Nicolau Coelho
Nicolau Coelho | |
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![]() Efígie de Nicolau Coelho no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal | |
Nascimento | ca. 1460 Felgueiras |
Morte | janeiro de 1504 (44 anos) Moçambique |
Nacionalidade | ![]() |
Cidadania | Portuguesa |
Ocupação | Explorador, navegador |
Nicolau Coelho (Felgueiras, ca. 1460 — ao largo de Moçambique, janeiro de 1504) foi um navegador português que participou em célebres navegações.
Participou na descoberta do caminho marítimo para a Índia com Vasco da Gama, sendo o primeiro a regressar ao comando da caravela Bérrio. Em 1500 comandou uma nau na segunda armada à Índia de Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil. Aparece na Carta de Pero Vaz de Caminha como o primeiro português a fazer contato com os índios brasileiros. Morreu no mar em local desconhecido, ao regressar da Índia sob o comando de Francisco de Albuquerque, possivelmente ao largo de Moçambique. Dele faz menção João de Barros nas suas Décadas.
Família[editar | editar código-fonte]
Nicolau Coelho nasceu em Felgueiras, região do vale do Sousa (entre Amarante, Fafe, Guimarães e Lousada), no distrito do Porto no norte de Portugal. Era filho de Pedro Coelho (filho segundo de Fernão Coelho, 1.º Senhor de Felgueiras e 1.º Senhor de Vieira, e de sua mulher Catarina de Freitas) e de sua mulher Luísa de Góis (filha bastarda de Gomes Martins de Lemos, 1.º Senhor da Trofa).
![Felgueiras Nicolau Coelho](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a4/Felgueiras_Nicolau_Coelho.jpg/220px-Felgueiras_Nicolau_Coelho.jpg)
Foi irmão, entre outros, de Joana Coelho, mulher de João Álvares de Faria, nascido cerca de 1453, antepassado de Manuel de Faria e Sousa, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, Senhor da Quinta da Caravela, em Felgueiras, e grande humanista e escritor - cuja representação genealógica está na família Botelho de Moraes Sarmento, Conde de Armamar e Guarda-Mores do Sal de Setúbal, ambos de juro e herdade -, e descendente da Casa de Valdemelhorado e do celebre Alcaide-Mor do Castelo de Faria, Nuno Gonçalves de Faria. Nicolau Coelho foi Senhor da Quinta da Aveleira, em São João Baptista de Pencelo.
![Felgueiras Nicolau Coelho](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/22/Felgueiras_Nicolau_Coelho1.jpg/220px-Felgueiras_Nicolau_Coelho1.jpg)
Viagem com Vasco da Gama[editar | editar código-fonte]
Experiente em navegação e de grande bravura, em 1497 Nicolau Coelho acompanhou Vasco da Gama na primeira viagem para a Índia. Comandando a nau Bérrio, que tinha como piloto Pero Escobar e por Escrivão Álvaro de Braga, participou assim na descoberta do caminho marítimo para a Índia. Na viagem de ida, foi o primeiro dos Capitães de Gama a chegar a Moçambique e estabelecer contacto com o Sultão de Quiloa. No regresso ao Reino, a 20 de Março após assaz trabalho, foi apanhado por uma violenta tempestade perto de Cabo Verde. Perdido dos outros navios da esquadra de torna-viagem, Nicolau Coelho foi o primeiro a arribar ao Tejo a 10 de Julho de 1499,[1] desembarcando em Cascais e chegando ao Palácio de Sintra com a boa notícia da chegada à Índia, que veio desencadear o regozijo geral e grandes recompensas. D. Manuel I cumulou-o de honras: para além das alvíssaras, e pelos serviços prestados nessa viagem, em carta régia de 24 de Fevereiro de 1500, concedeu-lhe choruda tença anual de 50 000 reais, propriedades e, por Carta de 20 de Maio de 1503, um novo Brasão de Armas de Mercê Nova: de vermelho, com um leão de ouro, armado e lampassado de azul, ladeado de duas colunas de ouro assentes num contrachefe cortado de verde e de faixado ondado de prata e azul, cada coluna rematada por um escudete de azul carregado de cinco besantes de prata postos em sautor; timbre: o leão do escudo, sainte.[2]
Viagem com Pedro Álvares Cabral[editar | editar código-fonte]
Após seis meses de permanência na Europa, Nicolau Coelho reembarcou capitaneando uma nau na segunda Armada da Índia, entre os 13 navios da frota de Cabral[3] que veio a descobrir oficialmente o Brasil em 1500. Conforme o relato de Pero Vaz de Caminha, Nicolau Coelho desembarcou na terra de Vera Cruz no primeiro batel, estabeleceu contacto com os habitantes e participou na primeira visita realizada pelos indígenas à nau capitânia.
Armada de Afonso e Francisco de Albuquerque[editar | editar código-fonte]
Em 1503 regressou à Índia comandando a nau Faial na frota de três navios de Afonso de Albuquerque, que seguia na sua primeira viagem à Índia numa armada conjunta com seu primo Francisco de Albuquerque. Desempenhando sempre missões arriscadas, Nicolau Coelho morreu na viagem de regresso a Portugal com Francisco de Albuquerque, em Janeiro de 1504, no naufrágio da sua nau Faial perto dos "baixios de São Lázaro", actual arquipélago das Quirimbas, Moçambique.[4]
Casamento e descendência[5][6][editar | editar código-fonte]
Antes de 1495 casou-se com Brites ou Beatriz Rodrigues de Ataíde ou de Brito, da qual teve:
- Pedro Coelho, solteiro e sem geração;
- Francisco Coelho, Estribeiro-Mor da Rainha D. Catarina de Áustria, casado com Antónia da Costa e Faria, filha de Fernão de Faria da Costa e de sua mulher Joana de Aguiar, com geração;
- Branca Coelho, cuja filiação, não sendo certa, é mais do que provável, casada com Pedro de Santar, filho natural ou bastardo de Lopo Vaz Soares e de mãe desconhecida, com geração.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Diffie BW, Shafer BC, Winius GD (1974). Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580. [S.l.]: U of Minnesota Press, 1977. p. 184. ISBN 0816607826
- ↑ "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, p. 168
- ↑ «List of explorers». Academickids.com
- ↑ «Wrecks». Nautarch.tamu.edu
- ↑ Manuel José da Costa Felgueiras Gaio (1989). Nobiliário das Famílias de Portugal. IV 2.ª ed. Braga: Carvalhos de Basto. 393
- ↑ Cristóvão Alão de Morais (1997). Pedatura Lusitana. III 2.ª ed. Braga: Carvalhos de Basto. 18
Fontes[editar | editar código-fonte]
- Manuel Abranches de Soveral, Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII, Porto 2004, ISBN 972-97430-6-1