Luneta 46

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Luneta 46 em seu pavilhão
Luneta 46

A Luneta 46, ou Luneta Equatorial de 46 cm, é o maior telescópio refrator do Brasil. É composta por três lunetas: a principal, com lente objetiva de 45,72 cm de diâmetro, característica responsável pelo nome do qual é conhecida; a guia das câmeras astrofotográficas, com lente objetiva de 24 cm de diâmetro; e a procuradora, com lente objetiva de 10 cm de diâmetro. [1]

História[editar | editar código-fonte]

A Luneta 46 foi encomendada em setembro de 1911 por Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional na época. O instrumento foi fabricado pela empresa T. Cooke & Sons, com sede em York, na Inglaterra. A compra foi motivada principalmente pela necessidade de melhores instrumentos desse tipo para que o Observatório não ficasse muito atrasado em relação à observatórios internacionais, principalmente os da América Latina. O instrumento era destinado para realizar trabalhos em Astronomia e Astrometria. [2]

De acordo com Henrique Morize, a Luneta 46

"possui um poder óptico correspondente ao máximo compatível com o clima de nossa Capital, e não poderia ser utilmente ultrapassado por outro mais poderoso, a não ser que se o removesse para um céu mais límpido e calmo, isto é, distante da Capital"[3]

Por conta de defeitos que surgiram durante sua fabricação e à Primeira Guerra Mundial, a entrega do instrumento ao Observatório Nacional atrasou em 10 anos. Um ano antes do instrumento chegar ao Brasil, foi finalizada a construção do pavilhão destinado a abrigá-la, que possui aproximadamente 10 metros de diâmetro. A instalação do instrumento em seu abrigo foi completamente concluída em 1922, ano da inauguração da nova sede do Observatório Nacional no Morro de São Januário, no Rio de Janeiro.[2]

Produção científica[editar | editar código-fonte]

A Luneta 46 foi utilizada para observar e registrar vários objetos e fenômenos celestes: asteroides, cometas (entre eles, o Halley), satélites naturais, eclipses, planetas, campos e aglomerados estelares e estrelas. [3][2][4][5]

Entre 1924 e 1934, o instrumento foi utilizado em um projeto internacional, em cooperação com o Observatório de Johanesburgo, na África do Sul, para observação micrométrica de estrelas duplas. [1][2]

Entre 1930 e 1951, devido a problemas internos do Observatório Nacional, o uso do instrumento foi interrompido, voltando a ser utilizado em 1958, após uma revisão. Contudo, na década de 1980 a Luneta 46 oficialmente deixou de ser utilizada com finalidades científicas, devido à poluição luminosa e atmosférica do bairro de São Cristóvão. [2][6][7]

Popularização da Ciência[editar | editar código-fonte]

A partir da década de 1990, após de deixar de ser utilizada para produção científica, a Luneta 46 passou a ser usada em ações de Popularização da Ciência organizadas pelo Observatório Nacional e pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins. Foi usada em eventos tais como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o Evento Turismo Cultural e a Semana da Astronomia. [1][5]

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • Albert Einstein visitou o instrumento quando veio ao Brasil, em 1925. [8]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c RODRIGUES, Teresinha (2012). Observatório Nacional 185 anos: protagonista do desenvolvimento científico-tecnológico do Brasil. Rio de Janeiro: Observatório Nacional. 180 páginas 
  2. a b c d e OBSERVATÓRIO NACIONAL (2012). A Grande Luneta Equatorial: 90 anos de história (PDF). Rio de Janeiro: Observatório Nacional 
  3. a b MORIZE, Henrique (2019). Observatório Astronômico: Um Século de História (1827-1927) (PDF) Digital ed. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins. 179 páginas 
  4. OBSERVATÓRIO NACIONAL (2019). «Memória Fotográfica em Placas de Vidro». Memória Fotográfica em Placas de Vidro. Consultado em 25 de abril de 2024 
  5. a b FONSECA, Julliana Vilaça. Divulgação Científica e Preservação no caso da Luneta 46 do Observatório Nacional. 230f. Dissertação (Mestrado Profissional) - Programa de Pós-Graduação em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia, Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: http://site.mast.br/ppact/2022/dissertacao-completa/julliana-fonseca.pdf
  6. OBSERVATÓRIO NACIONAL (2020). «Equipe do Laboratório Nacional de Astrofísica recupera a centenária Luneta de 46cm do Observatório Nacional». Consultado em 17 jun 2021 
  7. COSTA, Andréa Fernandes. Museu de Ciência: os instrumentos científicos do passado para a educação em ciências hoje. Orientadora: Profa. Dra. Guaracira Gouvêa. 2009. 166 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UNIRIO, Rio de Janeiro, 2009.
  8. VIDEIRA, Antonio Augusto Passos (2007). História do Observatório Nacional: a persistente construção de uma identidade científica. Rio de Janeiro: Observatório Nacional