.[13]

Após sua decadência, em 918 o general Wang Geon fundou o Reino de Goryeo(ou "Koryŏ", de onde provém o nome da Coreia). No século XIII, a invasão dos mongóis debilitou Goryeo: depois de quase trinta anos de guerra, o reino conservou o domínio sobre todo o território da Coreia, ainda que, na prática só fosse mais um tributário dos mongóis.[10] Com o colapso do Império Mongol, se seguiram uma série de lutas políticas e após a rebelião do General Yi Seong-gye em 1388, a dinastia Goryeo foi substituída pela dinastia Joseon.[10]

O palácio de Gyeongbok em Seoul é o maior dos cinco grandes palácios construídos durante a dinastia Joseon

Entre 1592 e 1598, os japoneses invadiram a Coreia, depois que os Joseon se negaram a fornecer uma passagem segura para o exército imperial japonês, liderado por Toyotomi Hideyoshi, em sua campanha para a conquista da China. A guerra acabou quando os japoneses se retiraram depois da morte de Hideyoshi. É nesta guerra que há o surgimento da figura heroica nacional do almirante Yi Sun-Sin e a popularização do famoso "Navios Tartaruga".[14]

No século XVII, a Coreia foi finalmente derrotada pelos Manchú e se uniu ao Império Qing. Durante o século XIX, graças à sua política isolacionista, a Coreia ganhou o nome de "Reino eremita".[9] A dinastia Joseon tratou de proteger-se contra o imperialismo ocidental, mas foram obrigados a abrir seus portos para o comércio. Depois das Guerras Sino-Japonesas e da Guerra Russo-Japonesa, a Coreia ficou sob o domínio colonial japonês (1910-1945).[15] No final da Segunda Guerra Mundial, os japoneses se renderam às forças soviéticas e estadunidenses, que ocuparam as metades norte e sul da península, respectivamente.

Divisão da Coréia[editar | editar código-fonte]

República Popular da Coréia (1945 - 1948)[editar | editar código-fonte]

Kim Il Sung em 1946

Com a rendição do Japão, as forças japoneses remanescentes na Coréia se renderam e a República Popular da Coréia foi crada oficialmente em 6 de setembro de 1945, construindo na península coreana um governo paralelo ao do Governo Provisório da República da Coreia.[16]

Com os soviéticos vindos da Operação Tempestade de Agosto, o norte foi militarizado pela União Soviética, entretanto manteve a independência da República Popular da Coréia temporariamente sob a camada Administração Civil Soviética. Todavia em 12 de Dezembro de 1945 as tropas americanas criaram a Governo Militar do Exército dos Estados Unidos na Coréia e entregaram o controle do sul da coréia para o Governo Provisório da República da Coreia sob presidência de Syngman Rhee, formalmente declarado o primeiro presidente na chamada Primeira República da Coréia do Sul.

Os comitês e forças leais a República Popular da Coréia se reorganizaram no norte e transformaram o Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte em um Comitê Popular da Coreia do Norte, agora liderado e organizado de fato por autoridades coreanas como Kim Il Sung, Cho Man-Sik e Lyuh Woon-hyung, sem mais presença militar do exército soviético.[17]

Depois de uma conferência em Pyongyang, reunindo as organizações da Coreia do Norte e do Sul, em abril de 1948, as eleições legislativas (organizadas clandestinamente no Sul) foram feitas em 25 de agosto de 1948. Em 9 de setembro de 1948, a Assembleia popular proclama a República Popular Democrática da Coreia em Pyongyang, de forma provisória, reivindicando a capital como Seoul.

Disputa pela Legitimidade & Guerra da Coreia (1949 - 1953)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra da Coreia
Uma foto-montagem da Guerra de Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953. O Tratado de Não Agressão que finalizou o conflito deixou de ser válido no dia 11 de março de 2013.

Depois de um demorado avanço das tropas norte-coreanas comandadas por Kim Il-Sung, que ocuparam logo quase toda península, à exceção de uma ponta em Pusan, as forças americanas e de outros países ocidentais se uniram sob a bandeira da Organização das Nações Unidas em 7 de julho de 1950: o boicote pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (ou URSS), do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da Organização das Nações Unidas permitiram ao Estados Unidos considerar a Coreia do Norte como agressor e fazer votar uma intervenção das Nações Unidas. A contra-ofensiva americana invadiu a Coreia do Norte em 26 de outubro de 1950. O armistício assinado em Panmunjeom em 27 de julho de 1953, deu tréguas aos dois países, que tecnicamente ainda estariam em guerra, pois nenhum acordo de paz foi assinado. Este armistício foi rompido em 27 de Maio de 2009, unilateralmente pela Coreia do Norte após anúncio do seu vizinho da Coreia do Sul, aderir ao programa PSI (significado "Iniciativa de Segurança contra a Proliferação"), criado pelos Estados Unidos durante o governo do presidente George W. Bush, para impedir o tráfico mundial de armas de destruição em massa.

Pós-guerra (1953 - final dos anos 1970)[editar | editar código-fonte]

Arco da Reunificação, em Pyongyang em 2012

Política interna[editar | editar código-fonte]

Relações internacionais[editar | editar código-fonte]

Desenvolvimento econômico[editar | editar código-fonte]

Declínio e crise (final dos anos 1970 - 1994)[editar | editar código-fonte]

O presidente Kim Il-Sung apoiou os ministros do sul da Coreia do Norte de 1970 até 1991, quando ele aboliu o "regime coreano".

Kim não chegou a ver o Plano XWπ, que foi realizado em 1995; pois ele faleceu no ano anterior, 1994.

Sucessão por Kim Jong-il (1994 - 2011)[editar | editar código-fonte]

Kim Il-Sung faleceu em 8 de julho de 1994, aos 82 anos de idade. Seu filho mais novo de Kim, Kim Jong-Il assumiu o poder do país desde então.

Situação atual (2011 - atualmente)[editar | editar código-fonte]

Kim Jong-Un, o terceiro e atual líder norte-coreano.

O segundo líder do país, Kim Jong-Il, morreu no dia 17 de dezembro de 2011[18] e logo foi sucedido pelo seu filho Kim Jong-un. As tensões entre a Coreia do Norte e outros países do mundo aumentaram devido aos lançamentos de foguetes e testes com bombas nucleares feitos pelos norte-coreanos e as sanções da ONU contra o país ficaram piores.

Em 2014, a Comissão de Inquérito das Nações Unidas acusou o governo norte-coreano de crimes contra a humanidade.[19]

Em 2015, a Coreia do Norte adotou o fuso horário de Pyongyang (UTC+08:30), revertendo a mudança do fuso horário do Japão (UTC+9:00), que havia sido imposto pelo Império Japonês. Como resultado, a Coreia do Norte está em um fuso horário diferente da Coreia do Sul.[20] Situação que foi revertida em 5 de maio de 2018.[21]

O 7º Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia foi realizada em 2016, onde Kim Jong-Un consolidou ainda mais o seu controle e poder dentro do Partido dos Trabalhadores da Coreia e do país.

Ver Também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «"Naenara"-Politics in Korea - Partied and Public Organizations - The Democratic Front for the Reunification of the Fatherland». web.archive.org. 4 de dezembro de 2008. Consultado em 26 de maio de 2024 
  2. Lankov, Andrei N. (2001). «The Demise of Non-Communist Parties in North Korea (1945–1960)». Journal of Cold War Studies (1): 103–125. ISSN 1531-3298. Consultado em 26 de maio de 2024 
  3. Cumings, Bruce (1 de abril de 2003). «North Korea: The Sequel». Current History (663): 147–151. ISSN 0011-3530. doi:10.1525/curh.2003.102.663.147. Consultado em 26 de maio de 2024 
  4. «Inside North Korea, more cellphones and traffic lights, but real change lags». Christian Science Monitor. ISSN 0882-7729. Consultado em 26 de maio de 2024 
  5. «North Korea Economy - North Korea Information & tours to the DPRK». web.archive.org. 26 de dezembro de 2011. Consultado em 26 de maio de 2024 
  6. «WHAT KOREA HAS ACCOMPLISHED». web.archive.org. 15 de dezembro de 2013. Consultado em 26 de maio de 2024 
  7. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/12/morre-o-lider-da-coreia-do-norte-kim-jong-il.html
  8. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/saiba-quem-e-kim-jong-un-lider-enigmatico-que-consolida-seu-poder.html
  9. a b Hapki Yu Kwon Sul Euskadi (2009). «Historia». Hapki do eh.com (em espanhol). Consultado em 25 de maio de 2010. Arquivado do original em 21 de junho de 2009 
  10. a b c Embajada de Corea. «Korea's History». Asian Info.org (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2010 
  11. «Digital Jikji». Digital Jikji.net (em inglês). 2003. Consultado em 9 de abril de 2010. Arquivado do original em 7 de outubro de 2011 
  12. «Korea's Three Kingdoms». Ancient Worlds.net (em inglês). 2005. Consultado em 9 de abril de 2010. Arquivado do original em 16 de maio de 2011 
  13. NHN Corp. (2009). «남북국시대 [南北國時代]». Naver.com (em coreano). Consultado em 23 de maio de 2010. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2012 
  14. Hawley, pág. 192
  15. Yutaka Kawasaki (1996). «Was the 1919 Annexation Treaty Between Korea and Japan Concluded Legally?». Murdoch University Electronic Journal of Law (em inglês). 3 (2). Consultado em 9 de abril de 2010 
  16. Hart-Landsberg, Martin (4 de abril de 2009). «The Promise and Perils of Korean Reunification». Monthly Review (11). 50 páginas. ISSN 0027-0520. doi:10.14452/mr-060-11-2009-04_4. Consultado em 26 de maio de 2024 
  17. Cumings, Bruce (2005). Korea's place in the sun: a modern history Updated ed ed. New York: W. W. Norton. OCLC 62042862 
  18. «N. Korean leader Kim dead: state TV». Consultado em 19 de dezembro de 2011 
  19. «North Korea: UN Commission documents wide-ranging and ongoing crimes against humanity, urges referral to ICC». United Nations Office of the High Commissioner for Human Rights. 17 de fevereiro de 2014 
  20. http://www.bbc.com/news/world-asia-33815049
  21. [v «Coreia do Norte volta a partilhar fuso horário com Sul em gesto de reconciliação»] Verifique valor |URL= (ajuda) 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • O'Hanlon, Michael; Mochizuki, Mike. "Crisis on the Korean Peninsula." McGraw-Hill. 2003. ISBN 0-07-143155-1
  • Cumings, Bruce, et al.. "Inventing the Axis of Evil." The New Press. 2004. ISBN 1-56584-904-3
  • Cumings, Bruce (1997). Korea's place in the sun. New York: W.W. Norton. ISBN 0-393-31681-5.
  • Lee, Ki-baek, tr. by E.W. Wagner & E.J. Shultz (1984). A new history of Korea (rev. ed.). Seoul: Ilchogak. ISBN 89-337-0204-0.
  • Nahm, Andrew C. (1996). Korea: A history of the Korean people (2nd ed.). Seoul: Hollym. ISBN 1-56591-070-2.
  • Michael Edson Robinson (2007). Korea's twentieth-century odyssey. Honolulu: University of Hawaii Press. ISBN 0-8248-3174-8, 9780824831745.
  • The Academy of Korean Studies (2005). Korea through the Ages Vol. 2. Seoul: The Editor Publishing Co.. ISBN 89-7105-544-8.
  • Adrian Buzo (2007). The making of modern Korea. Oxford: Taylor & Francis. ISBN 0-415-41483-0, 9780415414838.