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Claude-Nicolas Ledoux

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Claude-Nicolas Ledoux
Claude-Nicolas Ledoux
Nascimento 21 de março de 1736
Dormans
Morte 19 de novembro de 1806 (70 anos)
Paris
Cidadania França
Ocupação arquiteto, urbanista
Empregador(a) École des Beaux-Arts
Obras destacadas Château de Bénouville, Église Saint-Pierre de Mauperthuis, L'architecture considérée sous le rapport de l'art, des moeurs et de la législation
Retrato de Claude-Nicolas Ledoux, com a sua filha Adélaïde Constance, por volta de 1782 – Museu Carnavalet.
Fachada do Hôtel de Mlle Guimard, Paris, edificado entre 1770 e 1773, ao estilo neoclássico.

Claude Nicolas Ledoux (Dormans, 21 de março de 1736Paris, 18 de novembro de 1806), foi um arquiteto, urbanista e utópico francês, um dos principais representantes da arquitectura neoclássica. As suas principais obras financiadas pela monarquia francesa, pela eloquência das formas elementares e o caráter distintivo dos monumentos dignificariam a autoridade citadina do Antigo Regime e assinalariam a passagem ao domínio austero da urbanidade.[1] Ledoux era protegido de Madame du Barry, amante do rei Luis XV, e foi autor de duas das mais importantes obras públicas da época: A Salina Real de Arc-et-Senans (declarada património da Humanidade em 1982) e as «Barrières» de Paris — 47 portas alfandegárias projetadas por Ledoux nos estertores do Ancien Regime — o cerco fiscal que a Ferme générale levantou para cobrar impostos — entre eles a gabela, o imposto sobre o sal —, uma barreira de 24 km e 6 m de altura com 60 barreiras ou postos de controle que alguns autores consideram uma das causas que mais contribuiu para o descontentamento da população que culminaria na Revolução francesa de 1789.[nt 1]

O seu papel enquanto arquiteto tem suscitado alguma controvérsia e passou do reconhecimento ao absoluto desprestigio no século XIX: Ledoux compõe variações sobre temas: o templo grego, os portais amuralhados, o esquema palladiano da rotunda. A mistura de tipos antigos e modernos é violentamente contestada por Quatremère,[4] apenas o arco triunfal seria adequado ao tema. Enquanto o emprego das massas imponentes e da mais austera e viril das ordens gregas é motivo de encômio, as licenças de toda espécie encontradas algures — arcos inseridos em frontões, ábacos comuns a duas colunas, modilhões, bossagens, colunas “submetidas aos piores gêneros de tortura” — justificam a exprobração.[5]

Um novo gênero de monumento talvez demande à arquitetura um novo gênero de construção. E quando o tipo ou a ideia primeira não tem nada de nobre a oferecer à ideia do artista, talvez ele seja induzido às bizarrias para esconder ou dissimular o vício do seu tema, talvez ele acredite que deva compensar e encobrir através da singularidade das formas, a baixeza de projetos que não comportam em si próprios nada de grande ou em conformidade às ideias das artes.[5]
— Quatremère de Quincy

Em 1832, Victor Hugo questionava-se: «Por acaso teremos chegado a um extremo tal de miséria que somos forçados a admirar as portas alfandegárias de Paris»?.[6] No entanto, durante o século XX a sua figura terá sido reivindicada: em 1933, Emil Kaufmann, o assinalava como um dos precursores da arquitetura moderna;[7] nos anos 1960 foi considerado como um utopista;[8] e, desde finais de 1980, foi uma das referências dos pós-modernos, que nele encontraram um antecedente e uma fonte para as suas propostas.

Apesar de a sua carreira ter prevalecido por apenas 25 anos — apenas depois da Revolução francesa é que voltaria a construir — realizou obras suficientes para tal reconhecimento, todavia, a maioria delas foram destruídas no século XIX.

Notas

  1. Entre outros contemporâneos, Beaumarchais, como evidenciado nas suas Mémoires. A Ferme générale era uma instituição bastante odiada e acabou por ser abolida em 1790.[2] A 8 de maio de 1794 28 antigos fermiers généraux (agentes) foram guilhotinados, entre eles o grande químico Antoine Laurent de Lavoisier.[3]
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Referências

  1. AZEVEDO, Ricardo Marques de. Op. cit., p. 53
  2. «Histoire de la douane». 5 dezembro de 2011. Consultado em 5 de junho de 2015 
  3. Jugement imprimé dans la Gazette Nationale n° 231, Primidi 21 floréal an II, 428 - lire en ligne Réimpression de l'Ancien Moniteur.
  4. Antoine Chrysostome Quatremère, conhecido como Quatremère de Quincy (Paris, 21 de outubro de 1755 - Paris, 28 de dezembro de 1849), arqueólogo, historiador, crítico de arte, que editou entre 1788 e 1825 o «Dictionnaire d'Architecture», foi um dos mais importantes teóricos do seu tempo. A referência encontra-se num artículo intitulado «Barrière», escrito para a Encyclopédie Méthodique, «Architecture», vol. I, 1788, pag. 216.
  5. a b Quatremère de Quincy. “Barrière”. Encyclopédie Méthodique: Architecture. Op. cit., Tomo III, p. 216. A crítica virulenta de Quatremère também pode ser interpretada como uma investida revolucionária contra o arquiteto real.
  6. Guerre aux demolisseurs, Victor Hugo, Paris 1832.
  7. De modo significativo, intitulou o seu influente ensaio Von Ledoux bis Le Corbusier, Viena 1933. Kaufmann seguiu com o seu estudo em Three Revolutionary Architects, Boullée, Ledoux and Lequeu, Filadelfia, 1952.
  8. Sobre todo pela sua proposta para a «Ville idéale de Chaux». Para isso, veja a obra de Anthony Vidler. «Claude-Nicolas Ledoux: Architect of the Revolution Between Vision and Utopia», Birkhauser, 2006.